Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Dalí – SONHO CAUSADO PELO VOO DE …

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O ruído da abelha provoca aqui a picada do dardo que desperta Gala. Toda biologia criativa surge da romã reinventada. No fundo, o elefante de Bernini leva um obelisco com os atributos papais. (Dalí)

Esta obra possui um pomposo nome, do tamanho do ego do pintor espanhol Salvador Dalí: Sonho causado pelo voo de uma abelha em torno de uma romã um segundo antes de acordar. Foi inspirada num sonho de Gala.

Gala, nua e com os cabelos molhados, é a figura central da composição. Encontra-se levitando sobre uma estrutura rochosa plana, que também levita acima de um mar azul e tranquilo. À sua esquerda, levitam uma romã e duas gotas de água, conforme comprova a sombra das mesmas. É o zumbido da abelha, que provoca o delirante sonho, com imagens que parecem querer agredi-la.

À direita de Gala está uma enorme romã madura, símbolo do erotismo e da paixão, da qual nasce um enorme peixe que, por sua vez, lança para fora dois grandes tigres enfurecidos, símbolo de paixão e violência vital da natureza. À esquerda de tais figuras, um elefante com enormes pernas, desloca-se carregando um obelisco nas costas, que se trata de uma alusão fálica. Para o pintor, esse animal representa a força, a longevidade e a sabedoria. Quase tocando o braço de Gala encontra-se uma baioneta, também simbolizando a abelha que está prestes a picá-la e despertá-la.

Em primeiro plano está uma pequena romã levitando. Sua sombra forma um coração, simbolizando o amor do pintor por sua mulher. Uma abelha voa em torno da romã. Duas sementes da grande romã, à direita de Gala, estão caindo em direção ao mar. Como a romã é o símbolo da Virgem Maria e está relacionada com a fertilidade, Dalí disse se tratar de “biologia criativa”.

Curiosidade
Declaração de Adolf Hitler, 1937, sobre os surrealistas:
“Pintam assim, porque veem as coisas assim, então esses desgraçados deveriam morrer em um departamento do Ministério do Interior, ou ser recolhidos ali para esterilizá-los, a fim de evitar que se propague sua desgraçada herança.”

Ficha técnica
Ano: 1944
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 51 x 41 cm
Localização: Museu Thyssen-Bornemisza, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa
Dalí/ Coleção Folha
Dalí/ Abril Coleções
Dalí/ Coleção Girassol

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Dalí – O ANGELUS DE GALA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Dalí parecia ver repressão sexual em tudo. O quadro O Angelus, 1859, do pintor francês Millet, fascinava-o, tendo realizado inúmeras interpretações da obra, no seu modo paranoico de ver as coisas. Para ele, no cansaço, os camponeses erotizavam seus instrumentos de trabalho. Segundo o pintor, o quadro de Millet foi responsável por despertar o instinto sexual nele e na esposa Gala.

Na composição O Angelus de Gala, ele representa sua esposa duplamente: Gala de frente para Gala. Sendo que a que se encontra de costas para o observador está em tamanho maior, bem superior à de frente. Segundo Dalí, são os dois lados de sua mulher confrontando-se “cara a cara”.

A Gala de frente para o observador está sentada sobre um carrinho de mão, instrumento de trabalho dos camponeses e, portanto, segundo a visão do pintor, um instrumento erotizado. Ela demonstra uma atitude hostil, como mostram seus olhos apertados, o corpo ereto, as mãos contidas no colo e o olhar inflexível direcionado à outra Gala. Talvez seja essa a que amedronta o pintor, que chegou a registrar que, quando adolescente, tinha horror ao ato sexual.

A Gala a de costas está sobre o que se parece com uma caixa. Ambas estão de saia, blusa interna e jaqueta de brocados. São fantásticos os bordados das jaquetas, podendo ser vistos em minúcias, o que demonstra a capacidade do artista em trabalhar com detalhes.

Ao fundo, detrás da cabeça de Gala, está uma variação do quadro de Millet. Observe o leitor que o homem tem a postura encolhida, enquanto mantém o chapéu entre as pernas. A mulher, por sua vez, tem as mãos juntas, em postura de prece, como no quadro de Millet, contudo, é bem maior do que o homem. Possivelmente Dalí via a figura feminina como grande e amedrontadora, ou seja, como a fêmea do louva-a-deus antes da cópula.

