AUSTRÁLIA –ABORÍGENES E O AMOR À NATUREZA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Cabe aos homens preservar a terra na forma e na pureza em que foi deixada pelos espíritos ancestrais, sem modificá-la com violência, mas poupando-a na medida do possível. Pois a terra não é apenas uma reserva material; ela está santificada pelos espíritos dos antepassados. (Visão dos aborígenes)

Os aborígenes (do latim, ab origine: “desde o início”), habitantes primitivos do continente australiano, ali ainda vivem nos dias de hoje. Segundo estimativas, constituem 2% da população australiana. A maioria vive nas grandes cidades, embora muitos vivam em reservas. Alguns, remando contra a corrente da modernidade, tentam viver como seus antepassados há dez mil anos, sustentados pela caça e colheita, comendo frutos selvagens e se alimentando de pequenos animais.

Quando os ingleses chegaram à Austrália, encontraram um povo que diferia totalmente deles. Havia um abismo entre as duas culturas. A maioria dos aborígenes conhecia várias línguas e dialetos, tinha um grande conhecimento da botânica e da zoologia de cada região, habilidades na caça e na pesca e uma dieta mais variada do que a disponível para a maioria dos europeus. Mas tudo isso foi ignorado pelos ingleses, que os descreviam como pessoas miseráveis, preguiçosas, feias e muito parecidas com animais. Tornaram-se proscritos, caluniados e oprimidos dentro da própria terra. Tanto é que “primitivo” não significava apenas “original” e “natural”, mas, sobretudo, inferior e rude.

Como se não bastasse a violência da invasão, os ingleses foram se espalhando por toda a Austrália, levando consigo a varíola, o sarampo, a gripe e outras doenças até então desconhecidas daquela gente. A história diz que os principais conquistadores dos aborígenes foram a doença e a desmoralização. O racismo dos colonizadores levou-os a violar locais sagrados aborígenes e à caçada desses, meramente por prazer. Há relatos de que foram expulsos das terras produtivas pelos invasores, sendo obrigados a migrar para regiões desérticas. E que soldados ingleses envenenavam com arsênico a comida e a água potável das aldeias, dizimando vilas inteiras. O rum era oferecido gratuitamente, até que caíssem em coma alcoólico. Os ingleses aproveitavam-se do estado de embriaguez dos aborígenes, para fomentar guerras entre as aldeias, deixando que eles mesmos se aniquilassem.

Na cultura aborígene, as mulheres são grandes conhecedoras da natureza, possuem conhecimentos secretos, seus objetos sagrados e suas próprias cerimônias. Por serem coletoras, sabem com precisão a época de colheita de cada fruto e a serventia de cada  planta. Além disso, possuem um grande conhecimento sobre os animais, a ponto de saber quais vermes ou insetos são comestíveis. Têm uma especial predileção pelas formigas melíferas que podem chegar a dez centímetros de comprimento. Observam suas pegadas na areia e sabem exatamente onde se encontram. Também é comum alimentá-las com suco de açúcar, como quem cria animais domésticos, para que fiquem com o papo cheio de mel. Elas desenterram as formigas e degustam-nas.

As mulheres aborígenes não possuem o mesmo domínio dos homens na política e nos rituais. Em relação aos casamentos, a predominância é também dos homens. Somente eles possuem liberdade para a escolha da parceira. Mas elas possuem certas liberdades sexuais em relação a outros homens, assim como podem fazer curas. Aos velhos (apenas do sexo masculino) cabe a tarefa de zelar pelas leis. Mas às mulheres idosas é dado o conhecimento de alguns dos ritos secretos dos homens.

