Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Dufy – VELHAS CASAS EM HONFLEUR

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Velhas Casas em Honfleur é uma obra do artista francês Raoul Dufy, na qual já aparecem as influências do pintor Matisse, mostrando que são as cores o mais importante numa composição.

Os pequenso edifícios erguem-se apertados, uns unidos aos outros, com as chaminés, os telhados e as janelas, à beira do cais, apresentado um alegre cojunto de cores. Na entrada da maioria deles se vê um toldo levantado. Duas finas torres, à direita levam a uma igreja. Acima ergue-se um colorido céu azul, com nuances de rosa, amarelo e lilás.

As faixas verticais, no centro da tela, fazem as vezes de rua. Elas separam as construções e o que parece ser um burro puxando uma carroça, de seus reflexos na água, onde se encontram ancoradas duas pequenas embarcações. À direita, na rua, estão um homem, de roupa escura, e uma mulher, usando um vestido de cor violeta.

Ficha técnica
Ano: 1906
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 60 x 72 cm
Localização: coleção particular

Fonte de pesquisa
Gênios da Pintura/ Abril Cultural

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Rousseau – A CIGANA ADORMECIDA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O animal selvagem, apesar de faminto, exita em atirar-se à sua vítima que, extenuada, caiu num sono profundo. (Subtítulo da obra)

[…] Que paz! O mistério acredita em si próprio e está aí, nu, sem invólucros […] A cigana está a dormir, os olhos cerrados […]. (Jean Cocteau)

Uma negra errante, uma tocadora de bandolim, encontra-se com o seu cântaro ao lado, vencida pelo cansaço, em um sono profundo. Um leão acontece de passar por ali, seguindo seu cheiro, mas não a devora. Há um efeito lua, muito poético. (Rousseau em carta ao prefeito de Laval)

A composição denominada A Cigana Adormecida é uma obra do pintor Henri Rousseau, e encontra-se entre as pinturas mais famosas do mundo. Foi produzida em tela panorâmica e apresentada no Salão dos Independentes, em Paris/França, no ano de 1897.

Uma cigana africana está dormindo sobre a areia do deserto. As tranças de seus cabelos são de cor rosé, e descem sobre seus ombros como finos rolos de algodão. A boca deixa à vista os dentes brancos, como uma fileira de delicadas pérolas. Ela usa um vestido oriental, de listras verticais, com as cores do arco-íris. Na mão direita traz um cajado, que mantém firme, embora se encontre dormindo. À sua esquerda, em primeiro plano, encontram-se um jarro com água, de estilo oriental, e um instrumento musical de cordas (bandolim), de estilo italiano.

O leão, com a sua juba que cresce para frente, ocupa a parte central do quadro. Ele está de pé, olhando para a cigana. Sua cauda levantada, na horizontal, indica posição de alerta. A juba parece se esvoaçar ao vento, embora seja uma noite calma de lua cheia. Ele não se mostra ameaçador, mas apenas curioso em relação ao corpo negro da cigana. No canto superior esquerdo da pintura está a majestosa lua branca, que ilumina toda a cena, refletindo luz, especialmente sobre o dorso do leão, pernas, cauda e juba, e dando à areia uma gradação diferenciada. No céu azul-esverdeado também podem ser vistas seis estrelas. Um lago separa a cigana e o leão das montanhas ao longe, parecidas com o formato das tranças de seus cabelos.

É visível o fato de que o pintor retrata um sonho. A cigana está deitada na areia, com a cabeça numa almofada ou pano semelhante ao tecido de sua roupa, sem que haja rastros de seus pés ou das patas do leão. Eles simplesmente aparecem ali, vindos do nada. Tão afeitos aos pormenores, Rousseau jamais deixaria passar tais sinais, se a realidade ali estivesse presente. Embora se trate de um sonho, os objetos vistos  são bem realistas.

Esta poética e mágica pintura de Henri Rousseau tem sido motivo de inspiração para a música e a poesia. Vários artistas modificaram-na ou a parodiaram, sendo o leão, algumas vezes, substituído por um cão ou um outro animal qualquer. Ela também povoou a minha infância, quando a vi, pela primeira vez, numa revista holandesa do pároco da cidade de meus avós.

Curiosidades:
• No desenho animado “Os Simpsons”, no episódio denominado “Mom and Pop Art”, Homer acorda sendo lambido por um leão, na cabeça.
• No filme “O Apartamento” aparece uma cópia da pintura.
• Em sua obra, Rousseau mistura elementos de culturas diferentes.
A Cigana Adormecida é hoje um ícone.

Ficha técnica
Ano: 1897
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 129,5 x 200,7 cm
Localização: Museu de Arte Moderna, Nova York, EUA

Fontes de pesquisa
Henri Rousseau/ Taschen
http://www.henrirousseau.net/the-sleeping-gypsy.jsp
http://www.pahnation.com/artwork-the-sleeping-gipsy-by-henri-rousseau/

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Seurat – TARDE DE DOMINGO NA GRANDE JATTE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Eu pintei assim, porque queria obter algo novo – um tipo de pintura que fosse só meu. (Georges Seurat)

A composição denominada Tarde de Domingo na Grande Jatte é uma obra-prima do neo-impressionista francês Georges Seurat que à época estava com 30 anos, portanto, no auge de sua maturidade. Trata-se de uma pintura monumental, tendo o pintor levado dois anos para concluí-la. Até então, o artista fazia parte do grupo de impressionistas, embora não tivesse abraçado o estilo totalmente. Quando sua pintura foi apresentada numa exposição em 1886, no Salão dos Independentes, ela causou um grande escândalo e serviu de zombaria para os críticos, além de despertar o riso do público.

Uma obra como esta era inédita na arte. O pintor usou as árvores e as figuras humanas de pé para criar linhas verticais. O mesmo rigor matemático é visto nas horizontais. A mulher segurando uma sombrinha vermelha e uma garota com roupa branca formam o centro calculado da tela. O artista abriu mão de cores vivas e permitiu mínimos movimentos em seu quadro. Tudo nele é diferente, quer pelo tema incomum, com elementos poéticos e simbólicos, quer pela técnica usada, até então desconhecida, na qual  busca a percepção da luz.

O artista apresenta um grupo de parisienses à margem do rio Sena, durante uma tarde de domingo. Ali estão presentes oito figuras humanas, três cachorros, um macaco e oito barcos. Muitas das figuras estão debaixo das árvores ou de sombrinhas. São pessoas das mais diferentes classes sociais, como é possível identificar através das roupas. A impressão que se tem é que o pintor pediu que as pessoas ficassem estáticas para serem fotografadas, embora certas cenas esbocem um pouco de movimento, como a garota correndo, borboletas voando e o cãozinho com laço no pescoço, também correndo, situado em primeiro plano.

No canto direito inferior, em primeiro plano, um casal vestido de acordo com a moda dos anos de 1880, visto de perfil, observa o cenário. A mulher segura pela correia um macaco-prego, atado pela cintura. Uma outra correia supostamente pertence ao cãozinho com um laço no pescoço que é deixado livre para brincar. Sua dona veste um corpete de espartilho e saia com anquinhas e traz uma sombrinha aberta, enquanto o homem segura uma bengala debaixo do braço e traz na mão um cigarro. A presença do macaco chama a atenção, porque foi adicionado bem depois da obra pronta, embora o pintor tivesse tal animal sempre presente em seus trabalhos. O macaco era associado à prostituição, sendo a mulher que o conduz, tida como um tipo bem coquete. O fato é que não se conhece a explicação real para a presença do bichinho no quadro. Qual teria sido a intenção do artista?

No canto inferior, à esquerda, estão um remador com o corpo reclinado, fumando seu cachimbo; uma dama de classe média com o leque no gramado, fazendo tricô, e um homem bem vestido, usando cartola e segurando uma bengala. Também se encontram no quadro um homem tocando trompete, dois soldados vigiando o local, remadores, mulheres pescando ou sentadas sobre o gramado, crianças, um casal abraçado, outro casal andando, etc.

Para fazer esta tela, Georges Seurat fez inúmeras visitas à Grande Jatte – ilha localizada no rio Sena – aonde as pessoas iam aos domingos para divertir-se. O local não era visto com bons olhos, pois prostitutas vendiam sexo nas suas margens, fingindo que estavam pescando, para que os policiais não as reconhecessem, pois a prostituição era proibida. Alguns críticos de arte têm como prostitutas algumas mulheres presentes neste quadro.

Seurat fez 38 esboços a óleo e 23 desenhos preparativos para esta obra, daí a razão do tempo gasto na sua feitura. O mais interessante é que esta pintura foi criada em seu ateliê e não ao ar livre, ao contrário dos trabalhos dos impressionistas. Como modelos para suas figuras, ele usou estampas de moda, retiradas de revistas. Em sua obra usou cores puras fragmentadas. Os pigmentos são misturados pela olho, quando vistos a certa distância, técnica também conhecida como pontilhismo, vindo a ser muito usada por outros artistas. Uma Tarde de Domingo na Ilha da Grande Jatte é a obra mais importante do pontilhismo. Paul Signac foi aluno de Seurat e ajudou-o a desenvolver o novo estilo.

Na confecção de sua obra, Seurat pintou-a primeiramente usando a técnica dos impressionistas. A seguir ele acrescentou uma camada de pontilhismo. É interessante notar que a menininha de branco não foi coberta pelo pontilhismo. A moldura do quadro, pintada na própria tela por Seurat, segue a mesma técnica.

Ficha técnica
Ano: 1884-1886
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 205 x 304 cm
Localização: The Arte Institute of Chicago, EUA

Fontes de pesquisa
Arte em detalhes/ Publifolha
http://obviousmag.org/archives/2012/10/uma_tarde_de_domingo_na_ilha_de_grande_jatte.html

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Dufy – TERRAÇO DE UM CAFÉ

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Terraço de Um Café é obra do artista francês Raoul Dufy. Faz parte dos primeiros trabalhos juvenis do pintor, como mostram a pastosidade das cores e a indefinição dos contornos, mas já deixa visível a sua busca cromática.

Na sua pintura, o artista capta uma fútil elegância, ao mostrar pessoas sentadas em volta de mesas na calçada de um café em Paris. Em primeiro plano estão uma mulher com chapéu, de costas para o observador, ocupando um grande espaço da parte inferior da tela,  e um homem com roupa escura, de frente  para ela.

Mais ao fundo são vistos os espaldares alaranjados das cadeiras ocupadas por homens e mulheres, de frente para a construção verde da cafeteria. Toscos fios de luz passam acima dos clientes, naquele ambiente que parece bem movimentado.

Ficha técnica
Ano: 1904
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 33 x 24 cm
Localização: Museu de Arte Moderna, Paris, França

Fontes de pesquisa
Gênios da Pintura/ Abril Cultural
https://theartstack.com/artist/raoul-dufy/terrace-cafe

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Dufy – AS TRÊS SOMBRINHAS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição As Três Sombrinhas é uma obra do artista francês Raoul Dufy, com claras referências ao fauvismo, movimento de curta duração, nascido em Paris, em que os artistas eram chamados de “fauves” (feras) pela impulsividade com que usavam a cor pura, sem levar em conta o volume e o contorno da pintura. Nesta fase da arte do pintor, ele e os “fauves” inspiravam-se em Vincent van Gogh, elevando ao máximo a importância da cor, enquanto simplificavam o esquema da composição.

A cena propriamente dita não tem relevância, mas sim a cor. As três grandes sombrinhas (ou guarda-sóis), nas cores vermelha, branca e uma escura com reflexos na cor de vinho, chamam a atenção para o restante da cena.

Numa paisagem alegre e cheia de luz, o artista apresenta uma cena ao ar livre, com a presença de inúmeras pessoas portando sombrinhas. No entanto, três delas, em primeiro plano, destacam-se das demais. De costas para o observador, num plano mais alto, elas olham para baixo, onde se encontram outras figuras humanas.

Na mesma ponte ou elevado, em que se encontram as três mulheres, outras duas figuras portam sombrinhas, à direita. Do lado de fora do cercado, numa rua,  duas outras carregam sombrinhas pretas. Elas se voltam em direção às mulheres na ponte. Casas e bandeiras são vistas na tela, assim como uma montanha verde ao fundo. O céu é azul. O verde e o amarelo são predominantes na composição.

Ficha técnica
Ano: 1906
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 60 x 73 cm
Localização: coleção particular

Fontes de pesquisa
Gênios da Pintura/ Abril Cultural
https://kweiseye.wordpress.com/2014/08/30/raoul-dufy-1877-1953/

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Mestres da Pintura – GEORGES SEURAT

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A cor, submetida a regras certas, pode ser ensinada como se ensina música. (Seurat)

Toda novidade, para ser aceita, exige que muitos imbecis morram. Ao fazer votos para que isso aconteça o mais rápido possível, não me move um espírito de caridade, mas apenas sou prático. (Fénéon)

 As linhas traçadas de baixo para cima e da direita para a esquerda são estimulantes, dinâmicas, vivas. As de sentido contrário provocam tristeza, abatimento, mal-estar. Da mesma forma, as cores, devido aos diferentes comprimentos de suas ondas cromáticas, podem produzir sensações alegres – no caso do vermelho, alaranjado, amarelo – ou deprimentes – verde, azul, roxo. (Charles Henry)

O desenhista e pintor francês Georges Seurat (1859-1891) nasceu em Paris. Desde pequeno mostrava-se triste e solitário.  Na escola sentia-se atraído apenas pelo desenho, no resto era um aluno mediano e muito sério. Aos 19 anos de idade matriculou-se na Escola de Belas-Artes, pendendo-se para os mestres que apregoavam o realismo técnico combinado com a evocação do passado clássico. Ao deixar a escola, o artista prestou o serviço militar em Brest, voltando depois a Paris.

Ao tomar conhecimento do trabalho dos impressionistas, Seurat não aderiu a esses totalmente. Compreendeu que ali apenas encontraria o ponto de partida para criar seu próprio estilo de pintura, que deveria integrar o conhecimento científico. Interessava-lhe a dimensão científica da arte: as leis da óptica e os fenômenos de percepção, a composição química das tintas, as teorias sobre a combinação das cores, etc. Buscava uma composição refletida, não permitindo que a emotividade impedisse-o de chegar a uma forma precisa. Por isso, foi rotulado como “árido químico das cores” e “manipulador de múmias pontilhadas”.

Seurat seguiu em frente, apesar da incompreensão sofrida. Para ele, o artista não deveria ser guiado apenas pela intuição, mas também apreender as regras científicas, que o impediriam de cometer muitos erros, sendo mais do que normal aplicar os princípios da Química e da Física à arte, pois era possível criar a partir de cuidadosos cálculos matemáticos.

Ao contrário dos impressionistas, que tomavam como lema a improvisação e o lirismo, captando o momento fugaz, Seurat queria reter o movimento dos seres humanos, estancar a natureza numa composição totalmente geométrica, guiada pela exatidão científica, moldada pelo raciocínio. Ele não misturava as cores, mas punha-as junto, mantendo-as puras na tela, de modo que só pudessem fazer combinações na retina do observador.

Ao expor sua pintura Tarde de Domingo na Ilha da Grande Jatte, no segundo Salão dos Independentes, em 1886, Georges Seurat causou um grande escândalo. Os próprios impressionistas, que também contavam com a rejeição de parte da crítica e público, fizeram ácidas críticas a seu trabalho. E pintores como Degas, Manet e Renoir troçaram dele, criticando sua tentativa de unir a pintura à Ciência. Apenas Pissarro, já idoso, mostrava grande entusiasmo por sua tela. Dentre os críticos, o não ortodoxo Fénéon saiu em defesa da obra, louvando o nascimento do Pontilhismo.

Georges Seurat, que já tinha um temperamento melancólico e reservado, isolou-se mais ainda com a postura dos impressionistas e, sobretudo, com a de Gauguin, por quem nutria grande apreço. Só se sentiu mais reconfortado quando Verhaeren, poeta simbolista belga, convidou-o para expor em Bruxelas, sob a proteção de “Os Vintistas” (de: século vinte), uma sociedade de artistas de vanguarda. Também contava com o apoio de Signac e com os artigos do crítico Fénéon. Era o sinal de que suas teorias encontravam um pequeno eco em meio à intolerância de quem não aceitava o novo.

O artista, através de algumas incursões pela noite, travou conhecimento com o mundo boêmio, onde circulava Toulouse-Lautrec. Foi nesse cenário que ficou conhecendo Madeleine Knobloch, que primeiro tornou-se sua modelo e depois amante, dando-lhe dois filhos. Nessa oportunidade passou a trabalhar com o nu. Ficou também conhecendo o cientista Charles Henry, autor de “Introdução à Estética Científica”, que mostra os efeitos psicológicos ocasionados por linhas e cores no observador.

Seurat, ao colocar o motivo da pintura em plano secundário, adentrava cada vez mais na pintura figurativa, a caminho do abstracionismo. A distância entre ele e Kandinsky era cada vez mais próxima. Mas outras obras do artista foram criticadas até mesmo pelos próprios amigos. Pissarro chegou a distanciar-se do Pontilhismo. Ele ficou arrasado. A isso se juntou a descoberta, pela família, de sua união amorosa com uma mulher de proveniência duvidosa. E o mestre, Puvis Chavannes, por quem nutria grande admiração, mal olhou para sua última tela. Mas apesar do desencanto com os amigos, da crítica e dos dramas familiares, o artista não se deixou vencer pela derrota. Passou a trabalhar com mais afinco e rapidez. Parecia prever que algo ruim iria lhe acontecer.

Georges Seurat foi vitimado por um derrame cerebral, morrendo na flor da idade, antes mesmo de completar 32 anos. Levou consigo o Pontilhismo, mas seu método ganhou vida na influência exercida sobre Matisse, os “fauves” e os cubistas. Picasso viu nele um de seus antecessores e Kandinsky louvou o seu pioneirismo. Seus quadros hoje valem uma fortuna. É uma pena que não tenha vivido para ver o quão foi importante para a arte. E que ele estava certo.

Fonte de pesquisa
Gênios da Pintura/ Abril Cultural

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