Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Mantegna – A FAMÍLIA GONZAGA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Andrea Mantegna, um pintor criativo e inovador, foi escolhido pela família Gonzaga para fazer o retrato do clã e confidentes mais chegados, cujos membros foram pintados na sala de audiências do Palácio ducal de Mântua no vale da Lombardia. Um pequeno grupo, composto por homens, mulheres e crianças, encontra-se diante de uma parede de mármore, estando o casal sentado e os demais personagens de pé, suntuosamente vestidos com roupas douradas, à exceção de Ludovico III Gonzaga — marquês de Mântua — que usa um simples manto e confortáveis chinelos. A família mostra-se orgulhosa.

Dentre os presentes é possível reconhecer apenas os donos da casa: Ludovico Gonzaga, trazendo uma carta na mão, enquanto conversa com seu secretário à sua esquerda, e Barbara de Brandemburgo, com uma das filhas apoiada em seu colo. O papel na mão do chefe da família Gonzaga é uma recordação de algum acontecimento importante. Em volta do casal estão alguns de seus dez filhos. No grupo também se encontram uma dupla de cortesãos de fisionomia séria. São possivelmente bastardos ou mestres de cerimônias. Suas meias possuem uma perna vermelha e outra branca, próprias da dinastia dos Gonzaga. Presentes também estão o cão Rubino, debaixo da cadeira de Ludovico, e uma anã. Segundo fofocas da época, a anã era filha do casal. À esquerda do grupo uma bela cortina dourada de couro está semirrecolhida, deixando à vista um terraço com plantas.

Nota: O pintor Andrea Mantegna passou 46 seis anos vivendo na corte de Mântua.

Ficha técnica
Ano: entre 1465-1474
Dimensões: 600 x 807 cm
Técnica: afresco
Localização: Castelo San Giorgio, Palazzo Ducale, Mântua

Fontes de pesquisa
Los secretos de las obras de arte/ Taschen
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Mestres da Pintura – Andrea Mantegna

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O pintor e gravador Andrea Mantegna (1431-1506), filho do carpinteiro Biagio, é tido como um dos artistas mais importantes do Pré-Renascimento no norte da Itália. A sua aprendizagem teve início quando estava com 10 anos de idade, sob a tutela de Francesco Squariciona que o levou a conhecer a arte da antiguidade clássica. Squariciona tinha uma turma enorme de alunos, mas Mantegna era o seu predileto, contudo, inconformado por não receber comissões nas obras das quais participava, seu aluno deixou-o quando tinha 17 anos. Ao travar contato com as esculturas de Donatello e com as pinturas de Andrea del Catagno e Jacopo Bellini, Andrea Mantegna sentiu uma grande admiração por esses artistas e seus trabalhos. Veio depois a casar-se com Nicolosia Bellini, tornando-se genro de Jacopo Bellini.

Andrea Mantegna foi convidado a trabalhar na corte da família Gonzaga em Mântua, sob a tutela do marquês Ludovico Gonzaga. Foi necessário muito empenho por parte dos Gonzaga para que o pintor, então com 26 anos, resolvesse deixar a cidade universitária de Pádua, tentativa que durou três anos. Ele sabia que a vida de um pintor de corte era cansativa e cheia de tarefas não originais, tais como a decoração de casas de campo, a organização de festas da corte, etc., sem falar que Mântua não tinha lá muitos atrativos. Somente o bom pagamento convenceu o ambicioso artista. Para recompensar o atraso dos pagamentos, os Gonzaga enchiam-no de honrarias sociais.

Em Pádua o artista pintou, para uma igreja, uma série de murais que tinha por finalidade ilustrar a lenda de São Tiago, mas, infelizmente, durante um ataque ao lugar, durante a Segunda Guerra Mundial, grande parte da série foi destruída, deixando o mundo de contemplar grandes obras de arte desse primoroso artista. Uma delas mostra São Tiago sendo levado para o local em que seria executado.

