Arquivo da categoria: Arte de Viver

São assuntos relativos ao nosso cotidiano, que têm por finalidade ajudar-nos a levar uma vida com menos estresse.

BUSCANDO UM PROPÓSITO DE VIDA

Autoria do Dr. Telmo Diniz

Um objetivo na vida é a única fortuna valiosa que se pode encontrar. Não se deve procurá-lo em terras estranhas, mas dentro do coração. (Robert Louis Stevensos)

Caro leitor, você tem um propósito de vida? Bom, primeiramente é importante sabermos do significado do que é ter um propósito de vida. É tudo aquilo que orienta nossa trajetória e está intimamente relacionado com a nossa personalidade. É o que justifica o porquê de levantarmos da cama todos os dias. Ter propósito, em última instância, está relacionado com nossos talentos, ações, objetivos, sonhos e aspirações.

A vida é bem complexa, e colocar nela um propósito verdadeiro certamente vai ajudar a fazer com que se torne mais colorida. Seu propósito é o que vai lhe dar alívio nas horas mais duras e difíceis. Todos os dias, bilhões de pessoas ao redor do mundo seguem suas rotinas sem se perguntar qual é o propósito de suas vidas. Entretanto, temos de parar em meio à correria do dia a dia e nos perguntar: para onde isso que eu faço todos os dias vai me levar?

Um estudo conduzido por três pesquisadores de universidades inglesas (College London, Princeton University e Stony Brook University) revelaram que pessoas que viam sentido real no que faziam tinham 30% menos chances de morrer precocemente do que as demais. A pesquisa acompanhou um grupo de 9.050 ingleses, com idade média de 65 anos, e dividiu os participantes em quatro grupos: desde os que tinham um claro propósito de vida até os que não tinham nenhum. O resultado apontou que 9% dos que tinham um propósito faleceram durante o estudo, contra quase 30% dos que não tinham nenhum propósito. Ou seja, quem tem propósitos de vida firmes vivem mais e melhor.

Quem não tem algo no que acreditar ou que faz seu coração bater mais forte costuma andar em trevas pela vida. Podem entrar em depressão por não ter certeza de qual é o seu lugar no mundo. Encontrar seu propósito de vida parece ser uma tarefa complexa, mas a partir do momento em que você passa a se conhecer melhor e passa a obter as respostas certas, passará a dar passos mais firmes em direção a seus objetivos.

Portanto, tire alguns minutos de seu tempo para refletir. Dê preferência a um local onde não possa ser interrompido. Pegue papel, caneta e responda às perguntas de maneira totalmente honesta consigo mesmo:

  • Quem eu realmente sou?
  • Qual a minha importância para o mundo?
  • Quais são minhas qualidades e como posso utilizá-las dando minha contribuição?
  • Quais são meus maiores talentos?
  • Quando penso em mim, quais são as principais características que me vêm à mente?
  • O que realmente me dá prazer e que eu gostaria de fazer?
  • O que me faz vibrar?
  • O que me faz feliz?
  • O que me faz sorrir?
  • O que faz meu coração bater mais forte?
  • Qual a atividade que me leva a esquecer do tempo?
  • O que eu defenderia com unhas e dentes?
  • Como eu quero que os outros se lembrem de mim?
  • Qual o legado gostaria de deixar?

As respostas verdadeiras irão ajudá-lo a definir seus propósitos de vida.

Robert Louis Stevensos, escritor britânico, falou que “um objetivo na vida é a única fortuna valiosa que se pode encontrar. Não se deve procurá-lo em terras estranhas, mas dentro do coração”.

O QUE EU DESEJO PARA MIM?

Autoria do Dr. Telmo Diniz

Caro leitor, você já passou de certa idade (50, 60, 70 anos ou mais) e está com perguntas não respondidas? Está em fase de repensar sua vida, suas rotinas e desejos? Pois bem, no texto desta semana vou focar este tema que, mais dia menos dia, adentra nossos pensamentos. É um rápido convite à reflexão.

Sua vida tomou um rumo que não era o que você esperava? Suas atividades habituais estão com foco em seus desejos? O que você faz tem trazido alegrias? Sua vida faz sentido para você? Se as respostas estão em desacordo com o que você esperava, está na hora de repensar a sua vida – em especial seus objetivos e sua rotina diária.

Muita gente se deixa levar pela ilusão de que uma vida feliz é ocupada, cheia de afazeres e com a presença de aplausos alheios. A vida só será boa se fizermos aquilo que nos faz feliz de verdade, independentemente de títulos e status. Pense bem e escolha o que realmente faz mais sentido para você. Particularmente, penso que a felicidade não está no objetivo final a ser alcançado e, sim, no caminho que trilhamos para atingi-lo.

É preciso reavaliar suas escolhas e o que você considera importante para ser feliz. Se o trabalho já não traz mais alegria, se o relacionamento só traz insatisfações, se qualquer parte de sua vida não te traz mais a energia de antigamente é preciso olhar o que pode estar errado e fazer as devidas correções.

Há momentos em que sentimos que a nossa vida não está em nossas mãos, que não temos o controle do nosso destino e que não sabemos como chegamos e nem mesmo para onde estamos indo. Estamos completamente perdidos. Talvez esse seja o momento de repensar as escolhas, de se perguntar: o que eu desejo para mim? O que preciso fazer para chegar lá? Os projetos têm de ser pensados e bem elaborados. Caso contrário, se os riscos não forem bem calculados, a chance de novos erros pode ser grande.

Quando se está dentro de uma situação confusa e nebulosa, é difícil enxergar as coisas com clareza. Pergunte a si mesmo o que você acha que está errado e o que é preciso para mudar. Converse com alguém da sua confiança – ou com um psicólogo – que possa ajudá-lo nos momentos mais tenebrosos, pois, com clareza, fica mais fácil enfrentar esses momentos nebulosos da vida.

Quando nos decepcionamos com a vida é preciso parar e repensar a forma como estamos vivendo. Não reformular nossa rotina certamente vai desencadear crises. E crises são situações extremadas que carregam mais dor e sofrimento. Portanto, evite as crises corrigindo o rumo de algo que não está indo bem antes de o problema se agravar. De igual forma, pare de justificar seus erros. Isso não vai ajudar na correção daquilo que está torto.

Com o amadurecimento a gente muda e a nossa visão de sucesso e felicidade também. Se nós não mudamos as nossas escolhas e comportamentos de acordo com as nossas novas definições, abrimos lugar para a infelicidade e os desencontros. Pense no que efetivamente faz sentido pra você e que te deixa em paz.

Nota: obra de Vincent van Gogh

BODAS E COMPANHEIRISMO

Autoria do Dr. Telmo Diniz

A palavra “boda” vem do latim “vota”, que quer dizer “promessa”, referindo-se aos votos matrimoniais feitos na data do casamento. A tradição das bodas surgiu na Alemanha, onde era o costume de pequenos povoados oferecerem uma coroa de prata aos casais que fizessem 25 anos de casados e uma de ouro aos que chegassem aos 50. Mas o que tem a ver as bodas em uma coluna de saúde? Tudo! Pense que se você tem um bom casamento e este é duradouro, a saúde e a felicidade vão andar de mãos dadas. 

Estou comemorando as bodas de 22 anos, em outras palavras as Bodas de Louça. Em um primeiro momento, mais parece um material frágil e quebradiço. Mas se formos mais a fundo, a louça é um tipo de cerâmica que é submetida a altas temperaturas em sua manufatura. Portanto, é um material resistente e, por que não dizer, resiliente. 

Existe uma boda para cada ano, para que os casais renovem suas promessas de casamento. Particularmente não me lembro de ter feito nenhuma promessa concreta, mas sei que alguns pontos são importantes para um casamento próspero. O principal deles é o companheirismo. Um amor companheiro é aquele que aprende a ceder, estar presente em situações que não são as suas prediletas. O companheirismo leva necessariamente à cumplicidade, fazendo o casal se entender com um simples olhar.

De igual forma, não deixe a rotina adentrar em seu casamento. Mude a forma de fazer as coisas no dia a dia, acrescente novidades. Experimente coisas novas; novos lugares; novas atividades; viagem juntos; tenham novos círculos de amizade, quem sabe, até uma renovação de votos de casamento. Olho na sua autoestima. Saiba também que casamento não é prisão. Permaneça livre e independente. Não perca sua personalidade. Ceder às vezes. Anular-se, nunca! Descubra como conciliar isso com a vida a dois. Tente entender o outro e mantenha o respeito. Seja tolerante com as falhas de quem está a seu lado, aprendendo a aceitar as diferenças de quem você gosta. Descubra como se superar e evoluir juntos.

Não perca de vista também a vida íntima. Além do carinho, a vida sexual também precisa de cuidados. A falta de sexo pode ser tão prejudicial quanto uma rotina sexual sem novidades. Trazer o novo para os momentos de intimidade é tarefa de ambos. Crie sempre um canal de diálogo. Aceitar os defeitos não significa guardar ressentimentos e mágoas. Fale sempre o que está sentindo de forma clara. Nunca em tom de crítica. A “infelicidade é irmã do silêncio” – os homens devem se exercitar mais neste ponto (eu, inclusive!).

Todos esses conselhos não são meus. Isso é resultado da observação de estudos realizados ao longo da história envolvendo os relacionamentos humanos. Mas não existem receitas prontas para bodas duradouras. Cada casal deve descobrir seus próprios meios para tornar seu casamento melhor e duradouro. Essas dicas podem ser de grande utilidade quando começamos a nos esquecer de pontos que são cruciais para a sobrevivência de uma família feliz. 

À minha esposa Dani “fofinha” Prata. Sigamos em frete e que venham as bodas dos 60 anos…

PROTEGENDO NOSSOS IDOSOS

Autoria do Dr. Telmo Diniz

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Infelizmente, nem todos envelhecem da forma que gostaríamos. Temos familiares ou conhecidos com maior ou menor grau de dependência funcional. A segurança desta parcela da população é de extrema importância, pois os números realmente são assustadores. No Brasil, cerca de 30% dos idosos caem pelo menos uma vez no ano. A frequência de quedas é maior em mulheres e elas também têm maior risco de fraturas – 5% a 10% das quedas resultam em ferimentos importantes. O risco de quedas aumenta com o avançar da idade e pode chegar a 51% em idosos acima de 85 anos. Mais de dois terços daqueles que já tiveram uma queda cairão novamente nos seis meses subsequentes, sendo que 70% das quedas em idosos ocorrem dentro de casa.

Readequação

Os idosos têm reflexos mais lentificados, maior dificuldade de adaptação em ambientes escuros, massa magra reduzida e, portanto, menor força muscular. Ossos mais frágeis, geralmente usando vários medicamentos que podem causar efeitos colaterais diversos, etc. Segundo a Associação Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), as quedas em idosos constituem a primeira causa de acidentes em pessoas acima de 60 anos e também uma das grandes consequências de morte e invalidez devida, principalmente, às fraturas, em especial do colo de fêmur. A segurança da pessoa idosa passa por uma readequação do ambiente domiciliar e por uma boa avaliação por parte do médico.

No ambiente clínico, devem ser investigados pontos importantes, que estão intimamente ligados às quedas em idosos, como:

  • grau incorreto dos óculos,
  • avaliação e tratamento da osteopenia/osteoporose,
  • perda de audição,
  • tratamento de artrites e artroses,
  • hipotensão postural (queda da pressão arterial quando a pessoa se levanta)
  • e avaliação da poli farmácia (uso e interação entre várias medicações).

Lembre-se de que a pessoa que pratica atividade física desde cedo terá menos chance de desenvolver osteoporose, artrose, entre outras patologias que vão predispor as quedas no futuro.

Cuidados

No ambiente doméstico, devemos ficar atentos a alguns pontos que são importantes para evitar acidentes mais sérios:

  • O acesso externo deve ser sem barreiras, de preferência, sem escadas. Se essas estiverem presentes, devem ser de piso áspero com fitas antiderrapantes e com corrimão para apoio.
  • De preferência, todas as portas devem ter um vão de 80 cm (em especial para os cadeirantes). As maçanetas devem ser do tipo alavanca e os cômodos mais usados devem possuir molas nas portas para facilitar sua abertura e amortecer quando fechadas.
  • Os desníveis em toda a casa devem ser vencidos por rampas.
  • A cama deve ter uma altura que permita a pessoa colocar os pés no chão – o mesmo vale para as poltronas – e ter cabeceira que permita o recosto.
  • No banheiro, devem ser colocadas barras de apoio no chuveiro, no vaso sanitário e na pia a uma altura de 80 cm.
  • Todo o ambiente deve permitir boa iluminação e ventilação, os tapetes devem ser retirados ou seguros por fitas antiderrapantes coladas ao chão.Ao tomarmos atitudes como estas, estaremos promovendo proteção aos nossos idosos e garantindo melhora na qualidade de vida.

(*) Imagem copiada de saude-joni.blogspot.com

PERDOAR É COMPLEXO, MAS…

Autoria do Dr. Telmo Diniz

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O Perdão e Sua Saúde

Perdoar significa “conceder perdão, absorver, remitir (culpa, dívida, pena, etc), desculpar e se poupar”. O ato de perdoar envolve tudo isso e ainda muito mais. Pesquisas e estudos vêm sendo desenvolvidos nesses últimos anos para mostrar e comprovar o poder e os benefícios do perdão. Vários estudos foram realizados para descobrir as causas de doenças ligadas às emoções e ao estresse e acabaram por concluir que problemas como dores de cabeça, dores musculares, fibromialgia, gastrite, úlceras, problemas cardiovasculares, hipertensão, problemas gastrointestinais, doenças alérgicas e vertigens podem estar relacionados com a dificuldade de perdoar.

O ato de perdoar é realmente muito complexo. Embora não pareça, é muito difícil esquecer uma ofensa e, ainda por cima, conviver em harmonia com o ofensor. Porém, temos que aprender que perdoar é a arte de fazer as pazes quando algo não acontece como queríamos. Perdoar é fazer as pazes com a palavra “não”. Além de importante para a convivência, o ato de perdoar pode evitar uma série de transtornos causados em uma briga ou desentendimento. Quando uma pessoa não perdoa, revive a situação desagradável e nutre a mágoa, tornando-se mais estressada e propensa ao desenvolvimento de doenças cardíacas e psiquiátricas.

Não há perdão sincero sem o esquecimento da raiva e da mágoa que lhe deram origem. Esquecer a mágoa e a raiva não significa esquecer os fatos. Eles, muitas vezes, permanecem na memória e são motivo de aprendizado. Se esquecêssemos de todo o mal que alguém nos fez no passado, não aprenderíamos a nos cuidar melhor no futuro. Devemos esquecer a emoção negativa que toma a forma de raiva, mágoa, ou seja, se perdoamos verdadeiramente, conseguimos lidar com os fatos como algo distante, algo que não nos atinge mais, embora lembremos que eles aconteceram.

Lições de Vida

  • Para perdoar precisamos compreender a nós mesmos e aos outros. Se não nos dedicamos a compreender o outro, estamos esquecendo que, se estivéssemos em seu lugar, talvez fizéssemos coisa igual ou pior. E, mesmo que não cometêssemos o mesmo erro, isso se deveria apenas ao fato de já termos aprendido uma lição que ele ainda não aprendeu. Se aprendemos a lição, é porque já passamos por ela, ou seja, já erramos muitas vezes. Se não sentimos pelo outro a mesma compreensão que sentimos em nossa própria defesa, então, nosso perdão não existe, ele é pura vaidade.
  • Aprendendo a não sentir mágoa e a não se sentir ofendido com tanta frequência, você precisará perdoar menos, e isso equivale a ter aprendido a verdadeira humildade. Certa vez, perguntaram a Mahatma Ghandi se ele perdoava com muita frequência, ao que ele respondeu: “Não, ninguém nunca me ofendeu”.
  • Se alguém errou com você, ainda que gravemente, não perca tempo e saúde do corpo e da alma alimentando a raiva e a mágoa, elas te mantêm aprisionado ao passado. Perdoe e siga. Perdoar é inteligente. Perdoar é libertar primeiro a si mesmo, depois o outro. Faz bem ao corpo e à alma. Errar é humano, mas perdoar é divino!

Se mesmo assim achar difícil perdoar quem o ofendeu, leia abaixo os “Nove Passos para o Perdão”, do doutor Luskin, autor do livro o “Poder do Perdão”:

1. Saiba exatamente como você se sente sobre o que ocorreu e seja capaz de expressar o que há de errado na situação. Então, relate a sua experiência a umas duas pessoas de confiança.

2. Comprometa-se consigo mesmo a fazer o que for preciso para se sentir melhor. O ato de perdoar é para você e ninguém mais. Ninguém mais precisa saber de sua decisão.

3. Entenda seu objetivo. Perdoar não significa necessariamente reconciliar-se com a pessoa que o perturbou, nem se tornar cúmplice dela. O que você procura é paz.

4. Tenha uma perspectiva correta dos acontecimentos. Reconheça que o seu aborrecimento vem dos sentimentos negativos e desconforto físico de que você sofre agora, e não daquilo que o ofendeu ou agrediu dois minutos – ou dez anos – atrás.

5. No momento em que você se sentir aflito, pratique técnicas de controle de estresse para atenuar os mecanismos de seu corpo.

6. Desista de esperar coisas que as pessoas ou a vida não escolheram dar a você. Reconheça as “regras não cobráveis” que você tem para sua saúde ou para o comportamento seu e dos outros. Lembre a si mesmo que você pode esperar saúde, amizade e prosperidade e se esforçar para consegui-los. Porém você sofrerá se exigir que essas coisas aconteçam quando você não tem o poder de fazê-las acontecer.

7. Coloque sua energia tentando alcançar seus objetivos positivos por um meio que não seja através de experiência que o feriu. Em vez de reprisar mentalmente sua mágoa, procure outros caminhos para seus fins.

8. Lembre-se de que uma vida bem vivida é a sua melhor vingança. Em vez de se concentrar nas suas mágoas – o que daria poder sobre você à pessoa que o magoou – aprenda a busca o amor, a beleza e a bondade ao seu redor.

9. Modifique a sua história de ressentimento de forma que ela o lembre da escolha heroica que é perdoar. Passe de vítima a herói na história que você contar.

OS MUITOS TIPOS DE SORRISO

Autoria de Lu Dias Carvalho

E a minha alma alegra-se com seu sorriso, um sorriso amplo e humano, como o aplauso de uma multidão. (Fernando Pessoa)

As pessoas sorriem por muitas razões, das quais apenas algumas têm a ver com o que expressa a emoção positiva. As pessoas sorriem para estabelecer conexões com os outros, pedir desculpas, passar por situações complicadas, para impressionar, seduzir e apaziguar. Elas sorriem para mascarar sentimentos negativos, sorriem quando envergonhadas, também para restaurar relações harmoniosas. (Marianne LaFrance)

É sabido que certas culturas são mais contidas em suas emoções, enquanto outras são bem mais expressivas – como a nossa, por exemplo – contudo, não existe um só povo que não exprima seus sentimentos usando a mesma expressão facial. O escritor e biofísico Stefen Klein explica que “A cultura influencia muito pouco o diapasão das emoções humanas. É verdade que existem povos mais expressivos e outros mais reservados quanto à manifestação das emoções, mas todos exteriorizam alegria, aflição, medo e raiva de formas muito parecidas”. E complementa: “uma vez que a mímica facial é a mesma para todos os povos, as emoções elementares e o modo como nós as manifestamos devem ser inatos”, e não aprendidos como supunham alguns. Cita o fato de os cegos – ainda que sejam de nascença – usarem as mesmas expressões faciais ao sorrirem, por exemplo. Contudo, este é ainda um estudo em andamento.

Paul Ekman – pesquisador reconhecido por seus trabalhos no campo das emoções – descobriu que há 19 maneiras diferentes de sorrir, embora 18 delas – segundo ele – não sejam autênticas, mas se encontrem inseridas no cotidiano das pessoas, servindo-lhes de disfarce para encobrir os sentimentos, quando não se quer mostrá-los por completo – sendo essenciais à convivência humana. Quem não conhece o sorriso de constrangimento através do qual indicamos que nos sentimos embaraçados diante de alguma piada que não nos agradou? E aquele sorriso falso que indica que estamos participando de algo contra a nossa vontade? Há também o chamado “sorriso amarelo” indicativo de medo. O sorriso forçado, como aquele de quando se tira uma foto em grupo, sob a exigência de que todos sorriam. Há o sorriso polido ou de cortesia e aquele que denota ironia. Existe o frustrado por não termos atingido um propósito e o malvado que parece dizer: “Aguarde-me, sua batata está assando!”… E tantos outros.

Se 18 dos 19 tipos de sorriso não são genuínos, concluímos, então, que existe apenas um verdadeiro. Mas onde se encontra o diferencial? – indagará leitor. O “unzinho” restante é o que transmite alegria – sentimento de contentamento, satisfação e júbilo –, enquanto os outros não passam de um arremedo de demonstração de tal sentimento. Trata-se daquele sorriso grande, sem amarras ou elegância, moldando todo o rosto e isso quando também não balança o corpo. Ele levanta os dois cantos da boca, faz com que as pálpebras se comprimam, desenha um monte de rugas em torno do canto dos olhos (dizem até que é o responsável pelos “pés de galinha”), elevando ligeiramente as partes superiores das maçãs do rosto. E como se toda esta ginástica fosse pouca, esse sorriso gostoso ainda contrai os músculos orbiculares das pálpebras. Tem até um nome: sorriso de Duchenne – numa homenagem ao fisiologista francês que em 1862 realizou um estudo pioneiro do músculo orbicular do olho e chamava esse movimento de “Doces movimentos de emoções da alma”.

Agora que temos o conhecimento sobre o único sorriso verdadeiramente prazenteiro, nenhum sorrisinho amarelo irá mais nos enganar. Será mesmo? Mentira! Cerca de 10% das pessoas são capazes de reproduzir intencionalmente o sorriso de Duchenne, sem treinamento algum, transformando-o, assim, num sorriso falso. Nós outros, no intuito de imitá-lo, podemos recorrer a truques, como buscar a lembrança de uma piada engraçada ou a de um fato que nos fez rir muito. Outra coisa, as mulheres sorriem mais do que os homens e conseguem fingir melhor um sorriso verdadeiro. De olho nelas! Agora que já nos encontramos exímios na avaliação de sorrisos, podemos rir à vontade dos falsos sorrisos dos políticos e dos atores ruins que não aprenderam a representar. Que tal correr até o espelho para ver se você se encontra no grupo dos 10% capazes de imitar o sorriso de Duchenne? Mais uma coisinha: Dê um sorriso!

Ver textos:
COMO VIVENCIAR A FELICIDADE
APRENDENDO A SER FELIZ
SORRIR TRAZ FELICIDADE?

Fonte de pesquisa
A Fórmula da Felicidade/ Stefan Klein/ Editora Sextante