Arquivo da categoria: Livros

Assuntos diversos

O PROBLEMA COM DEUS

Autoria de Lu Dias Carvalho

Deus

Acabo de ler o livro O Problema com Deus, do escritor estadunidense Bart D. Ehrman, o mesmo autor de O Que Jesus Disse? O Que Jesus Não Disse?, que até agora já vendeu 100 mil exemplares no Brasil. É surpreendente ver um homem com um conhecimento tão profundo, dono de uma posição privilegiada dentro dos setores do Cristianismo, ter a coragem de se desnudar, colocando às claras seu ponto de vista em relação à fé que norteou sua trajetória por um longo tempo, apesar das críticas recebidas dos “donos da verdade”. Segundo o autor, o problema que vem o atormentando ao longo da vida, justamente por ser um dos maiores pesquisadores sobre a Bíblia, estudioso das origens do Cristianismo, Ph.D em estudos do Novo Testamento e, até então, chefe de um do Departamento de Estudos Religiosos de uma famosa universidade americana, é o sofrimento. E ele não mais conseguia conviver com isso.

O foco central do livro é o sofrimento e o porquê de Deus permitir que os homens sofram tanto, principalmente os mais inocentes e os mais frágeis. Bart D. Ehrman joga por terra todas as explicações fáceis, inclusive aquela sobre o livre-arbítrio, dadas até agora pelos mais diferentes segmentos religiosos cristãos, na tentativa de explicar por que um Deus todo poderoso permite a presença do mal e do sofrimento humano em níveis tão excruciantes. Ele não concebe a ideia de que “Deus pode fazer o bem a partir do mal, que o sofrimento pode ser benéfico, que a própria salvação depende do sofrimento.” Mostra também as inúmeras incoerências contidas no mais importante livro cristão e critica as mega-igrejas que só falam de riqueza material e do sucesso, sem se aterem ao real sofrimento humano.

Ao falar dos diversos tipos de sofrimento pelos quais tem passado a espécie humana, o escritor começa citando o Holocausto:

“É relativamente fácil citar os números convencionados daqueles que foram assassinados pela máquina nazista, mas quase impossível imaginar a intensidade do sofrimento produzido. Seis milhões de judeus assassinados a sangue-frio, simplesmente por serem judeus. Um em cada três judeus da face da Terra, foi eliminado. Cinco milhões de não judeus – poloneses, checos, ciganos, homossexuais, “aberrantes” religiosos e outros. Um total de 11 milhões de pessoas mortas, não em batalha como combatentes inimigos, mas como seres humanos considerados inaceitáveis por aqueles que detinham o poder, e brutalmente assassinados. Ter conhecimento dos números de certa forma disfarça o terror. É importante lembrar que cada um de todos aqueles mortos era um indivíduo com história pessoal, um ser humano de carne e osso, com esperanças, medos, amores, ódios, famílias, amigos, bens, saudades, desejos. Cada um tinha uma história a contar – ou teria, se tivesse vivido para isso.”.

No seu livro, O Problema com Deus, o escritor Bart D. Ehrman trabalha as seguintes questões, numa linguagem clara e acessível:

• O que os autores bíblicos dizem sobre o sofrimento?
• Eles dão uma resposta ou muitas respostas?
• Quais de suas respostas contradizem umas as outras, e por que isso é importante?
• Como nós, pensadores do século XXI, podemos avaliar essas respostas, que foram escritas em diferentes contextos, tantos séculos atrás?

Livro: O problema com Deus
Autor: Bart D. Ehrman
Editora: Agir

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FRASES IMPAGÁVEIS DO BARÃO DE ITARARÉ

Autoria de Geraldo Magela Cordeiro

itarare

Criador do jornal “A Manha”, o Barão de Itararé ridicularizava ricos, classe média e pobres. Não perdoava ninguém, sobretudo políticos, donos de jornal e intelectuais.

Ele não era barão, é claro. Mas se deu o título de nobre e nobre se tornou. O primeiro nobre do humor no Brasil. Debochava de tudo e de todos e costumava dizer que, “quando pobre come frango, um dos dois está doente”. Ele é um dos inventores do contra politicamente correto.

