Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Claude Lorrain – O CASAMENTO DE ISAQUE E REBECA

Autoria de Lu Dias CarvalhoEsta é uma paisagem para ver e ouvir. Lorrain estimula os ouvidos, além de deliciar os olhos. Há toques musicais bem explícitos: o som das cachoeiras, de música, dos pandeiros dos dançarinos, o mugir do gado, o barulho dos cascos dos cavalos e o murmúrio das vozes. (Robert Cumming)

A composição denominada O Casamento de Isaque e Rebeca, também conhecida como O Moinho ou também Paisagem com casamento, é uma obra clássica do pintor francês Claude Lorrain (1600-1682), cujo sobrenome era Gellée, mas que se tornou conhecido como “Le Lorrain”, em razão do local de seu nascimento – Lorena. Foi aluno de Agostino Tassi, em Roma. Estudou também com Gottfried Slas, que era pintor de arquitetura e paisagens, quando esteve em Nápoles. Tornou-se um famoso paisagista, inspirando, mais tarde, no estilo de Nicolas Poussin, porém era mais lírico e romântico em seu trabalho.

Esta paisagem, cena arcádica generalizada, parece um sonho idílico, um paraíso terrestre em que homem e natureza vivem na mais perfeita harmonia. Por ter sido criada numa época em que o gênero da paisagem pura não era um tema específico para uma pintura, sendo nitidamente não clássica e secular, o artista, para dar um viés mais artístico e intelectual à sua obra, foi buscar no Velho Testamento um assunto religioso, coisa que hoje seria totalmente desnecessária, tamanha é a beleza desta paisagem que nos convida a adentrar pelo quadro, visitando os mais diferentes e aprazíveis lugares (caminhos, cascata, montanhas, etc.) e ali permanecer por horas a fio. Mesmo na época em que viveu, o artista já  era aclamado por suas belíssimas paisagens, embora não recebesse críticas semelhantes em relação às figuras humanas.

Presente à cena estão várias pessoas com vestes camponesas que participam de um piquenique. Algumas conversam animadamente em grupos, sentadas ou observando o casal que dança e toca. O grupo de mulheres com uma criança ao colo  encontra-se mais no centro do gramado. À direita, debaixo de frondosas árvores, um segundo grupo posiciona-se ao lado da comida e das bebidas. Ali se encontra uma jovem sentada, com a mão direita no rosto, enquanto segura delicadamente três flores brancas. Ela parece alheia, embevecida com a paisagem que vê à sua frente. Outras pessoas chegam, a pé ou a cavalo, pela esquerda.

A paisagem, obra criada no ateliê do artista, apresenta longas sombras douradas em primeiro plano que fazem contraste com as áreas distantes, ainda banhadas pela névoa. Lorrain muitas vezes visitava os campos em volta de Roma, estudando a natureza e fazendo desenhos para usar em suas paisagens. Podemos ver a deslumbrante técnica do artista ao observarmos as folhagens do grupo de árvores altas e escuras à direita. Além de emoldurar a paisagem, este grupo leva o olhar do observador para dentro da obra, destacando o maravilhoso plano intermediário. E para reforçar a ilusão de distância em sua obra, fez uso de tons azuis frios, indicativos de afastamento. Ao contrário destes, os tons marrons e detalhes quentes em vermelho, presentes no primeiro plano, dão a sensação de proximidade. A água corrente, presente em três lugares, preenche um grande espaço na obra, trazendo a sensação de frescor: a cachoeira presente nos rochedos à esquerda, os dois níveis do lago e o moinho d’água perto da torre.

No toco de uma árvore, na parte central da composição, há uma inscrição com o título “Casamento”, daí derivando o título do quadro,  podendo ter sido uma brincadeira do pintor, uma vez que não existe noivo ou noiva. A sua única ligação com a história bíblica de Isaque e Rebeca é esta inscrição. A preocupação do pintor era com o local onde se passava o piquenique. Todo o resto serve apenas de adendo à paisagem. Outra versão desta pintura, mas sem a inscrição, é chamada de “O Moinho”.

Muitas cenas são vistas em meio à paisagem: pessoas chegando a cavalo, um homem tangendo gado, uma mulher levando água num pote sobre a cabeça, um homem capinando a terra, pessoas conversando, um casal dançando, barcos navegando, uma pessoa no fundo do moinho, etc. Além da relva verde, das árvores e da água, montanhas azuladas aparecem no fundo da pintura. Três barcos são vistos no lago.

Ficha técnica
Ano: 1648
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 149 x 196,5 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Arte em detalhes/ Robert Cumming
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.picnicwit.com/themes/landscape-with-the-marriage-of-isaac-and-rebecca-

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Figari – CORTEJO NUPCIAL

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Cortejo Nupcial é uma obra do pintor uruguaio Pedro Figari, em que o artista exalta a culura de sua gente, ao focalizar o seu passado.

Uma comitiva, formada por homens e mulheres, acompanha os noivos em direção à igreja. Todos os paraticipantes, montados num total de oito cavalos, passam diante de uma casarão com três janelas. A noiva e o noivo ocupam o centro do grupo viageiro.

