Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Goya – O HOMEM ENFEITIÇADO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição O Homem Enfeitiçado, também conhecida como O Homem Enfeitiçado à Força, é uma obra do artista espanhol Francisco José de Goya, um dos grandes nomes da pintura espanhola. Faz parte de uma série de seis pinturas sobre bruxaria, que ele pintou para a Alameda do Duque de Osuna. O pintor, em muitas de suas telas, revelou a ignorância, a superstição e o medo que afligia o homem de sua época.

Goya retrata aqui uma cena da comédia “El Hechizado por Fuerza”, obra do dramaturgo Antonio de Zamora, retirada do segundo ato da peça. O medroso Don Claudio, o protagonista, é lavado a pensar que se encontra enfeitiçado e, portanto, é necessário que mantenha uma lâmpada a óleo acesa, pois, se ela apagar, ele morrerá. Na inscrição, postada na parte inferior direita da pintura, é vista parte das palavras “Lampada Descomunal” (Lâmpada Extraordinária)

O artista representa na sua pintura a parte da encenação teatral em que os burros dançam, como pano de fundo. Na pintura, três enormes burros são reproduzidos na parede, como se estivessem dançando. Em primeiro plano estão o bode e o homem.

 O bode esverdeado, de pé na extrema esquerda da tela, apenas com metade do corpo visível, representando o diabo, apresenta uma lamparina vermelha ao homem, para que ele ponha óleo, a fim de mantê-la acesa. A figura de preto mostra-se tremendamente assustada, com os olhos salientes e com a mão esquerda sobre a boca, enquanto enche a lamparina.

 Ficha técnica
Ano: c. 1798
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 42,5 x 30,5 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.wga.hu/html_m/g/goya/4/414goya.html

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Chagall – O POETA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Chagall é um gênio dividido como um pêssego. (Cendrars).

Eu, pessoalmente, não creio que tendências científicas possam ser úteis à arte. O Impressionismo e o Cubismo são estranhos para mim. A arte parece-me ser, sobretudo, um estado anímico. (Chagall)

A composição O Poeta  é uma obra do pintor russo Marc Chagall, feita quando o artista encontrava-se em Paris. A sua queda pela poesia levou o poeta suíço Blaise Cendrars a compará-lo a um pêssego.

O poeta de sua pintura está vestido com roupa azul, e encontra-se sozinho, sentado a uma mesa. Sua cabeça é verde. Na mão esquerda erguida segura uma xícara de café, enquanto a direita descansa em seu colo, segurando um lápis, próximo a um caderno de anotações, que jaz sobre a coxa esquerda.

Na mesa vermelha retangular está uma garrafa de aguardente, que parece tombar em direção ao braço esquerdo do homem, cujo cotovelo descansa na mesa. Outros objetos, como um copo e um garfo, e o que parece ser uma faca, entre uma laranja e uma maçã, ali também se encontram. E no chão, atrás da figura humana, está um pequeno animal que tanto pode ser um gato ou um cãozinho.

A cabeça verde invertida e separada do corpo indica que o poeta encontra-se num momento poético inspirativo, ou seja, alheio à realidade que o rodeia. A cabeça também simboliza o espírito que divaga. O entrelaçamento de linhas tem por finalidade prender o corpo do poeta, enquanto liberta sua cabeça, onde se encontra a fonte de inspiração. Portanto, a estrutura geométrica da composição trata-se apenas de uma metáfora.

Ficha técnica
Ano: 1911
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 196 x 145 cm
Localização: Museu de Arte da Filadélfia, Filadélfia, USA

Fontes de pesquisa
Marc Chagall/ Taschen

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Chagall – DEDICADO À MINHA NOIVA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Dedicado à Minha Noiva é uma obra do pintor russo Marc Chagall, que a dedica a Bela Rosenfeld, sua futura esposa. A obra mostra a maturidade poética e estilística do pintor que, embora muito novo, estava à época com 24 anos de idade, já tinha um talento pleno. A pintura é um misto de sexualidade, agressividade e lirismo. É uma celebração das forças da natureza, exaltada em tons fortes.