Há muito que o gaúcho Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, o Barão de Itararé (1895-1971) merecia uma biografia mais detida. Em 2003, o filósofo Leandro Konder lançou “Barão de Itararé — O Humorista da Democracia” (Brasiliense, 72 páginas). O texto de Konder é muito bom, mas, como é uma biografia reduzida, não dá conta inteiramente do personagem, uma espécie de Karl Kraus menos filosófico, mas igualmente cáustico. Quatro anos depois, o jornalista Mouzar Benedito lançou o opúsculo “Barão de Itararé -Herói de Três Séculos” (Expressão Popular, 104 páginas). É ótimo, como o livrinho de Konder, mas lacunar. No final, há uma coletânea das melhores máximas do humorista, que dizia:

1-      O uísque é uma cachaça metida a besta.
2-      O que se leva desta vida é a vida que a gente leva.
3-      A criança diz o que faz, o velho diz o que fez e o idiota o que vai fazer.
4-      Os homens nascem iguais, mas no dia seguinte já são diferentes.
5-      Dizes-me com quem andas e eu te direi se vou contigo.
6-      A forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda.
7-      Sábio é o homem que chega a ter consciência da sua ignorância.
8-      Não é triste mudar de ideias, triste é não ter ideias para mudar.
9-      Mantenha a cabeça fria, se quiser ideias frescas.
10-  O tambor faz muito barulho, mas é vazio por dentro.
11-  Genro é um homem casado com uma mulher cuja mãe se mete em tudo.
12-  Neurastenia é doença de gente rica. Pobre neurastênico é malcriado.
13-  De onde menos se espera, daí é que não sai nada.
14-  Quem empresta, adeus.
15-  Pobre, quando mete a mão no bolso, só tira os cinco dedos.
16-  O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente, se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro.
17-  Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades.
18-  A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana.
19-  Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato.
20-  Precisa-se de uma boa datilógrafa. Se for boa mesmo, não precisa ser datilógrafa.
21-  O fígado faz muito mal à bebida.
22-  O casamento é uma tragédia em dois atos: um civil e um religioso.
23-  A alma humana, como os bolsos da batina de padre, tem mistérios insondáveis.
24-  Eu Cavo, Tu Cavas, Ele Cava, Nós Cavamos, Vós Cavais, Eles Cavam. Não é bonito, nem rima, mas é profundo…
25-  Tudo é relativo: o tempo que dura um minuto depende de que lado da porta do banheiro você está.
26-  Nunca desista do seu sonho. Se acabou numa padaria, procure em outra!
27-  Devo tanto que, se eu chamar alguém de “meu bem”, o banco toma!
28-  Viva cada dia como se fosse o último. Um dia você acerta…
29-  Tempo é dinheiro. Paguemos, portanto, as nossas dívidas com o tempo.
30-  As duas cobras que estão no anel do médico significam que o médico cobra duas vezes, isto é, se cura, cobra, e se mata, cobra.
31-  O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim, afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato.
32-  Em todas as famílias há sempre um imbecil. É horrível, portanto, a situação do filho único.
33-  Negociata é um bom negócio para o qual não fomos convidados.
34-  Quem não muda de caminho é trem.
35-  A moral dos políticos é como elevador: sobe e desce. Mas em geral enguiça por falta de energia, ou então não funciona definitivamente, deixando desesperados os infelizes que confiam nele.

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OS LIVROS DE AUTOAJUDA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Os livros de autoajuda são uma forma de explorar o mercado das fantasias de poder e sonhos, da realização individual que se desenvolve em meio a uma ordem social centrada no ego e orientada pela aquisição e acumulação privada da riqueza. (Francisco Ridiger)

É incrível ver como os livros de autoajuda proliferam pelas estantes das livrarias. São várias prateleiras dedicadas a eles. Confesso que não são a minha praia. Não os relego por desprezo ao gênero, mas por acreditar que somente eu posso mudar os rumos da minha vida, pois os caminhos dela, bem ou mal sou eu mesma quem traço. Acredito que qualquer mudança que eu possa fazer em minha vida, precisa nascer de dentro para fora, num profundo expurgo de crenças enraizadas desde as várias gerações de meus antepassados. Eu prefiro a sabedoria empírica de meus heróis anônimos e humildes, encontrados por aí, nas esquinas da vida, mas genuinamente experimentada na pele encarquilhada, à custa de muito sofrimento e calosidades, aos sábios da autoajuda, imersos em montanhas de dinheiro e em spas de luxo.

