Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Rubens – AUTORRETRATO COM ISABELLA BRANT

Autoria de LuDiasBH

A composição Autorretrato com Isabella Brant, também conhecida como O Artista e Sua Esposa Isabella Brant, é uma obra do pintor barroco flamengo Peter Paul Rubens que em seu trabalho dava ênfase ao movimento, à cor e à sensualidade. Este é o primeiro de muitos retratos em que ele retrata sua família. Estava com a idade de cerca de 32 anos. Deixa transparecer sua felicidade individual, familiar e artística. Com a morte de Isabella Brant, aos 34 anos de idade, com quem teve três filhos, Rubens casou-se com a sobrinha dela, uma adolescente de 16 anos — Hèlène Fourment — quando já havia atravessado meio século de idade. Com a última esposa teve cinco filhos e fez inúmeros retratos dela e da família. O artista teve ao todo oito filhos.

Esta pintura mostra Rubens sentado debaixo de um caramanchão, ao lado de sua primeira esposa, Isabella Brant, filha de Jan Brant, famoso humanista e advogado de Antuérpia. É possível que o retrato tenha sido pintado no mesmo ano de casamento dos dois, uma vez que a madressilva — trepadeira que compõe o caramanchão — simboliza o amor conjugal, a generosidade e a constância. Além disso, a postura afetuosa da mão direita de ambos, estando a dela sobre a do marido, assim como as roupas suntuosas e oficiais, sugerem que o casal esteja comemorando algo.

Isabella, sentada num banquinho sobre o gramado, usa roupas luxuosas da época. Veste um corpete de brocado, uma saia de seda, uma espécie de jaqueta e um rufo (gola pregueada ou franzida que enfeitava vestimentas) no pescoço. Na mão esquerda traz um leque fechado. Também faz uso de um vistoso chapéu florentino, colocado de viés em direção ao marido. A senhora Brant está adornada com ricas joias: duas pulseiras iguais — uma em cada pulso — feitas de ouro e pedras preciosas, um anel no dedo indicador da mão direita, também de ouro e gema, e pequenos brincos de pérola.

Rubens por sua vez, sentado com as pernas cruzadas sobre uma balaustrada, num patamar superior ao da esposa, não se mostra menos elegante, inclusive faz uso de um chapéu preto e usa meias de seda que deixam seus músculos bem modelados à vista. Sua mão esquerda segura o punho dourado de sua espada, confirmando que ele é um cavalheiro aristocrático. Marido e esposa pendem ligeiramente um para o outro, num clima de visível idílio. O fato de o artista encontrar-se mais alto do que a esposa não significa que ela seja inferior à sua classe social. O par encara o observador, lançando-lhe um olhar calmo e feliz. Tudo em volta do casal é verde e florido. À esquerda, atrás de Rubens, é vista uma extensa paisagem.

Ficha técnica
Ano: 1609/10
Técnica: óleo sobre tela, transferido para madeira
Dimensões: 178 x 136,5 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

 Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://en.wikipedia.org/wiki/The_Land_of_Cockaigne_(Bruegel)
http://www.wga.hu/html_m/r/rubens/41portra/08artist.html

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Rubens – PAISAGEM COM ARCO-ÍRIS

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição Paisagem com Arco-Íris é uma obra do pintor flamengo Peter Paul Rubens, um dos mestres do estilo barroco que em seu trabalho dava ênfase ao movimento, à cor e à sensualidade. Este tipo de representação era muito comum na cidade de Antuérpia durante a infância do pintor, estando ele familiarizado com tal gênero, sem falar no seu trabalho com Jan Bruegel, — denominado “Bruegel dos Veludos” — um dos mais importantes paisagistas da época.

A paisagem retrata uma tarde de fim de verão na propriedade do artista, estando aí presentes inúmeros elementos. À direita em primeiro plano vê-se um grupo de patos que se refresca no riacho. Um pouco mais adiante, também em primeiro plano, algumas reses estão sendo direcionadas para casa, provavelmente pelo homem que se encontra entre as duas mulheres na estrada. Ele se dirige à leiteira que usa uma vestimenta branca e azul, carrega um cântaro na cabeça e um balaio no braço. Ao seu lado está outra mulher, usando blusa vermelha e saia branca, que conversa com o homem que segue em direção contrária, levando uma carroça. Próximo ao grupo um rapaz pesca no riacho, mas com a cabeça voltada para o observador.

