ARTE INGLESA NO SÉC. XVIII (Aula nº 75)

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

      
                 (Clique nas imagens para ampliá-las.)

Apesar de os países protestantes ficarem sensibilizados com o esplendor do Barroco, esses não se agregaram a tal estilo. A Inglaterra, por exemplo, não era chegada ao gosto e às concepções dos países católicos. Seu mais importante arquiteto foi Christopher Wren (1632-1723), responsável por reconstruir igrejas londrinas que pereceram no incêndio de 1666. Suas obras comprovam que ele foi influenciado pela arquitetura barroca, embora nunca tenha estado em Roma. Suas obras pautam pelo comedimento e pela sobriedade, nada existindo de extravagante e fantástico.

Os parques e jardins ingleses distanciavam-se daqueles do estilo do Palácio de Versalhes, vistos pelos ingleses como absurdos e artificiais, pois, segundo a visão de seus artistas, esses deviam expressar a beleza da natureza, mostrando uma coleção de cenários naturais a seduzir os olhos das pessoas. Foi assim que nasceu o “jardim paisagístico” inglês que circundavam os palácios. Segundo o Prof. E.H. Gombrich, “As ideias deles sobre que aspecto a natureza devia ter foi amplamente derivada da pintura de Claude Lorrain”.

Ao invés de evocar visões grandiosas como as vistas nos templos católicos, a arquitetura protestante objetivava criar em seu interior grandes salas destinadas às reuniões. Essa foi uma época em que a Inglaterra contou com um número muito grande de construções, principalmente em meio à nobreza com moradias no campo, mas essas eram criadas sem as extravagâncias do estilo Barroco em que a dramaticidade era a tônica principal, até mesmo porque as verbas eram poucas. Estavam mais voltadas para a arquitetura clássica, o que tinha como de “bom gosto”.

O protestantismo na Inglaterra atingiu negativamente escultores e pintores. A demanda por arte caiu assustadoramente. A hostilidade dos ingleses puritanos contra as imagens e as obras de luzo foi um pungente golpe na tradição artística do país. A pintura reduziu-se praticamente à produção de retratos e, para piorar para os pintores ingleses, tal busca era por artistas estrangeiros como Holbein e Van Dick que eram chamados à Inglaterra, deixando os mestres nativos a ver navios. O que mostra como à nobreza interessava suas obras fossem feitas por artistas de renome.

O pintor e gravador inglês William Hogarth (1697-1764), chateado com a situação, compreendeu que, para atrair os puritanos ingleses, a arte deveria trazer uma finalidade clara. Baseando-se em tal premissa, ele passou a criar quadros (ver ilustração à esquerda) que mostrassem as recompensas da virtude e os castigos advindos do pecado, motor dos púlpitos.

O inglês Sir Joshua Reynolds (1723-1792) foi um renomado pintor inglês que atendia plenamente o gosto da sociedade elegante da Inglaterra da época. Ele acreditava que a grande arte estava ligada à imponência e à grandiosidade (ver ilustração central).

Thomas Gainsborough (1727-1788) foi o grande rival de Reynolds no campo do retratismo. Ele não gostava de ser convencional, mas espontâneo em sua arte. Tanto ele quanto Reynolds recebiam grandes encomendas de retratos, embora lhes agradasse pintar outras coisas, mas eram esses a grande fonte econômica para os pintores daquela época (ver ilustração à direita).

Os ingleses viram-se muito admirados no século XVIII por todos os povos da Europa, tanto pelas suas instituições como pela sua arte, período em que começava a decaída do mundo de ostentação dos aristocratas. Porém, ainda segundo o Prof. E. H. Gombrich, “A posição dos pintores e escultores ingleses sob o domínio do bom gosto e da razão nem sempre foi das mais invejáveis”.

Ilustrações: 1. As crianças de Graham, 1742, William Hogarth / 2. Ladies Waldegrave, 1780, Sir Joshua Reynolds / 3. Filhas perseguindo uma borboleta, 1756, Thomas Gainsborough

Fonte de pesquisa
A História da Arte/ E. H. Gombrich

6 comentaram em “ARTE INGLESA NO SÉC. XVIII (Aula nº 75)

  1. Marinalva Autor do post

    Lu
    A Reforma Protestante teve efeito negativo sobre as artes plásticas inglesas, pois os puritanos proibiram tudo que tivesse a ver com quadros religiosos e imagens. No início do séc. XVIII , William Hogarth (1697 – 1764) , retratista, pintor, caricaturista, se destacou muito. Na segunda metade do séc XVIII, além de retratos, o pintor italiano Giovani Antonio Canal ou Canaletto, ganhou muito prestígio entre os ingleses por causa das belíssimas paisagens britânicas retratadas por ele.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Marinalva

      Ao abraçar o protestantismo excessivamente puritano da época, a Inglaterra levou muitos problemas para os artistas da terra. Muitos deles buscaram outros países para ganharem a vida, por não se adequarem ao gênero do retrato.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  2. Adevaldo R. de Souza

    Lu

    Parece que no confronto entre a igreja católica e a ala protestante, a primeira venceu a disputa, pois o estilo Barroco católico impressionava pela sua riqueza e dramaticidade. Também a liberdade ajudava na criatividade dos artistas e assim poderiam agradar a classe nobre e satisfazer suas vaidades e ostentações, ampliando assim sua ascendência sobre seus súditos. Penso que o retrato foi importante no processo histórico social daquela época, quando ainda não tinham inventado a fotografia. As elites sociais faziam questão de expor status e exibir seu modo de vida privilegiado, entretanto o Barroco britânico ficou bem atrás de outros países da Europa como a Itália, Espanha e França.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Adevaldo

      A liberdade que os artistas detinham nos países católicos permitiu-lhes maior criatividade nos mais diversos gêneros, o que não aconteceu nos países protestantes que os deixaram muito limitados. O fato foi tão grave que muitos deles tiveram que partir para os países católicos, pois não se adequavam ao gênero do retrato. Sem falar que, mesmo nos retratos, a preferência era sempre para os renomados artistas estrangeiros. Foi uma época de muita penúria para os artífices de outros gêneros. Onde a religião mete o bedelho tudo perde o seu brilho.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  3. Hernando Martins

    Lu
    O texto mostra claramente como o protestantismo de Lutero teve influência hercúlea na arte inglesa do sec. XVIII. Como uma visão de mundo surge e reflete bruscamente a arte medieval, especificamente nesse período de influência barroca. A impressão que se tem é que o protestantismo daquela época não veio para agregar, mas, sim, para contrariar todos os conceitos estabelecidos pelo cristianismo até então. O puritanismo evidenciou-se nas classes privilegiadas da Inglaterra, fazendo com que os artistas se adaptassem a um novo estilo, produzindo artes com temas específicos e autorretratos. Até as construções tinham características específicas, com a edificação de grandes espaços para reuniões temáticas. A arte ficou muito prejudicada onde predominou o protestantismo, pois esse impediu que os artistas tivessem liberdade de expressar seu talento, ao censurá-los.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Hernando

      A concepção religiosa sempre foi um empecilho na vida dos artistas, especialmente em épocas atrás. A mistura entre religião e Estado é uma mistura totalmente ofensiva à arte. A mistura de alhos com bugalhos resulta naquilo que há de pior para a criatividade, ao tolher totalmente a capacidade criativa de seus autores em quaisquer que sejam os campos. Todo país que vivencia tal mix presta um desserviço à arte e na Inglaterra daqueles tempos não foi diferente.

      Abraços,

      Lu

      Responder

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *