IDADE ANTIGA E RENASCIMENTO (Aula nº 38)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

    

                                            (Cliquem nas imagens para ampliá-las.)

Os estudiosos da Idade Média tiveram pouca compreensão sobre a Idade Antiga — época em que floresceu a cultura greco-romana. Ao analisá-la, eles o fizeram como se estivessem estudando sua própria época. Foram incapazes de lançar um olhar com mais profundidade sobre um período mais distante deles e que tinha muito a oferecer-lhes. Possuíam uma concepção tão equivocada sobre a Antiguidade que artistas medievais foram capazes de colocar a armadura de um cavaleiro medieval em Alexandre, o Grande — viveu na Antiguidade — e retratar batalhas romanas diante da paisagem de uma cidade medieval. Isso mostra a falta de agudeza de suas pesquisas.

Foi durante os séculos XIV e XV que os estudiosos passaram a ter uma visão diferenciada e uma compreensão mais crítica acerca da história da Antiguidade, buscando encontrar a diferença entre seu tempo e o dos povos que viverem naquele passado distante. Esse olhar mais analítico sobre a Idade Antiga exerceu uma grande influência na arte do Renascimento. Os pintores, por exemplo, buscavam colocar seus personagens num contexto histórico coerente. Embora os equívocos relativos à Antiguidade fossem se tornando cada vez menos frequentes, pode ser citado o caso do famoso pintor italiano Piero della Francesca (c. 1420-1492) que colocou numa mesma batalha — em uma de suas obras pictóricas — um soldado da Roma Antiga e um cavaleiro do século XV.

O fato de olhar com pouca acuidade para o passado não significa que os artistas medievais não se importassem com esse tempo. Eles também buscaram copiar restos da escultura clássica encontrados, contudo, foi somente na século XV que os artistas renascentistas conseguiram fazer uma investigação mais criteriosa das técnicas e dos temas da arte greco-romana, o que levou, durante o período do Renascimento, à popularização das cenas mitológicas clássicas, arvorando-se na arte da Grécia  e da Roma da Antiguidade. O mais paradoxal é que nessa busca pelo antigo também houve certo exagero, quando artistas do século XV passaram a retratar pessoas e acontecimentos de sua época num ambiente da Roma Antiga.

É impossível ignorar o ardor com que sábios e professores, durante o Renascimento, debruçaram-se sobre tudo que dizia respeito à Antiguidade, redescobrindo e restaurando textos clássicos, estudando monumentos antigos e o que restara deles, destrinchando convenções da retórica clássica, analisando a doutrina da Lei Romana, tentando extrair o máximo de conhecimento possível e aplicá-los ao contexto da época em que viviam. Em consequência de tudo isso não demorou muito para que todo esse conhecimento extraído da Antiguidade fosse lapidado e passasse a fazer parte da cultura italiana tanto no campo da arte quanto no da filosofia, numa interação com todos os aspectos da vida social e política da Itália e depois se expandisse por grande parte do território europeu.

O escritor Nicholas Mann — titular da obra denominada “Renascimento” — faz uma significativa citação sobre tal estilo: “Há múltiplas manifestações do Renascimento que são favoráveis à ilustração: o restabelecimento dos estilos clássicos, a generalização do estudo, a interação complexa de ideias pagãs e cristãs, uma fé redescoberta na dignidade do homem, um sentido de pompa e circunstância reforçado pela iconografia e pelo cerimonial da Roma antiga, o regresso dos deuses pagãos em todo o seu esplendor significativo e a pintura da natureza circundante”.

Exercício

1. Qual foi a relação dos estudiosos medievais com a Idade Antiga?
2. Qual foi a relação dos estudiosos do Renascimento com a Idade Antiga?
3. Que pontos do Renascimento o escritor Nicholas Mann cita como positivos?

Ilustrações: 1. Coliseu – Roma antiga, Itália (Idade Antiga) / 2. Partenon – Atenas, Grécia (Idade Antiga) /3. Catedral de Santa Maria del Fiori – Florença, Itália (Renascimento).