O quadro mostra uma mulher escanchada em torno dos ombros de um homem, que se encontra no centro da composição. Ela cospe na cara de seu companheiro. Ele, por sua vez, tem a aparência de um touro. Usa a mão esquerda para apoiar a própria cabeça e a direita para segurar a perna da mulher. Apesar da visível cusparada, mostra-se calmo, sem nenhum instinto de defesa. O corpo da audaz dama ao circular o homem,  parte da direita para a esquerda, jogando as pernas sobre o corpo masculino, e trazendo a cabeça bem próxima a seu rosto, num contorcionismo de fazer inveja.

Em seu conteúdo simbólico, homem e animal tornam-se uno. Com sua atitude violenta, a mulher demonstra o seu poder sobre o homem, que desse não consegue se livrar, como demonstra seu comportamento passivo. E eu me pergunto se a simbologia presente na obra também não demonstra que, apesar da forte natureza animal presente no homem, a mulher não acaba sempre por domá-lo?

Esta obra de Chagall provocou muita polêmica por parte da crítica, sendo considerada pornográfica. O que lhe dava esse caráter insinuante era o fato de os motivos encontrarem-se em volta do centro, em vez de serem postados em uma direção definida.

Ficha técnica
Ano: 1911
Técnica: guache, óleo e aquarela sobre papel
Dimensões: 61 x 44,5 cm
Localização: Museu de Arte da Filadélfia, USA

Fontes de pesquisa
Marc Chagall/ Taschen
Gênios da Pintura/ Editora Abril Cultural

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Chagall – O PINTOR: À LUA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Com Chagall, e apenas com ele, é que a metáfora consegue a sua entrada triunfal na pintura. (André Breton)

A composição O Pintor: à Lua  é uma obra do pintor russo Marc Chagall, na qual fica patente a conjugação que o artista fazia da pintura com a poesia.

O pintor, que ocupa quase toda a tela, traz na mão esquerda a paleta de tintas, enquanto a direita toca a boca, mostrando-se embevecido com a presença da lua, que pode ser evocada através das formas esféricas presentes no fundo da composição.

O poeta-pintor ou o pintor-poeta deixa-se levar pelos seus devaneios na busca de um motivo para sua tela. Ele paira acima do mundo real, representado pela cidade abaixo, em busca de sua lua imaginária, que usa como seu abrigo poético. A gravidade não pode contê-lo, pois não pode atingir a imaginação, moradia dos sonhos.

E se ainda restam dúvidam de que se trata de um pintor-poeta, basta observar a coroa de folhas de louro circundando sua cabeça, símbolo antigo que notabilizava os poetas. A paleta e o pintor. A coroa de louros e o poeta. A paleta, a coroa de louros e o pintor-poeta. Ou o correto seria chamá-lo de poeta-pintor?

Ficha técnica
Ano: 1917
Técnica: guache e aquarela sobre papel
Dimensões: 32 x 30 cm
Localização: Coleção Marcus Diener, Basileia, Suíça

Fonte de pesquisa
Marc Chagall/ Taschen

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Chagall – SOLIDÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Sim, Israel é teimoso como uma vaca teimosa. (Profeta Oseias)

 Em nenhum outro sítio vê-se tanto desespero e tanta alegria; em nenhum outro sítio nós nos sentimos tão chocados e ao mesmo tempo tão felizes ao olharmos para este milenário monte de pedras e poeira, em Jerusalém, em Sefade nas montanhas, onde estão sepultados profetas sobre profetas. (Chagall)

A composição Solidão  é uma obra do pintor russo Marc Chagall. A pintura foge à alegria  encontrada nas suas obras anteriores. O quadro exala uma contagiante tristeza, que ganha vida através do pincel do artista. Chagall não se mostra indiferente às ameaças a seu povo.

