O ser humano lida no dia a dia com uma infinidade de opiniões, onde quer que se encontre. Acompanhar o nascimento dessas ditas, às vezes debaixo do mesmo teto, é mais difícil do que se pode imaginar, pois, nessa balbúrdia expressa, entram elementos diversos, principalmente afetivos e místicos. O melhor que se faz é aprender a conviver com elas da maneira mais pacífica possível, sem deixar que o estresse salgue o molho.
Cada indivíduo tem sua forma específica de reagir a um determinado acontecimento, levando em conta o meio, o interesse, a forma de educação recebida, o caráter e tantos outros elementos que modelam o seu jeito de ver o mundo. Mas isto não é o bastante para decifrarmos o porquê de pessoas, que carregam a mesma bagagem, terem opiniões divergentes. Por que tantas variações? De onde derivam tais maneiras de pensar?
Gustave Le Bon, fundador da Psicologia Social apresenta-nos uma resposta que talvez não agrade a gregos e troianos. Segundo ele, um povo não é somente formado por indivíduos diferenciados pela educação, pelo caráter, etc., mas, sobretudo, por heranças ancestrais dissemelhantes. Trocando em miúdos, ele diz que, no início, uma sociedade é composta por seres que pouco se diferenciam entre si, como se fosse uma tribo com mentalidade única. Mas, com o tempo, em função dos fatores de evolução e seleção, tais indivíduos vão gradualmente se separando do grupo. Uns progridem mais rapidamente, outros são mais lentos, o que vai aumentando as diferenças. Assim sendo, a sociedade acaba agregando todos os tipos de pensamento. Até porque é necessário que haja transformações, para que as pessoas adaptem-se a novos tempos. A civilização não aperfeiçoa os homens igualmente e ao mesmo tempo.
Ainda podemos encontrar, com muita facilidade, homens das cavernas, senhores feudais, artistas do Renascimento, déspotas do temido Império Romano, sábios gregos, etc., no mundo contemporâneo. Mesmo que falando a mesma língua, as pessoas de uma mesma sociedade compreendem de maneira diferente as opiniões, que por sua vez despertam ideias inteiramente contrárias. Cabe aos governantes tornar uma sociedade heterogênea de mentalidades e recursos, o mais homogênea possível. Esta é a obrigação deles junto ao povo.
Le Bon é capaz de nos fazer rir, quando diz que numerosos políticos ou universitários entupidos de diplomas têm a mesma mentalidade dos bárbaros. Assim como um lavrador pode ter a postura de um sábio. O que é uma verdade incontestável. Mas, graças a Deus, as opiniões não possuem as mesmas raízes da crença. E, por isso, elas podem ser mutáveis, contribuindo para a transformação humana. Enquanto a crença é destituída de razão, a experiência pode modificar a opinião.
Ao contrário do que pensam alguns, mudar de opinião é uma forma de mostrar que se é independente para pensar e agir, capaz de entender as mudanças que vão chegando. Tenhamos medo de quem diz que nasceu assim e vai morrer do mesmo jeito, pois não passa de uma pedra no meio do caminho.
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LuDias
De certa forma, Le Bon tenha lá mesmo suas razões.
Basta percebermos que temos digitais e olhos únicos, totalmente diferenciados.
Nossas mãos constroem e observam de forma desigual, com base em nossa experiência única e lá com os genes de nossos antepassados que nos legaram, a cor da pele, do cabelo, dos olhos, a essência de nosso cérebro e de todo nosso corpo.
E todos os seres humanos, mesmo os que se parecem uns com os outros, mesmo os gêmeos univitelinos – formados da fecundação de um único óvulo parecem idênticos, mas não são. São muitos parecidos, podemos ser confundidos, mas uma observação severa irá perceber quem é o André e quem é seu irmão José. E suas opiniões então? São diferentes. Já li sobre isto.
Crenças e opiniões, realmente, são totalmente díspares. Podem ser semelhantes, quase idênticas, como os gêmeos univitelinos, porém observando atentamente são diferentes. Ninguém pensa igual ao outro. Podemos nos manifestar no mesmo sentido, – mas nosso espírito crítico divergem até de quem está ao nossa lado.
Vi – talvez você já tenha tido a felicidade de tê-lo assistido também – um vídeo na internet, muito emocionante, onde o legado genético de um homem, o que jamais alguém gostaria de ter sido contemplado, passou a ser a razão de sua existência, sua crença, sua opinião. Talvez, aí, com claridade, possamos ter a certeza de que a herança genética, mesmo acidental, nos faz diferenciados.
LuDias, veja o vídeo. No início, parece que não será tão comovente. Depois, quando ele começa a expressar sua crença, sua opinião, cheguei a chorar. Mas chorei com muita alegria interior, pois percebi que ele tinha razão e que mesmo sendo como ele era, esse ser humano maravilhoso era feliz. Muito feliz. E sua felicidade nos trouxe também felicidade. Uma crença, uma opinião. Que lindo se a humanidade pensasse como ele:
https://www.youtube.com/watch?v=bQ4wLE-np8c
Adorei seu texto.
Ed
Você é sempre perfeito nos seus comentários.
Concordo plenamente com sua maneira de pensar.
Vou agora assistir ao vídeo.
Abraços,
Lu
LuDias
Não deixe de assistir ao vídeo. É uma emoção sublime. Divina mesma.
Eu me enriqueci com ele.
Dê os parabéns para o Moá, pelo Cruzeiro ter sido campeão. Muito merecido.