Arquivo da categoria: Apenas Arte

Textos sobre variados tipos de arte

Rom Mueck – OBRAS QUE QUASE FALAM

Autoria de Lu Dias Carvalho

ron1234

Enquanto essa corrente artística é vista com justificada reserva, por ter um pé firmemente fincado no comercial, o escultor australiano ganhou respeito por não apenas imprimir sensibilidade e expressão à figura perfeita, mas por ser capaz de, por meio dela, provocar emoções e inquietações que, ao menos em um primeiro momento, é difícil ao observador articular palavras. (Revista Veja)

As peças de Mueck se comunicam tanto com o público menos familiarizado com a arte, pela verossimilhança com a pessoa real, quanto com os iniciados, pela proposta de subverter o que seria a simples reprodução de uma figura humana. (Agnaldo Farias)

Ron Mueck é um escultor australiano, cujas obras só faltam falar de tão realistas que são. Somente o tamanho permite ao observador perceber que não são humanas ou que os objetos não fazem parte do cotidiano. Nos seus trabalhos são levados em conta detalhes que poderiam parecer insignificantes e, por isso, cada peça pode levar até um ano para ser concluída. Suas figuras nunca são de tamanho normal. Ou elas são monumentais ou menores do que as reais, onde a perfeição dos detalhes alia-se à força da expressão.

O artista começou a vida trabalhando com marionetes e fazendo modelos para filmes televisivos. Depois trabalhou em Londres (Inglaterra) para a indústria da publicidade. A partir daí passou a produzir esculturas realistas, impressionando o mundo com a sua habilidade, sendo capaz de reproduzir os mínimos detalhes do corpo humano. Na pele de silicone, ele reproduz poro por poro, fio por fio de cabelo, cada marca… Estreou apresentando um cadáver nu sobre um tablado, onde não deixava escapar um só dos detalhes. Tratava-se do corpo de seu pai falecido, feito em resina. A sua escultura Boy 1999, com cinco metros de altura, fez parte da Bienal de Veneza. Outra de suas esculturas famosas é Jovem, um garoto negro, com 65 cm, levantando a sua camisa branca, manchada de sangue, para olhar um corte no seu tronco.

Como em toda corrente que desponta no mundo das artes, os escultores do hiper-realismo, movimento surgido em 1960, não são aceitos por toda a crítica. Parte dela acha que o trabalho conta mais com a habilidade manual do que com a inspiração, logo, não se trata de arte. Se por isso ou por aquilo, o fato é que as exposições de Ron Mueck vêm ganhando um público cada vez maior, por onde passa.

O artista possui até agora um número pequeno de obras: 40 esculturas, não só porque suas peças demandam um tempo considerável, mas por só ter começado sua vida artística aos 38 anos. Segundo seu principal assistente, Charlie Clarke, seu trabalho é todo feito com as mãos, sem a utilização de computadores. Será mesmo?

Sua exposição, com apenas 9 obras, encontra-se na cidade do Rio de Janeiro, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, onde permanecerá até o dia 20 de junho. Sua obra presente mais conhecida é Máscara II, feita com base no rosto adormecido do escultor. Em meio às obras expostas, três são inéditas, feitas exclusivamente para as exposições da América Latina. São elas: Mulher com as Compras, Jovem Casal e Casal debaixo do Guarda-Sol. O Rio de Janeiro será a única cidade brasileira a sediar a exposição do artista australiano. Vejam no Google as obras do artista.

Fontes de pesquisa:
Revista Veja/ 19 de março de 2014
http://oglobo.globo.com/cultura
http://guia.uol.com.br/rio-de-janeiro/exposicoes

Views: 0

Antonino – TRAFICANTES DE ANIMAIS SILVESTRES

Autoria de Lu Dias CarvalhotrafinimO artista brasileiro Antonino Luiz da Silva conta como se inspirou para criar Traficantes de Animais Selvagens que, na verdade, expressa um grito de socorro para que as autoridades constituídas deste país tomem medidas rígidas no intuito de salvar nossos animais silvestres, em especial as aves raras, retirando-as das mãos dos contrabandistas. Tem também, por objetivo, chamar a atenção do observador para um problema tão cruciante.

