Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Giuseppe Arcimboldo – QUATRO ESTAÇÕES EM UMA CABEÇA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Quatro Estações em Uma Cabeça é uma obra do famoso pintor italiano Giuseppe Arcimboldo, retratista oficial na corte dos Habsburgos. Encontra-se entre as últimas pinturas feitas pelo artista. Foi dada como presente a Gregorio Comanini, poeta e historiador italiano.

Em sua obra, o artista retrata um homem idoso, meio de perfil. Ele é representado pelo tronco de uma árvore, velha e desfolhada, numa referência à estação invernal. As flores, em meios aos molhes dourados de trigo, que enfeitam seu torso escuro e ombro esquerdo, referem-se à primavera. Muitas frutas, dentre elas cerejas e ameixas, assim como o trigo, distribuídas por sua cabeça simbolizam o verão, enquanto as maçãs e uvas referem-se ao outono.

Muitos se perguntam se este quadro não seria um autorretrato do pintor, ao chegar ao fim de sua carreira, tendo ele passado por todas as estações da vida. Seria o inverno da vida, no qual são lembradas todas as estações pelas quais passa o ser humano?

Distribuição dos elementos da pintura:

  • um tronco escuro, nodoso e enrugado, representa o peito e a cabeça;
  • a boca e os olhos são representados por orifícios na madeira;
  • um ramo saliente e com pequenos nódulos, como se fossem verrugas, representam o nariz;
  • uma pequena moita de musgo e tocos de finos galhos representam a barba;
  • a testa é composta por tocos de galhos, enquanto galhos grandes parecem-se com chifres;
  • desprovida de folhas, flores e frutos, esta árvore-coto representa o inverno, mas ao acrescentar-lhe os outros elementos, simboliza as quatro estações;

Um dos galhos (o do meio), que se encontram na cabeça do homem idoso, traz escrita a assinatura do pintor “ARCIMBOLDUS P.”

Ficha técnica
Ano: 1590
Técnica: óleo sobre madeira de álamo
Dimensões: 60 x 45 cm
Localização: coleção particular

Fontes de pesquisa
http://www.wga.hu/html_m/a/arcimbol/3allegor/5season.html
https://www.nga.gov/exhibitions/2010/arcimboldo/arcimboldo_brochure

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Vermeer – A CARTA DE AMOR

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição A Carta de Amor é uma obra do pintor holandês Johannes van der Meer, também conhecido como  Jan Vermeer, ou apenas Vermeer, (1632-1675). Presume-se que ele tenha estudado com os professores Leonaert e Carel Fabritius. Foi mestre da Guilda de São Lucas. Embora tenha apenas 35 obras conhecidas, é tido como um dos grandes nomes da pintura holandesa, foi apelidado de “a Esfinge de Delft”.

Apesar de ter pertencido ao século 17, Vermeer só se tornou realmente reconhecido como um grande pintor em meados do século 19. É visto hoje como o segundo pintor holandês mais importante do século 17 (período conhecido por Idade de Ouro Holandesa, devido às importantes conquistas culturais e artísticas do país nessa época), ficando aquém apenas de Rembrandt. Alguns dizem que ele nunca usou a pintura profissionalmente, pintando só por prazer. Apesar da fama, o artista lutou sempre com muita dificuldade financeira.

O quadro A Carta de Amor foi planejado pelo pintor como sendo um tríptico, com a cena doméstica a ocupar a parte central. Através da porta aberta, vê-se uma sala, onde se encontram uma senhora e sua criada, próximas a uma lareira. Segundo alguns historiadores de arte trata-se de parte do interior da própria casa do artista.

A mulher, elegantemente vestida com saia e casaco amarelo, com acabamento em arminho, estava a tocar seu alaúde, quando foi interrompida pela criada, que lhe entrega uma carta. Segurando a missiva na mão direita levantada, ela lança um olhar interrogativo à moça, que sorri levemente. O alaúde no seu colo remete a uma carta de amor, segundo a simbologia da época (símbolo do amor, muitas vezes do amor carnal).

