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Artigos variados sobre cinema e a análise de filmes que se tornaram clássicos.

OS GÊNEROS DO CINEMA

Autoria de Lu Dias Carvalho

genecine(Faça o curso gratuito de História da Arte, acessando: ÍNDICE – HISTÓRIA DA ARTE)

Os filmes são divididos em gêneros e subgêneros, normalmente obedecendo a uma categorização comercial. Há filmes que se ajustam a um determinado gênero, outros que podem ser incluídos em dois ou mais gêneros, mas existem outros que são difíceis de enquadrar em qualquer categoria. Os gêneros cinematográficos são um campo amplo e diversificado. Vamos conhecer um pouco sobre cada gênero (e subgênero):

AÇÃO – geralmente envolve uma história de protagonistas do bem contra antagonistas do mal, que resolvem suas disputas com o uso de força física. Os filmes de ação têm como histórias o crime, os westerns e a guerra entre outros. Normalmente são feitos com alta tecnologia, recorrendo ao uso de efeitos especiais. A maioria dos filmes de ficção científica e policiais também se engloba entre os filmes de ação.

ANIMAÇÃO – refere-se ao processo segundo o qual cada fotograma de um filme é produzido individualmente, podendo ser gerado quer por computação gráfica, ou fotografando uma imagem desenhada repetidamente, fazendo-se pequenas mudanças no modelo (claymation e stop motion) e fotografando o resultado. Quando os fotogramas são ligados entre si e o filme resultante é visto a uma velocidade de 16 ou mais imagens por segundo, dá-se uma ilusão de movimento contínuo.

AVENTURA – é um gênero cinematográfico que reflete um mundo heróico de combates e aventuras. Foi inventado na Itália, como meio de exaltação de seu passado histórico e, posteriormente, foi usado pela Rússia para exaltar a Revolução Russa.

CHANCHADA – predomina no filme um humor ingênuo, burlesco, de caráter popular. As chanchadas foram comuns no Brasil entre as décadas de 1930 e 1960. A produtora carioca Atlântida descobriu nos filmes carnavalescos um grande negócio, capaz de fazer muito sucesso entre o público brasileiro. Sem dúvida, ela foi a grande responsável pelo sucesso das chanchadas e a pioneira em adotar os temas carnavalescos em forma de musicais.

CINEMA DE CATÁTROFE – é um gênero cinematográfico muito popular, que mistura três elementos principais: enredo apocalíptico, apelo melodramático e cenas de ação, de preferência com efeitos especiais que enfatizem o clima de tensão. O gênero compreende uma mistura de ficção científica e fantasia, permitindo ao roteirista abordar todo e qualquer tema capaz de causar pânico. Essa amplitude de assuntos colocou os filmes-catástrofe como um dos preferidos das produções de segunda linha, já que não exigem um roteiro muito original ou orçamentos fabulosos. Contudo, existem bons filmes.

COMÉDIA – é o uso de humor no filme. Uma das principais características da comédia é o engano. Entre os artistas, reconhece-se que para fazer rir é necessário um ritmo (conhecido como timing) especial, que não é dominado por todos, pois é difícil analisar, cientificamente, o que faz uma pessoa rir ou o que é engraçado ou não. Mas uma característica reconhecida da comédia é que ela é uma diversão intensamente pessoal.

COMÉDIA ROMÂNTICA – é um subgênero cinematográfico dos gêneros comédia e romance. O argumento básico de uma comédia romântica é que duas pessoas se conhecem, mas, apesar da atração óbvia que existe entre elas, não se envolvem romanticamente por algum fator interno ou por alguma barreira externa. Porém, em algum momento, depois de diversas cenas cômicas e após um espetacular esforço, ou uma coincidência incrível, eles se encontram novamente, declaram-se amor eterno, e vivem felizes para sempre, ou não.

COMÉDIA DRAMÁTICA – também conhecido como dramédia, pois junta os gêneros comédia e drama. Estas obras geralmente apresentam uma história séria, porém, abordada de forma engraçada. Um dos pré-requisitos desse gênero é que, após muitos risos e lágrimas, o personagem consiga o que deseja e tenha um final feliz.

COMÉDIA DE AÇÃO – é um gênero que mistura os gêneros ação e comédia.

CULT – ou “culto” é um termo coloquial para filmes que agregam grupos de fãs devotos, mas que não alcançam uma fama e reconhecimento considerável. As características em um filme cult podem incluir uma trilha sonora obscura, conceitos e ciências fictícios criados na história, ou personagens estranhos. Geralmente são filmes de conteúdo original e de roteiro também original, que tentam passar uma mensagem inovadora, muitas vezes de forma subliminar, de múltipla interpretação e de difícil compreensão pelo grande público (habituado a visões mais convencionais da realidade). Por assim ser, geralmente são enquadrados em filmes alternativos, filmes B e undergrounds. Esses filmes não se preocupam em agradar ao grande público, não seguem fórmulas holiwoodianas de grande sucesso, não entram nos grandes circuitos, e geralmente não alcançam grandes bilheterias. Na grande maioria das vezes, não interessam às grandes produtoras. Agradam a um pequeno público de gosto peculiar e mais refinado, que tenta extrair a mensagem que o autor quer passar, e a utiliza como fonte de conhecimento e, às vezes, até como filosofia de vida. Mas alguns filmes são bem divulgados e possuem elementos (como a violência) que atraem o gosto do grande público e se tornam grandes bilheterias, mas por isso deixam de ser cult.