O brilhante Oscar Wilde possui uma definição bastante interessante sobre o cinismo com que se vende felicidade no mundo de hoje, incluindo aí certas religiões:

“O homem sabe o preço de tudo, mas o valor de nada”.

Concordo plenamente com o poeta, dramaturgo e escritor irlandês, quando questiono o direcionamento do saber para a esperteza e da inteligência para o convencimento. Arrepio-me com a facilidade com que certos autores do gênero em questão “ensinam-nos” a viver, quando na verdade só fazem quadruplicar a conta bancária a cada lançamento jogado no mercado, com a falsa promessa de que os leitores estão comprando a satisfação existencial. Fico com o pensamento de Diógenes de Sinope e seus cínicos:

A felicidade genuína deve envolver autoconhecimento crítico, ação virtuosa e desconfiança profunda dos bens exteriores, como riqueza, reputação e convenção social.

Já naqueles tempos, os filósofos estavam convictos de que qualquer mudança só se efetuaria, se a pessoa passasse por uma profunda reforma pessoal, pois ninguém muda ninguém. Engana-se quem toma para si tal encargo, ou seja, mudar alguém, pois levará muito pouco tempo para se decepcionar. Toda e qualquer transformação mental só poderá vir de dentro para fora. O máximo que podemos fazer é repassar para a pessoa o nosso modo de lidar com as emoções e a maneira como vemos a vida. Mas não carreguemos a presunção de que iremos reformá-la.

Quando aceitamos alguém em nossa companhia, é bom que nos perscrutemos antes sobre seus pontos positivos e negativos. Seremos capazes de conviver com eles? Ou imaginamos que iremos mudar a pessoa em pouco tempo? Se tivermos em mente a segunda opção, melhor será que nos afastemos dela. Na verdade, a melhor lição é o exemplo. O resto é atirar no escuro. Querer mudar alguém é dar com os burros n’água. Se conseguirmos fazer mudanças em nós mesmos, já é meio caminho andado. E é por essas e por outras que fujo da filosofia simplista dos livros de autoajuda.

Nota: Imagem copiada de nstitutoparacleto.org

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A VIDA IMORTAL DE HENRIETTA LACKS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O blog VÍRUS DA ARTE & CIA. homenageia todas as mulheres do mundo na homenagem que presta a Henrietta Lacks.

Foram cultivados 50 milhões de toneladas de minhas células que, se enfileiradas, poderiam dar volta à Terra por três vezes. (Henrietta Lacks)

Se todas as minhas células, reproduzidas ao longo de seis décadas, se juntassem, teriam massa e volume suficientes para construir 1 bilhão daquela que fui eu um dia. (Henrietta Lacks)

Meu nome terreno é Henrietta Lacks, negra, pobre e descendente de cultivadores de tabaco. Diziam os conhecidos que eu era a mais bonita das filhas da família Lacks. Ainda adolescente, casei-me com David, meu primo-irmão, fato comum no meu povoado, onde quase todos eram parentes. Trabalhávamos para uma rica família branca. Para fugirmos do preconceito que nos fustigava e de uma vida insossa e sem esperanças, David e eu nos mudamos para uma cidade grande. A vida lá também foi cheia de dificuldades e o preconceito também existia, mas, pelo menos, tínhamos a esperança de construir uma vida mais alicerçada para receber a nossa prole.

Fui uma boa esposa e uma jovem e dedicada mãe. Tive três filhos e duas filhas, dentre eles Elzie, a mais velha, minha menina doentinha, que tanto precisava de mim. Mas fui obrigada a abandoná-los muito cedo, de modo que a minha Elzie foi à minha procura, quatro anos mais tarde, depois de ser jogada num hospício exclusivo para negros. Só Deus sabe o que passaram meus filhos, ainda pequeninos, com o vazio da minha ausência. Sei que o meu amor foi substituído por uma infância de agressões, abuso sexual, miséria, abandono e assassinato. Minhas pobres crianças! Por que uma mãe deve ter filhos, se não os pode criar? Melhor seria ter nascido estéril.

