Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Giorgio Morandi – PAISAGEM

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Giorgio Morandi (1890 – 1964) veio de uma família muito modesta da cidade de Bolonha, onde nasceu. Seu pai Andrea era um pequeno comerciante e sua mãe Maria Maccaferri dona de casa. Foi o primeiro de cinco irmãos.  Após os estudos regulares, trabalhou no escritório de seu pai por um tempo. Embora sua cidade fosse desprovida de tradições artísticas, ali havia uma Academia de Belas Artes, onde o rapazinho veio a estudar, mesmo percebendo que o ensino ministrado pela academia era muito limitado. Ele passou a completar sua instrução com a leitura de livros e revistas de arte, vindas da França, pois naquela época a Itália vivia um período de relativa obscuridade.

A composição intitulada Paisagem, uma das primeiras telas de Morandi, mostra a influência do pintor francês Paul Cezánne – por quem o artista sentia grande admiração – ao apresentar as massas levemente esquematizadas e geometrizadas. Contudo, o tratamento que ele deu às cores assim como a luminosidade presente nesta obra já são próprios de seu estilo, como poderemos ver nas partes claras, cheias de sensibilidade.

Ficha técnica
Ano: 1911
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 52 x 37,5 cm
Localização: Pinacoteca de Brera, Milão, Itália

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Morisot – DIA DE VERÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

Seu nome e seu talento já são muito importantes para nós, para que possamos prescindir dela. (Edgar Degas)

A impressionista francesa Berthe Morisot (1841 – 1895) veio de uma influente família. Seu pai era administrador e formado em arquitetura e sua mãe era sobrinha-neta de Jean-Honoré Fragonard, famoso pintor do Rococó. Foi copista do Museu do Louvre, onde teve a oportunidade de conhecer muitos artistas e professores como Camille Corot, pintor de paisagens. Foi sob a influência dele que ela começou a pintar ao ar livre. Foi a primeira mulher a fazer parte do grupo dos impressionistas. É tida como uma das grandes pintoras do Impressionismo, juntamente com Marie Bracquemond e Mary Cassatt. Seus trabalhos foram muito importantes na inovação deste estilo. Foi casada com Eugène Manet, irmão do pintor Édouard Manet.

A composição intitulada Dia de Verão é uma obra da artista que mostra uma cena ao ar livre. Duas mulheres elegantemente vestidas estão fazendo um passeio pelo lago, dentro de um barco descentralizado, ocupando todo o primeiro plano. A que se encontra à direita, vestindo um casaco azul, tem parte do corpo cortado pela margem da tela. Ela observa atentamente os cisnes nadando no lago. A jovem à direita, com as mãos cruzadas e com uma sombrinha descansando em seu colo, olha atentamente para o observador.

A obra repassa a impressão de que a cena foi rapidamente capturada pelos pinceis da artista. A presença de uma pequenina carruagem puxada por cavalos, passando rapidamente ao longo da margem do lago, no espaço centralizado entre as duas cabeças das mulheres, reforça tal impressão. A artista usou pinceladas rápidas em ziguezague para pintar as aves, os reflexos no lago e as duas mulheres que aparecem em outras obras suas. Seu nome foi escrito na madeira do barco.

Ficha técnica
Ano: 1879
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 45,7 x 75,2 cm        
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

 Fontes de Pesquisa:
Impressionismo/ Editora Taschen
https://www.nationalgallery.org.uk/paintings/berthe-morisot-summers-day
http://www.impressionism.org/teachimpress/browse/lesson4.htm

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Jigoku Zoshi – MAQUIMONOS DO INFERNO

Autoria de Lu Dias Carvalho

No período de Kamakura no Japão (1185 – 1333) o país foi assolado por longas guerras civis, calamidades e muita miséria. Em razão disso, o pensamento religioso tornou-se pessimista, concluindo que todos os pecados deveriam ser espiados.

A arte – responsável por retratar os momentos tensos da história humana – logo tomou o caminho esperado. Cenas de juízo final e punição eterna passaram a multiplicar-se na arte sacra do país, sendo descritas nos textos canônicos.

