Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Chagall – A PITADA DE RAPÉ

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição A Pitada de Rapé  é uma obra do pintor russo Marc Chagall, que apresenta um de seus temas queridos: a gente de seu país.

Sentado diante de uma mesa encontra-se um senhor judeu, de frente para o observador, usando sua quipá (chapéu, boina, touca ou outra peça de vestuário utilizada pelos judeus, tanto como símbolo religioso como sinal de temor a Deus) preta sobre seus cabelos cacheados, que lhe caem dos lados, cobrindo-lhe as orelhas. Inúmeras rugas enfeitam sua testa clara. Uma espessa barba negra cobre-lhe o rosto, descendo-lhe pelo peito. Seus olhos são enormes e escuros, e as sobrancelhas espessas.

A figura altiva, que encara o observador, leva a mão direita ao nariz com o pó de tabaco para ser cheirado, enquanto conserva a caixinha de rapé na mão direita, estendida sobre a mesa. Na parede, às costas do judeu, vê-se parte do que parece ser uma mandala.

No fundo do quadro, à direita, estão as filactérias e a estrela de Davi. Sobre a mesa vê-se um livro aberto, com sinais gráficos hebráicos. A escrita “Segal Mosche” encontra-se no livro em caracteres hebraicos. Trata-se do nome do pintor em seu país. Viria a ser mudado para “Marc Chagall”, pelo próprio artista.

Ficha técnica
Ano: 1912
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 128 x 90 cm
Localização: coleção particular

Fonte de pesquisa
Marc Chagall/ Taschen

Views: 5

Giovanni Bellini – A TRANSFIGURAÇÃO DE CRISTO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O quadro conhecido como A Transfiguração de Cristo é uma das maiores obras-primas do final do século XV da pintura em Veneza, obra do pintor italiano Giovanni Bellini  que mostra uma passagem da vida de Jesus Cristo em meio a uma ampla paisagem. Elementos como os rochedos e a disposição das figurações lembram a influência de Mantegna — seu cunhado. A paisagem por sua vez já demonstra o interesse do artista por árvores, flores, formas arquitetônicas e pelo céu com seus diferentes tons. Chamam atenção os pormenores das roupas dos personagens com suas dobras sofisticadamente trabalhadas.

Segundo os relatos bíblicos, enquanto o Mestre Jesus encontrava-se em oração, seu corpo começou a resplandecer de uma forma jamais vista e imediatamente ladearam-no os profetas Elias e Moisés. Este tema era muito querido ao artista, sendo esta uma segunda versão do pintor, bem mais descontraída e bela, retratando os personagens de baixo para cima, elevando Jesus e os dois profetas acima da paisagem.

Jesus Cristo transfigurado, com suas vestes brancas rutilantes, quase translúcidas, encontra-se sobre um pequeno monte no centro da paisagem, de frente para o observador. Tem a seu lado as figuras enlevadas de Moisés, com a mão direita estendida, e de Elias, com a mão esquerda sobre o coração. Ambos os profetas estão voltados para o Mestre, cujos braços abertos parecem abençoar. As três figuras encontram-se em simetria que se amplia com a posição de uma árvore de cada lado.

Aos pés de Cristo e dos dois profetas do Antigo Testamento encontram-se no chão os apóstolos Pedro, Tiago e João, visivelmente espantados. Pedro é o apóstolo do meio, ajoelhado e trajando um manto vermelho. Tiago está à esquerda com seu manto escuro, indicando um gesto de fuga, enquanto João, com seus cabelos cacheados, encontra-se a direita, sentado no chão, como se tivesse caído e sem forças para levantar-se. Eles também estão em simetria que é quebrada apenas pelo tronco em frente a Tiago. A árvore cortada, sem folhas, flores e frutos, simboliza a vida sem a presença de Jesus Cristo.

A paisagem em volta é majestosa com sua natureza humanizada e luz brilhante, vinda da esquerda e reverberando por todos os lados. Uma cerca em diagonal aparece à direita, em primeiro plano e, após ela, vê-se um abismo rochoso, separando o observador da cena sagrada à sua frente. É a separação do mundo terreno do divino. Ao fundo, à direita, são vistas edificações, estradas, campos e montes.

À esquerda, ao fundo, grande parte dos elementos encontra-se no escuro, pois a sombra da noite ali já chegara. Ainda assim é possível vislumbrar um castelo ou mosteiro. Outras cenas acontecem em volta do grupo central, enquanto as sombras da noite não caem: um homem conduz seus animais; uma rês branca está deitada ao lado da estradinha; um pastor leva seu rebanho de volta para casa; dois homens (ou frades), conversam despreocupadamente sem se aperceberem do que está acontecendo.

Ficha técnica
Ano: c. 1478/79
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 115 x 151,5 cm
Localização: Museu Nacional di Capodimonte, Nápoles, Itália

 Fontes de pesquisa
Giovanni Bellini/ Abril Cultural
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.theartofpainting.be/AOP-Transfiguration.htm

Views: 3

Chagall – SÁBADO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Sábado é uma obra do pintor russo Marc Chagall que, tendo chegado recentemente a Paris, encantou-se com as cores vibrantes das pinturas alucinadas de Vincent van Gogh. Este quadro, de grande força expressiva, é uma evocação de sua infância, nos moldes da obra do pintor holandês, quer seja na composição quer na luminosidade presente na cena, num misto de realidade e fantasia.

