Autoria de Lu Dias Carvalho
A meditação promove alterações químicas de grande impacto. Neurotransmissores desejados, como é o caso da serotonina, o chamado hormônio da felicidade, tem sua liberação aumentada, enquanto outros, menos desejados, como o cortisol, têm a sua produção diminuída. (Martin Portner)
A meditação é uma prática milenar de autoconhecimento, concentração e interiorização cujos benefícios são cada vez mais atestados pelos especialistas no assunto. Historicamente falando, os primeiros registros das práticas meditativas remontam ao século XVI antes de Cristo, tendo sido encontrados na literatura e no misticismo da Índia. As religiões orientais foram responsáveis por darem à meditação um caráter religioso, contudo, a ciência tem demonstrado a sua importância para o cérebro, com resultados que apresentam mudanças importantes em sua estrutura física.
A palavra “meditar” tem sua origem no termo latino “meditare” que significa “tratar, curar, dar atenção médica, refletir”, contudo, tal definição pode variar de uma religião para outra ou até mesmo dentro de diferentes contextos. Entretanto, apesar das diferentes definições, todas elas levam em conta a realidade interior e seu desenvolvimento de cada um. Algumas pessoas inicialmente sentem dificuldades para se concentrar, enquanto outras chegam ao estado meditativo com muita facilidade. De qualquer jeito, com o tempo e o exercício contínuo, tal prática vai se tornando cada vez mais dinâmica, acessível a qualquer um.
Uma equipe de pesquisadores de Harvard, nos EUA, trabalhou com 16 participantes que realizaram 27 minutos diários de meditação, num período de dois meses. Após esse tempo, o estudo do cérebro de tais pessoas mostrou mudanças significativas na massa cinzenta. A equipe constatou que a amígdala (grupo de neurônios que atuam na ansiedade e no estresse) teve a densidade de sua matéria cinzenta diminuída. E o hipocampo (área que tem relação com a aprendizagem, a memória e a compaixão) sofreu um aumento na sua estrutura neural.
É sabido que, conforme a idade vai avançando, o cérebro humano sofre um processo natural que é a diminuição da massa de neurônios. Recrutando pessoas com idade entre 24 e 77 anos, um grupo de pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, Estados Unidos, selecionou 100 participantes, dentre os quais 50% praticavam meditação há cerca de 20 anos e a outra metade jamais realizara tal prática. Ao final da experiência, a diminuição da massa neural daqueles que meditavam foi bem menor. Tal pesquisa acendeu uma luz de esperança no que tange às doenças neurodegenerativas, como o conhecido Alzheimer.
Martin Portner, neurologista e especialista em mindfulness (estado mental de controle sobre a capacidade de se concentrar nas experiências, atividades e sensações do presente) diz que “Praticamente todas as áreas cerebrais se tornam alvo de um processo de reorganização positiva guiado pela meditação. Além disso, o cérebro muda em relação aos comportamentos pro-sociais”.
Fonte de pesquisa:
Revista Segredos da Mente, Cérebro e Meditação – nº 1
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