Arquivo da categoria: Arte Cristã

Pinturas relativas ao cristianismo, abrangendo os mais diferentes pintores, estilos e épocas.

A CASA DE NAZARÉ

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Na sua composição A Casa de Nazaré, também conhecida como Jesus Menino Fere-se na Coroa de Espinhos, o pintor Francisco Zubarán apresenta Jesus e sua mãe Maria. Todos os elementos presentes no quadro estão voltados para a Paixão de Cristo:

  • a coroa de espinhos;
  • o sangue a escorrer do dedo de Jesus;
  • a Virgem que deixa seu trabalho e se põe a meditar, olhando o filho com visível compaixão, com uma lágrima a escorrer-lhe pelo rosto;
  • as duas pombas que aludem à apresentação do Menino no templo, quando elas são sacrificadas;
  • à professia de Simeão “Uma espada transpassar-te-á a alma”;
  • os lírios e o pote de água simbolizando a pureza de Maria;
  • os frutos, limões e marmelos, sobre a mesa, simbolizando a Redenção;
  • as rosas simbolizando o amor e o rosário;
  • e os livros de oração representando a fé.

A casa possui poucos elementos:

  • a mesa com o tabuleiro, com objetos sobre ela e a gaveta aberta;
  • uma janela, ou vão, que não capta a luz exterior;
  • o cesto com roupas no chão;
  • o jarro com flores;
  • um vasilhame com água;
  • os bancos onde se assentam Maria e Jesus.

Apenas um raio de luz sobrenatural vem do canto superior esquerdo. Anjos descem através da luz, reforçando a divindade de Jesus e sua mãe Maria.

Dados técnicos
Ano: 1630/1640
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 165,1 x 218,2 cm
Localização: Cleveland Museum of Art, Ohio, EUA

Fonte de pesquisa
Cristo na Arte/ Manuel Javer

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Degas – A AULA DE DANÇA

Autoria de Lu Dias Carvalhodegas123

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À parte das falsas aparências no palco, Degas mostra todas as fealdades reais, a precocidade doentia das moças de fisionomias envelhecidas, bem magras, bastante audazes ou sonhadoras demais, sobre membros infantis. (Paul Lafond)

A composição intitulada A Aula de Dança faz parte das obras-primas do pintor impressionista e de uma série de pinturas com o mesmo tema. Edgar Degas era encantado pelo balé. Assistia tanto aos ensaios como às suas representações. Pintou inúmeras telas sobre o tema, captando em minúcias expressões e poses de cada bailarina, resultando num conjunto bem elaborado e no seu perfeito entrosamento com o espaço, o que o transformou no mais importante pintor de bailarinas.

Ao pintor não importava retratar a beleza dos corpos. Ele gostava de captar sobretudo o esgotamento, o cansaço, a dor extenuante e as lágrimas advindos de muitas horas de ensaio. Podemos dizer que ele mostrava a outra face da moeda, aquela que não era observada durante as apresentações, embora também pintasse tais momentos. Não lhe importava a emoção dos artistas e público, mas o aspecto plástico, a união entre luzes, sombras e figuras humanas.

Na composição A Aula de Dança um grupo de bailarinas faz um semicírculo em volta do professor, enquanto esse dá explicações à aluna que se encontra à sua frente. O rosto da garota expressa seu estado de concentração, encontrando-se numa postura de balé clássico. As demais alunas aproveitam para descansar ou para treinar alguns passos. Elas usam faixas com cores vivas e fitas pretas no pescoço.

Degas traz a ilusão de movimento na pintura, ao individualizar as bailarinas que se encontram em diferentes posturas e gestos. É interessante notar a maestria do pintor ao criar a ilusão de profundidade, como ao pintar tábuas diagonais com suas nítidas linhas pretas e as colunas verticais de mármore preto que criam fortes verticais e levam o olhar do observador para o fundo da tela, onde se encontra uma garota consertando o seu colar.

Um cãozinho terrier aparece cheirando as pernas da bailarina de laço verde e sapatilhas cor de rosa,  postada em primeiro plano de costa para o observador. À sua esquerda uma bailarina está assentada sobre o piano, coçando as costas, enquanto abaixo dela, quase oculta, outra ajeita seu brinco. Debaixo do piano encontra-se um regador verde-escuro, onde o pintor assinou seu nome. A presença de tal objeto na pintura lembra que ele é usado para umedecer as tábuas empoeiradas do salão. Cãozinho e regador dão um toque de leveza ao rigor da composição.

O coreógrafo que também usa sapatilhas encontra-se de pé no meio do salão, com os braços apoiados no seu bastão de madeira que serve para marcar o compasso. Ele é a figura central da composição. Trata-se do famoso bailarino e coreógrafo Jules Perrot. No fundo da sala um grupo embevecido de mães observa suas filhas, enquanto as garotas mostram-se à vontade nas mais diferenciadas posições.

Na composição o observador parece fazer parte da cena, assim como o pintor, mas sem ser notado. Ele apenas olha sem ser observado. As bailarinas estão voltadas para o mestre ou para si mesmas, enquanto  as mães observam-nas.

Curiosidades

  • Durante a Belle Époque a capital francesa fascinava os artistas impressionistas com a dança, sobretudo com o balé.
  • Embora o balé fosse um tipo de dança muito apreciado naquela época, não se tratava de uma atividade respeitável, de modo que muitas bailarinas tornavam-se prostitutas, sendo cobiçadas pelos burgueses ricos.

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Ficha técnica
Ano: 1873-1876
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 85 x 75 cm
Localização: Museu D’Orsay, Paris, França

Fontes de pesquisa
Degas/ Coleção Folha
Degas/ Abril Coleções
Arte em Detalhes/ Publifolha

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A ADORAÇÃO DOS PASTORES (II)

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A Adoração dos Pastores do pintor Francisco Zurbarán traz o Menino rodeado por Maria, José, pastores e anjos.

A Virgem descobre seu Filho, deitado sobre um lenço branco, para que todos possam vê-lo. Os pastores, embevecidos, contemplam o Menino. Uma camponesa, segurando uma cesta de ovos, indica Jesus ao observador.

O cordeiro com as pernas amarradas, à direita, em primeiro plano, é uma oferenda trazida pelos pastores. Trata-se de um símbolo crístico, conhecido desde os primeiros tempos do cristianismo. Simboliza o sacrifício de Cristo. Amarrado, ele reforça a ideia de que será sacrificado, como acontecerá com Jesus.

O Menino seminu olha diretamente para o observador. Anjos tocam e cantam à sua direita, enquanto na parte superior da composição, a cena repete-se, mas com anjos bebês. A cara de um boi aparece acima de José, que traz as mãos em forma de prece.

Ficha técnica
Ano: 1638
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 267 x 185 cm
Localização: Musée de Grenoble

Fonte de pesquisa
Cristo na Arte/ Manuel Jover

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A ADORAÇÃO DOS PASTORES (I)

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A Adoração dos Pastores, pintada por Antonio Allegri, mais conhecido como Corregio, é tida como uma das mais belas obras sobre o tema. Presentes na composição estão: o Menino, Maria, José,   três pastores, vários anjos e os animais de sempre: o burro e o boi.

Embora seja final de tarde, o quadro encontra-se iluminado por uma forte luz que não vem do exterior, mas que emana do corpinho do Menino. A luz divina clareia o corpo de Maria, dos pastores e dos anjos. Ela é tão forte que uma pastora tenta proteger os olhos com a mão, enquanto um pastor recua. São José e os animais permanecem na sombra.

A adoração dos pastores representa a adoração popular, enquanto a dos Magos representa a dos reis de todas as partes do mundo.

 Dados técnicos
Ano: 1522/1530
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 285 x 190 cm
Localização: Staatliche Kunstammlungen, Desda, Alemanha

Fonte de pesquisa
Cristo na Arte/ Manuel Jover

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MARIA NO JARDIM

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Esta é uma pintura mundialmente famosa, conhecida como A Virgem em Hortus Conclusus com Santos e também  Maria no Jardim Cercado com os Santos. Foi feita por um pintor alemão conhecido apenas como Mestre do Jardim do Paraíso (ativo em c. 1410 – 1430 no Reno Superior). A pequena composição devocional é vista como uma variação da pintura “A Virgem no Jardim de Rosas”. Retrata um canto isolado de um jardim pertencente a um castelo, onde se encontram a Virgem Maria, seu filho Jesus e os santos. O lugar tranquilo está cercado por muralhas que separam os personagens do mundo violento que jaz lá fora. Tudo na pintura está ligado ao simbolismo mariano.

Na metade superior da composição, Maria destaca-se como a maior de todas as figuras, usando um majestoso manto azul. Carrega sobre a cabeça uma coroa de ouro incrustada de pedras preciosas e nas mãos traz um volumoso livro. Ela reclina a cabeça levemente em direção do livro. É possível ver a escrita em uma de suas páginas, tamanho é o perfeccionismo do pintor.

Todas as figuras femininas possuem o mesmo tipo de beleza: olhos pequenos e escuros, dedos longos e delgados, boca pequenina e sombreada embaixo, formando um delicado queixo. O que identifica os santos é a posse de determinados objetos ou as atividades executadas por eles. Santa Doroteia colhe cerejas e coloca-as num cesto. Santa Bárbara retira água da fonte com uma colher presa a uma corda. Santa Catarina brinca com o Menino Jesus, segurando o saltério (instrumento medieval).

O Menino Jesus — brincando com Santa Catarina — dedilha um instrumento musical (saltério). Muitos pintores da Idade Média pintaram Jesus tocando um instrumento, embora os Evangelhos nada digam sobre isso. Possivelmente — incapaz de demonstrar a bem-aventurança através da expressão facial — o pintor usa o instrumento musical para se referir à alegria celestial, pois, como vimos em outros textos, os sinais e símbolos eram usados para ensinar a fé cristã, uma vez que na Idade Média eram pouquíssimas as pessoas que sabiam ler.

O jardim, além de ser o lugar onde se encontram Maria, Jesus e os Santos, também simboliza o paraíso. A mesa próxima a Maria simboliza a sua humildade como serva do Senhor. O muro simboliza a sua virgindade, pois concebeu sem ter contato com um homem. Um pouco abaixo do Menino Jesus é possível observar uma árvore cortada, símbolo da humanidade pecadora. Nela brotam dois ramos, significando que mesmo de uma árvore velha é possível renascer uma vida nova, ou seja, há sempre uma oportunidade de o pecador se regenerar. Ao lado da árvore cortada está um demônio para reforçar a simbologia da humanidade pecadora.

Três personagens encontram-se à direita da composição. Embora tenham os mesmos olhos, a mesma boca e os mesmos dedos delgados das mulheres, a cor mais escura do rosto, assim como as calças justas, mostra que são do sexo masculino. São Jorge está sentado diante do anjo e, abaixo, no canto inferior da pintura, está o dragão. São Miguel com seu  diadema e asas coloridas é o anjo e tem a seus pés o diabo sentado humildemente. Santo Osvaldo — segundo a lenda teve um corvo como mensageiro celeste — está de pé, recostado à árvore e reclinado sobre os dois santos assentados na vegetação.

As flores constantes ali estão em toda a sua plenitude, embora muitas delas tenham a sua floração em estações diferentes. As inúmeras variedades de flores também são referências a Maria. As violetas simbolizam a sua humildade, os lírios brancos a pureza e as rosas  a virgindade. Juntas, elas compõem um buquê de suas virtudes. Os pássaros estão minuciosamente representados na composição e, pelo menos, 10 espécies foram reconhecidas, podendo ser citadas: melharuco, japu, tentilhão, pintarroxo-comum, pico, pintassilgo, pardal, etc. Dentre as inúmeras plantas é possível identificar 20 espécies diferentes, entre as quais estão: margarida, trevo, lírio-branco, lírio do vale, morango, malva, crisântemo, urtiga, violeta, plátano, etc.

A presença do diabo, do dragão morto e da árvore cortada nada tem a ver com o Paraíso representado pelo jardim, mas isso não importa, uma vez que as pinturas daquela época tinham o objetivo único de ensinar a fé cristã. A beleza da composição encontra-se na harmonia entre a visão religiosa e a realista, tão bem apresentadas pelo pintor.

Ficha técnica:
Data: entre 1410 e 1430
Dimensões: 26,3 x 33, 4 cm
Artista: desconhecido
Localização: Museu Städel, Frankfurter, Alemanha

Fontes de pesquisa:
Los secretos de las obras de arte/ Taschen
Gótico/ Taschen

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