A TEORIA DAS JANELAS QUEBRADAS E O CRIME

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Recebi, via e-mail, um texto muito interessante sobre a “Teoria das Janelas Quebradas” que é mesmo muito intrigante, pois deixa às claras o porquê de certos comportamentos. Por que nós humanos somos tão complexos? O que nos leva agir de maneira contraditória àquilo que muitas vezes defendemos? A pobreza seria a razão maior da criminalidade?

Comecemos por um prédio que, por um motivo interno qualquer, teve um dos vidros de suas janelas quebrado. Ninguém deu a mínima para o conserto. No dia seguinte, outros dois vidros apareceram quebrados. E nada foi feito. Uma semana depois não restava nenhum deles inteiro, sem falar que o pequeno prédio ficou todo pichado. Era como se o imóvel não tivesse nenhuma valia, ou se não fosse de interesse de ninguém, podendo qualquer um depredá-lo. Em razão disso, quando uma das cadeiras de ônibus ou metrô aparece danificada, deve ser imediatamente removida ou consertada. Se isso não acontece, todo o veículo ficará danificado em curto prazo, pois uma ação de vandalismo vai desencadeando outra. É por isso que, nas comunidades esquecidas pelo poder público, a destruição se faz presente todo o tempo.

Segundo uma experiência de psicologia social, conduzida pelo professor Phillip Zimbardo, em 1969, na Universidade de Stanford (EUA), foram deixados dois carros, iguaizinhos em todos os sentidos, numa via pública, mas em zonas sociais diferentes. Enquanto um foi deixado em Palo Alto, zona de classe alta e bastante tranquila da Califórnia, o outro foi abandonado no Bronx, região pobre e de muita contenda. Como era de se esperar, o carro abandonado no Bronx foi dilapidado já no primeiro dia, enquanto o deixado em Palo Alto nenhum dano sofreu. Alguém mais precipitado poderá achar que a causa de tais diferenças está no nível social das pessoas, de modo que toda sorte de delito nasce da pobreza. Mas vamos adiante…

 Como vimos anteriormente, o carro deixado em uma das vias de Palo Alto estava impecável, com tudo no lugar. Um dos pesquisadores levou a cabo a segunda fase da pesquisa, quebrando um dos vidros desse automóvel. O que aconteceu? O carro foi totalmente danificado, como aconteceu com o que se encontrava no Bronx. Não se tratava de um local de gente rica e educada? É verdade! Qual a razão de ter acontecido o mesmo tipo de vandalismo?

O fato é que a pobreza não é a real razão dos acontecimentos. A verdade crucial está no comportamento humano, na maneira como as pessoas veem e sentem o ambiente em que se encontram. Bastou que o carro tivesse o vidro quebrado para que elas adotassem um procedimento totalmente inadequado, como se o veículo não pertencesse a alguém e, ao mesmo tempo, pertencesse a qualquer um que dele quisesse desfrutar, ainda que o depenando.

Os banheiros públicos são um exemplo clássico da Teoria das Janelas Quebradas. Alguém escreve na porta, imediatamente outro faz o mesmo, e mais outro, e mais outro, até que se transforma numa verdadeira página de “literatura de latrina”. O mesmo se dá com a postura das pessoas em qualquer ambiente. Se esse está sujo, ninguém se sente constrangido em jogar um papel no chão ou uma casca de fruta. Quando ao contrário, o lugar está muito limpo, as pessoas têm a sensação de que não podem maculá-lo e de que não pertencem a elas.

Levando para o lado criminal, está provado que o maior número de crimes acontece nos lugares esquecidos pelo poder público, em que tudo parece estar abandonado e se deteriorando, onde tanto faz como tanto fez, e tudo fica por isso mesmo. Em suma, a falta de punição para os pequenos deslizes acaba gerando delitos maiores, até que a situação torna-se insustentável, como vemos nas regiões violentas das cidades.

