Autoria de Lu Dias Carvalho
O mundo tornou-se perigoso, porque os homens aprenderam a dominar a natureza, antes de dominarem a si mesmos (Schweitzer).
A natureza pode suprir todas as necessidades do homem, menos a sua ganância (Gandhi).
Não podemos mais ignorar que o capitalismo mórbido entrou numa corrida maluca pelo lucro pecuniário, levando a vida em nosso planeta às raias da loucura. E neste ensandecer consumista, quem está levando os piores golpes é o meio ambiente, supermercado de onde se tira avidamente as mercadorias necessárias à vida, mas onde não se faz reposição alguma, numa matemática suicida. Para dar um exemplo do que acontece bem debaixo de nossos olhos, basta olharmos nas ruas das cidades brasileiras, os lugares vazios deixados pelas árvores que tombaram, quer pela idade, raios ou por uma praga qualquer (quando não pela mão cruel do homem). Os locais permanecem vazios, sem reposição, enquanto o ar continua cada vez mais cheio de poluentes, trazendo inumeráveis doenças respiratórias, com os veículos fazendo a festa. Quem pagará a conta? A vida como um todo.
O uso da tecnologia pelo capitalismo é feita em várias vertentes, mas só que de uma maneira estúpida e irracional. Não é mais possível que continuemos fingindo que somos ostras, ignorando os prejuízos causados ao planeta onde vivemos e, em consequência, a nós mesmos. Esta covardia precisa ser detida, enquanto existe um mínimo de racionalidade em alguns de nós. Podem persistir divergências acerca do tamanho do impacto sobre a vida na Terra, mas negar o óbvio torna-se cada vez mais impossível: a poluição, o aquecimento global, o desgaste da camada de ozônio, o lixo nuclear, o desgaste do solo e das poucas florestas que ainda restam, os perigos levados à saúde através dos conservantes alimentícios, os agrotóxicos cada vez mais poderosos, etc, são indiscutíveis. Somente os loucos varridos contestam-nos.
Nos últimos séculos, o planeta vem inchando consideravelmente. Somos hoje mais de 7 bilhões de habitantes. O crescimento da população tem sido acelerado pelo avanço da medicina nos mais variados campos. O mais preocupante é que o inchaço vem se dando principalmente nos países mais carentes, social e economicamente mais atrasados, numa proporção de 9/1, ou seja, para cada criança nascida num país rico, nove nascem em um país pobre. O que não deixa de ser uma matemática deveras preocupante. Já vemos isso no grande número de imigrantes que deixam seu país de origem em busca de trabalho em outros mais desenvolvidos. Somente o equilíbrio na distribuição de riquezas do planeta poderá segurar os indivíduos na própria terra, caso contrário o caos instalar-se-á, mais cedo do que imaginamos.
Os nossos governantes, em sua imensa maioria, possuem uma visão imediatista de lucro. Não se preocupam em elaborar e seguir um planejamento, que utilize uma tecnologia raciocinada e não tão destrutiva como a que ora vemos mundo afora. Na China, em várias cidades, já é necessário o uso de máscaras pela população, para conseguir respirar. O país está vendendo toda a sua riqueza mineral e vegetal, em busca de lucros rápidos e poder. Os países ricos ali têm feito a sua cozinha a lenha, onde a fumaça devora tudo. E no futuro, como viverá aquela gente? Que isso nos sirva de exemplo. Todo crescimento deve ser planejado, responsável, voltado não apenas para o presente, mas também para o futuro, se quisermos deixar um legado positivo para as futuras gerações.
Os grandes empresários e os governos que querem o crescimento a qualquer custo, não levam em consideração a saúde da Terra. Tudo é feito em curto prazo, como uma maneira de alcançar o máximo de lucro no menor tempo possível. Até mesmo os governantes, de quem os governados esperam bom senso, recusam-se a assumir a abordagem de tais temas, relegando-os às futuras gerações, como se urgentes não fossem. É a magnitude do uso das riquezas do planeta pelo capitalismo, sem se preocupar com a gravidade da finitude dessas.
Os problemas relativos ao desgaste de nosso planeta Terra derivam, principalmente, do uso excessivo de energia, pois frotas de automóveis multiplicam-se pelo mundo, poluindo a atmosfera, principalmente por meio do óxido de nitrogênio, enquanto os transportes públicos, que deveriam minimizar o problema, são relegados a um segundo plano. Não se tem a clareza, ou pelo menos fingem não ter, de que os recursos de nosso planeta não são renováveis, e de que outras gerações deles precisarão. Enquanto isso, o grosso dos governantes, em todos os patamares administrativos, fazem parte da máfia que esconde os dados que revelam os riscos ambientais a que estamos expostos, manipulando e enganando a opinião pública, para que essa apoie todas as suas sandices.
Doenças antigas, tidas como exterminadas, estão voltando com uma força muito maior, enquanto outras novas aparecem. Rios, mares, lençóis freáticos e o ar encarregam-se de transportar os dejetos desta nossa sociedade “tão” evoluída, por todo o planeta, antes tão azul. Troca-se hoje a simplicidade de vida pelo conforto retirado, a duras penas, do meio ambiente. Estaremos todos nós alienados e hipnotizados pela sedução do capitalismo doentio, em vista de nossa negligência em relação à destruição ambiental que se processa ferozmente? Será que também acreditamos que os recursos da natureza, mãe generosa, são ilimitadamente disponíveis? Se o fazemos, não passamos de tolos.
Bem melhor seria se ouvíssemos os nossos ancestrais que nos ensinavam que é melhor prevenir do que remediar. A continuar no ritmo de destruição em que se encontram as riquezas naturais da Terra, não haverá muito a ser remediado, só nos restando lamentar pelos inocentes que virão atrás de nós, com o passar dos tempos.
Nota: Imagem copiada de www.zun.com.br
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