Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Picasso – FIGURAS NA PRAIA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Nove anos após o casamento com Olga, Picasso conheceu Marie-Thérèse Walter, que tinha apenas 17 anos. Apaixonou-se pela garota, tomando-a como amante, enquanto seguia casado com a bailarina russa. Quando estava ao lado dela na praia, o artista criou esse erótico delírio geométrico, que mais se parece com uma escultura, em razão do sombreado.

Esta composição de Picasso retrata a sua paixão enlouquecida pela ninfeta e amante Marie-Thérèse. Trata-se de uma cena impregnada de erotismo. As duas figuras agarram-se sofregamente, e beijam-se, como se uma quisesse devorar a outra, num ardoroso entrelaçamento. O fundo da pintura retrata a praia. O ocre e o amarelo, cores quentes, prevalecem sobre o azul, que traduz o mar.

Um corpo lança-se sobre o outro, desordenadamente, como predadores, numa absoluta entrega de corpos. As bocas ávidas mostram-se insaciáveis, e as línguas pontiagudas buscam caminhos. A figura da direita, representando a mulher, traz os olhos fechados, enquanto a da esquerda, representando o homem, carrega-os abertos.

A pintura é um mix de agressão e submissão, elementos presentes no ato sexual. Aqui, o homem, com seu braço dominador e nariz fálico, encontra-se por cima e a mulher, com seus seios irregulares, está por baixo.

Ficha técnica
Ano: 1931
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 130 x 195 cm
Localização: Museu Picasso, Paris, França

Fonte de pesquisa
Picasso/ Coleção Folha

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Picasso – JACQUELINE DE MÃOS CRUZADAS

Autoria de Lu Dias Carvalhopicasso123456790ab

Esta composição retrata a segunda esposa de Picasso e última companheira, Jacqueline Roque. Ela foi uma das modelos mais retratadas pelo pintor espanhol, ficando atrás apenas de sua amante Marie-Thérèse Walter. Este foi um de seus primeiros retratos.

A modelo encontra-se sentada no chão, enlaçando os joelhos com os braços, e entrelaçando as mãos. Seu rosto, com olhos amendoados e nariz reto, equilibra-se num longo pescoço que mais se parece com uma coluna. E deve ser assim que o pintor, já em sua velhice, via-a.

Jacqueline mostra um rosto sério e um olhar reflexivo, alheio ao seu derredor. Usa uma bata amarela, como se estivesse numa atitude bem íntima. Picasso representa sua mulher como se ela estivesse em casa, pois essa era uma de suas posições constantes.

A modelo foi realmente um pilar para Picasso, em seus últimos anos de vida. Zelava por sua saúde e intimidade criativa, protegendo-o do acesso ostensivo da mídia, já que se tornara um personagem muito importante.

Ficha técnica
Ano: 1954
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 116 x 88,5 cm
Localização: Coleção Particular

Fontes de pesquisa
Picasso/ Coleção Folha
Picasso/ Abril Coleções

Views: 95

Picasso – GUERNICA

Autoria de Lu Dias Carvalhopicasso123456790abcde

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Guernica é um monumento à desilusão, ao desespero e à destruição. (Herbert Read)

Toda a minha vida foi uma luta contínua contra a reação e contra a morte da arte. (…) Na pintura em que estou trabalhando neste momento e que se chamará Guernica e em todas as minhas obras recentes, exprimo claramente o meu ódio pela casta militar que mergulhou a Espanha em um oceano de dor e de morte. (Pablo Picasso)

A República Espanhola encomendou a Pablo Picasso em 1937 uma enorme composição para ornamentar o pavilhão espanhol na Exposição Internacional de Paris. O governo da Espanha tentava atrair o apoio das potências democráticas no intuito de minar o apoio militar e político de Hitler e Mussolini, direcionados ao general Francisco Franco. Os republicanos, com a intenção de reforçar a pálida democracia, buscaram o apoio da classe de artistas espanhóis. Dentre esses estavam Picasso, Miró, Luís Buñel e Joseph Renau.