Ficha técnica
Ano: 1935
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 32,4 x 26,7
Localização: Museum of Modern Art, Nova York, EUA

Fontes de pesquisa
Dalí/ Coleção Folha
Dalí/ Abril Coleções

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Dalí – REMINISCÊNCIAS ARQUEOLÓGICAS…

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Salvador Dalí nutria grande paixão pelas rochas do Cabo de Creus (promontório abrupto e rochoso de 672 metros de altitude, que se ergue sobre o mar Mediterrâneo, no nordeste da Espanha). Sentia-se extasiado diante daquela maravilha, que considerava “um autêntico delírio arqueológico”, tanto é que o local faz-se presente em muitas de suas obras.

Para compor Reminiscência Arqueológica d’O Ângelus, de Millet, o pintor imaginou ver entalhadas nas rochas as duas figuras de O Ângelus, de Millet, composição que o fascinava desde a sua infância, quando viu uma reprodução no escritório de seu pai, embora os dois camponeses parados ali, um de frente para o outro, provocassem-lhe certo mal-estar. Estava sempre sonhando com a tela, além de esbarrar com ela várias vezes, inclusive num jogo de café.

Segundo Dalí, com o tempo, sua obsessão só fez aumentar em relação à pintura de Millet. Ficava se indagando sobre o que estaria o casal fazendo ali, naquela posição. Começou a pensar que estivesse enterrando um filho. Intrigado, pediu ao Louvre que radiografasse a obra, cujo resultado mostrou uma forma geométrica aos pés da mulher. Dalí então concluiu que realmente tratava-se de um ataúde, imaginando que Millet não o pintou para não dar ares dramáticos à cena, dedução do pintor com seu método “paranoico-crítico”.

O casal, em tamanho colossal, foi arranjado na composição em meio às ruínas clássicas e aos ciprestes. Em volta deles está a vegetação, também gigantesca. De frente para o casal está o pai com seu filho seguro pela mão (Dalí e seu pai). Ele traz o braço estendido, como se mostrasse ao garoto as estátuas gigantescas.

Ficha técnica
Ano: 1933
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 32 x 39 cm
Localização: Museu Salvador Dalí, São Petersburgo, Flórida, EUA

Fontes de pesquisa
Dalí/ Abril Coleções
Dalí/ Coleção Folha

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Dalí – APARIÇÃO DO ROSTO E FRUTEIRA NUMA PRAIA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Na composição acima, Dalí apresenta diversos elementos que, ordenados, formam uma paisagem, um cão e o rosto de uma mulher. Para ficar mais fácil para o leitor, vamos identificar primeiro o cão:

1- Observe da esquerda para a direita da pintura, o cão tomando toda a tela. A parte traseira do animal começa à esquerda, o meio de seu corpo é feito pela fruteira com peras, e sua cabeça encontra-se à direita, olhando para fora da tela. Ele paira em pleno ar.

2- No canto superior direito encontra-se uma onírica paisagem, onde aparece uma baía com suas ondas, e uma montanha com um túnel, mas que também é a cabeça do cão, sendo que sua coleira forma um viaduto ferroviário sobre o mar.

3- A fruteira com peras, que forma a parte central do cão, forma também o rosto de uma mulher, fronte e nariz, cujos olhos são feitos de conchas marinhas.

Nesta intrigante paisagem, muitos elementos são reconhecíveis, outros não. Havendo inúmeros significados. Mas a tela é tão surpreendente que o observador não se preocupa com o seu significado. Será que você foi capaz de enxergar o grande cão? Observe agora o segundo quadro.

Ficha técnica
Ano:1938
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 114,2 x 143,7 cm
Localização: Wadsworth Atheneum, Hartfork, Connecticut, EUA

Fonte de pesquisa
A História da Art/ E.H. Gombrich

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Dalí – LEDA ATÔMICA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Para fazer sua conhecida composição Leda Atômica, Dalí foi buscar inspiração na mitologia grega, tomando por base a lenda em que Zeus, o pai dos deuses, ao se encantar pela mortal Leda, casada com Tíndaro, da Espanha, transforma-se num cisne para dela se aproximar.

