Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Cézanne – AS CASTANHEIRAS…

Autoria de Lu Dias Carvalho

ASCAST

A composição As Castanheiras de Jas de Bouffan no Inverno é uma das belas paisagens do pintor francês Paul Cézanne.

Nove altos troncos de castanheiras, com os seus galhos entrelaçados uns nos outros, criam um maravilhoso trançado, através do qual é possível ver parte da fazenda de Jas Bouffan, propriedade da família do pintor, uma casa sobre a colina e a majestosa montanha azulada, ao fundo, tão amada por ele.

Pela cor do céu, presume-se que seja um dia de inverno. Da sua paleta o pintor tirou o marrom-escuro dos troncos, o verde do prado, que se espalha por toda a paisagem, o azul da montanha e o ocre das casas.

Ficha técnica
Ano: c. 1885-1886
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 71,1 x 90,2 cm
Localização: Institute of Arts, Mineápolis, EUA

Fontes de pesquisa
Cézanne/ Coleção Folha
Cézanne/ Abril Coleções
Cézanne/ Girassol
Cézanne/ Taschen

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Cézanne – O MAR EM L`ESTAQUE

Autoria de Lu Dias Carvalho

MARENLEST

A composição O Mar em L´Estaque, uma aldeia de pescadores, é tida como uma das mais belas paisagens feitas por Cézanne, que deixa visível os ensinamentos do amigo Camille Pissarro.

O lugar mostra-se tranquilo. As cores vivas estão no vermelho do tijolo dos telhados, no verde da folhagem, no azul do céu e da água. Não é possível vislumbrar nenhuma fonte de luz, excetuando a chaminé vermelha, que parece receber um foco de luz do sol poente. Toda a luz do quadro é retirada das cores e pela modulação, levando o observador a viajar por toda a tela.

Os telhados vermelhos das casas destacam-se com a presença do sereno mar azul.

Ficha técnica
Ano: c. 1876
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 42 x 59 cm
Localização: Fondation Rau pour la Tiers-monde, Zurique, Suíça

Fontes de pesquisa
Cézanne/ Coleção Folha
Cézanne/ Abril Coleções
Cézanne/ Taschen
Cézanne/ Girassol

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Cézanne – MONTAGNE SAINTE-VICTOIRE…

Autoria de Lu Dias Carvalho

MONSAVIC
O olho não é suficiente. É preciso refletir. (Cézanne)

Tomo essas cores, essas gradações cromáticas e fixo-as, combino-as. Formam linhas, convertem-se em objetos, rochas, árvores, sem que eu pense. (Cézanne)

A composição Montagne Sainte-Victoire Vista de Tholonet é de autoria do pintor francês Paul Cézanne. Em muitas de suas paisagens, principalmente nos seus últimos anos de vida, A Montagne Sainte-Victoire, em Aix, foi a sua principal personagem, sempre exercendo sobre grande fascinação.

A Montagne Sainte-Victoire é vista na composição começando pela estrada de Tholonet, como vista no centro, em primeiro plano, perto da serra. Esta era a sua montanha amada. Predominam na composição os tons alaranjados dos reflexos do sol no chão, confrontando-se ao verde das plantas, ficando no centro a imponente montanha.

No meio da paisagem é possível observar com exatidão a presença de uma casa com suas janelas verdes, totalmente inserida na paisagem. Ela, juntamente com as árvores situadas em primeiro plano, tem seus contornos bem definidos. À esquerda, no ângulo inferior, há um conjunto de árvores, possivelmente oliveiras.

À direita, na parte superior, as marcas são indicativas de estragos na pintura. É interessante notar que o pintor não se preocupava em pintar a paisagem tal como era, mas exteriorizava-a assim como a sentia.

Ficha técnica
Ano: c. 1896-1898
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 78 x 99 cm
Localização: Hermitage, São Petersburgo, Rússia

Fontes de pesquisa
Cézanne/ Coleção Folha
Cézanne/ Abril Coleções
Cézanne/ Girassol
Cézanne/ Taschen

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Cézanne – A TENTAÇÃO DE SANTO ANTÔNIO

Autoria de Lu Dias Carvalho

TENSAN

Assim como vários pintores em toda a história da pintura ocidental, Cézanne também se sentiu atraído pela lenda de Santo Antônio, ou Santo Antão, um eremita que se viu diversas vezes tentado pelo diabo. Essa atração pela lenda de Santo Antônio passou a acontecer, por parte dos artistas, a partir da metade do século XIX.

Em sua composição A Tentação de Santo Antônio (ou Antão), o artista pinta o asceta sendo envolvido por um gigantesco diabo, que deseja fazê-lo abrir mão de sua fé e conduta, como se quisesse obrigá-lo a olhar a mulher uma voluptuosa mulher, totalmente nua, segurando um véu aberto atrás de si. Ela se encontra rodeada por várias crianças, que se mostram indiferentes à sua presença. Ocupa a parte central do quadro.