Antes de Picasso iniciar a composição da obra encomendada, a cidade basca de Guernica foi bombardeada por uma força expedicionária, a mando de Hitler e em apoio a Franco. Foi desse acontecimento que nasceu a inspiração do artista para a confecção do mural. Ele ficou horrorizado com a brutalidade de que fora vítima a cidade sem defesa, bombardeada durante 03h 15min minutos, ficando um saldo de 1.660 mortos e 890 feridos. Fato ocorrido em 26 de abril de 1937. Da comoção de Picasso nasceu a sua obra mais reconhecida mundialmente: Guernica, organizada como um tríptico, ou seja, possui um painel central e dois laterais, unidos por uma estrutura triangular.

À época a fotógrafa Dora Maar – amante do pintor – fotografou todas as fases da composição, cujo painel central é composto por um enorme triângulo. A lamparina encontra-se no ângulo superior do triângulo e a mão do soldado e o pé da mulher que parece correr ocupam respectivamente o ângulo esquerdo e o direito. Picasso usou o branco e preto com cinzas e toques de azul. Ele fez 45 esboços da obra e levou cinco semanas para concluí-la. No painel tudo é simples, exceto a expressão da dor emanada pelas vítimas.

No mural Guernica Picasso colocou apenas seis figuras humanas e três animais, mas que dão a impressão de muito mais, ao preencher toda a tela, inclusive trazendo a sensação de claustrofobia. Os animais pintados são um touro, um cavalo e um pássaro. Em meio às figuras citadas estão os seguintes elementos a compor a cena: edificações, uma lâmpada, uma lança estilhaçada, chão de tijolinhos, uma flecha, uma mesa e chamas mostrando um caos turbulento.

Guernica não tem o objetivo de mostrar uma época específica da história, pois é atemporal. Trata-se de uma obra universal, ícone do século XX e de uma alegoria lancinante contra a impiedade da guerra. É como se toda a composição representasse um grito paralisante de agonia. Não se tem uma explicação clara sobre todos os elementos presentes na composição, principalmente sobre o cavalo e o touro, tidos como símbolos respectivamente da brutalidade e da inocência do povo. Segundo o pintor, o touro representa a bestialidade das trevas. Mesmo após tal explicação, a imagem do animal ainda continua ambígua, pois Picasso nunca gostou de dar explicações sobre suas figuras.

Os personagens a partir da esquerda para a direita são:

• mãe chorando, com a cabeça jogada para trás, trazendo um garotinho morto nos braços, com sua cabecinha pendente. Ela parece gritar em desespero, pedindo misericórdia;

• touro com a cauda levantada, como se estivesse em chamas, imagem difícil de ser compreendida. Sua expressão parece humanizada diante da tragédia;

• ave com a cabeça virada para cima, com o bico extremamente aberto, como se gritasse assustada;

• soldado caído de costas, segurando uma espada quebrada e uma flor. Ele traz a cabeça e o braço direito decepados. A flor pode ser entendida como um símbolo da esperança de que a vida continue. Apesar da brutalidade do homem, sua delicadeza acentua ainda mais o caos visto no mural. No braço esquerdo estendido para trás, a mão do soldado traz um ferimento no meio que pode simbolizar o estigma de Cristo;

• cavalo relinchando, com a cabeça e o pescoço contorcidos, visivelmente atormentado e assustado. A língua no formato de adaga à vista simboliza o primário grito de dor dos inocentes. Bem acima de sua cabeça encontra-se uma lâmpada elétrica que se parece com um grande olho, sendo vista por alguns como o olho onividente de Deus. Seu clarão também pode ser uma referência às bombas caindo;

• mulher que parece voar, passando pela janela aberta com os seios pressionando a mão. Ela carrega uma lamparina acesa na mão, como se trouxesse luz na tentativa de compreender o que de fato aconteceu;

• mulher que tem a cabeça erguida e os seios nus, com os olhos direcionados para o cavalo. Seu rosto denota desespero e medo. Ela parece correr;

• mulher ajoelhada e rodeada pelas chamas, gritando com os braços erguidos para os céus, como se quisesse impedir que as bombas caíssem. Perto dela e acima da janela é possível ver mais chamas, o que indica que a cidade está pegando fogo.

Observação: alguns veem uma caveira, formada pelas narinas e dentes superiores do cavalo, e também a cabeça de um touro, situada no ângulo da perna dianteira desse animal, de frente para o observador, com o focinho quase tocando a flor.