DOCUMENTÁRIO – é um gênero cinematográfico que se caracteriza pelo compromisso com a exploração da realidade. Mas dessa afirmação não se deve deduzir que ele represente a realidade “tal como ela é”. O documentário, assim como o cinema de ficção, é uma representação parcial e subjetiva da realidade.

DRAMA – é um gênero que é utilizado para criar a maior tensão possível entre os espectadores, já que o público fica “preso” ao que acontece entre os personagens, e tenta sempre desvendar o que ainda vai acontecer, idealizando os seus próprios finais para cada personagem. O enredo se baseia principalmente em conflitos sentimentais humanos, muitas vezes com um tema geral triste. É entendido também como uma forma acentuada de tragédia.

ESPIONAGEM – é um gênero cinematográfico popular desde a década de 1960. Neles predomina a intriga, a pancadaria e o mistério, pelo que foram, até bem recentemente, considerados um subgênero dos filmes de ação. O único motivo pelo qual se reconheceu os filmes de espionagem como sendo um gênero independente foi pela exagerada utilização da intriga e do mistério nos seus filmes, diferenciando-o assim do gênero de ação.

ERÓTICO – é um gênero de cinema semelhante ao pornográfico. A única diferença que os distingue e faz com que sejam denominados de maneira diferente é o fato de no cinema erótico haver uma história mais bem constituída, ou seja, não ser apenas um pretexto para começar o que realmente o filme quer divulgar, como no caso do cinema pornográfico. Também é chamado formalmente de cinema de sexo implícito.

FANTASIA – é um gênero de arte que usa a magia e outras formas sobrenaturais como o elemento principal de uma história. Em muitos casos, especialmente em trabalhos mais antigos, mas também em muitos modernos, isto é explicado por uma intervenção divina, mágica, ou de outras forças sobrenaturais.

FAROESTE (ou WESTERN) – também popularizado sob os termos “filmes de cowboys” ou “filmes de faroeste”. Compõe um gênero clássico do cinema norte-americano (ainda que outros países tenham produzido westerns, como aconteceu na Itália, com os seus western spaghetti). O termo inglês western significa “ocidental” e refere-se à fronteira do Oeste norte-americano durante a colonização. Esta região era também chamada de far west – e é daqui que provém o termo usado no Brasil e Portugal, faroeste (também se usou o termo juvenil bang-bang, na promoção das antigas matinês e de quadrinhos). Ainda que os westerns tenham sido um dos gêneros cinematográficos mais populares da história do cinema e ainda tenha muitos fãs, a produção de filmes deste gênero é praticamente residual nos tempos que correm. Contudo, houve ainda alguns sucessos brindados com o Oscar de melhor filme, como Dança com Lobos e Os Imperdoáveis. Mas os westerns que vêm à memória da maioria dos cinéfilos são os da sua época áurea.

FICÇÃO CIENTÍFICA – Nos dias atuais os filmes do gênero estão entre os que alcançam maior índice de bilheteira, demonstrando ainda a fascinação das pessoas sobre o que está por vir, ou ainda sobre o que é pura fantasia. O conhecimento científico avançando cada vez mais, atualmente mostra uma fronteira cada vez mais larga sobre o que podemos construir em matéria de ficção científica, deixando uma gama ilimitada de temas das quais podem ser criados filmes. Como esses filmes que especulam sobre o futuro se mostram entre os mais rentáveis, é de se esperar que vejamos cada vez mais o tema sendo explorado pelo cinema.

GUERRA – é um gênero cinematográfico que tem se prestado, ao longo da história, ao uso propagandístico dos governos de todos os países que, em maior ou menor grau, buscam obter dividendos através de obras que retratam conflitos anuais ou históricos. Nesse aspecto, nenhum país foi mais eficiente do que os Estados Unidos da América, sobretudo durante a Segunda Guerra Mundial. Naquela época, o engajamento de Hollywood na guerra traduziu-se em dezenas de títulos, cujo objetivo evidente era levantar o astral do país. Contudo, foi também nos Estados Unidos que o gênero abrigou reflexões muitas vezes bastante ácidas sobre a guerra de maneira geral, e sobre a participação estadunidense em conflitos específicos, como a desastrada intervenção no Vietnã. Se uma boa parte dos filmes de guerra procura mostrar apenas explosões, tiros e mortes,há outra parte que usa o gênero para refletir sobre o mundo.

MUSICAL – é um gênero de filme, no qual a narrativa se apóia sobre uma sequência de músicas coreografadas, utilizando música, canções e coreografia como forma de narrativa, predominante ou exclusivamente.

FILME NOIR – (pronuncia-se no-ar) é um estilo de filme primariamente associado a filmes policiais, que retrata seus personagens principais num mundo cínico e antipático. O filme noir (em francês, filme preto) é derivado dos romances de suspense da época da Grande Depressão (muitos filmes noir foram adaptados de romances policiais do período), e do estilo visual dos filmes de terror da década de 1930. Os primeiros filmes noirs apareceram no começo da década de 1940. Os “Noirs” foram historicamente filmados em preto-e-branco e eram caracterizados pelo alto contraste, com raízes na cinematografia característica do expressionismo alemão.

POLICIAL – no gênero policial, os argumentos quase sempre envolvem crimes e criminosos, policiais e detetives particulares, gangsteres e ladrões.