À esquerda, debaixo de duas compridas árvores, camponeses trabalham com três montes de feno, sendo que uma escada leva-os ao cimo. Uma carroça já se encontra carregada. Um imenso arco-íris ocupa grande extensão da parte superior do quadro, unindo o lado direito ao esquerdo. Um bosque escuro estende-se à direita, enquanto uma amplidão de terras iluminadas pelo sol poente espalha-se à esquerda. Para os que viveram na Europa do século XVII, o arco-íris possui uma simbologia religiosa: representava a aliança firmada entre Deus e a espécie humana após o dilúvio, senso que a colheita simbolizava a recompensa aos que usavam as mãos para executar o trabalho. Mas será que o artista estava pensando nisso?

Rubens pintou esta paisagem após comprar o castelo de Het Steen, situado entre Bruxelas e Antuérpia. Trata-se de uma reconstrução artística imaginária de sua propriedade, vista como um lugar idílico. Suas paisagens tardias aproximam-no do espírito de Ticiano. Esta  pintura faz parte das obras do final de sua vida.

Ficha técnica
Ano: c. 1636
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 945 x 125 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

 Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Könemannhttp://www.wga.hu/html_m/r/rubens/5landsca/16landsc.html

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Botticelli – PIEDADE

Autoria de Lu Dias Carvalho

paixao jesus

Também conhecido por Lamentação sobre o Corpo Morto de Cristo, ou Pietà, a composição acima mostra a inquietude e o drama religioso vivenciados pelo pintor Sandro Botticelli, nos anos que se seguiram aos acontecimentos com o frade dominicano Girolano Savonarola, que conseguiu tocar o coração dos fiéis com suas pregações, assim como o do pintor. É, sem dúvida, uma das pinturas mais tocantes do artista. É impossível observá-la sem se comover com a cena dolorosa, que se apresenta diante do observador.

Podemos notar que o cenário é a entrada de uma gruta, formando um pesado fundo de pedra. É possível perceber o sepulcro semioculto atrás das figuras humanas. Ao artista interessa mais a apresentação dos personagens. A Mãe Dolorosa  encontra-se no centro do grupo, com o filho morto ao colo. Não conseguindo suportar tamanha dor, ela desmaia. Observem o relaxamento de seus braços, que antes seguravam Jesus. São João Evangelista ampara a Virgem com seu corpo, e  com a mão esquerda toca-lhe a cabeça, enquanto que, com a direita, segura o lençol, onde se encontra o corpo liso e arqueado do Mestre.

Três Mulheres Santas encontram-se no quadro. A primeira delas, usando uma túnica verde, traz o rosto semicoberto. É possível que ela tenha um dos pregos na mão esquerda, para onde dirige seu olhar, mostrando-se visivelmente chocada. Ela se encontra bem próxima à Virgem. A segunda, vestindo um manto vermelho, abraça suavemente a cabeça de Cristo, enquanto aproxima seu rosto de sua face sofrida. Numa fotografia maior é possível ver uma lágrima escorrendo pelo rosto. A terceira mulher segura os pés de Jesus com extremo cuidado e, com lágrimas na face, fita seus pés perfurados pelo prego.

Ao lado direito da Virgem Maria encontram-se São Paulo (com a espada) e São Jerônimo, que bate com uma pedra no peito, em sinal de penitência.  À sua esquerda está São Pedro com sua chave, com a mão em posição de bênção. Eles se encontram mais afastados do corpo de Jesus. Todos os personagens trazem uma vistosa auréola, símbolo de divindade. A da Virgem encontra-se atrás da mão esqurda de São João Evangelista. Somente a terceira mulher, possivelmente Maria Madalena, apresenta uma auréola (halo dourado e brilhante, que envolve a cabeça dos santos) menos visível, em razão de essa se mesclar com a cor alaranjada do manto de S. João Evangelista.

A posição do corpo de Cristo morto, com os braços abertos, remete-nos à sua imolação e sua completa doação à humanidade. Todos os personagens, excetuando a Virgem Dolorosa e a mulher de verde, têm os olhos voltados para ele, figura mais importante da cena. As cores usadas por Botticelli reforçam a intimidade do drama: tons vermelho-escuros e ocres, verdes, alaranjados e amarelos, num misto de cores brilhantes e pálidas.Com essa obra, Sandro Botticelli, com sua comovente sensibilidade, confirma a sua total união com a doutrina do frade dominicano Savonarola.

 Ficha técnica:
Data: 1495
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 140 x 207 cm
Localização: Alte Pinakothek, Munique, Alemanha

Fonte de Pesquisa:
Grandes Mestres/ Abril Coleções
1000 obras primas…/ Könemann
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
A Arte em Detalhes/ Robert Cumming
A História da Arte/ Sextante

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Dürer – LAMENTAÇÃO SOBRE CRISTO MORTO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição Lamentação sobre Cristo Morto é uma obra religiosa do pintor alemão Albrecht Dürer, em que ele mostra um grupo de pessoas, em profunda consternação, rodeando o corpo de Cristo, que acaba de ser descido da Cruz. Esta pintura foi encomendada pelo ourives Albrecht Grimm, em memória de sua primeira esposa Margaret Holzmann. Em razão da escala de importância, que se levava em conta na pintura religiosa à época, o doador e sua família apresentam-se minúsculos, na base inferior da tela, acompanhados de seus brasões.

O artista usa a paisagem ao fundo, onde se encontra presente a cidade de Jerusalém, não como adorno do quadro, mas com a finalidade de complementar a dolorosa cena, para mostrar que até mesmo a natureza chora a morte do Salvador. Para dar a sensação de maior amplitude e dramaticidade à cena, ele optou por não usar a centralização. As figuras humanas estão dispostas numa pirâmide simétrica, sendo São João Evangelista, postado num plano mais elevado, o ápice da mesma. Nuvens escuras e funestas cobrem a cidade ao fundo, embora uma luz miraculosa ilumine o grupo, ampliando o sentimento de profundo pesar existente em cada pessoa presente à crucificação de Jesus.

O grupo, em torno do corpo desnudo e lívido de Jesus Cristo, exposto sobre um longo lençol branco, é composto por oito figuras maiores. Todos mostram um sofrimento comedido, excetuando a senhora mais idosa, que levanta as mãos para cima, num gesto de desespero. Nicodemus ampara o Mestre pelas costas, segurando-o por baixo dos braços. José de Arimateia, vestido de azul, traz nas mãos um grande pote com bálsamo para passar no corpo do morto, e segura a ponta do lençol. A Virgem Mãe, postada no centro do grupo, rodeada pelos amigos, cruza as mãos em sinal de dor, enquanto seu rosto expressa grande sofrimento e resignação. Uma jovem mulher ampara, com a mão esquerda, a mão direita de Jesus, enquanto a sua direita circunda a ferida deixada pelo prego. De pé, usando um manto vermelho, Maria Madalena segura um frasco com unguento.

A família do doador, composta por cinco pequenas figuras, encontra-se na base inferior da composição. À direita está sua esposa Margreth Holtzmann e uma filha, e à esquerda encontra-se o próprio Albrecht Glimm, acompanhado de seus dois filhos. Marido e mulher trazem os escudos representativos de suas famílias. Como já falei em outras obras, na feitura de pinturas religiosas, encomendadas por doadores, esses sempre apareciam na obra.

Ficha técnica
Ano: 1500
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 151 x 121 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Lucas Cranach, o Velho – CRUCIFICAÇÃO DE CRISTO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A pintura denominada Crucificação de Cristo, também conhecida por Crucificação de Schleissheim, é uma obra religiosa do pintor alemão Lucas Cranach, o Velho, que fez muitas pinturas religiosas usando a temática da Crucificação. Muitos estudiosos veem nela uma grande afinidade espiritual com a pintura de Dürer, pela sua simplicidade espontânea e monumentalidade. Em sua obra, o artista foge da tradição comum, que apresenta a postura de Cristo na cruz quase sempre frontal.

A cruz de Cristo é vista de lado em escorço (desenho ou pintura de qualquer objeto que o reproduz de maneira reduzida, em proporções menores). Margeando a esquerda, como se fosse parte de uma moldura, em primeiro plano, a cruz de um dos ladrões é também escorçada. Ela se encontra na mesma posição da de Jesus Cristo, embora não se encontre de frente para o Salvador. Apenas a cruz do segundo ladrão mostra-se em posição frontal para o observador, embora seu corpo mostre-se ligeiramente tombado para a esquerda. Outro diferencial é que, na maioria das pinturas sobre a Crucificação de Cristo, apenas Ele é apresentado como pregado na cruz, enquanto os dois ladrões estão amarrados, mas, aqui, eles também foram crucificados e trazem o corpo banhado pelo sangue.

O corpo lívido de Cristo, riscado por fios de sangue que descem da cabeça, mãos, peito e pés, traz o baixo ventre coberto por um lençol branco, visivelmente ondulado pelo vento, contribuindo para mostrar a agitação vinda da natureza, como se chorasse a morte do filho de Deus, o que dá maior dramaticidade à cena da Paixão. A postura das cruzes permite uma melhor visão da paisagem ao fundo, que apresenta um céu de nuvens escuras e turbulentas, assim como as balançantes folhas do salgueiro e do carvalho. O artista prima nos detalhes.

Centralizados no espaço formado pelas cruzes estão as figuras de Maria, mãe de Jesus, que olha com ternura e sofrimento o filho na cruz, e do apóstolo João Evangelista, que se enlaça ao braço da Mãe Dolorosa, na tentativa de consolá-la em sua indescritível aflição.

Ficha técnica
Ano: 1503
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 138 x 99 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

 Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Grünewald – CRISTO INSULTADO

Autoria de LuDiasBH

A composição Cristo Insultado, também conhecida como Cristo Escarnecido, é uma obra do pintor alemão Matthias Grünewald, que cria uma passagem da Paixão de Cristo, retratada na Bíblia. Esta pintura é a primeira obra conhecida do artista, que veio a tornar-se famoso. Ao contrário das pinturas divididas em episódios, presentes no século XV, ele fez uma cena única e perfeita. Um movimento giratório pode ser traçado a partir de onde se encontra a figura de Cristo sentado, passando pelo valentão com o punho armado, até chegar naquele que manipula a corda, dando à cena uma movimentação semelhante à de um redemoinho. Trata-se de uma pintura colorida com grande força expressiva e com belos efeitos de luz.

Jesus Cristo, sentado sobre um pequeno muro de pedras, com as mãos e braços amarrados, é vendado pelos chefes de sua escolta. O Mestre usa uma vestimenta azul e tem os cabelos e a barba compridos e desalinhados. Seus pés estão descalsos.  Um imenso pano branco dá duas voltas em torno de sua cabeça, tapando-lhe os olhos, sendo depois amarrado no pescoço, e suas pontas caem sobre o peito. Seu corpo está ligeiramente tombado para frente. A boca entreaberta expressa dor e resignação diante de tamanha selvageria.

Os comandantes da guarda aproveitam para infrigir mais sofrimento a Jesus. Batem nele e exigem que faça uso de seus poderes para adivinhar quem o agrediu, como se fosse um jogo. Como se tratasse de um espetáculo circense, há a presença de um músico no grupo. Na plateia, composta por sete pessoas das mais diferentes idades, é possível até mesmo ver o rosto de um garoto, que espia atrás do grupo.  À esquerda, um homem vestido com uma túnica amarela, toca flauta e um pequeno tambor, ao mesmo tempo. Perto dele, um brutamontes levanta o braço com o punho cerrado para golpear a cabeça de Jesus. Um homem, usando uma roupa mais clara, cruzada na frente e empunhando um cajado, à direita, traz a mão espalmada, tentado deter o feroz agressor. Outro homem, usando gorro avermelhado, abraça este último, com as mãos tocando-lhe os ombros, e conversa com ele, parecendo meio contristado com o que vê. À direita, é possível enxergar apenas a cabeça de um homem que usa gorro. Ao todo são seis bastões presentes na cena.

A figura de costas para o observador, com suas calças vermelhas coladas e colete amarelo sobre a camisa branca, parece ser a mais sádica e a que mais chama a atenção. Ele traz parte da corda, que arrasta Cristo, enrolada na sua mão esquerda, e a ponta dela na direita, em posição de quem a usa para bater em Jesus. A sua posição torna-o inferior ao tamanhdo dos demais algozes. É também a figura responsável por introduzir o observador na cena.

Ficha técnica
Ano: c.1503
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 109 x 73 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

 Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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