Quando Guernica foi feita, Picasso estava com 56 anos de idade. Como Franco saiu-se vencedor, o pintor decidiu que a obra só voltaria à Espanha quando ali houvesse democracia. Enquanto isso, ela permaneceria no Museu de Arte Moderna de Nova York, nos Estados Unidos. O que realmente aconteceu.

Nota: a imagem colorida tem por objetivo ajudar o leitor a identificar as partes da obra.

Ficha técnica
Ano: 1937
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 349 x 776,5 cm
Localização: Museu Nacional Centro de Arte Sofia, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa
Arte/ Publifolha
Picasso/ Coleção Folha
Picasso/ Abril Coleções
Arte em detalhes/ Publifolha
Grandes pinturas/ Publifolha

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Picasso – AS SENHORITAS DE AVIGNON

Autoria de Lu Dias Carvalho

picasso1234567   (Faça o curso gratuito de História da Arte, acessando: ÍNDICE – HISTÓRIA DA ARTE)

Quando inventamos o Cubismo, não tínhamos a menor intenção de inventá-lo. Apenas queríamos expressar o que estava em nós. (Picasso)

A composição de Picasso As Senhoritas de Avignon levou nove meses para ser feita, vindo a tornar-se uma das obras responsáveis por revolucionar a história da arte, formando a base para o Cubismo e a pintura abstrata. Ela é o marco, portanto, do início dos experimentos com a linguagem cubista. Mas esta revolucionária obra foi incompreendida até mesmo pelos amigos do pintor, pois esses não aprovaram seu estilo, onde corpos e fundos transformam-se em formas geométricas. O primeiro título que o quadro recebeu foi o de “Bordel Filosófico”. O artista baseou-se na lembrança que teve de um bordel da Calle Avinyo em Barcelona. A obra apresenta um tema incomum e um estilo radical.

Estão presentes cinco personagens na composição, todas nuas, com seus corpos cinzelados rudimentarmente e com seus rostos esquemáticos. A cena tem como inspiração o interior de um bordel da rua Avignon na cidade de Barcelona, local bem conhecido do pintor e de seus amigos. Os corpos apresentam linhas irregulares e quebradas. São figuras dessemelhantes, só tendo em comum a nudez. Suas formas são definidas por contornos. As mulheres e o fundo da composição são feitos de planos angulosos e geométricos. Para fortalecer a composição geométrica, Picasso fez uso da cor azul em algumas partes da pintura.

Observando partes a composição:

1. No primeiro plano da pintura está um prato com frutas, também mostradas de maneira sensual, onde se espalham uvas, maçã, pera e melancia.
2. No centro duas das prostitutas fitam o observador, como se o convidassem provocadoramente para se deliciar com seus corpos. Elas são mais delicadas e realistas do que as demais.
3. À direita uma prostituta, assentada de costas para o observador, também o fita com sua cabeça cubista virada para trás, numa posição inverossímil. Seu rosto tem o nariz torto e os olhos de cores diferentes totalmente desalinhados. Parece usar uma máscara.
4. Acima da prostituta citada acima uma figura usando máscara africana tribal encontra-se de pé, com os braços abertos, abrindo as cortinas.
5. A quinta mulher está próxima à porta, como se convidasse as pessoas para entrarem, contendo uma cortina vermelha aberta. Ela é a mais musculosa das cinco.

O uso de máscaras na composição demonstra uma clara influência da arte africana sobre o pintor. Enquanto pintava As Senhoritas de Avignon, Picasso visitou uma mostra africana que acontecia em Paris. Quando esteve no local, ele já havia terminado o rosto das três mulheres à esquerda, mas não o das duas à direita que refletem uma clara influência da escultura africana que em sua rude estilização encantou o artista.  Portanto, a arte negra exerceu grande influência sobre o artista, com a qual teve contato antes de finalizar a obra em questão.

As Senhoritas de Avignon é uma das composições mais famosas de Picasso, principalmente por mostrar uma maneira diferente de retratar a realidade. É também uma das mais conhecidas obras do século XX. Ela incomodou seus colegas o e os críticos, porque o artista fez desmoronar toda a tradição pictórica ocidental, reinventando uma nova maneira de pintar. Abriu mão da luz e da atmosfera em troca da clareza da forma, assim como baniu tudo que era irreal, indefinido ou vago.