PORNOCHANCHADA – é um gênero do cinema brasileiro, comum na década de 70. Surgiu em São Paulo, e contou com uma produção bem numerosa e comercial. A mais conhecida produção era a da chamada boca do lixo, região de prostituição existente na zona central da cidade de São Paulo.

PORNOGRÁFICO – o cinema pornográfico apareceu rapidamente depois da criação da tecnologia de filmes, que fez com que esse tipo de filme fosse possível. O “cinema pornô” (como a maioria dos adeptos chama) tem muito em comum com as outras formas de pornografia.

ROMANCE – os filmes do gênero romance podem ser definidos como aqueles cujo enredo se desenvolve em torno do envolvimento amoroso entre os protagonistas. Um dos pré-requisitos do gênero é de que o filme tenha um “final feliz”. Contudo, alguns filmes com final triste também podem ser considerados filmes do gênero romântico.

SUSPENSE – traz um sentimento de incerteza ou ansiedade mediante as consequências de determinado fato. Em uma definição mais ampla do suspense, tal emoção surge quando alguém está preocupado com sua falta de conhecimento sobre o desenvolvimento de um evento significativo; suspense seria, então, a combinação da antecipação com a lide da incerteza e obscuridade do futuro.

TERROR – O gênero ficcional do terror ou horror existe em qualquer meio de comunicação em que se pretenda provocar a sensação de medo. Desde a década de 1960, que qualquer obra de ficção com um tema mórbido ou repelente, é conhecida do público como um gênero à parte, com grupos de fãs muito específicos que rendem culto a subgêneros ou a determinados filmes e literatura a eles associada. Este gênero está intimamente ligado à ficção fantástica e à ficção científica. O medo é a fonte dos filmes de terror. Alguns acham que o medo é um dos sentimentos que mais faz as pessoas se sentirem vivas e livres.

TRASH – a definição de filme trash ainda é muito discutível, mas em geral trata-se de um filme mal feito propositalmente ou não. Muitas vezes são associados a filmes de terror, mas um filme (ou vídeo) trash é uma estética que pode ser usada em qualquer gênero. Eventualmente são chamados de filmes trash as produções amadoras, usando-se eletrônicos domésticos.

Nota:
Embora o gênero épico pertença à literatura, também costuma ser usado para categorizar certos filmes, tais como Moisés, Ben-Hur, Spartacus, em que feitos heróicos são narrados.

Fonte de Pesquisa:
Wikipédia
Isto é cinema/ Sextante

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CEM FILMES PARA MORRER DE RIR

Autoria de Lu Dias Carvalho

comics

O Vírus da Arte & Cia. indica para seus leitores cem filmes para morrer de tanto rir.

Segundo um provérbio bíblico “O coração alegre é bom remédio, mas o espírito abatido faz secar os ossos”, enquanto um outro muito popular em todo o mundo complementa: “Rir é o melhor remédio”. Por sua vez, o humorista francês Nicholas Chamfort alegava que “Um dia sem rir é um dia desperdiçado”. E a famosa atriz belga Audrey Hepburn dizia: “Eu amo as pessoas que me fazem rir. Sinceramente, acho que é a coisa que eu mais gosto, rir. Cura uma infinidade de males.”. Fecho as citações com a de um dos homens que mais fez as pessoas rirem – Charles Chaplin: “É saudável rir das coisas mais sinistras da vida, inclusive da morte. O riso é um tônico, um alívio, uma pausa que permite atenuar a dor”. Desejo mesmo é que vocês riam muito, meus amigos.

Os filmes abaixo encontram-se em ordem alfabética:

1. A Ceia dos Acusados (W.S. Van Dyke)
2. A Costela de Adão (George Cukor)
3. A General (Buster Keaton / Clyde Bruckman)
4. A Mulher do Dia (George Stevens)
5. A Mulher do Século(Morton DaCosta)
6. A Primeira Noite de um Homem (Mike Nichols)
7. A Recruta Benjamim (Howard Zieff)
8. A Sedução do Marrocos (David Buttler)
9. Aconteceu Naquela Noite (Frank Capra)
10. Amigos, Sempre Amigos (Ron Underwood)
11. Apertem os Cintos… O Piloto Sumiu (Jim Abrahams)
12. Arizona Nunca Mais (Joel Coen / Ethan Coen)
13. Arthur, O Milionário Sedutor (Steve Gordon)
14. As Três Noites de Eva (Preston Sturges)
15. As Viagens de Sullivan (Preston Sturges)
16. Às Voltas com Fantasmas (Charles Barton)
17. Bananas (Woody Allen)
18. Banzé no Oeste (Mel Brooks)
19. Bola de Fogo (Howard Hawks)
20. Bom dia, Vietnã (Barry Levinson)
21. Cantando na Chuva (Gene Kelly, Stanley Donen)
22. Clube dos Pilantras (Harold Ramis)
23. Como Eliminar seu Chefe (Colin Higgins)
24. Cupido é Moleque teimoso (Leo McCarey)
25. Deu a Louca no Mundo (Stanley Kramer)
26. Diabo a Quatro (Leo McCarey)
27. Dívida de Sangue (Elliot Silverstein)
28. Dr. Fantástico (Stanley Kubric)
29. É um Presente (Norman Z. McLeod)
30. Em Busca do Ouro (Charlie Chaplin)
31. Ensina-me a Viver (Hal Ashby)
32. Essa Pequena é uma Parada (Peter Bogdanovich)
33. Este Mundo é um Hospício (Frank Capra)
34. Fargo (Joel Coen)
35. Feitiço da Lua (Norman Jewison)
36. Feitiço do Tempo (Harold Ramis)
37. Harry e Sally – Feitos um para o Outro (Rob Reiner)
38. Irene, a Teimosa (Gregory La Cava)
39. Isto É Spinal Tap (Rob Reiner)
40. Jantar às Oito (George Cukor)
41. Jejum de Amor (Howard Hawks)
42. Lar, Meu Tormento (H.C. Potter)
43. Levada da Breca (Howard Hawks)
44. Loucuras de verão (George Lucas)
45. Luzes da Cidade (Charles Chaplin)
46. Manhattan (Woody Allen)
47. Marinheiro por Descuido (Buster Keaton e Donald Crisp)
48. MASH (Robert Altman)
49. Meu amigo Harvey (Henry Koster)
50. Muito Além do Jardim (Hal Ashby)
51. Mulher de Verdade (Preston Sturges)
52. Nascida Ontem (George Cukor)
53. Ninotchka (Ernst Lubitsch)
54. Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (Woody Allen)
55. Nos Bastidores da Notícia (James L. Brooks)
56. Núpcias de Escândalo (George Cukor)
57. O Bobo da Corte (Melvin Frank / Norman Panama)
58. O Calouro (Fred C. Newmeyer / Sam Taylor)
59. O Clube dos Cafajestes (John Landis)
60. O Dorminhoco (Woody Allen)
61. O Expresso de Chicago (Arthur Hiller)
62. O Galante Mr. Deeds (Frank Capra)
63. O Grande Ditador (Charles Chaplin)
64. O Jovem Frankenstein (Mel Brooks)
65. O Pai da Noiva (Vincente Minnelli)
66. O Panaca (Carl Reiner)
67. O Pecado Mora ao Lado (Billy Wilder)
68. O Professor Aloprado (Jerry Lewis)
69. O Rapaz Que Partia Corações (Elaine May)
70. Os Caça-Fantasmas (Ivan Reitman)
71. Os Fantasmas Divertem-se (Tim Burton)
72. Os Filhos do Deserto (William A. Seiter)
73. Os Gênios da Pelota (Norman Z. McLeod)
74. Os Quatro Batutas (Norman Z. McLeod)
75. Papai por Acaso (Preston Sturges)
76. Picardias Estudantis (Amy Heckerling)
77. Primavera para Hitler (Mel Brooks)
78. Quando os Jovens Tornam-se Adultos (Barry Levinson)
79. Quanto mais Quente Melhor (Billy Wilder)
80. Quem Vai Ficar com Mary? (Bobby Farrely)
81. Quero Ser Grande (Penny Marshall)
82. Relax (Albert Brooks)
83. Se meu Apartamento Falasse (Billy Wilder)
84. Ser ou Não Ser (Ernst Lubitsch)
85. Shampoo (Hal Ashby)
86. Sherlock Jr. (Buster Keaton)
87. Sorte no Amor (Ron Shelton)
88. Tempos Modernos (Charles Chaplin)
89. Tootsie (Sydney Pollack)
90. Topper e o Casal do Outro Mundo (Norman Z. McLeod)
91. Um Assaltante Bem Trapalhão (Woody Allen)
92. Um Dia nas Corridas (Sam Wood)
93. Um Estranho Casal (Gene Saks)
94. Um Peixe Chamado Wanda (Charles Crichton)
95. Um Tira da Pesada (Martin Brest)
96. Um Tiro no Escuro (Blake Edwards)
97. Uma Babá Quase Perfeita (Chris Columbus)
98. Uma Loura Para Três (Lowell Sherman)
99. Uma Noite na Ópera (Sam Wood)
100. Victor ou Vitória? (Blake Edwards)

Nota
Acrescento um  bem brasileirinho que considero imperdível: Lisbela e o Prisioneiro (Guel Arraes)

Fonte de pesquisa
www.afionline.org

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BONS FILMES QUE FALAM SOBRE TRANST. MENTAIS

Autoria de Lu Dias Carvalho

Visitando o YouTube tive a felicidade de encontrar um canal fantástico, denominado Refúgio Cult, produzido pelo jornalista goiano Lucas Maia, uma espécie de Roger Ebert brasileiro. Quem ama a sétima arte encontrará nesse canal um tesouro inestimável. Ali ele debate, com clareza e sensibilidade, filmes das mais diferentes épocas e nacionalidades, sem deixar de lado os independentes que, por contarem com uma verba muito pequena, acabam sendo desconhecidos para o grande público. Também analisa séries, o grande boom de nossos dias. Em suma, o Refúgio Cult é voltado para o Cinema e séries de TV. E para temperar ainda mais este menu excepcional, Lucas Maia ainda nos traz curiosidades sobre os bastidores dos filmes e seriados ou fatos relativos à vida de artistas do meio.

O mais inteligente na abordagem que o Refúgio Cult faz sobre filmes e séries é sempre deixar ao espectador a decisão de assistir a eles ou não. Ele analisa as produções, dá o seu ponto de vista pessoal – sempre deixando claro que não fala pelos outros e que opiniões podem divergir – enumerando bons elementos para vê-los ou não. Algo que me chamou muito a atenção no trabalho do Lucas é o refinamento de sua linguagem (quando as palavras de baixo calão vêm se tornando comum no mundo dos youtubers) e o leque de conhecimento que ele tem. Jamais imaginaria encontrar em seu canal uma preocupação com os transtornos mentais. Portanto, qual não foi a minha surpresa ao encontrar no Refúgio Cult filmes especificamente sobre depressão e a bipolaridade (listados abaixo).

Oito Filmes para Entender Melhor os Transtornos Mentais 

  • As Virgens Suicidas (1999) – Diretora: Sofia Coppola
  • As Horas (2002) – Diretor: Stephen Daldry
  • As Faces de Helen (2009) – Diretora: Sandra Nettelblack
  • Direito de Amar (2009) – Diretor: Tom Ford
  • Irmãos Desastre (2014) – Diretor: Craig Johnson
  • Ela (2014) – Diretor: Spike Jonze
  • Anomalisa (2015) – Diretores: Charlie Kaufman e Duke Johnson
  • Toc Toc (2017) – Diretor: Vicente Villanueva

Fonte de pesquisa
Refúgio Cult / YouTube

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Filme – O FILME DA MINHA VIDA

Autoria de Glaucia Pinheiro

Sinopse:

O filme é situado na década de 1960, na Serra Gaúcha, no sul do Brasil. O jovem Tony Terranova (Johnny Massaro), filho de um francês com uma brasileira, decide retornar a Remanso, na Serra Gaúcha, sua cidade natal, depois de passar um tempo estudando na capital. Ao ali chegar, ele descobre que Nicolas (Vincent Cassel), seu pai, voltou para a França, sob a alegação de que sente falta de seus amigos e de seu país de origem, deixando para trás ele e sua mãe Sofia (Ondina Clais). Tony acaba se tornando professor, e vê-se em meio aos conflitos e inexperiências juvenis, pois a vida perfeita, que pensava ter, mudara totalmente.

O Filme da Minha Vida é um longa-metragem, dirigido e estrelado por Selton Mello. Trata-se de uma adaptação do livro Um Pai de Cinema, do chileno Antonio Skármet (autor de O Carteiro e o Poeta). Narra uma sucessão de acontecimentos na vida de Tony Terranova, mas que acaba contribuindo para o seu amadurecimento. O jovem torna-se professor de francês no colégio da cidade, e vê-se envolvido com seus alunos adolescentes. Ele faz do amor e do cinema seus objetivos de vida, mas, quando a verdade sobre seu pai surge, sente que é preciso trilhar seus próprios caminhos, ou seja, assumir sua própria vida.

O filme é um primor de história, com cenas e diálogos construídos com sutilezas e delicadezas, para tocar a alma do espectador. O enredo envolve relações familiares e afetivas, desde a separação de um pai até o encontro de um amor, passando pela descoberta do sexo e pela frustração com os amigos. Mostra que a vida, ainda que bela, é muitas vezes difícil de ser vivida. Além de ser um primor de história, o filme ainda traz um belíssimo cenário e uma contagiante trilha sonora.

O personagem de Selton Mello (Paco) é secundário, mas é, sem dúvida, o mais tocante. Ele se encontra sempre ao lado, participando sem participar, querendo viver uma vida que não alcança, esbarrando entre a ética, o ingênuo e o mal. Transitando entre a humanidade e a bestialidade que habita em todos nós. 

O garoto Tony (Johnny Massaro), que protagoniza o filme, preenche a tela com o seu olhar, expressão viva das emoções que alegram e/ou atormentam. A presença  do ator dispensa palavras em vários momentos. É uma delícia a mais, e não pressentimos o politicamente correto atravessar nossas emoções, apesar de o filme se passar em uma época em que isto não era ainda tão enfatizado.

Outros temas são delicadamente abordados, como o tempo que não passa no relógio e, às vezes, também parece que para na vida. A pergunta que o personagem de Selton Mello faz no filme ainda ecoa em meus ouvidos e invade meus pensamentos: “Eu sou um homem ou um porco?” O que nos distancia e nos separa de sermos porcos? Apenas a humanidade tangível e intangível de cada um de nós!

O filme viaja mais pela fantasia do que propriamente pela noção de realidade. O final parece ingênuo e insatisfatório, mas achei coerente com a proposta de leveza no pensar e menos seriedade na ordem dos conflitos, como um tempo para respirar diante de tamanha realidade opressiva.

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Filme – PONTE PARA TERABÍTIA

Autoria de Lúcio Escobar*

Em vários anos de conhecimento e estudo sobre a clínica psicanalítica, confesso impressionado que ainda não tinha visto um filme que explanasse com riqueza de detalhes os processos decorrentes da clínica psicanalítica. Utilizando a linguagem cinematográfica, Gabor Csupo, diretor da segunda adaptação para o cinema, deu vida a um clássico da literatura americana, da autora Katherine Paterson, Ponte para Terabítia (2007). Trata-se de um filme que fala sobre a amizade de Leslie Burke e Jesse Aarons, dois estudantes do quinto ano, que criam um bosque mágico, ao qual dão o nome de Terabítia, e onde vivem muitas aventuras. Esse filme é na realidade o relato extraordinário de um caso clínico, demonstrando, através de seu enredo de forma sintetizada, todo o processo analítico de crianças e adolescentes, iniciando-se na solicitação do tratamento, a autorização e início, as resistências, interpretações,  direcionando-se para o reconhecimento pelo analisando do final da análise, rumo a uma postura mais segura e confiante diante das adversidades da vida. Todos aqueles que estiverem se dedicando ao estudo sério da psicanálise, irão poder observar os referidos processos de uma forma tocante, que os marcará profundamente, deixando claro o grande objetivo do tratamento, que é trazer novamente o brilho da vida e o potencial criativo, dando assim a possibilidade da continuação da existência de forma mais plena.

