Autoria de Lu Dias Carvalho
A composição Ecce Homo, do pintor Bosch, mostra uma das cenas da Paixão de Cristo. Jesus está sendo apresentado por Pilatos e seus acompanhantes à turba que grita alucinadamente, pedindo a sua condenação.
Cristo, humanizado, tem o corpo dobrado pela dor e pela humilhação, as mãos amarradas, trazendo na cabeça a coroa de espinhos e marcas de chicote por todo o corpo. O sangue brota vívido de suas feridas. Usa um pequeno pano branco, que lhe cobre as partes íntimas, e um manto roxo, fixo em volta do pescoço, que lhe cai pelas costas, como deboche, por ele ter dito ser o rei dos judeus. Um soldado, com um chicote na mão esquerda, segura parte do manto.
Pilatos, o prefeito romano, encontra-se à sua esquerda, de onde trava um diálogo com a multidão, mostrado por três inscrições góticas. Embora não estejam bem visíveis, da boca de Pilatos saem as palavras: “Ecce Homo” (Eis o homem). Da multidão, que mostra rostos rústicos e selvagens, e gestos cheios de ódio, saem as palavras: “Crucifige eum” (Crucifica-o). No canto inferior esquerdo da tela, pessoas humildes clamam: “Salve nos Christe redemptor” (Salve-nos, Cristo Redentor).
Bosch pintou Pilatos e sua comitiva luxuosamente vestidos, enquanto as pessoas comuns estão apagadas, e mal são vistas, como se quisesse separá-las, numa visão entre o bem e o mal. Símbolos, tidos à época como representativos do mal, estão presentes na pintura, como a coruja, que se encontra num nicho na parede, próximo à cabeça de Pilatos, e o sapo gigantesco a enfeitar o escudo do soldado, na parte inferior da tela à direita, próximo ao homem de veste vermelha, com uma espada na cintura.
No fundo da composição vê-se o largo de uma cidade. Numa das torres está içada uma bandeira vermelha com o quarto crescente da Turquia, ou seja, a representação dos inimigos de Cristo, seguidores de Maomé.
Ficha técnica
Ano: c. 1475-1480
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 75 x 61 cm
Localização: Städel Museum, Frankfurt, Alemanha
Fonte de pesquisa
Bosch/ Taschen
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