Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Giovanni Bellini – A AGONIA NO HORTO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição A Agonia no Horto, também conhecida por Oração no Horto, é uma obra do pintor italiano Giovanni Bellini. Trata-se de uma pintura muito parecida com a de seu cunhado Andrea Mantegna, que traz, inclusive, o mesmo título. As duas obras encontram-se lado a lado na Galeria Nacional de Londres. É sabido que Mantegna, seu cunhado, exerceu grande influência sobre Bellini,  foi, inclusive, seu professor.

Cristo encontra-se ajoelhado no Jardim do Getsêmani, em oração, em meio a uma ampla paisagem. Ele se encontra de costas para o observador. Num plano inferior ao dele, às suas costas, estão três de seus discípulos: Pedro, Tiago e João, que dormem profundamente. Num plano superior ao do Mestre, sobre uma nuvem, um anjo traz um cálice e uma pátena, símbolos de seu sacrifício que se aproxima. O Mestre observa o anjo que prenuncia seu sofrimento.  Ao contrário dos três apóstolos dorminhocos, Cristo não traz uma auréola em sua cabeça, como prova de sua divindade. O artista quis mostrá-lo como homem, que teme o sofrimento e a morte e a eles será entregue.

Numa cena à esquerda, Judas Iscariotes, o discípulo traidor, chega com os soldados para prender Jesus. Uma árvore morta, à esquerda da composição, pode ser indicativa da morte de Cristo. Ao fundo encontra-se a cidade de Jerusalém. O modo como o artista iluminou a cena, representando o amanhecer, faz com que tudo ali pareça quase sobrenatural. E esta luz pode simbolizar a esperança de salvação.

É provável que as duas pinturas, a Giovanni Bellini e a de Mantegna,  derivem de um desenho feito por Jacopo Bellini, pai do primeiro e sogro do segundo.

Ficha técnica
Ano: 1458-59
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 81,3  x 127 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Giovanni Bellini/ Abril Cultural
https://www.nationalgallery.org.uk/paintings/giovanni-bellini-the-agony-in-the-garden

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Chagall – A VACA COM SOMBRINHA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Quando Chagall pinta, não se sabe se ele dorme, nesse momento, ou se está acordado. Ele deverá ter, em qualquer sítio na cabeça, um anjo. (Pablo Picasso)

A composição A Vaca com Sombrinha  é uma obra do pintor russo Marc Chagall, feita após a libertação da Europa, fato que o deixou muito feliz.

Uma vaca branca de cabeça azul, voando acima da cidade, é a figura central do quadro. Para conter o calor do sol escaldante, acima de seu lombo enfeitado com um ramalhete de flores, ela usa um guarda-sol agregado à pata dianteira esquerda. O seu rabo forma a figura de uma noiva e seu companheiro.

À direita, uma galinha amarela e um cão aparecem em cima do telhado das casas. O cachorro parece querer sugar as tetas da vaca, que tem uma das patas traseiras acima da figura de um homem de vermelho, possivelmente um palhaço.

Era próprio do pintor substituir o ser humano por um animal. Eu imagino que este quadro tratou-se apenas de uma festiva brincadeira, pintada pelo “anjo” que o artista traz na cabeça, como disse Picasso.

Ficha técnica
Ano: 1946
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 77,5 x 106 cm
Localização: Coleção Richard S. Zeider, Nova Iorque, EUA

Fonte de pesquisa
Marc Chagall/ Taschen

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Mestre da Pintura – GIOVANNI BELLINI

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O pintor italiano Giovanni Bellini (c.1430-1516) nasceu em Veneza numa família de artistas. Era também conhecido pelo apelido de Giambellino. Seu irmão mais velho, Gentile Bellini, era também pintor.  Teve o pai — o respeitado pintor Jacopo Bellini, responsável por levar o Renascimento a Veneza — como primeiro mestre e que se dedicou intensamente a transformar seus dois filhos em importantes pintores. Giovanni tornou-se depois aluno de Andrea Mantegna, seu cunhado, que influenciaria grandemente sua arte. O foco de seu trabalho foi Veneza, onde teve sua própria oficina, sendo nomeado pintor oficial da cidade. Teve como aluno Ticiano, Giorgione, Lorenzo Lotto, entre outros grandes nomes da pintura.

Giovanni Bellini por ser filho bastardo de Jacopo Bellini, embora fosse muito talentoso, não teve o mesmo prestígio do pai e do meio-irmão junto aos nobres venezianos, sendo vítima de uma tola discriminação. Ainda assim, o pintor renascentista veio a tornar-se o mais famoso da unida família Bellini, sendo o responsável por dar à pintura veneziana um estilo mais colorido e sensual. Tornou-se um dos mais destacados pintores de Veneza, chegando a ser considerado o pai da Renascença veneziana no século XV. Sua obra chama a atenção sobretudo pelo brilho, pelas cores quentes e pela emoção que repassa.

Giovanni era muito religioso, um cristão devoto como comprovam suas pinturas. Deixou trabalhos apaixonantes, relativos a Cristo e à Virgem Maria em que o lado humano das figuras supera o religioso. O artista siciliano Antonello da Messina exerceu influência sobre ele, principalmente no uso da tinta a óleo.

Mesmo tendo nascido e morrido em Veneza, Giovanni Bellini não vivia isolado do trabalho de outros artistas, inclusive estudou o estilo de vários pintores do norte da Europa, absorvendo influências externas. Embora fosse considerado o mais importante pintor de sua cidade, estava sempre em busca de nova aprendizagem. Queria apreender novos estilos e técnicas com os pintores mais novos e com seus alunos. Jamais se deu por completo. Pode-se dizer que seu trabalho pictórico é sustentado pelo trinômio: humanização das figuras; domínio da cor sobre o desenho; e o uso da paisagem como parte essencial da cena.

O artista morreu aos 90 anos, quando ainda pintava ativamente. É uma pena que grande parte de suas obras mais conhecidas tenha sido destruída em incêndios e também em decorrência de restaurações irresponsáveis.

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Giovanni Bellini/ Abril Cultural
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.artble.com/artists/giovanni_bellini

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Poussin – FESTIM ORGÍACO…

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição mitológica Festim Orgíaco diante de uma Estátua de Pan, também conhecida como Bacanal diante da Imagem de Pan, ou simplesmente Bacanal, é uma obra do pintor francês Nicolas Poussin. Existem outras cópias semelhantes.

A cena desenrola-se da esquerda para a direita, em direção à estátua sem braços de Pan, deus dos bosques, campos, rebanhos e pastores, que se encontra debaixo de um denso conjunto de árvores, à esquerda, sendo que, à direita, vê-se uma paisagem montanhosa.

Homens nus e mulheres (ninfas) seminuas brincam com um fauno (divindade mitológica metade homem e metade bode), visto abraçando uma jovem mulher com roupa amarela, caída à direita, em primeiro plano, que tenta se desvencilhar dele. Atrás do fauno libidinoso, uma jovem de azul faz menção de bater com uma jarra em sua cabeça.

A última mulher do grupo, vestida de azul, enquanto dança com um homem trajando um manto amarelo e com outro homem nu, volta-se para trás e espreme uvas, enchendo com suco a xícara branca de uma criança, que tem outra às suas costas, também ambicionando o suco dos deuses. Um bebê dorme em meio ao tumulto. E o que parece ser uma quarta criança, à esquerda da estátua, bebe suco (ou seria vinho?) numa enorme tina. Duas coroas de flores são vistas no chão, em primeiro plano, à esquerda.

Ficha técnica
Ano: c. 1633
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 99,5 x 142,9 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Poussin/ Tachen

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Cézanne – AS GRANDES BANHISTAS (III)

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O pintor francês Paul Cézanne pintou uma série de banhistas, na última década de sua vida. Para ele, os corpos nus de seus banhistas eram parte da paisagem, vistos como elementos naturais que a ela se integravam. O tema era usado pelo artista com a finalidade de fazer estudos sobre a ordenação das figuras no espaço e sua composição cromática, o que era muito comum na história da arte. Esta pintura é a menor e a mais simplificada da série.

A Cézanne não importava a beleza dos corpos, mas sua unidade e interação com a paisagem. Além da diferença em relação às outras duas pinturas, relativas ao tamanho e à cor, o artista também fez modificações quanto às figuras humanas, que aqui se mostram mais compactas e simplificadas, tendo o artista reduzido-as ao essencial.

As figuras humanas encontram-se em meio a um cenário natural, agregadas pela cor forte, onde predomina o azul, e uma luz intensa. Natureza e pessoas formam um todo indivisível.

Ficha técnica
Ano: 1894-1905
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 127 x 196 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Chagall – O ANIVERSÁRIO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição O Aniversário  é uma obra do pintor russo Marc Chagall, em homenagem a sua amada esposa Bela Rosenfeld.

Na pintura, o artista e sua mulher ocupam a parte central da tela. Encontram-se no quarto. Enquanto Bela tem as pontas dos pés no chão, prestes a alçar voo, ele levita em seu derredor. Ela segura um buquê de flores com as duas mãoes, e levanta a cabeça para receber o beijo do esposo, que se contorce numa invejável posição.

O mobiliário do ambiente é minuciosamente decorado.  Uma mesa com toalha azul florida encontra-se próxima à janela, à frente do casal apaixonado. Uma banqueta com forro preto está ao lado. Sobre a mesa é possível identificar uma pequena bolsa e o vaso para colocar as flores. Parte de um delicado divã aparece atrás do par. Dois tapetes coloridos e maravilhosamente trabalhados enfeitam a parede. Através dos vidros da janela é possível ver o ambiente lá fora.

A ausência da gravidade, em relação aos dois amantes voadores, é uma metáfora, aludindo ao imenso amor do casal, capaz de elevá-los às alturas, de deixá-los no ar, como se vivessem num mundo irreal.

Ficha técnica
Ano: 1915
Técnica: óleo sobre cartão
Dimensões: 80,5 x 99,5 cm
Localização: Museu de Arte Moderna, Nova Iorque, EUA

Fonte de pesquisa
Marc Chagall/ Taschen

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