No primeiro plano encontra-se uma suntuosa cortina (elemento quase sempre presente nas pinturas de Vermeer), recolhida à direita, como se mostrasse ao observador que a cena é privada. Uma cadeira, com algumas peças de roupa em seu espaldar e umas partituras no assento, localiza-se à direita. Um mapa do Norte da Holanda posiciona-se à esquerda. Complementam a pintura uma vassoura (ou esfregão), um cesto de vime com roupas, duas paisagens na parede, um par de chinelos na entrada, etc. Sobre a lareira é possível notar pequenas peças de adorno. O ladrilho, em diagonais, repassa a impressão de profundidade.

Nas pinturas holandesas da época, os objetos possuíam uma forte simbologia. No quadro estudado, por exemplo, o instrumento musical e as partituras aludem ao amor; as pérolas tanto podem simbolizar a vaidade como a virgindade; o quadro maior na parede alude a um ente querido em viagem, enquanto o menor, mostrando um andarilho, pode significar separação e o desejo de reencontro; a vassoura tanto pode significar limpeza como um empecilho para que o observador entre, reforçando o sentido de privacidade da cena, etc.

Ficha técnica
Ano: c.1667-1670
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 44 x 38,5 cm
Localização: Rijksmuseum, Amsterdam, Holanda

Fontes de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&sl=en&u=http://www.essentialvermeer.com/catalogue/love_letter.html&prev

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Giuseppe Arcimboldo – O GARÇOM

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição O Garçom, também conhecida como O Empregado de Mesa,  é uma obra do famoso pintor italiano Giuseppe Arcimboldo, retratista oficial na corte dos Habsburgos, encomendada pelo Imperador Maximiliano II, para ser presenteada a Augusto I da Saxônia.

O homem é composto por um conjunto de objetos empregados na fabricação de vinho. Ali estão: uma torneira, um jarro de cerâmica, um copo revestido de couro, um furador, um frasco, um copo para degustação, uma vareta para medir a graduação do vinho, uma liga de estanho, um funil de madeira, um barril, etc.

Ficha técnica
Ano: 1574
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 88 x 67 cm
Localização: coleção particular

Fonte de pesquisa
http://www.wga.hu/html_m/a/arcimbol/4composi/4waiter.html

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Botticelli – MADONA DO MAGNIFICAT

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Madona do Magnificat, também conhecido por Virgem e Criança com Cinco Anjos, é uma obra do pintor italiano Sandro Botticelli (1445-1510). Trata-se também do mais famoso de seus tondos. Botticelli tornou-se aluno do prestigiado artista frade Filippo Lippi, mas não demorou muito para que o aluno superasse o mestre, com suas figuras suaves, rostos sérios e expressões contemplativas, buscando apresentar a realidade interior de seus personagens. Os artistas Antonio del Pollaiuolo, Andrea del Verrochio, Ghirlandaio e Perugino também exerceram influência na arte de Botticelli.

O artista é conhecido como “O Pintor das Madonas” por ter pintado inúmeros quadros com a Virgem e seu Menino. Esta obra, cujo título vem do cântico que a Virgem Maria está compondo, tem o formato arredondado (tondo), existindo cinco réplicas dela. A Virgem com seu Menino ao colo e os cinco anjos encontram-se próximos a uma janela redonda, delimitada por uma cornija de pedra. Seguindo a tradição da Idade Média, Botticelli pintou a Virgem com seu Menino numa dimensão maior do que as figuras dos anjos.