As Senhoritas de Avignon, portanto, falando em termos cronológicos, representa o nascimento do Cubismo. É bom também lembrar que o Cubismo passou por diversas etapas durante o seu desenvolvimento: Cubismo analítico, Cubismo sintético, Cubismo hermético e Cubismo cristalino e tinha por objetivo o desmanche da realidade que seria reconstruída pelo artista, segundo o seu ponto de vista, sendo uma linguagem pictórica extremamente pessoal, sem representação comum, sendo o supérfluo totalmente eliminado. Picasso, a princípio, pensou em incluir na composição duas figuras masculinas: um estudante e um marinheiro que comiam na companhia das mulheres, mas não o fez.

Ficha técnica
Ano: 1907
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 243,9 x 233,7 cm
Localização: The Museum of Art, Nova York, EUA

Fontes de pesquisa
Picasso/ Abril Coleções
Picasso/ Coleção Folha
Arte moderna/ Editra Taschen
Arte/ Publifolha
Tudo sobre arte/ Editora Sextante

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Picasso – CIÊNCIA E CARIDADE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Ciência e Caridade é uma prova do talento precoce do pintor espanhol Pablo Picasso. Foi pintada quando ele tinha somente 16 anos de idade, seguindo orientação de seu pai José Ruiz, tomando como inspiração o avanço da ciência. Induz que, unidas, Ciência e Caridade fazem um bom par.

A Ciência e a Caridade apresentam-se à cabeceira de uma mulher moribunda, tentando ajudá-la em seu sofrimento. A Ciência é representada pela figura do médico, tendo o pai do artista pousado como modelo; a Caridade é representada pela freira, sendo que a modelo veste um hábito das religiosas da Ordem de São Vicente de Paula. A doente tem como modelo uma mendiga, encontrada pelo pintor, o menino é o filhinho dela.

O médico olha para o relógio, enquanto segura o pulso da enferma, medindo a sua pulsação. Por sua vez, a freira oferece-lhe algo num copo, enquanto segura a criança que fita a mãe doente. Enquanto o rosto do médico demonstra tensão, o da doente expressa dor e medo. O da freira, por sua vez, mostra bondade.

O quarto humilde contém apenas uma cama, um oratório acima dela e uma cadeira, onde está assentado o médico. A janela de madeira está fechada e são vistas marcas de chuva que dela escorreram, atingindo a parede. Uma porta, às costas do profissional, conduz a outro ambiente.

A composição Ciência e Caridade, pintada em grandes dimensões, tendo como inspiração o realismo social, deixa boquiaberto o observador, ao levar em conta a idade do artista, já capaz de captar tamanha sensibilidade. Esta obra, ao ser exposta em Madri, ganhou menção especial e, na exposição em Málaga, foi agraciada com a medalha de ouro.

Ficha técnica
Ano: 1987
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 197 x 249,4 cm
Localização: Museu Picasso, Barcelona, Espanha

Fontes de pesquisa
Picasso/ Abril Coleções
Picasso/ Coleção Folha

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Picasso – VELHO GUITARRISTA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O Velho Guitarrista é outra das composições tocantes de Pablo Picasso, retratando o momento de vida do pintor que, à época, levava uma vida de dificuldades extremas, compartilhando com o amigo Max Jacob um quarto e uma cama, usada em turnos. O primeiro dormia de dia e o segundo à noite.

É nessa época que Picasso trabalhou na sua “fase azul”, cor da tristeza, da desesperança e da solidão, tomando como modelo pessoas humildes e deserdadas da sorte, como os loucos, cafetinas, bebedora de absinto, mendigos, etc.

A figura que toca a sua guitarra mostra-se prostrada. Seu corpo é grande e desarticulado. A ossatura é longa e afiada. A cabeça curva-se, sem cair sobre o ombro. Seus olhos fechados não olham para a guitarra, como se ele se sentisse muito cansado. Suas pernas desajeitadas cruzam-se uma sobre a outra. O velho instrumento parece ser tudo que o velho guitarrista possui na vida. Somente a guitarra possui formas arredondas na composição.

Excetuando a guitarra, tudo no quadro é azul. A figura alongada remete-nos à pintura de El Greco.

Ficha técnica
Ano: 1903
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 121 x 92 cm
Localização: The Art Institute, Chicago, EUA

Fonte de pesquisa
Picasso/ Abril Coleções

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