Para facilitar o entendimento do filme e a visualização dos processos, eu vou intercalar o enredo (EN) com as observações clínicas (OC) em itálico. É importante que o filme tenha sido assistido pelo menos uma vez, para que fique mais claro o entendimento.

(EN) – “Ponte para Terabítia” conta a história de Jesse Aarons, um garoto do interior dos Estados Unidos, muito tímido e solitário, que sofre “bullying” na escola, meio rejeitado pelo pai e o único garoto de uma família pobre de cinco filhos. May Belle, sua segunda irmã mais nova, parece ser a única pessoa que gosta dele.

(OC) – Jesse é um garoto com sérios problemas emocionais, que adoeceu devido a grande confusão e desorganização familiar, onde os pais, por focarem nos problemas financeiros e na sobrevivência vegetativa, estavam sempre ausentes emocionalmente. O pai severo está sempre cobrando dos filhos responsabilidades e ajudas nas tarefas da casa. A mãe, juntamente com o pai, está sempre cansada demais para prestar atenção em outra coisa que não o básico para a manutenção.

Timidez e solidão são os sintomas externos além do que hoje poderia ser diagnosticado como o famoso “déficit de atenção” que na realidade escondia outros problemas estruturais mais sérios, que tinham como causa principal a negação da subjetividade e da autoexpressão de Jesse que, perante o “bullyng” sofrido na escola, era sempre passiva, aceitando sem reclamar ou revidar as agressões sofridas, buscando a evitação das situações e, quando não podia, a fuga era sempre a melhor escolha. Desenvolveu por isso a habilidade de correr, sempre vencedor dessa modalidade de esporte, destacando-se como um momento raro em que se sentia bem, e quando se podia notar um resquício de prazer, mesmo por pouco tempo. Seu adoecimento não deixava que nem ao menos distinguisse no seu lar as pessoas que ligavam ou não para ele, sendo incapaz de demonstrar sentimentos. Gostava de desenhar, porém, seus desenhos eram ligados a figuras do fundo do mar, representando sua vida num mundo afastado das pessoas. Desenhava peixes e tubarões, porém seus desenhos não tinham um fundo, estavam isolados no papel, demonstrando a falta de contexto, as relações com o meio e as inter-relações.

(EN) – Leslie Burke era uma garota bem moderna, filha única de escritores, aos quais era muito ligada. Antes morava numa cidade grande, mas mudou-se para o campo e acabou vizinha de Jesse. Ela nunca assistira à televisão, pois seus pais achavam que tevê fazia mal ao cérebro.

(OC) – Leslie era uma garota que rompia com os padrões comuns, era autêntica, tinha uma imaginação ativa e herdara dos pais a habilidade da escrita. Possuía uma vida familiar saudável, com demonstração de afetos e valorização da expressão artística e autônoma. Não trazia a alienação legada pela televisão e era bem claro que sua vida não estava embutida na vida de seus pais ou vice-versa. Na trama, ela assume o papel do analista (domínio da linguagem do inconsciente), que após a solicitação de tratamento por parte de Jesse (momento em que ele, na corrida, defende-a, demonstrando interesse pela pessoa dela, que ele juga como possuidora do suposto saber, após ela demonstrar uma possibilidade de aproximação com seu mundo oceânico através de sua redação). Leslie então dá início a uma aproximação que tem como primeira resposta dele a recusa (quando não aperta a mão dela), demonstrando assim os processos de resistência à análise que estaria preste a iniciar.

(EN) – Jesse e Leslie tornam-se amigos próximos, embora ele não tenha gostado muito dela no começo (principalmente porque ela o venceu numa corrida). Essa amizade se formou pelo fato de ambos viverem bem próximos, e também por serem perseguidos pelos valentões da escola, Janice Avery e Gary Fulcher, considerados “esquisitos”.

(OC) – O início da amizade muito próxima simboliza o tratamento analítico, uma relação bem íntima, que vai trazer à tona seus medo e projeções inconscientes. Ela venceu a corrida e é colocada na posição de um suposto saber por ele.

(EN) – Leslie tinha uma imaginação muito fértil, e Jesse, uma grande paixão secreta por desenho. Com essas duas coisas, acabam criando Terabítia, uma terra apenas para eles dois, onde se nomearam rei e rainha, num bosque próximo à casa deles.

(OC) – Terabithia é o local “diferente”, como disse ela, um campo que não era a escola nem a casa dele ou dela. Era um local que simbolizava o “setting psicanalítico”, um reino onde tudo era possível, e onde o inconsciente de Jesse poderia se expressar sem rejeição, julgamentos ou perigos, um local onde os monstros poderiam surgir sem provocar tantos medos, um lugar apenas deles dois (a dupla analítica), onde se nomearam rei e rainha. Ela mostra pra ele que os dois juntos poderiam enfrentar os monstros simbólicos, nomeando-os e criando possibilidades de enfrentamento.

(EN) – Para chegar lá, Jesse e Leslie atravessam um pequeno riacho, numa corda bem grossa, pendurada numa árvore às margens do riacho. No Natal, ele dá para a amiga um cãozinho, a que ela dá o nome de Príncipe Terian (ou P.T.), para ajudá-los a lutar contra os “monstros” que querem roubar Terabítia deles.