Os aborígenes acreditam que todo homem descende de um ser primordial determinado, que tanto pode ser um animal ou uma planta. As pessoas se denominam homem-canguru, homem-cobra, etc., de acordo com o clã. O totem para elas é sagrado, santificado e intocável. Tanto é que um animal totêmico não pode ser caçado, ferido ou morto. Ele é sempre representado nos rituais (danças e cânticos), para a conservação da própria espécie. Os casamentos são feitos entre segundos primos. Somente em condições extremas é possível a união entre clãs. Não existe um governo tribal. Quando necessário, os chefes familiares desempenham transitoriamente o papel de chefes locais. Os aborígenes não são guerreiros. Só recorrem à guerra em ocasiões raras, principalmente na aplicação da justiça.

Dentre os ritos observados pelos aborígenes australianos, o mais importante é aquele que celebra a iniciação: a criança passa a ser jovem e o jovem passa a ser homem. Os meninos são retirados da comunidade, sendo introduzidos, aos poucos, nos mistérios dos espíritos ancestrais da terra, da caça e da sexualidade, e são exigidas provas de coragem. Cicatrizes são adquiridas como sinais de beleza e força. Também passam pela circuncisão. As meninas são iniciadas separadamente, num rito próprio, pelas mães. São celebrados, sobretudo, os mistérios da vida feminina: menstruação, defloração, gravidez e parto.

A união dos aborígenes com a natureza é quase uma religião, a começar pelo nome do clã, que mostra o respeito que possuem pelos animais e plantas. A cultura caracteriza-se pela forte união de todos os seres com a natureza, o ser superior que integra tudo. O ser humano não é superior, mas partilha a natureza com os demais seres e todos são indispensáveis, devendo honrar a natureza em tudo o que fazem. São extremamente espiritualistas. Praticam a religião animista. Para eles, a Lua é um ser masculino, enquanto o Sol é uma figura feminina. A razão desta visão é a importância que dão à mulher, sem a qual não é possível a vida, e sem o Sol também não é possível a existência da vida na Terra. O céu e a terra possuem, separadamente, seuspoderes sobrenaturais. Os ancestrais vieram do chão sob a forma de homens ou animais. Depois de criarem tudo, e já cansados, alguns afundaram nas águas e outros foram levados para o céu.

Não resta dúvida de que a situação dos aborígenes vem melhorando, mas, se comparados à população branca, suas deficiências ainda são grandes. A partir de 1967 adquiriram equiparação jurídica com os brancos. Em 1992, eles obtiveram certo reconhecimento de seus antigos direitos territoriais, mas a integração entre as duas culturas ainda fica a desejar.

Os aborígenes australianos são nômades, caçadores e coletores de vegetais. No deserto, vivem em acampamentos temporários, perto dos locais onde existe água. Suas habitações funcionam apenas como refúgios. Erguem para-ventos com ramos e moitas e, se o solo for arenoso, fazem covas para ficarem mais protegidos do vento. Nas noites frias, dormem ao redor do fogo. O cão é o único animal doméstico que possuem.

Estudos realizados por cientistas da Universidade de Cambridge revelam que os aborígenes australianos têm a sua origem na África. Evidências de DNA mostram que descendem de migrantes africanos, há cerca de 50 mil anos, e evoluíram isolados na Oceania.

Fontes de Pesquisa:
Religiões do Mundo/ Hans Küng
Uma Breve História do Mundo/ Geoffreu Blainey

2 comentaram em “AUSTRÁLIA –ABORÍGENES E O AMOR À NATUREZA

  1. Pedro Rui

    Realmente eles respeitam a mãe natureza e são mais racionais que nós, os citadinos, e mais uma vez a mulher é reduzida se comparada ao homem. Eles dão valor aos outros animais viventes e não acham se acham superiores; e desenvolvem qualidades dos outro seres viventes, que nós deveríamos ter; mas somos muito egoístas. Respeitar sempre a mãe natureza está nos meus planos de vida.
    Abraços Lu
    Rui Sofia

    Responder
    1. LuDiasBH

      Rui

      Os aborígenes possuem um grande amor pela natureza.
      Devíamos tomar aulas com eles.
      Quem sabe assim trataríamos melhor o nosso planeta.
      Também quero sempre respeitar a mãe natureza, como você.

      Abraços,

      Lu

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