Autoria de Lu Dias Carvalho
- Só a ética e a bondade entre as pessoas podem resolver nossos maiores problemas, e não necessariamente as religiões são o caminho para essa conduta.
- Sou budista, mas não devo ter apego ao budismo. Do contrário, não serei capaz de apreciar os valores do cristianismo, do islamismo ou do judaísmo, entre outras crenças.
- Chegou o momento em que temos de pensar na humanidade, independentemente da fé, ou falta dela, de cada indivíduo. Nós, irmãos e irmãs humanos, temos de viver juntos neste mundo. Se este lugar for mais feliz e mais pacífico, cada um de nós, inclusive os animais, se beneficiará.
- A compaixão no coração leva à força interior e à confiança. Uma mente compassiva é livre do medo e não tem lugar para a desconfiança e animosidade contra os outros. Pensar demais apenas em si só traz mais medo e inquietude.
- Além da violência, enfrentamos dramas como o aquecimento global, crescimento da população mundial, aumento das diferenças entre ricos e pobres, corrupção. Esta última questão me preocupa. A corrupção é uma nova doença – o câncer mundial. Para lidar com ela, é preciso cultivar a autodisciplina.
- O que precisamos hoje é difundir a ideia de uma ética secular. Por exemplo, se você for confiável, será mais feliz. Sua saúde melhorará e a comunidade e a sociedade também se beneficiarão. Temos de fazer isso por meio de nossa experiência comum de vida, alicerçada em descobertas científicas e naquilo que todos vivenciamos no dia a dia.
- A paz mundial deve vir da paz interior. Portanto, precisamos educar as pessoas no cultivo da paz interior. Temos de ensinar a nossas crianças que a fonte da felicidade e da vida bem-sucedida é a paz dentro de nós, e não o dinheiro ou o poder. Podemos transmitir isso por meio da educação. Ela é universal.
- O desejo que é contaminado por certas motivações pode ser mau. Mas o que tem como base o pensamento racional e a motivação honrada é aceitável. Todos nós queremos levar uma vida feliz. Para obtê-la, é errado explorar ou enganar pessoas. O desejo, em si, é neutro. É a motivação que faz um homem bom ou mau. Poderíamos dizer o mesmo da raiva. Aquela que nasce da compaixão ou da preocupação pelo bem-estar dos outros pode ser uma raiva positiva. Mas a que resulta de sentimentos negativos para com outras pessoas, essa é ruim. A natureza das emoções é interdependente. Em determinada circunstância, ela pode ser má. Mas a mesma emoção em outra situação pode ser boa.
- Nos primeiros tempos da sociedade humana, a força física era a chave da liderança. Esse foi o começo da dominação masculina. Com o advento da educação, o abismo entre homens e mulheres diminuiu, quando não desapareceu. No mundo secular moderno, a educação é importante, mas não menos significativo é o cultivo da compaixão e da bondade amorosa. As mulheres são mais sensíveis que os homens ao sofrimento dos outros. Muitos cientistas comprovaram isso. Assim, para cultivar a compaixão na sociedade humana, as mulheres precisam ter papel mais ativo.
Fonte de pesquisa:
Fragmentos da entrevista dada pelo Dalai Lama ao jornalista Kowit Phadungruangkij/ revista National Geographic, maio de 2013.
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