A LENDA DA VITÓRIA-RÉGIA

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Recontada por Lu Dias Carvalho

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Quem visitar as tribos da Amazônia poderá ouvir de cada cacique ou pajé a história de Naiá, a índia que nasceu branca como um vaso de porcelana branca, trazendo na cabeça uma cascata de cabelos cacheados da cor dos raios do Sol (Guaraci).

Segundo pajés e caciques amazônicos, nas noites enluaradas, sempre que a Lua (Jaci ou Araci) escondia-se por entre os montes verdejantes da floresta, ela selecionava, entre as jovens índias das tribos, aquela que seria uma nova estrela, para trazer mais claridade para a Terra. O céu ia ficando cada vez mais dardejante com suas estrelas piscando aqui e acolá, numa belezura só.

Algumas garotas indígenas preferiam continuar na Terra a ser estrela no Céu,  Naiá, porém, sonhava o tempo todo em ser uma das jovens escolhidas. Ela passava as noites enluaradas nos lugares mais visíveis, onde a Lua pudesse notá-la. Tudo em vão. A coitadinha nunca era a escolhida. Ela então foi tomada de uma grande tristeza, que a deixava cada vez mais fraquinha, pois não mais se alimentava. O cacique e o pajé da tribo tentaram convencê-la de que era preciso esperar mais tempo, mas nada havia que a fizesse desistir de seu desejo imediato.

Certa noite, Naiá sentou-se à beira de um lago para descansar de sua busca. Repentinamente, viu Jaci espelhar-se nas suas águas tranquilas. Encantada com tamanha formosura, ela foi se sentindo atraída por aquele globo de prata, cintilando no meio do lago de águas verdejantes. Lançou-se no lago, na tentativa de abraçar seu sonho. Desapareceu a indiazinha. Por mais que a procurassem, durante dias e noites, os habitantes de sua aldeia e de muitas outras nunca mais a encontraram.

Condoídos com o sacrifício de Naiá, as plantas, os peixes e todos os bichos do lago imploraram à Lua que realizasse o sonho da índia de ser uma estrela. Mas Jaci transformou Naiá na mais bela planta aquática: vitória-régia, de modo que ela pudesse ficar junto a seu povo. E até hoje, não há quem não se encante com a beleza desta planta, típica da região amazônica, e, que expele uma admirável fragrância noturna.

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