A figura central da composição é o grande caçador, que traz preso ao pé um pequeno e tristonho pássaro. O caçador menor prende duas outras aves na sua única orelha. Na parte direita da obra encontra-se uma gaiola, que simboliza o perigo a que estão sujeitos os animais, ou seja, o cativeiro. Espalhadas em volta do lago estão algumas flores, simbolizando a esperança de que as coisas possam mudar em relação a eles. Atrás da gaiola, em segundo plano, está um pescador, debaixo de uma árvore. A escada à direita, na parte inferior da tela, representa o elo de ligação entre os caçadores e seus barcos, através dos quais eles fogem, levando cativos os animais para vendê-los nos grandes centros ou  traficá-los para outros países.

Entrevista com o artista:

LuDiasBH – Antonino, como nasceu a inspiração para este quadro?
Antonino – A ideia para o quadro nasceu quando li uma reportagem, publicada num jornal, sobre a crueldade dos traficantes de animais e que dizia: “No Sul da Bahia e em outras regiões do Brasil, especialmente onde ainda existe uma concentração de matas, tem aumentado, de forma significativa, a ação dos traficantes de animais silvestres. Muitas dessas aves são acondicionadas em pequenas gaiolas, mal alimentadas e dopadas pelos traficantes para facilitar o transporte. Algumas aves raras do Brasil, como canários-da-terra, trinca-ferro, arara-azul, sabiá-da-praia, dentre outros, são levados para a Europa e vendidos a peso de ouro, o que faz crescer a cobiça dos traficantes e o risco de extinção das espécies.”.

LD – O que você quis mostrar nesta composição?
Antonino – Neste quadro é possível notar a ação dos traficantes, em um local que se encontra em estado de degradação ambiental, em consequência da ação descontrolada do homem para com a natureza.

LD – Por que os olhos são sempre destacados em sua obra?
Antonino – Dizem que os olhos são a janela da alma.  Na minha concepção, eles são de grande importância para caracterizar e dar vida aos personagens. Como cada figura tem sua individualidade, é única, tento expressar isto também quando faço a pintura dos olhos. Nosso mundo tem luz, beleza, cores, graças aos nossos olhos, sem eles só existe a escuridão total.

LD – Como se processou a realização deste quadro?
Antonino – Primeiramente foi necessária a preparação do rascunho, estudo preliminar e, em seguida, houve a transferência do esboço para a tela. Característica que mostra a minha grande preocupação com o desenho. Para este quadro, todo o processo do desenho na tela levou aproximadamente um dia.  A pintura se desenvolveu de forma natural, com a minha atenção voltada para aplicação e combinação das cores. Após sua conclusão, levei pelo menos umas duas horas fazendo a análise final, com a alteração de algumas cores, quando necessária, assim como o destaque no contorno dos desenhos, o aprimoramento dos detalhes, a correção dos defeitos, etc. Para finalizá-lo, foram necessários, aproximadamente, 30 dias.

LD – Como o artista consegue visualizar e sentir sua criatividade?
Antonino – De minha parte, sinto que a criatividade é como um líquido de várias cores que caminha pelo corpo do artista, energizando-o, até chegar ao cérebro. E o leva a viver momentos de êxtase e prazer na concretização de suas ideias. Jogar com a fantasia faz parte do universo artístico. É nesse momento que o adulto volta a ser criança para que o inconsciente, os sonhos e as visões virem realidade. Constantemente sinto um desejo de criar formas, são imagens que surgem para realizar um diálogo entre a realidade, a fantasia e o imaginário.

LD – Qual é a técnica empregada por você nesta obra?
Antonino – A pintura que venho realizando é feita exclusivamente com tinta acrílica sobre tela. Nesta técnica, as emulsões de polímeros aglutinam os pigmentos e formam películas altamente estáveis para a secagem e, pelo fato de as misturas serem feitas em grande parte com água, as tintas são menos tóxicas. Sua aplicação não apresenta nenhuma dificuldade, desde que a água seja misturada numa proporção que deixa a tinta pastosa, ou mais diluída, segundo o interesse expressivo do artista. Para as minhas pinturas, a tinta pastosa se apresenta mais adequada e de fácil aplicação.

LD – O que representa a pequena pena na margem esquerda da composição?
Antonino – Ela está presente em todos os meus quadros, representa a minha assinatura. Nesta obra ela se encontra viva.