Em 1951, aos 31 anos e na flor da idade, como diziam as pessoas da época, fui dizimada por um câncer no colo do útero, uma bola de carne intumescente que me sugava a vida. Pesava, na época, minguados 49 quilos, carcomida pela doença. Os tumores, comprimindo os meus rins, levaram-me à morte por septicemia – o envenenamento do sangue. Como veem, meus caros leitores, a vida não me ofereceu muito. Mas é a partir de minha morte que minha história começa. Peço que abram o coração para ouvirem a voz do meu espírito.

O hospital, onde tentei burlar a morte, trabalhava com uma famosa faculdade de medicina. E era em seus laboratórios que trabalhava o incansável pesquisador George Gey, ainda nos seus 50 anos. Tentava arduamente conservar e reproduzir tecidos humanos em laboratórios. As células coletadas acabavam sempre morrendo, depois de se reproduzir umas poucas vezes, para tristeza de Gey. Não foram poucas as vezes em que o desencanto toldou sua esperança. Mas ele continuava perseverante em seu trabalho. Queria salvar vidas.

Meu corpo cedeu a George Gey um pequeno pedaço do tumor que me ceifou a vida. Suas células cancerígenas, ao serem cultivadas em laboratório, expandiram-se numa velocidade espantosa. E foram batizadas com o nome de HeLa. Observem que se referem às duas primeiras sílabas do meu nome. Elas se tornaram de suma importância para o mundo das pesquisas científicas. Foram e são responsáveis pelo avanço da medicina, possibilitando descobertas inestimáveis para a humanidade. Mas também trouxeram lucros exorbitantes para os laboratórios que, até os dias de hoje, as reproduzem e comercializam. Elas têm sido produzidas em escala industrial e contabilizam mais de 60.000 artigos científicos publicados, no momento, ao longo dos 60 anos após a minha partida. Dizem que basta entrar na internet, para encomendar uma amostra de minhas células e recebê-las pelo correio. Contudo, minha família continuou vivendo numa miséria impossível de ser descrita. Ninguém se preocupou em ajudá-la, embora ganhassem rios de dinheiro com as células de sua genitora.

Dias atrás, assombrei-me com a informação de que, se todas as minhas células, reproduzidas ao longo de seis décadas, se juntassem, teriam massa e volume suficientes para construir 1 bilhão daquela que fui eu um dia. Traduzindo em números, foram cultivados 50 milhões de toneladas de minhas células que, se enfileiradas, poderiam dar volta à Terra por três vezes. Mesmo não tendo ressuscitado, como prega meu credo, eu me tornei imortal. Mas poucos souberam disso, e ainda são poucos a saber.

É fato que Gey e eu nunca nos encontramos. Tampouco me pediu permissão ou eu lha dei para que fizesse pesquisas com partes de meu corpo doente. Nem sequer fui informada da subtração de uma pequena parte de minhas células cancerosas. Não que elas tivessem qualquer importância para mim, ao contrário. Mas seria bom ser respeitada ainda que à beira da morte. Eu teria morrido feliz, se soubesse que a minha vida teve sentido, embora tenha sido tão passageira. Somente 22 anos após a minha partida, meus filhos tomaram ciência dos fatos. E de uma maneira cruel.

Sinto-me agora em paz, ao saber que milhões de pessoas se beneficiaram com as células HeLas, que contribuíram para os avanços científicos na área médica, sendo responsáveis pela vacina contra a poliomelite, a vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV), e os testes feitos com o vírus HIV, em busca de uma vacina, e, principalmente, por se encontrar na base da pesquisa do câncer. Minhas células já foram clonadas, hibridizadas com plantas, expostas à radioatividade e levadas ao espaço para verificar seu crescimento na falta de gravidade.

Contudo, lamento profundamente a indiferença com que as instituições científicas trataram minha família. Meus filhos nunca foram informados de que uma pequena parte do corpo da mãe continuava viva, multiplicando-se velozmente nos laboratórios. Somente nos anos 70, os fatos chegaram até eles por vias informais. Tempos depois, a divulgação dos fatos foi de uma crueldade impensável em relação aos meus entes queridos. Eu passei a ser coisa. Meramente coisa. Deixei de ser sujeito para me transformar em objeto. Minha família sofreu muito. A família dos heróis de guerra, por muito menos, são condecoradas e recebem ajuda do governo. E a minha era extremamente pobre e negra. Eram os tempos da sordidez da segregação racial. Prontuários médicos referentes ao meu tratamento foram publicados sem que minha família tivesse autorizado qualquer consulta a esses. Tornei-me patrimônio nacional, não como pessoa, mas como número. Quando pediram à minha filha Deborah para doar sangue, ela pensou que estavam preocupados com sua saúde e queriam verificar se ela teria o mesmo câncer que me matou. Na verdade, tratava-se de mais pesquisas. Queriam o DNA dos meus para fazer o mapeamento genético de minhas células.