Quando se discute em todo o país a diminuição da maioridade penal, podemos comparar os pequenos delitos dos menores infratores com o vidro quebrado do carro. Se nada se faz para puni-los, será impossível contê-los quando se transformarem em adultos. É possível trocar um vidro, mas torna-se inviável consertar um carro que virou sucata. Se o jovem pode votar com 16 anos, se pode contrair família e ser pai com a mesma idade, também pode e deve responder por suas ações. Em pleno século XXI, com tanta informação à disposição de qualquer um, não se pode considerar que o indivíduo só se torna adulto depois dos 18 anos.

A Teoria das Janelas Quebradas também nos ensina que não podemos nos tornar prisioneiros dentro de nossas casas, deixando de visitar os parques e as praças, ou mesmo andar pelas ruas, pois esses espaços cairão no abandono, depois se transformarão em lugares esquecidos pelas autoridades e, sem dúvida alguma, serão ocupados pelos delinquentes. E aí fica bem mais difícil recolocar o vidro no carro abandonado ao deus dará, tendo que, praticamente, fazer um novo. Infelizmente os responsáveis eleitos para zelar pelos espaços públicos não vêm dando a mínima para a deterioração dos mesmos, tão pouco dão o exemplo da moralidade com a coisa pública, só fazendo ampliar o caos.

Um bom exemplo de como aplicar a Teoria das Janelas Quebradas é o que foi feito em Nova York, em relação ao metrô daquela cidade, ponto de alta periculosidade. Foram combatidas quaisquer formas de infração. O resultado surpreendente levou o prefeito da cidade, Rudolph Giuliani, seguindo os mesmos princípios, a criar a Tolerância Zero, que resultou na diminuição drástica da criminalidade na cidade norte-americana.

Seria de bom alvitre que fosse implantada nas grandes cidades brasileiras a Tolerância Zero (E também nos Três Poderes da República). Mas que atingisse todos os lados do cubo, a começar pelos responsáveis por conduzi-las, com comandantes e comandados dando o bom exemplo. E quanto maior for a autoridade responsável pelo deslize (corrupção, nepotismo, impunidade, criminalidade, omissão, etc), maior deveria ser a punição.

 Nota: Imagem copiada de  www.blogmudancas.com

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7 comentaram em “A TEORIA DAS JANELAS QUEBRADAS E O CRIME

  1. Pedro Rui

    A falta de educação e respeito estão faltando nos políticos e no cidadão comum. Quanto ao responsáveis(políticos) pelas informações que eu vejo, não sei se está melhor no Brasil ou em Portugal, pois prometem e nada fazem. Existe um abandono total, não só aí ou aqui. Ainda ontem vi que um dos maiores bairros em Boston está completamente abandonado; qual o caminho que estamos a perseguir, qual?
    Abraços
    Rui Sofia

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Pedro Rui

      Comprei um livro esta semana que diz que esta é a melhor fase da humanidade, se comparada com outras. E que é o período em que o homem tem mais paz e é mais gentil
      Ainda não o li, mas estou muito curiosa.
      Depois farei um artigo sobre o assunto
      Se é assim, imaginemos então a vida antigamente!

      O que tenho percebido é que as crianças estão cada vez mais sem educação.
      Os pais não lhes dão mais limites.

      Abraços,

      Lu

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  2. Antoan

    Hoje, ouvindo o Boechat, da Band-News, o STF, em 180 anos, condenou dois políticos, efetivamente, ou seja, cadeia de fato.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Antoan

      Daí se vê como a nossa Justiça é relapsa.
      Num país tão corrupto como o nosso, era para ter centenas deles condenados.
      E o salário deles….

      Abraços,

      Lu

      Responder
  3. Renato

    OK…”e quanto maior for a autoridade,responsável pelo deslize(….), maior deveria ser a punição “, entretanto pergunto: Quem no país então é responsável pela não punição ? Vejamos senão o caso intitulado “escândalo do mensalão”, mais do que comprovado e ninguém é efetivamente punido. O que ocorre então ?

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Renato

      Em toda a nossa história política, aqueles que deveriam dar exemplo, jamais o fizeram.
      E a Justiça também não foge à regra.
      Quem não se lembra do juiz Lalau, apenas para dar um exemplo.
      E o mensalão do PSDB, iniciado aqui nas Minas Gerais com Eduardo Azeredo?

      Fica mesmo difícil censurar o censor!

      Grande abraço,

      Lu

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