(OC) – Para chegar nesse reino, Jesse e Leslie encontram um obstáculo que é um rio, ou seja, a divisão da consciência para um inconsciente por ele até então desconhecido. A corda, eu vou simbolizá-la como as ferramentas técnicas psicanalíticas, que depois daria lugar a uma ponte construída pelo próprio Jesse. Inicialmente, ele demonstra a angústia do início da análise e não consegue entrar no jogo da associação livre, sendo ajudado por Leslie, que inicia lhe emprestando significantes, trazendo-o para um jogo de imaginação. Inicialmente encontra resistências por parte dele, por ter prejudicada sua capacidade criativa e de simbolizar. Mas assim que ele vai se deixando conduzir, e vai cooperando com o processo, o tesouro do inconsciente começa a aparecer. Então surgem primeiramente os guerreiros amigos, que têm a função de ajudá-los, mostrando que ele não estará sozinho para essa missão.

Os monstros vão aparecendo, trazendo consigo traços dos personagens do enredo, onde se vê claramente que Jesse está simbolizando na análise sua situação problema na escola. Junto com Leslie e um cãozinho caçador de monstros, ele vai enfrentando os monstros sem mais evitar ou fugir. Diante de algumas situações na realidade, Leslie faz interpretações psicanalíticas, fazendo uma ponte (daí o nome do filme), ou seja, ensinando-o a construir essa ponte entre sua realidade e o seu mundo inconsciente, mostrando-lhe que assim como ele enfrentou os monstros em Terabítia, ele poderia enfrentar de forma criativa seus problemas.

(EN) – Jesse tem uma paixão platônica pela sua professora de música, Miss Edmunds, que adora os desenhos que ele faz. Um dia, ela o leva a um museu (ele nunca tinha estado em um antes), mas o desenhista não quis convidar Leslie, que resolve ir a Terabítia sozinha. Quando chega a casa, Jesse descobre que sua única e melhor amiga havia morrido afogada, ao atravessar o riacho, pois a corda rebentou-se e ela caiu – naquela época o riacho estava com as águas muito altas – desmaiando e afogando-se ao bater com a cabeça em uma das pedras.

(OC) – No início, a relação de Jesse com sua professora era simplesmente platônica, demonstrando a sua incapacidade e insegurança de aproximar-se do seu objeto de desejo e obter sua gratificação tão sonhada. Inicialmente, com a ajuda de Leslie, ele inicia as primeiras aproximações com a professora, enfrentando a timidez. Aos pouco vai ganhando confiança e começando a se arriscar. Quando aceita o convite da professora para ir a um museu, sem a autorização explícita dos pais (posicionamento autônomo), vai abandonando a posição passiva em relação ao pai, começando a expressar-se mais ativamente, o que é percebido pelo pai e não rechaçado.

Durante o filme é muito interessante ver como os diretores enfocaram bem as melhorias vitais em Jesse. O olho dele vai apresentando mais brilho, seus desenhos começam a representar suas vivências de forma mais completa, com um contexto.  Começa a não mais aceitar as agressões na escola e ver com outros olhos as relações com as pessoas, que não são tão monstruosas como pareciam. Ele vai ao museu sem convidar Leslie, e isso mostra que já começa a se achar pronto para andar com as próprias pernas e lutar pelos seus objetivos. Demonstra mais confiança e maturidade, arrisca-se e começa a experimentar uma vida mais colorida. Vê que pode aprender as coisas de maneira diferente, com alegria, e não só como uma obrigação mórbida pela repressão paterna. Ele começa a desvincular-se da trama neurótica de sua família.

A morte de Leslie simboliza a necessidade de finalização do tratamento e que Jesse agora se encontra pronto para encarar a realidade de forma autônoma. No início com um pouco de angústia, passa depois a se sentir devedor, por não ter convidado sua amiga. Passado o luto da antiga condição, ele começa a se reerguer e construir a ponte, mostrando-se agora apto para amar e aceitar o amor de outras pessoas de forma madura. Sente que é hora de retribuir tudo isso ajudando sua irmã mais nova, levando-a para esse novo mundo, que agora, pela experiência vivida, já domina, deixando a posição de analisando para analista.

*Psicanalista Clínico e Didata, Membro da Sociedade Psicanalítica de Orientação Contemporânea Brasileira

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20ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES

Autoria de Luiz Cruz

          

Tiradentes abrigou a 20ª Mostra de Cinema, com muito sucesso! A história do cinema na cidade vem de longe. O primeiro cinema existiu na casa do inconfidente padre Carlos Correia de Toledo e Melo, atual Museu Casa Padre Toledo, já em atividade na década de 1920. Segundo Antônio Faustino da Cruz, o cinema atraia muitas pessoas, e aos cinco anos de idade ele vendia pastel, antes das exibições. Um documento de 1944, no Arquivo Central do IPHAN/RJ, registra a demolição da cabine cinematográfica e do palco, quando o imóvel passou pela primeira obra de restauro.  Outro cinema funcionou na sede do Aimorés Futebol Clube, na década de 1960, uma iniciativa de José do Nascimento, o “Zé da Olinda”, com apoio de Eros Miguel Conceição. Fez sucesso, mas deixou de existir. No final da década de 1970, Yves Alves ofertou um projetor de cinema 16mm para o IHGT-Instituto Histórico e Geográfico de Tiradentes e, em sua antiga sede, foram exibidos alguns filmes. Com o apoio de Eros Conceição, houve várias apresentações cinematográficas na EEBG – Escola Estadual Basílio da Gama. Na década de 1980, quando foi criada a Semana do Meio Ambiente, muitos filmes foram exibidos no Largo das Forras e na EEBG. Através do contato com o crítico de arte Mark Bercowitz, conseguimos os filmes emprestados no ICBEU-Instituto Cultural Brasil Estados Unidos. Os carretéis com as películas eram colocados em sacos de tecido e trazidos para Tiradentes em ônibus da linha Rio de Janeiro/São João del-Rei. O Centro Cultural Yves Alves-SESI mantém uma programação semanal de cinema e com boa qualidade, desde 2010. Toda exibição é gratuita para os tiradentinos e visitantes.

