A BELEZA ESTÁ NOS OLHOS…

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Durante muitos anos, sem pensar em custos / percorri muitos países / vi as mais altas montanhas e oceanos. / A única coisa que não soube ver / foi o brilho do orvalho / na grama diante da porta de minha casa. (Rabindranath Tagore)

Diz um provérbio grego que “a beleza está nos olhos de quem a vê”, o que é uma grande verdade, pois é preciso ter sensibilidade para apreciar o belo. Entretanto, insaciáveis que somos pelo inabitual, costumamos ficar cegos às coisas belas – quando simples – situadas em nosso entorno, como bem explica o poeta bengalês Rabindranath Tagore em seus versos acima. Por sua vez o biofísico Stefan Klein aconselha: “Precisamos treinar os sentidos para descobrir a novidade naquilo que já conhecemos”. E o cientista Robert Zajonc complementa: “Quanto maior a frequência e a intensidade com que percebemos determinado estímulo, melhor reagimos a ele”.

O consumismo doentio e a busca exacerbada pelo diferente têm privado os nossos sentidos de encontrar beleza nas coisas comuns que fazem parte de nosso dia a dia. Estamos condicionando os nossos sentidos a achar beleza apenas naquilo que é caro ou está distante, muitas vezes, de nossas possibilidades. Experiências mostram que a maioria de nós só enxerga aquilo que é de seu estrito interesse. E, como crianças birrentas, mal consegue algo pelo qual tanto anseia, já se mostra insatisfeita de novo. Vivendo num mundo de excessos e desequilíbrios em que a mídia passa a ser a grande mestra, não é fácil mudar a dinâmica de tal comportamento, contudo, para o nosso próprio bem, isso se faz necessário, antes que a busca insaciável pelo diferente transforme-se numa brutal ansiedade ou depressão.

Não resta dúvida de que os desejos por coisas novas foram, são e serão sempre de grande importância para o desenvolvimento humano, contudo, quando sem freio, interferem cruelmente na nossa saúde física e emocional e, neste caso, a palavrinha mágica leva o nome de “equilíbrio” ou sensatez. É possível buscar coisas diferentes e também valorizar aquilo que é comum. A moda é um bom exemplo de como se pode mudar uma roupa usada, modificando-a ligeiramente de modo a torná-la diferente. Os artesãos são também trabalhadores dedicados na arte da reciclagem, produzindo coisas belíssimas com o material já usado.

Se a beleza está nos olhos de quem vê, faz-se necessário aprender a olhar a vida com mais sensibilidade. Há pessoas que cortam as árvores do quintal – optando por cimentá-lo – para não ter que varrer as folhas que caem, ainda que essas amainem o calor do verão. Outras, no entanto, além do prazer com os frutos colhidos, encantam-se com o sussurrar das folhas dançando ao vento – ou mesmo caindo –, com o gorjeio dos pássaros em seus galhos e, até mesmo com o manto de folhagem que cobre o chão, produzindo um farfalhar agradável quando é pisado.

E, por falar em árvores, é lamentável como as prefeituras de quase todas as cidades – incluindo as das capitais – andam desleixadas com o replantio das árvores que são cortadas por motivo de velhice ou doenças. Deixam grandes buracos nas calçadas que, depois de certo tempo, são cobertos por cimento pelos moradores insensíveis. Como é possível apreciar a natureza num país em que as autoridades dão o mau exemplo? Há locais em que é possível encontrar dois a três buracos num só lado do quarteirão, sem falar nas ruas desumanizadas, totalmente despidas de árvores.

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4 comentaram em “A BELEZA ESTÁ NOS OLHOS…

  1. Hernando Martins

    Lu

    A maior expressão da beleza certamente está na natureza!

    Percebe-se que há uma perfeição inquestionável em todas as estruturas do universo. Existe uma tendência muito grande em estruturas arredondadas e simétricas. Podemos observar numa visão macro que os planetas são todos esféricos e simétricos. E, por outro lado, ou seja, numa visão micro, o átomo tem características esféricas também, além do mais, há uma precisão na exatidão das suas simetrias. Baseando-nos na perfeição da natureza, podemos afirmar que a beleza está inserida na simetria e no equilíbrio.

    Existe um interesse muito grande do sistema capitalista, o qual rege a humanidade, com o controle da mente das pessoas justamente para determinar a moda, referência de beleza e estilo de vida como forma de domínio e submissão. Tornando as pessoas alienadas e reféns de padrões doentios para se destacar numa sociedade decadente. Concluímos, assim, que devemos ter a sensibilidade para poder admirar a perfeição de toda criação universal e a capacidade de enxergar além da imagem, porque, quando se trata de um ser vivo (pessoas), há inúmeros valores preciosos inseridos no âmago do coração que transcendem o aspecto físico.

    Abraços,

    Hernando

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Hernando

      O que fica evidente é que o capitalismo não possui nenhuma preocupação com o planeta, pois sua bandeira é o consumismo que tem por objetivo gerar altos lucros financeiros. Somente os professores e pais preocupados com o planeta Terra poderão reverter esta visão consumista, inserindo nas crianças e jovens o amor respeitoso ao planeta Terra. Cabe também a todos nós, preocupados com o consumismo doentio, trazer moderação às nossas famílias. É muito bom ver a bandeira do MENOS É MAIS, assim como a da reciclagem, levantada por pessoas conscientes e de penetração na mídia.

      Infelizmente temos acompanhado a transformação das pessoas em objetos, ou seja, seu valor está mais no que ostentam do que na sua própria essência. Destaco a sua sensata análise:

      “… devemos ter a sensibilidade para poder admirar a perfeição de toda criação universal e a capacidade de enxergar além da imagem, porque, quando se trata de um ser vivo (pessoas), há inúmeros valores preciosos inseridos no âmago do coração que transcendem o aspecto físico.”.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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