Autoria de Lu Dias Carvalho
Gosto de dirigir da mesma maneira que gosto de ser dirigido. (Clint Eastwood)
Amo cada aspecto da criação de filmes e acho que vou me dedicar a isso pelo resto de minha vida. (Clint Eastwood)
Ao ler a sinopse de O Estranho Sem Nome (1973), o diretor Clint Eastwood gostou da história, principalmente por diferir dos faroestes vistos até então, optando por filmá-lo, embora nunca tivesse dirigido um western.
A produtora do diretor, Malpaso Company, uniu-se à Universal para levar o projeto avante. Um pequeno impasse aconteceu logo no início, quando a coprodutora quis que o filme tivesse como cenário uma cidade cenográfica em Hollywood e Clint optou por rodar o filme à beira do lago Momo, localizado cerca de 500 quilômetros de Los Angeles, justificando que o lugar não lembrava os cenários dos já conhecidos faroeste. Uma vez tendo convencido a Continental, Clint conseguiu que uma equipe de 56 pessoas montasse o cenário em 18 dias. A pequena cidade, onde seria rodado o filme, era composta por 14 construções.
Como sempre acontece diante do novo, a crítica dividiu-se ao ver o filme. Uns criticaram as mudanças feitas “num” faroeste, outros se postaram contra a violência e, até mesmo o lendário John Wayne enviou uma carta a Clint criticando a maneira como mostrou o Velho Oeste em seu filme. No entanto, alguns críticos aplaudiram a coragem do diretor, ao tentar trazer inovações para o gênero. Enquanto isso as salas de exibição estavam sempre cheias e o filme arrecadou 15 milhões de dólares só no seu país de origem.
Sinopse
Tudo parece tranquilo, com um lago azul e sereno ao fundo, quando um cavaleiro solitário percorre lentamente a rua principal de Lago (nome da cidade), em direção ao bar (saloon), tendo todos os olhares voltados para ele, como se vissem um ser de outro mundo. Ninguém parece estar imune à presença do forasteiro.
No bar, onde o desconhecido pede uma cerveja e uma garrafa de uísque, é provocado por três homens. Depois de lhes responder que é muito rápido no gatilho, ele deixa o local e se dirige para uma barbearia que fica em frente ao local. Quando já se encontra pronto para ser barbeado, os mesmos provocadores adentram no lugar, ainda mais desafiadores. O trio parte para agredir o desconhecido e enxotá-lo da cidade. Com as mãos sob o avental usado, o desconhecido saca sua arma e atira nos três sujeitos, num piscar de olhos, matando-os.
Tudo estaria muito bem, se os três pistoleiros não estivessem a serviço da companhia mineradora que sustenta a cidade. Estavam ali para proteger os moradores contra certos bandidos prestes a deixarem a cadeia. Os fora da lei foram presos por causa dos habitantes de Lagos e, com certeza, voltariam para acertar contas.
Ao matar os três capangas, o desconhecido deixou a cidade desprotegida. Os habitantes, amedrontados, fazem-lhe uma proposta: se ele ficasse para protegê-los, poderia usufruir de tudo na cidade, sem ter que pagar por coisa alguma. O desconhecido aceita, mas desde que suas ordens sejam obedecidas por todos, inclusive pelo xerife. Sendo que, dentre elas, estaria a incumbência de pintarem a cidade toda de vermelho e de mudaram o seu nome para Hell (Inferno). Trato aceito. A primeira coisa que faz é destituir o xerife e colocar no seu lugar um anão, que passa a acompanhá-lo em todos os momentos de sua permanência na cidade.
O mais interessante na história é que, sempre que se deita, o desconhecido mostra em sonhos a visão de um xerife sendo chicoteado até a morte por três indivíduos. A cena é presenciada por toda a cidade, sem que ninguém faça nada para socorrê-lo. Nenhuma pista a mais é fornecida ao telespectador. Tampouco se sabe que relação teria o forasteiro com aquele xerife. E, se ele via a cena mentalmente, supõe-se que deveria estar presente. E por que nada fez? Ou seria tudo aquilo meramente fruto de sua imaginação?
O telespectador espera até o último segundo para resolver o enigma, sem conseguir desvendá-lo. Sobre essa parte, Clint explicou em uma entrevista, que no roteiro inicial, o desconhecido era irmão do xerife morto, mas que ele retirou tal parte, para que cada telespectador tirasse as suas próprias conclusões sobre a causa que levou o desconhecido a agir daquela maneira, em relação aos moradores da cidade. Ou seja, a sua obra ficou em aberto para a interpretação de cada um.
Voltando aos críticos, a maioria deles passou a ver o Estranho Sem Nome como um dos faroestes mais famosos dos anos 70. Essa gente é mesmo muito complicada!
Como todos sabem, o diretor Clint Eastwood é também ator. Sua estreia como diretor deu-se com Perversa Paixão (1973). O Estranho Sem Nome foi o seu segundo filme na direção. Clint veio de uma família pobre: pai metalúrgico e mãe operária. Já havia trabalhado como lenhador, frentista, em siderúrgica, em fábrica de aviões, etc. Foi incentivado a buscar a carreira de ator por seus colegas de exército. E, assim como Woody Allen, gosta de atuar em seus filmes.
Dentre todos os filmes feitos por Clint Eastwood, Os Imperdoáveis foi a consagração de todos os seus anos dedicados ao cinema. O filme levou 4 Oscar, incluindo o de melhor filme e melhor diretor. Clint também foi indicado aos dois principais prêmios (melhor diretor e melhor filme) por Sobre Meninos e Lobos. E, no ano seguinte à sua indicação, levou novamente o prêmio de melhor diretor e melhor filme por Menina de Ouro. O homem merece mesmo que tiremos o chapéu para ele. Haja talento e dedicação!
Além dos filmes citados acima, Clint dirigiu, entre outros, O Destemido Senhor da Guerra, Um Mundo Perfeito, As Pontes de Madison, Dívida de Sangue, A Conquista da Honra, A Troca, Gran Torino, etc.
Curiosidades:
• A pintura da cidade de Lagos de vermelho foi iniciada pelos atores, mas concluída por uma equipe de pintores.
• As cenas foram filmadas na sequência cronológica e levaram seis semanas.
• Não apenas o cenário foge à tradição dos velhos filmes de faroeste, como também a trilha sonora.
• Clint foi acusado por John Wayne por revisionismo. Essa tendência é levada às últimas consequências em Os Imperdoáveis. O único aspecto comum aos filmes de western é o elenco quase que exclusivamente masculino.
• Após matar os três provocadores, o desconhecido tira do coldre pendurado uma coronha de madeira. O que levou os pistoleiros a acharem que ele estava desarmado.
• Na cena vista por Clint sobre a morte do xerife, o único rosto iluminado é o do atual xerife. Os demais estão na penumbra.
• O texto bíblico que decora parte da igreja é de Isaias 53, versículos 3 e 4.
• Eastwood faz uma homenagem aos seus dois mentores cinematográficos, Sergio Leone e Don Siegel, colocando seus nomes em duas lápides do cemitério, na cena final.
Fontes de pesquisa:
Cinemateca Veja
1001 Filmes para…
Wikipédia
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Filme maravilhoso,assisti a ele inúmeras vezes.
Aroldo
Trata-se realmente de um filme primoroso. Agradeço a sua visita e participação. Volte mais vezes.
Abraços,
Lu