A obra de Mantegna tornou-se famosa pela exatidão anatômica das figuras, pela incorporação de detalhes importantes e pelo virtuosismo da perspectiva. Tais inovações influenciaram não apenas seus cunhados Giovanni e Gentile Bellini, mas também os artistas do norte dos Alpes em razão de suas famosas gravuras em cobre. Os afrescos produzidos por ele em Pádua, causavam grande admiração em seus conterrâneos, quer pelas perspectivas empregadas, quer pelo retorno que fazia à Antiguidade Clássica em suas obras, época essa que estava sendo redescoberta. Também lhe agradava a cultura artística da corte, o modo como tratavam os artistas e a aceitação das novidades advindas do Renascimento.

Andrea Mantegna, além de um fantástico pintor, era também um exímio gravador que fazia seu trabalho em folhas de cobre. Cerca de 50 placas são atribuídas a ele, sendo as principais: Deuses Marinhos, Judite com a Cabeça de Holofernes, Triunfos Romanos, Hércules e Antaeus, Deposição da Cruz, Madona da Gruta e Ressurreição. Faleceu aos 75 anos de idade. Mantegna marcou a pintura de sua época, influenciando vários pintores como Albrecht Durer e Leonardo da Vinci, dentre outros. Contudo, sua maior herança foram as pesquisas sobre perspectivas ilusionistas.

Fontes de pesquisa
Los secretos de las obras de arte/ Taschen
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Cézanne – O NEGRO CIPIÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

cipiao

Eu sou o primitivo de uma nova arte. (Cézanne)

Esta pintura exagera o comprimento das costas do negro, demonstrando grande semelhança com a fotografia. A textura da tela, com um vermelho que sugere sangue, também parece evocar os ferimentos de Gordon, enquanto o branco pode ser lido como um monte de algodão, o que dá a dimensão dessa imagem, que deve ser entendida no contexto do debate abolicionista. ((Nicholas Mirsoeff, da Universidade de Nova York)

A composição O Negro Cipião, pintada por Cézanne, teve como modelo um negro que trabalhava na Academia Suíça de Paris que costumava servir de modelo para vários pintores, onde Cèzanne frequentava. O retrato foi feito no próprio atelier do artista e pertence à sua fase de transição, época em que ele ainda se encontrava em busca dos efeitos de claro-escuro e os contrastes luminosos, bem antes de brigar com o Impressionismo.

Na obra, um homem negro recostado, ao que parece ser um monte de algodão, parece descansar. Seu braço direito desce curvado sobre seu corpo, até tocar o assento do banco, que aparenta apertar com força, enquanto o esquerdo, apoiado no monte branco, serve de apoio para sua cabeça. Suas costas estão curvadas. Cipião traz o dorso nu e veste calças azuis. Juntamente com o monte branco, seu corpo forma um grande volume, num fundo opaco que salienta ainda mais a junção dos dois elementos.

Esta obra de Cézanne passou a fazer parte do Masp (São Paulo), em 1950. Depois de anos de estudos, ganhou um novo olhar, sendo Cipião visto não como um negro qualquer, mas como uma alusão clara à foto de um negro flagelado nos Estados Unidos, que foi publicada pela revista “Harper`s Weekly”, três anos antes de Cézanne ter pintado sua tela. Supõem os pesquisadores que, como se tratava da Guerra Civil Americana, a imagem em questão correu mundo, passando por Paris, onde era acalorado o debate dos abolicionistas, tendo Cézanne tomado conhecimento da mesma.

Esta obra de Cézanne é de uma grande sensibilidade. Vendo os detalhes da imagem, a posição de exaustão desse homem, tiramos muitas conclusões sobre a exploração do homem branco em relação ao trabalho escravo. Eu não me canso de analisar esta tela e cada vez mais percebo detalhes que passaram imperceptíveis. Esse grande gênio da pintura – aliás, todos os grandes gênios fazem isso – deixa-nos livres para viajar no tempo, refletir os momentos, tirar as nossas conclusões de que é necessário expandir o nosso pensamento para esferas inatingíveis. (Daisa Tavares Carrijo)

A fotografia de McPherson e Oliver era chamada de “Costas Açoitadas”, sendo Gordon o nome do negro açoitado.