A primeira Mostra de Cinema de Tiradentes ocorreu em 1998, com a inauguração do Centro Cultural Yves Alves e em uma tenda de circo, instalada no Lago das Mercês. A Mostra consolidou-se e  tornou-se um dos eventos mais importantes do cinema no país. Tecnicamente houve um avanço surpreendente. Era curioso apreciar o vai e vem dos homens carregando os carretéis com as películas, filmes em 16mm e em 35mm. Assistimos as apresentações dos chamados “vídeos”, introduzindo a era digital. Com o avanço da tecnologia, tivemos oportunidade de acompanhar o grande salto da quantidade e da qualidade dos filmes brasileiros, associado à expansão das escolas de cinema em vários estados. Foram criando as mostras dentro da Mostra e os temas.

Na 20ª edição, o tema central foi “Cinema em Reação, Cinema em Reinvenção”. As homenageadas foram a atriz Helena Ignez e a atriz e diretora Leandra Leal. Foram exibidos 108 filmes, entre longas, médias e curtas metragens, com produções de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Maranhão, Pernambuco, Paraná, Bahia, Ceará, Rio Grande do Sul, Goiás, Espírito Santo, Paraíba e Distrito Federal. “Reação” e “Reinvenção” foram correlacionadas às questões de gênero, identidade,  transgressão, transexualidade e poder. Essa edição tornou-se um marco ao homenagear duas atrizes e a iluminar o tema mulher, sexualidade e  transexualidade, em contexto nacional. As minorias do Brasil e a violência que assola esses grupos, como as comunidades indígenas, mulheres, negros, transexuais, religiosos e outros.  Abriram-se muitas janelas do Brasil para  vermos o quanto grupos autoritários maltratam as minorias – historicamente – desde que esta terra tornou-se “Vera Cruz”, o nosso Brasil.

É lamentável ver como o Brasil desrespeita suas comunidades indígenas, expulsas por grileiros, madereiros, garimpeiros e agronegócio. É inconcebível tantos investimentos em hidrelétricas que desmantelam comunidades e destroem a fauna e a flora.  Lá se foi o tempo em que hidrelétrica era considerada energia “limpa”; pois, para exisitir, muitas vidas são dizimadas e compromete o meio ambiente. Tudo feito através de acordos escusos, sob o manto da falsa legalidade. Pior, nós brasileiros assistimos e consentimos essas barbaridades. Existe o silêncio de uma ONU e de uma UNESCO, que também figem como nós mesmos, que não está acontecendo nada. E, com isso, a devastação das florestas caminha, cada vez mais veloz.

“Uma câmara na mão e uma ideia na cabeça” – a famosa frase do cineasta Glauber Rocha, foi importante para o Cinema Novo. Na contemporaneidade, perde consistência. Como exibido na 20ª Mostra de Tiradentes, houve avanço na qualidade dos filmes, os jovens aprenderam a fazer cinema. Porém, cinema não é só tecnologia, envolve muitos aspectos. Acima de tudo, cinema é emoção. Cinema é Arte. E, para que alcance bom resultado é preciso ser lapidado. Alguns filmes nos encantaram, devido ao conjunto de elementos constitutivos. Outros foram de doer a alma. Um dos mais aplaudidos foi “Entre os homens de bem” (SP) – dirigido por Caio Cavechini e Carlos Juliano Barros. Apresenta o embate de Jean Wyllys, defensor da causa LGBT, com a bancada conservadora do Congresso Nacional. Quem achava que já conhecia o Congresso com a transmissão ao vivo da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, enganou-se. O filme “Entre os homens de bem” revela um Congresso conservador, corporativo, reacionário, fisiológico, sem ética e sobretudo desprovido de inteligência. As referências a um Congresso Nacional  bbb – “bala, bíblia e boi” – está longe de ser representação de uma nação com dimensões continentais e complexo como o Brasil. Esse filme foi um tiro certeiro e enriqueceu a proposta da Mostra.

À Mostra  desejamos longa vida. Os desafios ainda são muitos. O maior deles é o diálogo com a comunidade, pois inexiste. A Mostrinha deveria ter sessões diárias para que as crianças tenham mais participação e experiências cinematográficas. Os adultos locais só frequentam a Mostra quando há filmes produzidos na cidade. Portanto, investir na Mostrinha é investir num futuro apreciador do Cinema Brasileiro. A Mostra precisa se adequar às questões da acessibilidade, com vagas reservadas para cadeirantes e com os filmes legendados. Torna-se elementar trabalhar com as questões da segurança, principalmente no Cine-Tenda, que é de material inflamável. É necessário também que a Mostra se encontre com os outros eventos locais.

Fotos: Cine-Tenda e aspecto do filme “Entre homens de bem”, fotografias do autor.

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