Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Giuseppe Arcimboldo – VERTUMNUS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Vertumnus é uma obra maneirista (estilo de arte europeia que depois foi substituída pelo Barroco) do período tardio do famoso pintor italiano Giuseppe Arcimboldo, retratista oficial na corte dos Habsburgos. As obras Vertumnus e “Flora, a Ninfa” são tidas como as mais famosas do artista.

O quadro Vertumnus, que retrata o Imperador Rudolfo II, sob a aparência de Vertumnus, foi feito em Milão, após Giuseppe Arcimboldo ter deixado  a Casa Habsburgo, mas prometendo continuar a prestar-lhes serviços. O retrato, que glorifica o Imperador, foi enviado juntamente com um poema de Don Gregorio Comanini, tendo agradado consideravelmente o monarca e sua corte, transformando-se em ums das obras mais conhecidas do pintor.

Arcimboldo apresenta o busto do Imperador, de frente, como se fosse Vertumnus, o deus romano da vegetação e da transformação, casado com a deusa Pomana, que presidia as mudança das estações. Exuberantes frutos maduros, flores e legumes, representantes das quatro estações, compõem a meia figura do Imperador. Trata-se de uma alegoria que retrata a perfeição da natureza, numa alusão ao reinado de Rudolfo II, ou seja, uma é tão perfeita e equilibrada quanto o outro.

Apresento algumas partes do poema de Don Gregorio Comanini para que o leitor comprenda melhor o quadro:

Seja lá quem fores, ó tu, que assistes/ Ao quadro raro, disforme, em que consisto/ Na boca casquinadas estalando/ Todo o rosto pelo riso arrepanhado/ Ao descobrires algo, Zombarias nos olhos tremulando/ Todo o rosto pelo riso arrepanhado/ Ao descobrires algo inoportuno/ No que dá pelo nome de Vertumnus.

 […] O Fogo, sua alma, seu alento:/ As roupas são arbustos, frutos, erva./Tudo que é bom no solo medra./ E agora, caro amigo, tão atento/ Como pensas que o pintor me começou?/ Como foi que Arcimboldo me pintou/ Esse gênio da invenção a desbordar…

 […] Correu campos, bosques percorreu/ Mil frutos, flores mil, ele colheu/ […] Ora, vem cá; e admira minha testa/ Vê bem o que a torna uma festa/ Abrilhantadamente engalanada/ Pela espiga de milho ecuminada…

 […] Uvas pendem, também, da minha testa/ Feitas com ternura e sem aresta,/ Tão subtilemente tocadas pela faísca/ Do pincel apolíneo que as rabisca,/ Do vermelhão, de ocre  pintalgadas,/ Colhidas, depois de amadurecidas…

 […] Fruto estival, o melão, vem enxergar/ […] Observa-lhe agora, o ar sulcado/ Seu tegumento fero e enrugado,/ Que vinca a forne e me assemelha/ Ao velho do arado na montanha/ […] Vê também como o pêssego e o pomo,/ Rotundos, tão rotundos como um domo,/ Se unem ambos pra criar um rosto/ Só de vida e redondez composto./ Atenta bem nos meus olhos, embora,/ Um seja uma cereja , outro uma amora…

 […] E estas avelãs, quem tal diria?/ Note bem como suas peles ocas/ Se emparelham sobre a minha boca:/ O que não prestaria, doutro modo, / Aqui constitui a dupla guia/ De um esplêndido bigode./ E, para que sozinho não se avenha,/ Há a casca escabrosa da castanha/ A pender-me do queixo, que me enfeita,/ Oh, gala varonil, mais que perfeita!…

 […] E existe, ainda, quem pense conseguir/ Com esta nova barba competir?!…/ Mas há mais coisa a reconhecer,/ Há o figo, acabado de colher/ Comprido e agora a oscilar/ No lobo da orelha, como vês…/ […] Vamos agora à faixa, finalmente – / Desdenhando qualquer outro rebento./ Por ser feita de muita flores douradas/ Pelo peito, pelo ombro derramadas…

Ficha técnica
Ano: c. 1590
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 70,5 x 57,5 cm
Localização: Skoklosters Slott, Balsta, Suécia

Fontes de pesquisa
Arcimboldo/ Editora Paisagem
https://www.nga.gov/exhibitions/2010/arcimboldo/arcimboldo_brochure.

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Giuseppe Arcimboldo – O COZINHEIRO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição O Cozinheiro é uma obra do famoso pintor italiano Giuseppe Arcimboldo, retratista oficial na corte dos Habsburgos. Esta pintura faz parte de uma série conhecida como “Diversões”.