A pobreza foi uma constante na vida de minha família. Sempre fomos pobres e sem instrução. Talvez, por isso, nunca nos levaram a sério. Meu filho mais novo, Zakariyya, cumpriu pena por assassinato. Minha filha Deborah tornou-se uma mulher simplória e extremamente sofrida. Chegou a pensar que havia uma vila inteira na Inglaterra, povoada com clones de sua pobre mãe. Em 2009, minha pequena Deborah morreu vitimada por um ataque cardíaco.

Um livro com a minha história foi publicado com o título A Vida Imortal de Henrietta Lakes, com bastante sucesso, já tendo recebido vários prêmios. Como diz o velho adágio: “Antes tarde do que nunca”. Dizem que é uma reparação a mim, pelo que representei para a medicina. Um esforço para me arrancar do anonimato em que sempre vivi. Gostei, em especial, da passagem em que meu filho Zakaryyah, acompanhado por sua irmã Deborah, ao visitar o laboratório Johns Hopkins, surpreendeu-se com a cor de minhas células e perguntou:

– Por que elas não são pretas, se minha mãe era uma mulher negra?

Fiquei comovida com a observação de Deborah ao vê-las:

– Como elas são bonitas!

Obs.:
Apenas os dados referentes à vida de Henrietta Lacks, incluindo sua doença e sua família foram coletados e postados no meu texto. Fiquei profundamente comovida com sua história e resolvi apresentá-la a meus leitores, usando a primeira pessoa, o que não acontece no livro. Portanto, o restante do texto não corresponde ao livro. Provém de minha imaginação.

Nota: Imagem copiada de http://scienceblogs.com.br

Sugestão de leitura:
A Vida Imortal de Henrietta Lacks/ Rebecca Scott
Tradução de Ivo Korytowski
Companhia das Letras

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OS LIVROS E O HOMEM

Autoria de Lu Dias Carvalho

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 O livro é um instrumento cultural que libera informação, sons, imagens, sentimentos e ideias através do tempo e do espaço. (Martin Claret)

Existem fatos muito interessantes sobre a história do livro. Comecemos pela definição dada pela UNESCO, na década de 60: “Livro é uma publicação impressa, não periódica, que consta no mínimo de 49 páginas, sem contar com as capas”. Observem que a palavra “impressa” não mais condiz com o nosso tempo, depois da internet, com a chegada do e-book.

O homem começou a escrever em fibras vegetais, placas de barro, pergaminhos, tecido, etc. As bibliotecas daquela época estavam cheias de textos gravados em tabuinhas de barro cozido.  Hoje, esta maravilha chamada “livro” está espalhada pelo mundo todo, transmitindo fatos, acontecimentos históricos, tratados, códigos, conhecimento científico, entretenimento, etc. Como mercadoria, ele pode ser vendido, trocado, comprado e emprestado. O livro, em muitos aspectos, retrata a época histórica e cultural em que foi escrito. E é de suma importância para os historiadores que virão depois, no estudo da sociedade de um determinado tempo.

No início, o escritor vivia em contato direto com seus leitores, uma vez que o número de letrados era muito pequeno. Isso até o século XV. Mesmo assim, os analfabetos foram muito importantes para a transmissão oral da cultura. Com o reflorescimento do comércio europeu, em fins do século XIV, burgueses e comerciantes viram nos livros um grande filão. O analfabetismo foi decrescendo e o número de escritores aumentando. Até então, as obras que eram escritas ora em latim, ora em grego, passaram a ser escritas em outras línguas. E a população letrada foi aumentando.

Gutenberg surge como o deus das letras, com o seu sistema de impressão na Europa, dinamizando a fabricação de livros. Em 50 anos, foram impressos cerca de vinte milhões deles, quando a população beirava a cem milhões de habitantes. Como percebemos, a imensa maioria continuava analfabeta. Mas nem por isso podemos tirar o mérito de Gutenberg na história da palavra impressa.

