BIPOLARIDADE X ABANDONO DA FAMÍLIA

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Autoria de Alex Mendes

Tenho um relacionamento de quase 10 anos com minha esposa e tivemos dois filhos, sendo uma de 9 anos e um de 2 anos. Desde o início o nosso relacionamento foi complicado pelo seu temperamento difícil e depressão. Nunca entendi o que estava acontecendo. Com o tempo a bebida se tornou minha fuga (meu maior erro) e tivemos muitas brigas.

No início da pandemia e já com dois filhos, as coisas vieram a piorar muito, com crises de “desmaios”. Ela simplesmente apagava e caia no chão, voltando a si após algum tempo. Sempre manteve acompanhamento com profissionais de psiquiatria, porém eram profissionais amigos da família. Ela sempre era descontrolada com os remédios. Nesse ano procuramos ajuda com outros profissionais, sendo detectado o TAB.

Minha esposa ficou internada por 15 dias em uma conceituada clínica psiquiatra, mas após essa internação voltou para casa no mesmo estado em que foi. Voltou de lá por opção e não deu resultado esperado. Passado algum tempo os médicos optaram por uma nova internação, só que dessa vez teria que ficar 30 dias. Sempre a apoiei para que voltasse curada para mim e parra nossos dois filhos. Mas foi aí que meu pesadelo começou. No início ela me ligava praticamente todos os, dias dizia que me amava e que estava com muita saudade. Após uns 10 a 15 dias as coisas mudaram. Era bem rápida e sucinta ao telefone e sempre desligava antes de me despedir. Ligava cada vez menos e não falava mais de forma carinhosa comigo. Achei estranho, mas imagineis que seria pelo estado dela.

Os 30 dias se passaram e ela retornou para casa. Para minha surpresa, ao vê-la, nem um abraço eu ganhei. Foi seca e fria. Perguntei-lhe se estava tudo bem e disse que sim. Ao conversamos no dia seguinte, ela me disse que estava apaixonada por um paciente que conheceu na clínica. Já estava de namoro com aliança e tudo no dedo. Hoje completa 6 dias que ela retornou da clínica, a vida dela parece estar para lá. As pessoas ligam para ela falando sobre as coisas que ocorrem lá. Até para os filhos ela parece não ligar. Duas horas foi o máximo nesses dias que ficou com a filha.

Estou sofrendo muito pela perda da pessoa que amo e resolvi ler aqui sobre o assunto e me informar sobre a situação dela. Enfim, todo o relato de gastos excessivos, libido dentre outros, ela apresenta. Hoje entendi que está na fase de mania e já me preocupo com a fase depressiva que virá, já que esse tal namorado sofre do mesmo problema que ela.

Estou sofrendo muito, pois ainda a amo e espero um dia que tudo isso possa passar e ela veja o quanto errou. Enquanto isso estou cuidando de nossos filhos e tentando me levantar. Tenho a ajuda da mãe dela e de uma funcionária que fica com o nosso filho mais novo, pois minha esposa não fica em casa, e quando está fica dormindo, ou na companhia do namorado. Rezo para tudo isso passar o quanto antes e restabelecer minha vida novamente. Não sei o que faço, além de procurar por artigos como esse. Estou com nossos dois filhos e em fase de sofrimento, pois a amo muito.

4 comentaram em “BIPOLARIDADE X ABANDONO DA FAMÍLIA

  1. Carlos

    Alex,

    também sou casado com uma pessoa que tem TAB. Provavelmente sua esposa está maníaca. É típico do estado maníaco esse “se apaixonar” do nada por coisas ou pessoas, essas escolhas impulsivas que alteram bruscamente os rumos da vida. Quando voltar ao normal, ela vai se arrepender e sofrer, provavelmente sequer vai reconhecer essa pessoa por quem diz estar apaixonada hoje.

    Muito estranho a clínica ter deixado isso acontecer, o que me faz duvidar da qualidade dela. Deveriam estar preparados para prevenir esse tipo de situação. Também já deveriam ter te dado um prognóstico sobre a recuperação dela. Os medicamentos mais recomendados possuem uma resposta rápida pra tirar as pessoas de um surto maníaco grave, coisa de poucas semanas.