A Virgem, retratada como a “Rainha do Céu” (Regina Coeli), encontra-se em primeiro plano, de perfil para a esquerda, com seu Menino ao colo. Ela traz os lábios entreabertos e dobra-se ligeiramente, como se o protegesse com o corpo. Usa um manto azul sobre o vestido vermelho e traz na cabeça um véu transparente, bordado a ouro, cingindo seus cabelos dourados e anelados. Acima dele vê-se outro véu em forma de rodilha que, junto com o primeiro, cinge-lhe ombros e peito. Uma coroa de estrela de ouro está sendo depositada em sua cabeça. Seu rosto, com os olhos baixos, direciona-se para seu trabalho. Segura na mão direita uma pena, que mergulha no tinteiro, e na esquerda uma romã, encostada ao corpo do Filho. Sua grande dimensão atrai os olhos do observador, que descem pelo Menino e fixam-se no livro. Acima da coroa da Virgem, uma pomba dourada, dentro de um círculo de ouro aspergindo raios de luz, simboliza o Espírito Santo. Observa-se um fragmento de sua cadeira finamente trabalhada.

O Menino Jesus está envolto num pano branco que deixa parte de seu corpinho à vista. Assim como os da mãe, seus cabelos são dourados e cheios de cachos. Sua cabeça está inclinada para trás e seus olhos direcionados para o alto. Uma majestosa auréola de raios dourados adorna-a. A mãozinha esquerda descansa sobre a romã partida, símbolo da fertilidade e da realeza, próxima à de sua mãe. A mão direita pousa sobre o braço de Maria, tocando numa das páginas do livro de cânticos.

Cinco graciosos anjos, quatro de um lado e um do outro, estão em volta da Virgem com seu Filho. O primeiro, à esquerda, ajoelhado, segura o tinteiro, enquanto a observa. A seu lado, outro anjo, também ajoelhado, direciona seu rosto para o companheiro. Ambos seguram o livro para a Virgem. Um terceiro anjo, de pé, abraça os dois. Atrás dele, um quarto anjo, junto com aquele que se encontra à direita, coroa a Virgem Maria. Usam nimbos com raios dourados.

A romã também significa que Cristo, através de seu sangue, sua morte e ressurreição, renascerá, assim como cada semente dela originará uma nova planta. Essa fruta tem também outros significados. Suas sementes vermelhas podem se referir ao sangue da Paixão de Cristo,  e os grãos unidos, junto à casca, simbolizam a unidade da Igreja, enquanto as sementes significam o brotar de uma nova vida.

O ponto mais chamativo da obra é a junção dos braços de Mãe e Filho junto ao livro. E o mais fraco é o braço do anjo à esquerda, a segurar a coroa, pois ele se mostra muito espremido, tendo que alongá-lo para alcançar a coroa. Esta é uma das pinturas mais caras do artista, pois nela empregou muito ouro na ornamentação das vestimentas, na coroa da Virgem, nos raios divinos e na cor do cabelo de Maria e dos anjos. Ao fundo descortina-se uma paisagem, sob um céu azul, com um caminho em ziguezague, que direciona o olhar para um castelo ao longe.

Obs.: A Virgem está escrevendo a abertura do “Magnificat”, também conhecido como “Canto de Maria”, na página direita do livro, enquanto na esquerda encontra-se parte do “Benedictus”, conhecido como “Cântico de Zacarias”.

Ficha técnica
Ano: c. 1487
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 143,5 cm de diâmetro
Localização: Galleria deglu Uffizi, Florença, Itália

Fonte de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.wga.hu/html/b/botticel/22/30magnif.html
http://www.abbeville.com/interiors.asp?ISBN=0896599310&CaptionNumber

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Giuseppe Arcimboldo – O BIBLIOTECÁRIO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O Bibliotecário é um triunfo da arte abstrata no século XVI. […] Não há nada mais espirituoso ou mais próximo da arte abstrata do que este inteligente quadro. (Bruno Geiger)

A composição O Bibliotecário é uma obra do famoso pintor italiano Giuseppe Arcimboldo, retratista oficial na corte dos Habsburgos. A figura retratada, segundo alguns, é Wolfgang Lazius, humanista e historiador que serviu à Casa de Habsburgo. O artista apresentava os retratados em suas atividades profissionais, ou seja, por meio de objetos associados à ocupação de cada um.