A princípio, os temas favoritos eram, sobretudo, obras religiosas, anedotas, novelas, receitas e manuais técnicos. Somente no século XIX houve um aumento relativo no número de leitores, principalmente na Inglaterra e na França, com os preços mais acessíveis, mesmo para os livros de escritores famosos. O livro passou a ser visto como símbolo de liberdade, conseguida através de conquistas culturais. Nos outros países, tal aumento aconteceu apenas com o término da Primeira Guerra Mundial (1918), com as primeiras grandes tiragens, prevalecendo os romances, novelas e textos didáticos. Até 1950, somente os livros de bolso eram destinados às pessoas de baixo poder aquisitivo.

Apesar dos avanços da tecnologia no século XXI, a palavra escrita dificilmente deixará de ser uma das mais importantes heranças culturais da humanidade.

Nota:  Imagem copiada de http://vanessinhafigueiredo.com

Fonte de pesquisa:
A história do livro – A Obra-Prima de Cada Autor/ Martin Claret/ Editora Martin Claret

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OS INDIANOS

Autoria Lu Dias Carvalho indi

É perigoso generalizar sobre um país com mais de um bilhão de pessoas, divididas em milhares de castas, com sete religiões e mais de vinte línguas oficiais. (Florência Costa)

É incrível como certos assuntos fascinam os leitores. E um deles, aqui no blog, refere-se à cultura indiana de um modo geral. São inúmeros os comentários e e-mails recebidos, em que leitores querem obter informações sobre a Índia e seu povo. Muitos deles são oriundos dos relacionamentos virtuais entre brasileiras e indianos (o que gerou o post: O GOLPE DO CASAMENTO COM ESTRANGEIRAS). Existem no Vírus da Arte & Cia. mais de 80 artigos sobre o tema, escritos por ocasião da novela “Caminhos para as Índias”, que angariaram quase um milhão de acessos, num blog em que eu escrevia anteriormente.

Dentre os muitos livros interessantes que tenho lido sobre a Índia e seu povo, e olhe que não são poucos, está a obra Os Indianos, da escritora Florência Costa, que morou naquele país durante seis anos, de 2006 a 2012, como correspondente do jornal “O Globo”. Portanto, aqueles, que querem conhecer o país mais a fundo, encontrarão muitas respostas no livro Os Indianos, que possui uma linguagem fácil e cativante, que seduz e encanta o leitor, sem deixar de mostrar o paradoxo que é aquele país. Já na introdução de seu livro, a escritora  põe às claras aquilo que o leitor irá encontrar ao longo da leitura:

A Índia é espiritual e material.
Pacífica e violenta.
Rica e pobre.
Antiga e moderna.
Cultiva a democracia, mas mantém as castas.

Criou o Kama Sutra, mas veta beijos nos filmes de Bollywood.

A corrida desenfreada pelo enriquecimento criou um leque de máfias que atuam nas mais variadas áreas, como mineração, mercado imobiliário, terras e querosene.

Há mais celulares entre a população do que banheiros em suas casas.

A família continua sendo a instituição mais importante, mas o conservadorismo comportamental dos últimos séculos começa a ser rasgado.

Os jovens abraçam o amor, malvisto pelos tradicionalistas, mas só se casam se tiverem a aprovação dos pais.

A paz democrática é ameaçada de vez em quando por grupos radicais religiosos, que acendem a fogueira do comunalismo.

E arremata falando sobre o ciclo emocional vivido pelo estrangeiro naquele país:

A primeira fase é de tremendo entusiasmo: tudo na Índia parece maravilhoso.
Na segunda, nem tudo é maravilhoso.
Na terceira, tudo é abominável.
Não necessariamente as fases acontecem nessa ordem. Durante os seis anos em que morei na Índia, as três fases do ciclo se renovaram constantemente.

Se apenas pinçando alguns pontos na introdução, fui capaz de repassar aos leitores inúmeras informações, imaginem a riqueza de conteúdo que traz Os Indianos. Li, gostei e recomendo.

Ficha da obra:
Nome da obra: Os Indianos
Autora: Florência Costa
Ano: 2012
Editora: Contexto
e-mail: www.editoracontexto.com.br

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