É interessante notar que, seguindo a tradição da época, as figuras femininas encontram-se montadas de lado, no silhão, voltadas para a esquerda. O silhão era uma sela grande, que possuía estribo apenas de um lado, e uma parte arqueada, onde montavam as mulheres com seus vestidos e saias. Naquele tempo, o sexo feminino ainda não fazia uso da calça.

A noiva e mais uma segunda mulher, que se encontra à frente da comitiva, levam outra pessoa na garupa, possivelmente uma criança ou adolescente, montadas na mesma posição. Um cãozinho segue o grupo, fazendo parte do cortejo. Acima do casarão vê-se o céu azul, com um grande círculo à direita, no meio do qual aparece uma grande lua branca. Um lampião é visto na parede da casa.

Ficha técnica
Ano: 1932
Técnica: óleo sobre cartão
Dimensões: 60 x 60 cm
Localização: coleção particular

Fonte de pesquisa
Gênios da Pintura/ Abril Cultura

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Figari – NO PAMPA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A pintura No Pampa é uma obra do pintor uruguaio Pedro Figari. É tida como uma das suas mais significativas composições. Ela repassa ao observador um sentimento de doída solidão.

Num cenário descampado, uma planta herbácia de grande tamanho, conhecida com o nome de “ombú”, muito comum no Uruguai, e parecida com uma árvore, ocupa o centro da composição. À esquerda, num dos galhos mais baixos da suposta árvore, estão dois pequenos pássaros de cor escura. Eles são as únicas aves vistas em toda a paisagem. A proximidade entre eles reforça o sentido de companheirismo num local tão ermo. Mais solitário mostra-se um cavalo velho e magro, em primeiro plano, de cara branca voltada para a direita, como se algo tivesse chamado sua atenção, ou se ruminasse a sua tristeza.

O solo de um verde-amarelado está cortado por uma corrente azulada de água, à esquerda, e o que parece ser sua ramificação à direita. Um imenso céu azul, tomando ¾ da tela, aumenta ainda mais a amplitude do local e a sensação de isolamento. Uma lua esbranquiçada mostra-se acima dos dois pássaros. Embora o artista não apresente a figura humana na sua paisagem, ela nos remete à nossa solidão neste Universo tão denso e amplo. Estamos tão sós quanto o cavalo, os dois pássaros, a árvore e a lua.

Ficha técnica
Ano: 1923
Técnica: óleo sobre cartão
Dimensões: 70 x 100 cm
Localização: Palácio do Governo, Montevidéo, Uruguai

Fonte de pesquisa
Gênios da Pintura/ Abril Cultural
http://www.museofigari.gub.uy/innovaportal/v/26387/20/mecweb/pedro-figari-en-la-pampa

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Figari – ALUCINAÇÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A pintura Alucinação é uma obra do pintor uruguaio Pedro Figari, em que quatro figuras humanas compõem a cena: duas mulheres e dois homens, todos de cor negra. O pintor fez uso de toques rápidos de tinta, que remetem ao ritmo ligeiro da dança, criando uma bela sinfonia de cores e de ritmo.

O casal de dançarinos ocupa a parte central da tela. O homem virado para a frente, mas sem encarar o observador, tem olhos e lábios esverdeados, que contrastam com a sua pele escura. Sua camisa verde traz pinceladas sobrepostas, que lhe adicionam zonas de cores azul, amarela e branca. Um cinto vermelho separa a camisa da calça verde-amarronzada. A mulher, de costas para o dançarino, usa um vestido longo cor-de-rosa. Na cabeça ostenta uma fita vermelha. Ela se encontra de frente para uma segunda figura feminina, à direita, com um vestido verde enfeitado de branco. Os dois dançarinos trazem as mãos espalmadas para baixo, e que mais se parecem com manchas, de modo a sugerirem movimento.

À esquerda, um homem, vestido com uma bata azul e trazendo uma fita branca envolta da cabeça, toca atabaque, instrumento usado para marcar o ritmo das danças religiosas e  populares de origem africana.

Ficha técnica
Ano: 1923
Técnica: óleo sobre cartão
Dimensões: 50 x 40 cm
Localização: coleção particular

Fonte de pesquisa
Gênios da Pintura/ Abril Cultural

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Fra Angelico – A COROAÇÃO DA VIRGEM

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição A Coroação da Virgem é uma obra do pintor e miniaturista italiano Fra Angelico, cujo nome de batismo era Guido di Pietro Mugello (1384–1455), um dos mais importantes mestres entre o final do período Gótico e o chamado Proto-Renascimento (Pré-Renascimento). Foi inicialmente miniaturista, mas em contato com a efervescência da arte em Florença, responsável por liderar toda a Europa Renascentista, começou a pintar nos seus momentos de descanso, após cumprimento de seus deveres religiosos. Aos poucos seu nome passou a figurar entre os grandes pintores da época, chegando a ser recomendado à família Médici como “um dos melhores de Florença”. À reputação de religioso humilde e devoto juntou-se a de excelente pintor de arte sacra, cujas obras, segundo as pessoas da época, pareciam ser pintadas por anjos, tamanha era a paz e a quietude que transmitiam.

Em A Coroação da Virgem o renomado artista representa a Virgem Mãe sendo coroada por seu Filho como Rainha do Céu. Eles se encontram sobre uma nuvem, tendo atrás imensos raios dourados que se expandem para cima e para baixo e tomam grande parte da composição, iluminando-a e representando a luz divina. Em torno deles dançam seis anjos, conforme mostram a posição das mãos e a fluidez das túnicas azuis e vermelhas, bordadas com dourado. Além da auréola simbolizando a divindade da Virgem, ela traz uma coroa na cabeça com doze estrelas, número que simboliza a perfeição e as 12 tribos de Israel.

Um grande grupo de anjos posta-se à esquerda e à direita da Virgem e de Jesus. Alguns deles portam instrumentos musicais. Oito longas trombetas escuras — no grupo principal — estão levantadas para o alto, bem acima das cabeças. Também são vistos um alaúde e um pequeno violino (mandola ou mandora) de forma oval . No plano inferior estão outros anjos, entre os quais um vestido de azul, de costas para o observador, tocando uma espécie de órgão, e outro, à esquerda desse, vestido de verde, tocando um instrumento de cordas. As asas dos anjos são longas e delicadas.

No segundo plano, também sobre nuvens, estão numerosos santos. As santas são em maior número à direita e em primeiro plano. A presença dos santos reforça o caráter de santidade da coroação. Dentre eles podem ser citados: Santo Egídio, São Marcos, São Zenóbio de Florença, São Francisco, São Domingos e Santa Maria Madalena. O fundo dourado da composição dá à pintura um toque medieval.

A composição de fundo dourado é curvilínea, com um arco compondo a parte superior do painel e unida a dois semicírculos compostos pelas figuras, à direita e à esquerda. Embora as cabeças e os corpos das figuras apresentem movimentos diferentes, as auréolas — primorosamente pintadas — estão todas colocadas na mesma posição, ou seja, não acompanham o giro das cabeças. O azul, o vermelho e o dourado são as cores predominantes na pintura.

Ficha técnica
Ano: c. 1435-1440
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 112 x 114 cm
Localização: Galleria deglu Uffizi, Florença, Itália

Fonte de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://pureandlowly.wordpress.com/coronation-of-the-virgin-by-fraangelico
http://www.wga.hu/html_m/a/angelico/12/30coron.html

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Mestres da Pintura – PEDRO FIGARI

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O pintor uruguaio Pedro Figari (1861-1938), filhos de pais italianos, João Figari e de Paula Solari, nasceu em Montevidéu, capital do Uruguai. Somente na terceira idade, próximo aos sessenta anos, é que Figari enveredou-se pela pintura. Antes disso, formou-se em Direito, sendo designado defensor daqueles que não podiam pagar um advogado particular. Dez anos depois foi eleito deputado federal. Casou-se com Maria da Costa Caravia, com quem teve oito filhos.

Quando de posse de um cargo público, Pedro Figari foi responsável por incentivar as atividades artísticas no país. Apresentou o projeto para a criação da Escola de Belas-Artes.  Em 1920, aos 59 anos, foi indicado como diplomata para servir no Peru, cargo que recusou para dedicar-se inteiramente à pintura, indo morar em Buenos Aires, na Argentina. Naquele país, ele expôs seu trabalho na Galeria Müller. Quatro anos depois mudou-se para Paris, França, onde obteve sucesso e produziu muitas obras.  Em 1930 ganhou o Prêmio Nacional da Pintura na Exposição do Centenário do Uruguai. Três anos depois retornou ao seu país, acompanhado de mais de 2000 trabalhos.

Embora não expusesse seus quadros, Figari fazia suas composições, embora esporadicamente, desde a juventude, mostrando conhecimento técnico e sensibilidade histórica. Já no final do século XIX, suas pinturas evocavam o trabalho dos impressionistas, embora ele mesmo não as levasse a sério. Em sua obra panteísta, o artista punha o homem e a natureza no mesmo patamar. O gaúcho de suas obras é fruto das raças índia, negra e espanhola. Nelas também estão os negros dos subúrbios e arredores de Montevidéu. Ele retratou a vida social em suas manifestações comuns. Sua pintura encantadora foi feita quase sempre em cartão.

Pedro Figari morreu aos 77 anos de idade, na cidade de Montevidéu, deixando 2 500 trabalhos, a maioria realizado fora de seu país, ou seja, na Argentina e na Espanha. Mas não se pode dizer que o artista tenha se esquecido de suas origens, pois em sua grande maioria, suas obras referem-se ao Uruguai. Sua obra apresenta uma das primeiras manifestações do Modernismo na América do Sul.

Fonte de pesquisa
Gênios da Pintura/ Abril Cultural

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