Dalí, que morou nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, tendo tomando conhecimento das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, passou a se interessar pela física atômica, que demonstrava que as partículas não se tocam fisicamente. Para ele, a descontinuidade da matéria passou a ser uma das descobertas mais fascinantes. E foi aliando a lenda grega ao novo conhecimento que ele pintou Leda Atômica, servindo sua mulher Gala, sua eterna musa, de modelo.

Na composição, Leda levita sobre um pedestal, que por sua vez também flutua, como mostra sua sombra na areia. O cisne, os ovos (uma referência à lenda), o livro, o esquadro e, inclusive as águas do mar, como podemos ver pela sombra na areia, também flutuam. O esquadro mostra duas sombras, uma na água e outra na areia. Observe o leitor que o cisne é o único elemento que não produz sombra, o que demonstra a sua divindade. Conforme a física atômica, nenhum objeto é capaz de se tocar. A própria Leda tenta tocar na cabeça do cisne, sem conseguir finalizar sua ação.

Ao contrário de pintores como Michelangelo, Rubens e Poussin, que pintaram o mito de Leda e o Cisne, dando-lhe uma conotação sexual, Dalí preferiu sublimar o sentimento, transformando o desejo numa sexualidade espiritualizada, ou seja, sem contato o amor torna-se espiritual, ao contrário do carnal que exige o toque.

Foi utilizada na composição a chamada “divina proporção” do renascentista Luca Pacioli, praticada por Leonardo da Vinci. De modo que Leda e o cisne situam-se no centro de um pentágono (figura de cinco ângulos), onde também se encontra uma estrela de cinco pontas. Leda tem sua perna direita dentro da ponta inferior esquerda da estrela. Por sua vez, as pontas laterais do alto da estrela demarcam a linha do horizonte. A cabeça de Leda encontra-se dentro da ponta superior da estrela.

Ao contrário de muitos pintores que viam na matemática um empecilho à criatividade, Dalí fazia parte daqueles, que acreditavam, que toda obra devia se basear em composição e cálculos matemáticos. Ao fundo, estão as rochas da Catalunha tão presentes nas obras do pintor.

Ficha técnica:
Ano: 1949
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 61,1 x 45,3 cm
Localização: Fundação Gala-Salvador Dalí, Figueras, Espanha

Fontes de pesquisa
Dalí/ Coleção Folha
Dalí/ Abril Coleções
Aventuras na História/ Editora Abril

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Dalí – AUTORRETRATO COM L’ HUMANITÉ

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Como Dalí fosse um artista extremamente narcisista, não é de se espantar que estivesse presente em muitas de suas obras. Esta sua composição, Autorretrato com L’Humanité, já apresenta traços do cubismo e dos metafísicos italianos. O preto está fortemente presente no seu trabalho.

A obra apresentada trata-se de um autorretrato do pintor, em pose frontal, em que ele une seus traços com os objetos da tela. Essa sua linha de composição pode ser dividida em três tipos:

• de gênero – feitos na sua juventude;
• os surrealistas – em que agregava seus traços aos objetos apresentados;
• os duplos – apresentava-se ao lado de sua esposa Gala. Esses feitos ao final de sua próspera carreira.

A figura central e, que toma a maior parte da tela, tem atrás de si uma série de quadros retangulares, numa alusão à obra do pintor, feitos em aquarela e colagem de papeis.

O retrato do pintor é parecido com uma figura geométrica: o rosto longo e ovalado não possui boca, e o nariz está incompleto; os cabelos negros são compridos e simétricos; longas e curvas sobrancelhas negras parecem tocar os cabelos; os olhos escuros, amendoados, parecem orientais; o corpo, coberto por um uniforme azul que lembra um operário, tem a forma de um retângulo invertido.

À esquerda da figura é possível ver o cabeçalho do periódico comunista L’Humanité, fundado em 1904, que o pintor assinava, talvez por isso, ele tenha se pintado como um operário. O artista engajou-se politicamente durante o primeiro ano de seus estudos em Madri.

Ficha técnica:
Ano: 1923
Técnica: aquarela, óleo e colagem sobre cartão
Dimensões: 105 x 74 cm
Localização: Fundação Gala-Salvador Dalí, Figueras, Espanha

Fontes de pesquisa
Dalí/ Coleção Folha
Dalí/ Abril Coleções

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