O mais interessante nesta caricatura é que ela pode ser invertida, ou seja, virada de cabeça para baixo, trazendo ao observador um novo sentido, podendo assim ser vista:

Na primeira pintura temos a cabeça de um indivíduo estranho, num recipiente de metal, sendo segura por duas mãos femininas. A cabeça, perfilada para a direita, mostra se tratar de um tipo bem grosseiro, com um olhar de zombaria. Ela é composta por carnes de animais: um leitão e uma galinha distorcidos e carne frita no meio. Vejamos alguns exemplos de como se compõe a alegoria:

  • o leitão dá forma à cabeça, à testa e à orelha;
  • a carne frita formata o rosto;
  • a cabeça e o pescoço da galinha compõem o olho, e seu corpo dá forma ao nariz e parte da boca;
  • a tampa de metal vira o capacete, enfeitado com uma rodela de limão e um instrumento pontiagudo, simbolizando um emblema;
  • o rabinho do leitão complementa o capacete, assim como um ramo verde;
  •  o corpo do recipiente de metal serve de base para a cabeça.

Na segunda pintura, que se trata da primeira, mas apenas virada de cabeça para baixo, temos:

  • um grande vasilhame de metal;
  • um leitão, uma galinha e carnes, assados;
  • uma rodela de limão e um objeto pontiagudo na borda do prato;
  • um ramo verde encostado ao vasilhame;
  • duas mãos que tapam os alimentos.

Haja criatividade!

Ficha técnica
Ano: c. 1571
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 52,5 x 41 cm
Localização: coleção particular

Fontes de pesquisa
Arcimboldo/ Editora Paisagem
https://www.nga.gov/exhibitions/2010/arcimboldo/arcimboldo_brochure

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Giuseppe Arcimboldo – FLORA, A NINFA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Sou eu Flora ou só flores?/ Se flores, como de Flora/ No rosto tenho o riso? E se sou Flora,/ Como é Flora só flores?/ Ah, flores não sou; eu não sou Flora./ Melhor, sou Flore e flores;/ Porém, essas flores forma Flora, e Flora as flores./ Sabes como? Douto pintor transforma flores em Flora e Flora em flores. (Don Gregorio Comanini)

A composição Flora, A Ninfa é uma obra maneirista (estilo de arte europeia que depois foi substituída pelo barroco) do famoso pintor italiano Giuseppe Arcimboldo, retratista oficial na Casa dos Habsburgos. Ela é toda composta por flores, pétalas e folhas, que compoem parte da vestimenta da ninfa.

Os quadros Flora, a Ninfa e “Vertumnus” são tidos como os mais famosos do artista, tendo sido pintados por ele em seus úlimso anos de vida. Ambos foram enviados para Rudolfo II. O monarca ficou tão encantado com o trabalho do pintor, que o gratificou com uma de suas ordens mais famosas.

Flora, A Ninfa foi pintada, quando Giuseppe já se encontrava em Milão, e não mais estava a serviço da Casa dos Habsburgos. Contudo, o artista aceitou o pedido do imperador Rudolfo II para que continuasse a trabalhar para ele . Há duas versões desta pintura, sendo que a primeira encontra-se desaparecida. A segunda foi feita dois anos depois da criação da primeira.

A pintura foi enviada ao Imperador, de Milão para Praga, acompanhada de um poema (na introdução do texto) feito por Gregorio Comanini, poeta e historiador italiano.

Ficha técnica
Ano: c. 1591
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 72,8 x 56,3 cm
Localização: coleção particular

Fonte de pesquisa
Arcimboldo/ Editora Paisagem

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Ticiano – FLORA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A pintura Flora é uma obra do pintor italiano Ticiano (c. 1488-1576), cujo nome de batismo era Tiziano Vecellio, tido como o mais importante pintor veneziano do período denominado “Cinquecento”. Quase nada se sabe sobre o início de sua carreira, sendo provável que tenha sido aluno de Sebastiano Succato, Gentil Bellini e Giovanne Bellini. Trabalhou para as importantes famílias Gonzaga, Este, Farnese e Rovere. Foi também pintor da corte do Imperador Carlos V, do Papa Paulo III e de Filipe II.

A jovem e sensual Flora é retratada de frente, em meia figura, com a cabeça levemente inclinada para a esquerda, com os olhos fitos na mesma direção. Seus cabelos avermelhados e dourados, repartidos ao meio, deixam uma orelha a descoberto, e descem pelos ombros e costas, em tranças malfeitas, como se ela tivesse acabado de acordar-se. Uma sombra mais acentuada cobre seu pescoço, pegando parte do queixo e face esquerda. A figura preenche quase todo o campo pictórico, e o fundo escuro da composição aumenta ainda mais sua monumentalidade.

Uma larga blusa branca ou roupa de baixo, com finos e bem trabalhados franzidos, despenca-se pelo ombro esquerdo de Flora, formando um imenso decote, e mostrando parte do seio do mesmo lado. Um manto de brocado rosado cai-lhe pelas costas, botando em destaque sua pele suave. Com a mão esquerda, ela sustém a blusa, que desliza sobre o braço e, com a esquerda, estende para o observador, ainda que não o olhe, um punhado de flores e folhas, deixando à vista, na ponta do dedo anelar, um anel de noivado, gesto que repassa à pintura uma sensação de profundidade.