Ficha técnica
Ano: c. 1867
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 107 x 83 cm
Localização: Museu de Arte de São Paulo, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Cézanne/ Coleção Folha
Cézanne/ Coleção Girassol
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/07

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Cézanne – O MONTE SAINTE-VICTOIRE COM PINHEIRO

Autoria de Lu Dias Carvalho

MONSAVICOPI

Cézanne nutria grande paixão pelo monte Sainte-Victoire, localizado a leste da cidade de Aix-en-Provence, no sul da França, que se encontra presente em mais de 60 composições do artista, dos mais diferentes ângulos. Ele chegava até mesmo a executar duas diferentes composições da mesma vista, ao mesmo tempo. Utilizava a sua presença para fazer seus experimentos com a pintura, em busca de equilíbrio, solidez e profundidade, levando em conta a geometria oculta nas rochas, casas e vegetação.

Cézanne dava ao resultado integral de seu trabalho mais importância do que aos detalhes do mesmo. Por isso, muitas vezes, esses detalhes podiam ser tanto uma coisa como outra. No quadro acima, podemos ver tal exemplo nas manchas de cores cinza e verde entre os galhos, que tanto se parecem com nuvens como com folhas, deixando a parte superior da tela com trêmulas cintilações.

O artista costumava construir suas formas, usando apenas as cores, como nos mostra muito bem a feitura da montanha íngreme. A árvore, por sua vez, mostra-se como uma moldura para a montanha, ao ocupar a parte superior da tela. Seu tronco parece declinar-se para a esquerda, a fim de acompanhar a inclinação do terreno, em diagonal, da paisagem ao fundo. O aqueduto visto na composição é a ponte de l`Arc, edificada no vale do Arco.

Cézanne, em suas pinturas paisagísticas, sempre optava por limitar-se apenas ao necessário, usando formas em linhas e geométricas.

Ficha técnica
Ano: 1882
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 67 x 92,5 cm
Localização: Galeria Courtauld, Londres, Reino Unido

Fonte de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante

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Cézanne – MONTE SAINTE-VICTOIRE VISTO…

Autoria de Lu Dias Carvalho

MONSAVIVIBE

Na composição Monte Sainte-Victoire Visto de Bellevue, o pintor Cézanne apresenta uma paisagem com o Monte Sainte-Victoire, situado no sul da França, a sua grande fonte de inspiração. Ele mostra seu amado monte de forma sólida, mas em meio a um banho de luz, repassando-nos a sensação de que se encontra bem distante, ou seja, evidenciando solidez e profundidade.

Chamam a atenção na paisagem: um viaduto, numa longa horizontal, uma estrada no centro e a casa em primeiro plano, com suas linhas verticais bem marcadas. Tudo tão bem agregado à natureza, que dela parece fazer parte.

Ficha técnica
Ano: c. 1885
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 73 x 92 cm
Localização: Barnes Foundation, Merion, Pennsylvania

Fontes de pesquisa
A história da arte/ E.H. Gombrich

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Cézanne – O MAR EM L`ESTAQUE…

Autoria de Lu Dias Carvalho

OMARELES

O diretor do Museu de Aix, levado pela curiosidade causada pelos jornais parisienses que falaram da exposição, quis ver pessoalmente de onde nascia o perigo para a pintura. (…) e, quando eu lhe dizia, por exemplo, que vocês (impressionistas) substituem a modelagem pelo estudo dos tons, ele fechava os olhos e virava as costas. (Carta de Cézanne a seu amigo Pissarro).

Comecei um pouco tarde a ver a natureza, o que, no entanto, não me impede de ser um apaixonado por ela. (Cézanne ao amigo Zola)

A composição O Mar em L`Estaque Atrás das Árvores é uma das belas paisagens do pintor francês Paul Cézanne.

L`Estaque era uma pequena vila de pescadores, na baía de Marselha, onde o pintor foi morar após a eclosão da guerra franco-prussiana. Ali, ele se encantou com as paisagens marinhas.

A paisagem acima, como todas as outras do artista, passa uma grande tranquilidade. As casas parecem descer da montanha em direção ao golfo. Em primeiro plano, uma árvore à direita, com dois troncos entrelaçados, e uma à esquerda, parecem delimitar a paisagem, conduzindo o observador para dentro dela.

Ficha técnica
Ano: c. 1878-1879
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 73 x 92 cm
Localização: Museu Picasso, Paris, França

Fontes de pesquisa
Cézanne/ Coleção Folha
Cézanne/ Abril Coleções
Cézanne/ Girassol
Cézanne/ Taschen

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