Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Van Dick – MADALENA PENITENTE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O pintor Anthony van Dyck foi o mais talentoso discípulo e ajudante do pintor francês Peter Paul Rubens, sendo 22 anos mais jovem do que o mestre, de quem herdou o talento na representação da textura e superfície das figuras. Também se transformou num dos pintores retratistas mais procurados da Europa.

A composição Madalena Penitente é uma obra da juventude de Van Dyck, quando ele ainda se encontrava bem próximo ao estilo de seu mestre Rubens. Contudo, em sua pintura, o artista moderou na exuberância da cor e na sensualidade da modelo. Ele usou uma palheta rica e uma estrutura original na sua composição.

Madalena, a discípula mais amada de Jesus, é retratada de corpo inteiro, volumosa, coberta apenas por um suntuoso manto, finamente trabalhado. Sua tez é perolada e seus cabelos dourados estçai a cair-lhe pelas costas robustas. Com as mãos retorcidas e os olhos voltados para os céus, ela chora.

À direita, atrás de Maria Madalena, encontra-se um anjo que, ao contrário dela, volta a cabeça para baixo. Ele traz nas mãos um vaso de unguento, usado para ungir as feridas de Cristo, atributo da santa. Sobre ela, à esquerda, realçando a cor de sua pele, está parte de um sobrecéu, e ao fundo descortina-se uma paisagem verdejante.

Obs.: Existem três outras versões desta tela.

Ficha técnica
Ano: c.1640-1641
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 169 x 148,5 cm
Localização: Rijksmuseum, Amsterdam, Holanda

Fonte de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Giotto – MADONA E O MENINO EM MAJESTADE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O pintor e arquiteto florentino Giotto di Bondone (1267 – 1337) é considerado um dos mais importantes precursores da pintura ocidental. Conta a lenda que, ainda rapaz, foi descoberto por Cimabue, enquanto desenhava as ovelhas de seu pai. Não se sabe se tal fato é verdadeiro, mas se tem como certo a informação de que ele foi discípulo do mestre Cimabue, tendo trabalhado em sua oficina, ainda que de forma independente.

A composição Madona e o Menino em Majestade, também conhecida como Madona Entronizada com os Santos e ainda Madonna di Ognissanti, é uma obra de Giotto. Este retábulo foi feito para ornamentar a igreja de Ognissantie em Florença, na Itália.

A Virgem, com o filho ao colo, encontra-se em seu trono, uma unidade estruturada arquitetonicamente e muito bem decorada, cujos degraus elevam-na. À esquerda e à direita do trono encontram-se doze figuras, sendo seis de cada lado, representando os santos. Todas trazem a cabeça num plano ligeiramente mais baixo de que a do Menino, em sinal de reverência. Dois anjos apresentam-se ajoelhados, em primeiro plano. Os olhares estão concentrados na figura da Virgem e de seu Filho. Somente ela lança um olhar para fora do quadro, na direção do observador, como se dedicasse a ele toda a sua atenção. As vestes e as cores usadas são bastante comuns, como seriam na vida real. É possível ver até o contorno dos seios da Madona através do tecido transparente de seu vestido. As dobras do manto azul da Virgem direcionam o olhar do observador para o Menino Jesus.

Ao contrário das divinais figuras sacras anteriores, a Virgem de Giotto é extremamente humana em sua bela e majestosa figura. Suas volumosas proporções e o grande espaço ocupado por ela, em relação aos demais personagens, são propositais. Têm o objetivo de mostrar a grandiosidade da Mãe do Salvador, apesar de sua visível humanidade. O artista traz a Virgem e seu Filho para o plano terreno, numa nova concepção de mundo. Esta obra trata-se de um uma incrível invenção pictórica, envolvendo não apenas um novo conteúdo ideológico como também novas posições mentais.

Este painel, em relação à época em que foi feito, apresenta um Giotto extremamente revolucionário, assim com o foram Masaccio e Caravaggio em suas respectivas épocas. Foi responsável por dar início a uma nova tendência na arte florentina.

Ficha técnica
Ano: c.1308
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 325 x 204 cm
Localização: Galleria deglu Uffizi, Florença, Itália

Fontes de pesquisa
Os pintores mais influentes/ Editora Girassol
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Gótico/ Taschen
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Mantegna – MADONA DA PEDREIRA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Madona da Pedreira, também conhcecida por Madona da Caverna ou Nossa Senhora da Caverna é uma obra do pintor italiano Andrea Mantegna (1431-1506), considerado um dos artistas mais importantes do início do Renascimento. Foi aluno de Francesco Squariciona. As esculturas de Donatello e as pinturas de Andrea del Castagno e Jacopo Bellini exerceram grande influência sobre ele. Trabalhou na Corte dos Gonzagas em Mântua. Sua obra destaca-se pela exatidão anatômica das figuras, ricos detalhes e perspectiva perfeita, influenciando não apenas pintores italianos, mas o norte dos Alpes.

A pintura acima, cujo título é alusivo à pedreira, apresenta A Virgem Maria, em primeiro plano, com seu Menino Jesus ao colo, na frente de uma gigantesca rocha, que parece lhe servir de trono. A Virgem usa um manto azul sobre um vestido vermelho e sapatos da mesma cor.  Seus cabelos dourados, soltos, caem-lhe pelas costas e ombros. Seus olhos parecem mirar o vazio, como se antevisse o sofrimento pelo qual passará. Seu Menino rechonchudo está nu, com os olhos voltados para cima e a boquinha aberta.

O cenário, que se desenvolve atrás das duas figuras principais, exige a atenção do observador, para não passar despercebido, em razão dos tons muito semelhantes da pintura. Ali, pessoas trabalham com as rochas. Atrás de Mãe e Filho, à direita, trabalham cinco pessoas no vão aberto na pedreira, na parte superior.  Duas outras trabalham na inferior, fazendo um sarcófago, que alude à morte de Jesus Cristo, como se mostrasse o destino da criança, que ali se encontra com sua mãe.

Na parte esquerda da composição, abaixo e à direita de onde se encontra a Virgem com seu Menino, vê-se, num nível mais alto, um castelo e uma estrada em meio a plantações, que conduz a uma cidade. E no nível mais baixo, algumas pessoas trabalham na colheita de feno, outras pastoreiam ovelhas, e algumas outras caminham em derredor. A rocha é tão vívida que dela parece irradiar uma luz dourada. Para Kristeller trata-se de basalto encontrado em Veneto.

Ficha técnica
Ano: c. 1488-1490
Técnica: têmpera no painel
Dimensões: 32 x 30 cm
Localização: Galleria deglu Uffizi, Florença, Itália

Fonte de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.frammentiarte.it/2016/41-madonna-delle-cave/

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Murillo – A COZINHA DOS ANJOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição A Cozinha dos Anjos, também conhecida por Um Milagre na Cozinha, é uma das obras mais famosas do pintor espanhol Bartolomé Esteban Murillo, artista extremamente religioso. Esta gigantesca tela foi pintada para ornamentar o claustro dos franciscanos, juntamente com outras dez, em Sevilha.

O pintor apresenta cinco jovens anjos trabalhando na cozinha de um mosteiro, executando diferentes afazeres. Eles se despem de suas divindades para mostrar o lado humano, como se fossem seres mortais. Além dos anjos estão presentes três franciscanos, um deles levitando em êxtase místico, dentro de um halo de luz. Possivelmente ele seja o irmão leigo Francisco Pérez. Dois homens, vestidos à moda da época, estão estancados na porta de entrada da cozinha, ao lado do frade superior, surpresos com o que veem. Três pequeninos anjos brincam no chão.

O pintor acreditava que, quanto mais aproximasse os seres divinos das pessoas comuns, mais fácil seria ganhar a devoção dessas. Ele acabou por revolucionar o modo de representar figuras sagradas, ao expor alegria, simplicidade e humanidade em suas obras, ao contrário do que se via na pintura sacra da Espanha da época. É interessante notar que nesta obra, assim como em outras de sua lavra, o artista traz o divino para dentro da dimensão terrena, como se mostrasse que o milagre pode ocorrer em meio à vida cotidiana.

Nota: Francisco Pérez era um irmão leigo que passou trinta anos como assistente na cozinha do mosteiro San Francisco el Grande. Conforme conta a história, ele era muito fervoroso e, certo dia, perdido em suas devoções, esqueceu-se de seus serviços. Ao retomar a consciência, ficou surpreso ao notar que suas tarefas tinha sido milagrosamente executadas.

Ficha técnica
Ano: 1646
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 180 x 450 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa
Murillo/ Abril Cultural
http://www.wga.hu/html_m/m/murillo/1/104muril.html

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Giovanni Bellini – O DOGE LEONARDO LOREDAN

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição O Doge Leonardo Loredan é uma obra do pintor italiano Giovanni Bellini, que retrata o magistrado supremo da antiga República de Veneza, que foi eleito aos 65 anos de idade.  Este trabalho é tido como o ponto alto do desenvolvimento do retrato, no que diz respeito a mostrar as características individuais e o estado psicológico do retratado, pois somente depois do final do século XV é que os pintores venezianos passaram a fazê-lo.

O espaço em que se encontra o doge é indefinido. É possível saber apenas que ele se encontra atrás de um parapeito em mármore, o que o leva a parecer-se com um busto esculpido. Também repassa um enorme sentimento de espiritualidade e um senso de eternidade. Ele usa seu traje cerimonial de Estado, feito de brocado branco e dourado, com botões de ouro, e motivos com romãs estilizadas. O chapéu ducal (ducale corno), usado sobre uma touca de linho com uma tira de cada lado, tem um corno ou chifre. O fundo liso da composição é azul-claro. Trata-se de um retrato formal.

Bellini escreveu seu nome na sua forma latina, Ioannes BELLINVS, sobre o parapeito, num “cartellino” (pequeno papel). Ele, que era famoso por seus retratos, ajudou a tornar este gênero da pintura bem popular em Veneza. A influência de Antonello da Messina pode ser vista no realismo delicado da obra, como mostram as rugas da testa. O doge, de frente para o observador, embora não faça contato com o mesmo, ocupa três quartos da tela.

Ficha técnica
Ano: c. 1460/62
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 62 x 45 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.nationalgallery.org.uk/paintings/giovanni-bellini-doge-leonardo-loredan

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Murillo – O PEQUENO MENDIGO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição O Pequeno Mendigo é a primeira obra conhecida sobre um menino de rua, na pintura do artista espanhol Bartolomé Esteban Murillo. Embora ele não expressasse formalmente uma crítica de cunho social através de sua pintura e, de certa forma, mostrasse o belo na pobreza, ao trabalhar apenas com o aspecto estético, ainda assim tratava-se de uma crítica velada. A temática popular, presente em seu trabalho, deixava de lado a idealização da época, tão comum aos demais artistas. É provável que o devoto artista, que pintou várias cenas semelhantes, ao fazer uso da pintura de gênero, tenha se deixado tocar pela preocupação intensa dos franciscanos para com os pobres.

Em O Pequeno Mendigo, o artista retrata uma cena do cotidiano, no entanto, não projeta nela nenhuma intensidade dramática. Apenas alia o tema à estética. Um garoto de rua, esmolambado, com os pés sujos, encontra-se recostado a uma parede de um edifício velho e abandonado. No chão estão alguns camarões. À sua direita vê-se uma cesta de palha, deitada, que deixa à vista três velhas e estragadas maçãs. Um jarro de barro completa a cena. O garoto pode ter terminado de fazer a sua parca refeição.

O pequeno mendigo olha para baixo, segurando parte da camisa com as duas mãos, como se estivesse a matar piolhos (ou seriam pulgas, conforme afirmam alguns?). Como eram os pais os responsáveis por “catar” piolhos na cabeça dos filhos, a ação do garoto mostra que ele era abandonado, não tendo quem olhasse por ele. Chama a atenção sua cabeça raspada nuns pontos e com tufos de cabelo escuro em outro.

O pintor usa o “chiaroscuro” em sua tela, uma influência de Caravaggio e Zurbarán. Um feixe de luz, que entra por uma janela à esquerda, banha o garoto sentado num canto escurecido, como se fosse um potente holofote a projetá-lo para o observador.

Ficha técnica
Ano: 1645/55
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 137 x 115 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

 Fontes de pesquisa
Murillo/ Abril Cultural
http://www.peintre-analyse.com/jeunees.htm

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