Esta é uma das belas composições de Ticiano, em que ele retrata a beleza feminina, sendo considerada a mais famosa. Trata-se de uma de suas primeiras pinturas retratando o ideal de beleza feminino. A simplicidade do trabalho dá-lhe ainda mais delicadeza. Foi reproduzida em várias gravuras do século XVI. Alguns estudiosos de arte identificam a jovem como uma cortesã da Veneza renascentista, outros veem nela um símbolo do amor esponsal e alguns outros a identificação de Flora, deusa da Primavera e das flores,  também tidas como um atributo da deusa Vênus.

Ficha técnica
Ano: c. 1515
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 79 x 63 cm
Localização: Galleria deglu Uffizi, Florença, Itália

Fontes de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://translate.google.com.br/translate?hl=ptBR&sl=en&u=http://www.titian.org/flora

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Giuseppe Arcimboldo – O ADVOGADO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Do prazer que deu ao imperador e as risadas que provocou na corte, não há necessidade de dizer mais nada. (Gregorio Comanini)

A composição O Advogado, também comhecida como O Jurista, é uma obra do famoso pintor italiano Giuseppe Arcimboldo, retratista oficial na corte dos Habsburgos. A pintura foi feita no reinado de Maximiliano I. O artista apresentava os retratados em suas atividades profissionais, ou seja, por meio de objetos associados à ocupação que exerviam.

Não se tem uma ideia exata de quem seja o retratado pelo pintor italiano. Benno Geiger pensa ser esse um retrato do teólogo cristão francês João Calvino, enquanto Stven Alfons acha que se trata do retrato de J. U. Zasius, jurista alemão e um dos conselheiros de Rudolfo II.

O rosto do retratado, seja ele quem for, é feito de carne e peixe frito, sendo realmente repugnante. A cabeça de uma pobre galinha depenada, e ainda viva, serve de olho para a figura, e seus pés compõem o bigode, enquanto a cabeça de um peixe, com a boca aberta, forma a boca. O corpo da galinha forma o nariz. Uma coxa de frango compõe a bochecha direita, enquanto um peixe, com a cabeça oculta, forma o queixo e parte do rosto. O rabo compõe a barba. Uma asa de frango complementa a expressão da testa.

O sujeito veste uma roupa escura, cuja gola da roupa interna é feita por dossiês. Uma enorme gola de pele complementa o casaco, enquanto livros sustentam a base do tronco. Estaria Arcimboldo zombando da gula da figura retratada ou de suas imperícias jurídicas? O fato é que se trata de uma horrenda caricatura. Esta pintura foi um sucesso à época.

Uma segunda versão, em que o retratado traz no peito uma medalha, segundo estudos recentes, não se trata, provavelmente, de uma obra de Giuseppe Arcimboldo, que tem sido muito imitado.

Ficha técnica
Ano: c. 1566
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 64 x 51cm
Localização: Statens Konstsamlingar, Gripsholm Slott, Estocolmo,…..

Fontes de pesquisa
Arcimboldo/ Editora Paisagem
https://www.nga.gov/exhibitions/2010/arcimboldo/arcimboldo_brochure

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Frans Hals – O ALEGRE BEBERRÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O quadro O Alegre Beberrão é uma obra do pintor holandês Frans Hals (1580-1666), que começou a sua obra de artista independente bem mais tarde. Foi aluno do pintor e escritor Karel van Mander e foi membro da Guilda de São Lucas, chegando a presidi-la. Tornou-se um importante retratista da burguesia holandesa.

Frans Hals possuía um aguçado poder de observação, captando com facilidade a expressão dos retratados, o que o levou a produzir uma forma de retrato realista, que foi uma constante em seu trabalho artístico, tornando-o um dos mais famosos retratistas da pintura holandesa. Retratou beberrões, atores, músicos, ciganos e cidadãos da sociedade, dentre outros, sendo as obras “A Cigana” e “O Cavaleiro Sorridente” as mais famosas. Gostava de pintar, normalmente, as pessoas divertindo-se, como se capturasse um momento vivido, repassando-o para seu trabalho.

A composição acima é uma pintura de gênero. Nela, o pintor emprega tons claros e o uso de larga área fortemente colorida para efeito de contraste. Pela posição em que se encontra, tem-se a impressão de que o retratado, impregnado de vitalidade, foi congelado no tempo, com seus lábios entreabertos, com se estivesse prestes a proferir alguma palavra, com a  mão direita aberta, num gesto típico que acompanha a fala, como se fotografado tivesse sido.

Obs.: A tela foi assinada com o monograma do pintor.

Ficha técnica
Ano: c. 1628
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 79,5 x 66,5 cm
Localização: Rijksmuseum, Amsterdam, Holanda

Fontes de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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