Numa sala iluminada a família descansa numa noite de sábado, numa visível intimidade. Como era judeu, o sábado tinha um grande significado religioso para Chagall e sua família, como mostram as velas acesas sobre a mesa, com o intuito de saudar o último dia da semana.

A lembrança da intimidade da casa paterna foi motivo de vários temas do pintor, que não apenas evocava com seus pincéis sua infância e vida familiar, mas também o amor, a sinagoga, a paisagem aldeã, as cenas rurais, etc.

Ficha técnica
Ano: 1910
Técnica: óleo em tela
Dimensões: 90 x 95 cm
Localização: Wallraf-Richartz Museum, Colônia, Alemanha

Fonte de pesquisa
Gênios da Pintura/ Editora Abril Cultural

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Chagall – O SOLDADO BEBE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Chagall é um colorista com muito talento, dedica-se a tudo aquilo a que sua imaginação mística e pagã inspira. A sua arte é muito sensitiva. (Guillaume Apollinaire)

A composição O Soldado Bebe  é uma obra do pintor russo Marc Chagall, que deixa patente a grande capacidade do artista, tido como um exímio colorista.

Um soldado de uniforme verde encontra-se sentado diante de uma mesa azul, mas com o rosto voltado para o observador. Diante dele se encontra um samovar (espécie de caldeira portátil, de uso na Rússia, na qual se põem brasas a fim de ferver e manter quente a água para usos domésticos, especialmente para a feitura do chá.).

O solitário soldado coloca o dedo indicador da mão esquerda abaixo da torneira, enquanto suspende seu boné com a direita, em continência. Sobre a mesa surge sua imagem dançando com uma jovem. É uma dança regional de seu país. Trata-se de um encontro entre o passado e o presente, dando vida ao “agora”.

Ficha técnica
Ano: 1911-12
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 109 x 94,5 cm
Localização: Solomon R. Guggenheim, Nova Iorque, USA

Fontes de pesquisa
Marc Chagall/ Taschen
Gênios da Pintura/ Editora Abril Cultural

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Giovanni Bellini – A MADONA DO PRADO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada A Madona do Prado, também conhecida como Nossa Senhora do Prado,  é uma obra do pintor italiano Giovanni Bellini. O artista deixou trabalhos apaixonantes relativos a Cristo e à Madona que, em sua arte são, sobretudo, humanos.

A Virgem Mãe, envolta na beleza de seu manto azul, encontra-se sentada num verde relvado, trazendo no colo o seu Menino. Suas pernas estão bem distanciadas, de modo a formar uma cavidade, onde se encaixa a criança, sem perigo de que caia. Ela traz as mãos em postura de oração, enquanto o Menino encontra-se nu, solto em seu colo, dormindo com a mãozinha direita no peito e o braço esquerdo estendido ao longo do corpo. O rosto da Virgem está voltado para o pequeno Jesus, embora seus olhos pareçam fechados, em prece.

A Madona e seu Menino, em primeiro plano, tomam na pintura a forma piramidal. Ao fundo desenrola-se uma paisagem, onde são vistos animais e duas figuras humanas, assim como um castelo, árvores e montanhas. O céu azulado tem blocos de nuvens brancas. A luz da manhã cobre parte da paisagem. À esquerda, mais ao fundo, vê-se uma grande ave branca  brigando com uma cobra. Pode estar simbolizando a luta entre o bem e o mal. E o abutre, que se encontra na árvore, também à esquerda, pode ter, como simbologia, a morte de Jesus Cristo.

Com esta pintura, Giovanni Bellini antecipa a “Pietá”, em que a Madona traz Jesus morto em seu colo. Infelizmente esta tela encontra-se danificada em alguns pontos.

Ficha técnica
Ano: c. 1505
Técnica: óleo e têmpera no painel
Dimensões: 62 x 45 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Giovanni Bellini/ Abril Cultural
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Könemannhttps://www.nationalgallery.org.uk/paintings/giovanni-bellini-madonna-of-the-meadow

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Chagall – O CAMPO DE MARTE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição O Campo de Marte  é uma obra-prima do pintor russo Marc Chagall, em que ele apresenta delicados motivos florais.Tudo neste quadro é maravilhoso e envolvente. O pintor faz uso das cores com maestria, levando em conta todos os seus valores. Os tons, em suas variadas graduações, são modelados minuciosamente.

Duas cabeças, a de um homem e a de uma mulher, pairam acima de uma cidade. Não encontrei explicações para a simbologia do quadro. O homem, com seu gesto, parece evocar a figura de Cristo, enquanto a mulher pode simbolizar a Virgem Maria, pois uma enorme auréola cinge a cabeça das duas figuras.

Predomina na pintura a cor azul, em inúmeras tonalidades. A cor branca na cabeça da mulher e o verde do rosto do homem hipnotizam os olhos do observador, assim como a esfera vermelha, que lembra o sol ou o planeta Marte. Atrás das duas cabeças vê-se o desenho de uma sinagoga, se levarmos em consideração o credo do pintor. Além das flores, um pássaro ocupa o canto inferior direito da pintura.

Ficha técnica
Ano: 1954-55
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 149,5 x 105 cm
Localização: Museum Folkwang, Essen, Alemanha

Fonte de pesquisa
Marc Chagall/ Taschen

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