A figura composta por livros, cuja posição dá forma a um busto masculino, encontra-se de frente para o observador. Aparenta inteligência e elegância. A cortina drapeada, que cai sobre seu ombro esquerdo, como se fora uma beca, dá-lhe um ar de mestre. Um livro aberto sobre sua cabeça possivelmente alude a seus cabelos brancos. Os marcadores, que saem dos dois livros que servem de base, representam seus dedos. Sua barba é composta por caudas de animais, que eram usadas à época como espanadores. Um livro vertical, à direita, representa sua face esquerda e a fita alaranjada compõe a orelha. Um livro na vertical compõe seu nariz, enquanto parte de dois outros, alaranjados, formam a boca. As chaves (da biblioteca) formam os olhos e os óculos do blibliotecário.

A pintura faz parte da coleção de Skokloster Castle, tendo sido trazida para a Suécia, quando na Batalha de Praga, em 1648, o exército sueco saqueou o Castelo de Praga. Como o artista não assinava suas pinturas, com raras exceções, outras versões de O Bibliotecário têm sido encontradas, contudo, não tem sido possível atribuí-las ao artista. E mesmo esta é tida como uma cópia posterior da pintura original, de paradeiro desconhecido, depois de um estudo científico publicado em 2011. Em razão de seu trabalho criativo, o artista é tido por muitos como um dos precussores da arte moderna. Aqui, chama a atenção a delicadeza da capa dos exemplares que compõem a figura.

Ficha técnica
Ano: c. 1566
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 97 x 71cm
Localização: Skoklosters Slott, Balsta, Suécia

Fontes de pesquisa
Arcimboldo/ Editora Paisagem
http://www.historyofinformation.com/expanded.php?id=3183
https://www.nga.gov/exhibitions/2010/arcimboldo/arcimboldo_brochure

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Fra Fillipo Lippi – MANDONA E MENINO COM DOIS ANJOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Madona e o Menino com dois Anjos é uma obra do pintor italiano Fra Fillipo Lippi (c.1406-1469) que teve a oportunidade de acompanhar os artistas Masolino e Masaccio que trabalhavam na pintura de afrescos no Mosteiro de Santa Maria del Carmine em Florença, o que viria a influenciá-lo grandemente. Realizou inúmeras encomendas para a família dos Medici. Dentre seus discípulos estavam seu filho Fillipino Lippi e Sandro Boticelli.

Presume-se que este quadro de forma piramidal foi pintado para um dos membros da família Medici. Trata-se de uma refinada obra religiosa do século XV. Dentro de uma estrutura de pedra encontram-se, centralizadas, em primeiro plano, a figura da Virgem, seu Menino e dois anjos. A dimensão das quatro figuras ultrapassa a estrutura retangular da janela, que parece aproximar ainda mais, as figuras do atento observador, como se ele fizesse parte da tela.

A Virgem Maria, retratada como uma pessoa rica, encontra-se sentada em uma cadeira, à janela de uma casa situada no topo de uma colina, o que lhe permite ter uma linda vista à frente. Ela usa um belo penteado, ornado com um fino véu, que lhe cai pelos ombros, e um enfeite de pérolas que vai até sua testa raspada, conforme moda da época. Usa um suntuoso manto azul sobre vestes branca e vermelha. Uma auréola, símbolo de sua santidade, paira sobre sua cabeça. Ela traz os olhos voltados para baixo e as mãos em postura de oração. Dois pequenos anjos entregam-lhe seu Menino, que abrem os bracinhos em direção a ela.

Os dois anjos presentes na tela assemelham-se mais a crianças. O que se encontra à direita possui uma carinha bem sapeca. Ele volta a cabeça para o observador, fitando-o. Ao fundo desponta-se uma paisagem com rios, planícies, montanhas e uma cidade com suas torres.

Ficha técnica
Ano: c. 1445-1460
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 92 x 63,5 cm
Localização: Galleria deglu Uffizi, Florença, Itália

Fontes de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Edit. Könemann
http://www.uffizi.org/artworks/madonna-with-child-and-two-angels-by-filippo-lippi/https://www.khanacademy.org/humanities/renaissance-reformation/early-renaissance1/painting-in-florence/a/lippi-madonna-and-child-with-two-angels

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