O pintor contextualizou a cena num nível romântico, dando mais ênfase ao caráter sexual, ao contrário de outros artistas.

Ficha técnica
Ano: c. 1875
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 45 x 56 cm
Localização: Museu d´Orsay, Paris, França

Fontes de pesquisa
Cézanne/ Coleção Folha
Cézanne/ Abril Coleções
Cézanne/ Girassol
Cézanne/ Taschen

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Cézanne – A CASA DO ENFORCADO

Autoria de Lu Dias Carvalho

CADOEN

Trabalho muito lentamente. A natureza apresenta-se a mim de forma complexa. Os progressos a serem feitos são incessantes. (Cézanne)

A composição de Paul Cézanne, A Casa dos Enforcados, mostra a influência do impressionismo sobre o pintor. Trata-se de uma paisagem, pintada ao ar livre, com cores claras e pinceladas curtas, cuja superfície sublima a bidimensionalidade.

Uma casa encontra-se em primeiro plano, à esquerda. No centro existem outras casas com seus telhados geométricos. Ao fundo encontra-se uma verde pradaria e, mais distante, uma cordilheira. As árvores parecem movimentar seus galhos nus.

Com a pintura A Casa dos Enforcados, Cézanne fez sua estreia no grupo impressionista. Nem todos os pintores impressionistas aceitaram a sua participação, sendo Manet um deles, tendo feito algumas críticas a seu trabalho, temendo que suas obras ousadas prejudicassem os demais. Foi seu amigo Pissarro quem garantiu sua presença na primeira exposição coletiva do grupo denominado “impressionistas”. E, para sua alegria, a tela foi adquirida, durante a exposição, por um certo conde Doria.

A respeito dele, Manet criticou: “Cézanne é um pedreiro que pinta com a colher.”.

Ficha técnica
Ano: c. 1872-1873
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 55 x 66 cm
Localização: Museu d´Orsay, Paris, França

Fontes de pesquisa
Cézanne/ Coleção Folha
Cézanne/ Abril Coleções
Cézanne/ Girassol
Cézanne/ Taschen

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Cézanne – O SÃO JOÃO DA CRUZ DA PINTURA

Autoria de Lu Dias Carvalho

SJCP

A obra de Cézanne foi a maior revolução na arte desde que o impressionismo greco-romano transformou-se no formalismo bizantino. (Roger Fry – crítico e historiador)

A pintura de Cézanne representa um afastamento da arte puramente visual e sensorial para uma arte mais cerebral e intelectual. As lições e o legado de sua arte são fundamentais para se compreender o desenvolvimento da pintura moderna.(David Gariff)

O desenho e a cor não são distintos, porque tudo na natureza é colorido. À medida que se pinta, desenha-se; quanto mais a cor harmoniza, mais o desenho se torna preciso. Quando a cor atinge a riqueza, a forma encontra sua plenitude. (Cézanne)

Paul Cézanne era um homem apaixonado por sua pintura, a ponto de colocar tudo em sua vida num patamar abaixo dela, até mesmo a família. Estava sempre em busca da perfeição, trilhando uma viagem essencialmente mental, movido pela vontade de ter uma obra sua exposta em museus, ladeada pelos grandes mestres do passado, como Delacroix, por quem tinha fascinação. Em um de seus desabafos a um jovem pintor, ao se sentir incompreendido em sua arte, afirmou que pensava ter nascido cedo demais. Com toda a razão, assim como o pintor holandês Van Gogh e o francês Gauguin, Cézanne também não foi compreendido em seu tempo, mas teve uma grande importância para a pintura do século XX, servindo de inspiração para importantes artistas, dentre os quais se encontravam os cubistas.

O pintor passou por momentos difíceis, ao ver suas telas recusadas pelo Salão de Paris, onde a pintura deveria percorrer os caminhos de Ingres, para quem o desenho predominava sobre a cor, pois essa, segundo ele, tinha como finalidade apenas a coloração. Além disso, quando apresentou trabalhos em Marselha, esses foram alvo de grande execração por parte do público. Um deles teve que ser retirado, para que não fosse destruído. Sua obra estava além do tempo em que vivia. Quando esteve em L`Estaque, na baía de Marselha, durante a guerra franco-prussiana, pintou inúmeros quadros, que já mostravam a sua passagem do estilo romântico, ou expressionista, para uma nova maneira de pintar.

Sob a influência do grande amigo e pintor Camille Pissaro, homem extremamente calmo e tolerante, responsável por direcionar sua pintura para o impressionismo, estilo que dava à cor mais ênfase do que ao desenho, Cézanne produziu uma série de quadros, dentre esses, alguns foram apresentados na primeira exposição feita pelo grupo de impressionistas. E mais uma vez, seu trabalho foi abertamente criticado, e tido como motivo de escárnio pelo público, principalmente a obra Uma Olímpia Moderna, através da qual ele fazia uma homenagem a Manet. Pissarro teve muita influência na pintura de Cézanne, ajudando o artista a acalmar seu mundo interior. Sua paleta também foi se tornando mais clara e suas pinceladas mais curtas e calmas. Cézanne, ao mesmo tempo tímido e irritadiço, dizia que Pissarro fora um pai para ele.