Ficha técnica
Titulo: Traficantes de animais silvestres
Técnica: Pintura sobre tela com tinta acrílica
Dimensões: 120 x 140 cm
Ano de produção: 2005
Localização: Acervo do Museu Antonino, Paris, França
Site: www.antoninomuseum.com

Views: 0

HITLER E A “ARTE DEGENERADA”

Autoria de Lu Dias Carvalho

        hit    hit1

Durante a Segunda Guerra Mundial Adolf Hitler aproveitou a invasão a outros países para botar a mão em suas obras de arte, ampliando as riquezas de seu império ou enriquecendo mais ainda sua suntuosa coleção artística. Para inserir o leitor no contexto das obras de “arte degenerada”, acrescento que o Führer era um medíocre estudante de artes, um pseudo artista, um recalcado.

As Joias do Sacro Império Romano-Germânico, compostas pela coroa (imagem acima), cetro, orbe e as espadas usadas nas cerimônias de coração dos imperadores foram surrupiadas pelos nazistas em 1938, após a anexação da Áustria ao império nazista. Também foi afanada a “Lança de Longino” (ver imagem acima) que, segundo a tradição da Igreja Católica, foi a arma usada pelo centurião romano Longinus para perfurar o tórax de Jesus Cristo durante a sua crucificação. A gravura à esquerda diz respeito à ponta da lança que é guardada em Viena/ Áustria.

É sabido que o ditador alemão nutria notória aversão pela arte moderna e dizia somente apreciar os quadros realistas e figurativos. Ele tinha todo o direito de fazer suas escolhas, só não tinha o de querer banir as obras modernistas do mundo. Sua onipotência começou a perseguir os artistas modernistas sob o argumento de que a arte moderna era uma “arte degenerada”, ainda que a Alemanha fosse um celeiro de vanguarda, berço de grandes nomes como Marx Ernest, Paul Klee, Otto Dix, dentre outros. Alguns dos artistas buscaram outros países, onde pudessem gozar de liberdade criativa, enquanto outros aposentaram seus pinceis e espátulas.

A Câmara de Cultura do Reich ordenou em 1939 que fossem queimados, diante da visão pública, quatro mil quadros tidos como modernistas. O mais indagativo, porém, era que esses não detinham nenhum valor comercial, mas onde se encontravam os demais que foram apreendidos? O fato é que os espertos nazistas separaram o joio do trigo. As obras censuradas, confiscadas dos países invadidos e das residências de judeus feito prisioneiros e mesmo dos museus alemães, consideradas “lixo” pelo regime nazista, deveriam ser vendidas, trazendo dinheiro para os cofres do regime.

O certo é que um grande número de obras de artistas renomados como Picasso, Renoir e Matisse, dentre outros, acabou desaparecendo. O responsável por transformá-las em dinheiro era o colecionador e mercador importante, Hildebrand Gurlitt. Mas ao término da Segunda Guerra Mundial ele alegou que as obras tinham sido queimadas no bombardeio feito pelos Aliados à cidade de Dresden em 1945. Mas passadas sete décadas após o bombardeio, a polícia alemã trouxe uma boa notícia para o mundo da arte: mais de 1400 obras confiscadas pelos nazistas foram encontradas num velho e sujo apartamento pertencente a Rolf Cornelius Gurlitt, filho de Hildebrand Gurlitt, funcionário nazista responsável pela venda de obras artísticas.

A descoberta desse conjunto de obras foi um tremendo golpe de sorte. O sujeito foi encontrado com 9 mil euros no bolso, ainda que não tivesse emprego e nem pagasse impostos. Para a polícia, ele deveria estar metido com falsificações ou tráfico de drogas. Foi grande a sua surpresa ao vasculhar o apartamento do meliante e deparar com um tesouro tão valioso para o bem da História da Arte.

Fontes de pesquisa
Aventura na História/ Editora Abril
As Relíquias Sagradas de Hitler/ Sidney D. Kirkpatrick

Views: 5

JARRO DE PORCELANA

Autoria de Lu Dias Carvalho china12345

Ao observar a figura deste belo jarro de porcelana, chego a duas importantes conclusões. A primeira refere-se a quanto eu sou ignorante em matéria de arte, pois não imaginava encontrar tanta explicação num único jarro. A segunda, lembra o quanto os objetos chineses caíram na escala de valores. Quase todo mundo vira o rosto hoje para um presente que tem como origem a China, onde tudo, ou quase tudo, é feito com extrema rapidez e qualidade duvidosa. Onde ficaram as maravilhosas porcelanas chinesas, sonho de muitas moças casadoiras?

