Autoria de Lu Dias Carvalho
O artista cearense Aldemir Martins mais uma vez nos apresenta uma obra ligada ao universo tão presente em sua obra: o cangaço.
Em o Cangaceiro, ele mostra a figura de um bandoleiro deitado no chão, afastado de seu bando, relaxado, num momento visível de descanso, ao contrário do que comumente acontecia. Encontra-se de costas para o observador, com a cabeça recostada em seus bornais, que normalmente eram feitos de couro. Às suas costas, jogadas no solo, estão duas cartucheiras, enquanto uma terceira encontra-se na cintura. Um cantil está próximo aos bornais, enquanto outros atavios espalham-se pelo chão.
A carabina do cangaceiro encontra-se à sua frente, encostada no seu corpo. O seu chapéu de couro, modelo peculiar ao cangaço, cobre-lhe o rosto, para tapar a claridade da lua crescente que jaz alta no céu.
O lugar é ermo e desprovido de vegetação, mostrando apenas um pé de mandacaru, cacto peculiar à região de caatinga, e uma minúscula plantinha rasteira. A roupagem do cangaceiro, em couro, é desenhada com perfeição, levando em conta os adereços tão comuns à vestimenta dos bandos.
Esta obra deu a Aldemir Martins o Prêmio de Aquisição Nadir Figueiredo S.A. na II Bienal Internacional de São Paulo, em 1953. O artista usa traços finos para desenhar sua obra. A mão cadavérica do personagem e suas pernas e pés finos contrastam com seu corpo volumoso.
Ficha técnica
Ano: 1953
Dimensões: 53,6 x 73,8 cm
Técnica: nanquim sobre papel
Localização: Acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
Fonte de pesquisa
Aldemir Martins/ Coleção Folha de São Paulo
Views: 11