Ao participar de uma nova exposição do impressionismo, onde expôs 16 telas, e dentre elas se encontrava a primeira parte das telas sobre as banhistas, foi novamente alvo de cerradas críticas, zombarias e insultos. Esse novo fracasso levou-o a se afastar do mundo artístico de Paris, dali levando apenas a amizade de Zola e Pissarro, pois mesmo entre os impressionistas sentia-se como um corpo estranho. Estava enojado daquele mundo, que lhe oferecia um acolhimento tão hostil. Ele foi aos poucos se afastando do impressionismo, adquirindo uma nova linguagem pictórica. Nos anos de 1990, depois de ter sido durante muitos anos considerado um impressionista, passou a ser visto como um modelo para os simbolistas, ingressando formalmente no modernismo.

Em L´Estaque, Cézanne foi visitado por Renoir, quando ambos pintaram paisagens da região, em estilos e ritmos diferentes. Enquanto o primeiro era lento, o segundo mostrava-se extremamente rápido com os pinceis. O ritmo lento de Cézanne era uma constante, levando muitas telas vários anos para serem terminadas, pois ele fazia experimentações em busca de muitas respostas na pintura. Para surpresa de Cézanne, em 1882, uma de suas telas – um retrato – foi admitida pelo Salão de Paris, pela primeira e única vez. O pintor esteve presente na inauguração da Torre Eiffel, com o apoio do amigo Victor Chocquet, quando foi um dos participantes da Exposição Universal de Paris, com o seu quadro A Casa do Enforcado. No ano seguinte, participou da importante exposição Les XX, em Bruxelas.

Mesmo com o sucesso, o artista tornava-se a cada dia mais retraído, distanciando-se dos outros pintores, sendo também vitimado pela diabetes. Apesar de tudo, cada vez mais se embrenhava na sua arte, caminhando em encontro à arte moderna. Queria transmitir com intensidade, através de sua pintura, objetos, paisagens e pessoas, captando delas a essência. Lutava para que seu trabalho fosse capaz de ser expresso por si mesmo. E quanto mais envelhecia mais difícil ficava seu contato com o mundo. Havia se transformado numa pessoa amarga e extremada, que logo depois se mostrava cheia de uma ingenuidade comovente, emocionando-se com fatos simples.

O que importava de fato ao pintor era sua arte. Era ela que sustentava seu espírito. E quanto mais contato tinha com ela, mais prazer sentia. Não tinha pressa em acabar um quadro. Era um perfeccionista. Nunca achava que um quadro estava pronto. Retocava-o inúmeras vezes, até se cansar dele. Tudo era muito pensado e analisado milimetricamente. Como os pintores do passado, ele buscava encontrar na simplicidade o perfeito equilíbrio. Tinha paixão pelas cores fortes e intensas. Adorava pintar os bosques dos arredores, a pedreira de Bibémus, a bela Montagne Sainte-Victoire, compondo quadros geniais. Também dedicou uma série aos banhistas.

Em 1906, quando estava pintando ao ar livre, Cézanne foi encontrado inconsciente, depois de uma tempestade. Embora voltasse a pintar no jardim de sua casa, morreu uma semana depois, aos 67 anos, junto a tudo aquilo que tanto amava: seus quadros, tintas e pinceis. E tão só como vivera. Cézanne jamais poderia imaginar o quanto sua pintura seria importante para a arte pictórica, sendo responsável por mudanças artísticas importantíssimas no decorrer no século XX. Ele se tornou reconhecido como o principal ator da pintura contemporânea. É tido como mestre por diversas tendências, responsável por avanços que as ajudaram florescer. O pintor espanhol Pablo Picasso encontra-se entre os artistas que beberam na fonte deixada por ele. Para ver a influência do pintor francês em sua arte, basta comparar As Senhoritas de Avignon com a série de banhistas.

Cézanne foi influenciado por Nicolas Poussin, Jean-Baptiste-Siméon Chardin, Gustave Coubert, Camille Pissarro, etc. Influenciou: Henri Matisse, Hans Hofman, Pablo Picasso, Lucian Freud, Jasper Jonhs, entre outros. Sua obra está calculada em mais de 800 óleos, sendo: 332 paisagens, 178 naturezas-mortas, 150 retratos e 111 composições diversas. Relativas a aquarela, acompanhada por lápis, são mais de 500 exemplares.

Fontes de pesquisa
Cézanne/ Coleção Folha
Cézanne/ Abril Coleções
Cézanne/ Girassol
Cézanne/ Taschen
A história da arte/ E.H. Gombrich

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