Voltemos ao Jarro de Porcelana Imperial, fabricado durante a dinastia Ming, entre os anos 1522 e 1526 d.C., tendo sido decorado com pigmento azul de cobalto, também conhecido como “azul de Maomé”, puxado para o tom púrpura. O pigmento era importado do Ocidente, o que tornava os vasos mais caros e ambicionados. O artista da obra acima é desconhecido.

A China sempre foi perita em fabricar porcelanas. Há mais de 2 mil anos atrás, os chineses já queimavam cerâmicas em altas temperaturas, sendo que as primeiras surgiram por volta de 600 d.C. A palavra “porcelana” (porcelino) foi criada por Marco Polo. Vamos aos detalhes:

  1. Existem dois dragões pintados no vaso. O dragão simbolizava o poder do imperador que se situava acima de qualquer vivente, enquanto a fênix simbolizava a imperatriz. Portanto, somente as cerâmicas de uso da casa imperial poderiam ostentar tais símbolos. Mesmo assim, as leis nem sempre eram obedecidas.
  1. Os medalhões com desenhos florais existentes no corpo e na tampa do vaso (ou pote) simbolizam a longevidade.
  1. O dragão que vemos (o outro é igual) está voando em meio às nuvens. Abaixo dele estão presentes ondas e rochedos. O bater ininterrupto das ondas contra as rochas também significa longevidade. Nas entrelinhas, era o aviso de que a dinastia Ming seria eterna.
  1. Observe o leitor que o dragão possui cinco garras. Como os chineses sempre foram muito supersticiosos, acreditavam, ou talvez ainda acreditem, que os números pares eram azarados, enquanto os ímpares traziam sorte e poder. Por isso, os dragões imperiais tinham sempre cinco garras.
  1. Os dragões do vaso voam em meio a muitas nuvens (estão estilizadas). E, como não poderia deixar de ser, elas também têm uma simbologia: o imperador, controlava não apenas a terra, mas também o céu. Poderoso!

Dados  técnicos
Porcelanas branca e azul
5 cm (diâmetro de abertura)
29,8 cm (diâmetro da base)
Museu do Palácio, Pequim, China

Views: 0

SHIVA NATARAJA

Autoria de Lu Dias Carvalho Shiva

A imagem toda nos diz: “Vá além do mundo das aparências, vença a ignorância interior e seja como o Sr. Shiva, o meditador, aquele que enxerga a verdade através do olho que tudo vê (terceiro olho, Ájña Chakra).”.

O hinduísmo, religião que tem seu maior número de adeptos na Índia, é considerado a terceira religião em número de fiéis. Sua origem remonta a aproximadamente 3.000 a.C., na antiga cultura Védica.

Dentre os inúmeros deuses cultuados no hinduísmo está Shiva, o deus supremo que é ao mesmo tempo senhor da destruição e da regeneração. Dentre as muitas manifestações que tal divindade pode ter, está Shiva Nataraja, o Senhor da Dança, que é também a mais popular entre os seguidores do hinduísmo. A representação acima, feita em bronze, é de autor desconhecido e, segundo estudos, deve ter sido feita no século XI.

Shiva Nataraja, com seus cabelos entrelaçados e esvoaçantes, que simbolizam o movimento, dança dentro de um círculo de fogo, símbolo da renovação. Através de sua dança, ele cria, conserva e destrói o universo. Vejamos a simbologia da peça:

  1. O círculo de chamas purificadoras representa o nascimento e a perpetuação do universo, lembrando os ciclos de vida e morte.
  1. Aspamara, o anão que jaz esmagado sob o pé direito de Shiva, representa a ignorância e a mentira, que impedem o crescimento interior.
  1. Os cabelos de Shiva estão emaranhados e esvoaçantes, simbolizando movimento, pois tudo no universo está em constante movimento.
  1. Shiva Nataraja tem os olhos fechados, em atitude de meditação. A dança do universo não tem nenhuma importância para o deus, pois tudo neste se encontra em permanente mudança. Somente a natureza de Shiva é eterna.
  1. Em uma de suas quatro mãos, à esquerda, ele segura o damaru, o tambor que tem a forma de uma ampulheta. Com ela, Shiva marca o ritmo cósmico e a passagem do tempo.
  1. Na mão, à direita, o deus traz uma chama que simboliza a transformação e a destruição de tudo que é ilusório e enganoso.
  1. Nas duas mãos próximas ao tronco, Shiva faz gestos especiais. A mão direita, cuja palma está à mostra, representa um gesto de proteção e de bênçãos. A mão esquerda representa a tromba de um elefante, aquele que destrói os obstáculos. Também é tida como indicativa do pé, um lugar de repouso.
  1. Na parte esquerda dos cabelos de Shiva está a deusa Ganga, que simboliza o Rio Ganges. Enquanto o deus dança, ela desce à Terra através de seus cabelos esvoaçantes.
  1. Embora a dança seja dinâmica, o rosto do deus mostra-se bastante sereno, simbolizando a libertação da alma da escravidão da ignorância, ao crer em Shiva, vivendo em constante serenidade.
  1. A flor de lótus que sustenta Shiva e a roda de fogo simboliza o desabrochar da terra e do universo.
  1. O cinto que o deus usa e que toca uma das partes do círculo simboliza o vento.
  1. A roda de fogo representa o fogo e o sol.
  1. O cabelo de Shiva representa o fluxo do rio Ganges e a água.
  1. O encontro dos membros e do cinto de Shiva com o círculo representa o universo.

Fonte de pesquisa:
Tudo Sobre Arte/Editora Sextante

Dados técnicos
Material: bronze
Dimensões: 89,5cm de altura
Localização: British Museum/ Londres/Reino Unido

Views: 2

KRISHNA ERGUE O MONTE GOVARDHAN

Autoria de Lu Dias Carvalho shiva9

O Bhagavata Purana trata-se de um dos textos purânicos da literatura sânscrita indiana, que significa “O Livro de Deus”. A gravura acima faz parte de uma das ilustrações do livro, de autoria de Ustad Sahibdin (c. 1690). Conta o mito que:

Indra, o deus védico do trovão, encontrava-se muito aborrecido com os aldeões que viviam na região de Vraja, pois esses deixavam de adorá-lo para adorar o monte Govardhan. Indignado, enviou um dilúvio para castigá-los. Contudo, Krisna, um pastorzinho do lugar, salvou os animais e os aldeões, levantando a montanha com seu dedo, durante sete dias e sete noites. Assim, o vilarejo passou incólume pelo dilúvio.

Decifrando a pintura:

  • Krishna, o deus supremo, ocupa o centro da composição. Seu corpo azul está enfeitado por diversas joias. Na cabeça, ele traz uma rica coroa como símbolo de sua majestade na terra, onde governa acima de todas as coisas, apesar de levar uma vida simples de pastor. Um dos dedos da mão esquerda de Krishna levanta a montanha, o que prova a sua força descomunal e seu poder.
  • Na parte superior direita da composição, Indra, o deus vingativo, monta um elefante branco de nome Airavata. Um servo protege-o com uma sombrinha. Em torno dele e sobre a montanha, nuvens escuras e raivosas estão prontas para desabar sobre a aldeia, como castigo.
  • À direita de Krishna, seis mulheres olham com veneração para o deus, excetuando uma delas, que dirige o olhar para o bebê em seus braços. E à sua esquerda, outras cinco mulheres fazem o mesmo, excetuado uma delas que observa quatro homens assentados na grama.
  • Três pastores fazem parte da cena, com suas capas pretas listradas de branco. O mais velho deles, ostentando uma longa barba branca, encontra-se assentado debaixo de uma árvore; outro retira leite de uma vaca malhada, assentado sobre sua capa; o terceiro acompanha o nascimento de um bezerro.
  • São muitos os animais pintados na composição. Duas ovelhas brancas parecem olhar estupefatas para o monte que Krishna sustém no dedo. No primeiro plano, encontram-se 4 vacas e, possivelmente, dois touros avermelhados que trazem um enfeite dependurado na cabeça. Um bezerrinho mama em sua mãe, enquanto outro parece surpreso com a presença do ordenhador. Uma das vacas dá cria sob o olhar atento do pastor.

Dados técnicos
Tinta sobre papel 28,5cm x 20cm
British Museum, Londres
Reino Unido

Fonte de pesquisa:
Tudo Sobre Arte/Editora Sextante

Views: 4