    Alex, ela precisa seguir corretamente o tratamento. Deixar de tomar as medicações ou tomar de maneira incorreta pode agravar o quadro. Entenda que não é possível manter um relacionamento com um bipolar que não se trata. Peça ajuda da família dela para tirá-la dessa crise e se tratar. Cuide também de você e de sua saúde mental.

    Boa sorte.

    Responder
  2. Silva

    Amigo, passei por isso durante 4 anos morando junto com um bipolar. Sei que a gente não quer desistir, mas é muito difícil, se a pessoa não aceitar fazer o tratamento e seguir certinho. Priorize você. Insistir é algo muito perigoso, cuidado com a sua saúde.

    Responder
  3. Lu Dias Carvalho Autor do post

    Alex

    Sinto-me imensamente comovida com a situação de todos vocês que aqui deixem seu depoimento, vítimas indiretas desse transtorno que vem crescendo cada vez mais em todo o mundo. Se o doente sofre, aqueles que têm uma relação direta com ele parece sofrer ainda mais, pois são obrigados a conviver com as consequências de uma doença que judia com toda a família próxima.

    Amiguinho, além do tratamento para minorar os efeitos do transtorno bipolar no doente, pois até agora não há cura, as pessoas em volta (principalmente o parceiro/parceira) precisam de um apoio mental para aguentar o baque que não é fácil. Portanto, aconselho-o a buscar amparo, principalmente para ajudar na conduta de seus filhos, pois agora você é “pãe” (pai/mãe). Precisa encarar os fatos com o máximo de racionalidade, sem fantasia ou emoção, e ver o que pode fazer. Lembre-se de que passa a ter, com seus filhos, uma responsabilidade dobrada. Para tanto precisa se fortalecer.

    Alex, há uma coisa que vem me intrigando nos relatos aqui no blogue: os parceiros (ou parceiras) são apaixonados por seus pares. Todos parecem amar incondicionalmente a pessoa com quem se relaciona. O que torna esses doentes bipolares tão especiais na condição amorosa, a ponto de quase ninguém querer deles se separar? Gostaria de obter respostas a respeito.

    Amiguinho, a palavra-chave na sua vida agora é “fortalecimento”. Seus filhos passam a ocupar o topo da pirâmide de suas prioridades. Esse problema vivido por sua mulher logo irá passar, o que não é sinônimo de que outros não virão, principalmente se ela não fizer uso contínuo dos medicamentos. Lembre-se de que ela é uma vítima, não é dona de suas ações. É um mero joguete na mão da doença. A partir do momento que você encarar os fatos com racionalidade, deixando a emoção de lado, seu sofrimento diminuirá. Busque todas as informações possíveis sobre tal transtorno, leia os relatos de pessoas que vivem o mesmo problema e vá vivendo com ela até onde for possível. Em hipótese alguma deixe seus filhos somente com ela. Continue em contato conosco.

    Abraços,

    Lu

    Responder
  4. Claudia Frazão

    Ale

    Antes de tudo, sinta-se abraçado e acolhido!
    Não posso dimensionar o tamanho do seu sofrimento, mas imagino que seja imenso, ainda mais com os filhos envolvidos.

    O pouco que sei sobre bipolaridade são esses altos e baixos, num momento depressivo e no outro eufórico, quando acontece esse “fugir da realidade”, essa “busca” por algo diferente, novo, essa empolgação gigantesca que infelizmente tira tudo dos eixos e vira do avesso a vida de quem convive com a pessoa. E como você mencionou no texto, após vem a depressão.

    Priorize seus filhos, priorize sua saúde mental. Olhe pra você com todo cuidado que merece para enfrentar essa fase.
    Não permita que as crianças sofram. Talvez um tempo fora de toda essa situação seja o melhor e o mais sensato para você e principalmente para as crianças.

    Espero ter ajudado!
    Paz e bem!

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