A pintura mostra um judeu, vestido com seu escuro hábito de orações, coberto por um manto branco, sentado no gramado, ao lado de um boi, com os olhos voltados para o chão. Seus cabelos são escuros assim como as espessas sobrancelhas. Um bigode e uma barba longa entrelaçam-se e ajudam a compor os seus fortes traços fisionômicos. Não se pode precisar qual seja a idade do personagem.

A expressão deste homem religioso, que se ampara na mão direita, repassa um profundo desalento. Ele se mostra perdido em suas divagações, como se não houvesse mais esperança em relação àquilo que o atormenta. Na mão esquerda traz o rolo vermelho da Torá (os cinco primeiros livros do Tanakh) ainda fechado. Parece encontrar-se alheio a tudo em derredor.

À esquerda do judeu encontra-se deitada uma vaca branca, trazendo também um olhar tristonho. O homem simboliza Asvero, o Judeu Errante, vagando pelo mundo sem destino certo. Um violino jaz no chão, possivelmente silenciado pela atrocidade das perseguições vividas pelo povo judeu. O anjo vestido de branco, no céu turbulento, é perseguido pelas árduas tempestades acontecidas na vida do povo judeu, como se a esperança voasse sempre para longe, vitimada pelas violentas perseguições.

O anjo, o boi e o judeu parecem formar uma pirâmide branca. Ao fundo, em segundo plano, vê-se a cidade com suas casas e sinagogas.

Ficha técnica
Ano: 1933
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 102 x 169 cm
Localização: Museu de Tel Aviv, Telavive, Israel

Fonte de pesquisa
Marc Chagall/ Taschen

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Zurbarán – SÃO FRANCISCO EM MEDITAÇÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A pintura denominada São Francisco em Meditação é uma obra do pintor espanhol Francisco de Zurbarán (1598-1664) que foi aluno de Pedro Diaz de Villanueva, em Sevilha. Ele fez inúmeras obras para o Convento de Sevilha. Sua fama levou-o a receber o título de pintor honorário dessa cidade. Trabalhou para a corte de Madri, no governo de Filipe IV. É tido como um dos mais importantes pintores espanhóis do século XVII, ao lado de Velázquez, Ribera e Murillo. Ele se tornou conhecido, sobretudo, por suas obras religiosas, que descrevem monges e mártires, e também pelas suas maravilhosas naturezas-mortas. A maioria de suas pinturas era destinada às ordens religiosas espanholas.

 O artista pintou várias figuras simples como a vista acima, com suas formas despreendidas. Admirava o realismo de Caravaggio e de seus seguidores, tanto em seu sentimento quanto na forma. Assim como o artista italiano, usava uma fonte de luz para demarcar os volumes, chegando a ser chamado de “Caravaggio Espanhol”. Esta obra possui uma construção compacta, com planos iluminados e em sombra, o que lhe dá um enorme relevo.

Nesta composição, Zurbarán posta a figura de São Francisco na diagonal, ajoelhado, com o corpo tombando para a direita, recostado sobre uma rocha de forma cúbica. Para equilibrar o lado esquerdo da composição, ele criou a entrada da caverna, abrindo-se para uma paisagem.  O fundo escuro do quadro amplia o volume da figura, iluminada pela luz que entra pela abertura. No chão estão esparsos pedaços de pedra.

São Francisco está humildemente vestido com sua túnica de monge, remendada com um pano mais claro, com um rasgão no braço direito e outro na parte de baixo da batina, puída nas mangas e barra. Traz na mão direita uma caveira, símbolo da mortalidade. Abaixo de sua mão esquerda está seu livro de orações. O santo encontra-se em meditação. Assinado sobre o papel branco, na parte inferior direita, está: “Fran. Co Dezurbara / faciebat / 1639”.

Ficha técnica
Ano: 1639
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 162 x 137 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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