Fontes de pesquisa
A História da Arte / Prof. E. H. Gombrich
Renascimento/ Nicholas Mann

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8 comentaram em “IDADE ANTIGA E RENASCIMENTO (Aula nº 38)

  1. Antônio Messias Costa

    Lu
    Pelo texto fica patente a importância de uma releitura da arte em diferentes épocas, o que reverte em novas criações de grande valor. Na criação nada se esgota. É como abrir um trilha diante do novo com direito a observar novos detalhes no caminho de volta, no final pinta-se a vigem. Estamos curiosos quando estudarmos a arte moderna face ao grande número de caminhos e influências. Vamos aguardar!

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Antônio

      Navegar pela arte de diferentes épocas torna o caminho mais fácil para entendermos os estilos da Idade Contemporânea que são inúmeros. Após o Renascimento ainda estudaremos o Maneirismo, o Barroco e o Rococó, antes de encaminharmos para arte de nossa época.

      Abraços,

      Lu

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  2. Marinalva Autor do post

    Lu
    Como se vê, é na Idade Média que se encontra a origem de muitas das técnicas que viriam a ser aperfeiçoadas no período seguinte. O Renascimento foi uma época de experiências novas e enriquecimento cultural. Foi um processo que deu início a uma nova fase da História e não uma ruptura radical com o período anterior. Houve o aperfeiçoamento do antigo e houve muitas mudanças em todos os aspectos.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Marinalva

      A Idade Média teve grandes progressos em relação à arte, principalmente na arquitetura com as igrejas românicas e góticas. Foi nesse período que também tivemos Giotto di Bondone, tido por muitos como o precursor do Renascimento que foi uma das fases mais importantes para a humanidade, pois abrangeu variados campos.

      Abraços,

      Lu

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  3. Hernando Martins

    Lu

    A arte do período greco-romano, ou seja, da Antiguidade, foi uma referência importantíssima para o surgimento do Renascimento. No período antigo houve uma ruptura de paradigma em relação às artes anteriores que tinham um cunho místico e religioso bastante acentuado, limitando a arte de criar possibilidades de transformações, porque seguiam com rigor as determinações dos detentores do poder vigente. O Renascimento foi capaz de romper com o obscurantismo da Idade Média em todos os aspectos artísticos uma vez que muitos costumes foram modificados. E o resgate da cultura antiga possibilitou o surgimento de grandes artistas em vários setores, enriquecendo a cultura e desenvolvimento do pensamento humano naquele período extraordinário da história humana que foi o Renascimento.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Hernando

      O Renascimento foi realmente um período importantíssimo tanto para as artes como para a história da humanidade como um todo. Só o fato de deixar o teocentrismo para trás e abraçar o antropocentrismo já nos mostra como foram fundamentais as mudanças ocorridas na Renascença italiana que depois se expandiu para outros países da Europa. O Humanismo deu novos parâmetros aos artistas para que pudessem criar em todos os campos da arte. E como você observa:

      “…o resgate da cultura antiga possibilitou o surgimento de grandes artistas em vários setores, enriquecendo a cultura e desenvolvimento do pensamento humano naquele período extraordinário da história humana que foi o Renascimento”.

      Abraços,

      Lu

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  4. Adevaldo R. Souza

    Lu

    São interessantes essas transições entre as idades Antiga, Média e Moderna, tanto nos aspectos políticos, econômicos e das artes. É um retorno ao passado e de volta ao futuro. Será que os estudiosos da Idade Média tiveram pouca compreensão sobre a Idade Antiga porque sofreram influência do teocentrismo, quando os poderes dos governantes e da igreja não permitiam a livre expressão artística? Será que os estudiosos da Idade Moderna passaram a ter uma visão diferenciada da história da Antiguidade, porque já estavam vivendo a influência do antropocentrismo, onde podiam se expressar livremente e a vida cotidiana passou a ser retratada em todos seus aspectos?

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Adevaldo

      Não resta dúvida de que o teocentrismo e antropocentrismo exerceram grande influência nos aspectos citados por você, uma vez que a arte é um reflexo de seu tempo. E sem falar que houve um grande desabrochar cultural na Idade Moderna e, consequentemente, uma visão melhor definida de mundo. O poder da Igreja e dos poderosos continuou sendo exercido na Idade Moderna, sendo ainda mais coercitivo nos países que adotaram o protestantismo, como veremos em aulas que virão, mas os eruditos, assim como muitos artistas, tinham uma postura mais crítica, o que os levou a aprofundar em suas pesquisas sobre o passado greco-romano.

      Abraços,

      Lu

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