Alguns maquimonos (escrita ou pintura aplicada a um papel que se enrola) passaram a ilustrar, com exagerados pormenores, os tormentos e agonias sofridas pelos seres humanos que iam parar num dos chamados “Oito Infernos”.

Este maquimono, pintado a cores sobre papel, apresenta o padecimento em forma de uma nuvem de fogo. Aqui estão sendo queimados os pecadores que cometeram transgressões  tais como terem bebido demais em vida; posto água no vinho de alguém; feito outros beber sem que quisessem; embebedado monges para em seguida zombarem deles, etc.

Sob as chamas ensandecidas e rubras que sobem aos céus, monstros são vistos empurrando os seres humanos que tentam delas fugir. Apesar da temática escabrosa é impossível não ver beleza nas chamas com seus vigorosos ritmos lineares.

Ficha técnica
Ano: fim do séc. XII
Autor: Jigoku Zoshi
Período Kamakura
Dimensões: 26,1 x 242,1 cm
Localização: Museu Nacional de Tóquio, Japão

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
O Japão/ Louis Frédéric

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Hogen En’i – BIOG. ILUST. DO MONGE IPPEN

Autoria de Lu Dias Carvalho

O monge Ippen Shônin (1239 – 1289) ganhou uma série com 12 maquimonos que ilustram a sua vida e o seu trabalho. Esta é a sétima delas. Ele foi o fundador da seita budista Ji-shu em 1275, cujo objetivo era recitar continuamente o Nembutsu (invocação budista que significa “Em nome de Buda”). Ippen Shônin pregava que, para salvar o Japão, seria preciso contar com a intercessão do misericordioso Buda Amitabha.

Ippen Shônin teve a sua biografia compilada por um de seus discípulos e ilustrada por Hogen En’i, um pintor japonês que viveu entre os séculos XIII e XIV, 10 anos após a morte de Ippen. As principais partes da ilustração dizem respeito aos principais acontecimentos da vida do monge em seu trabalho de pregação, incluindo os lugares por onde ele passou.

A cena vista neste maquimono mostra inúmeros personagens, realizando as mais diferentes tarefas, junto a uma ponte que cruza o Rio Katsura, na cidade de Quioto, onde o monge viveu.

Ficha técnica
Ano: 1299
Autor: Hogen En’i
Período Kamakura
Dimensões: 32,8 x 802 cm
Localização: Museu Nacional de Tóquio, Japão

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
O Japão/ Louis Frédéric

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Tengu Zoshi – ILUSTRAÇÕES DO TENGU

Autoria de Lu Dias Carvalho

Yamato era um estilo de pintura que foi progressivamente abandonado lá pelo final do século XIII no Japão, mas que retornou no fim do período Edo. Um dos temas mais comuns nesse estilo de pintura era a crítica mordaz direcionada aos monges que, apesar de pregarem a santidade, levavam uma vida mundana, principalmente os dos grandes templos.

Tais monges eram vistos pelos pintores das famílias Tengu Zoshi – extremamente satíricos – com grande ironia e amargura. Eram comparados aos “tengu” – seres das lendas budistas e do folclore japonês, gênios oniscientes, peritos na arte militar – tidos como sete espíritos do mal, responsáveis pelas calamidades naturais.

O maquimono apresenta um detalhe em que um grupo de monges e fiéis são mantidos à distância por um monge armado de bastão que os impede de se aproximar de uma área sagrada. Numa plataforma, à esquerda, duas pessoas dançam.
 
Ficha técnica
Ano: fim do séc. XIII
Autor: Tengu Zoshi
Período Kamakura
Dimensões: 29,4 x 1074,2 cm
Localização: Museu Nacional de Tóquio, Japão

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
O Japão/ Louis Frédéric

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Juni Shinso – GUARDIÃO DIVINO

Autoria de Lu Dias Carvalho

Yakushi Nyorai (Bhaisajyaguru em sânscrito) é uma divindade budista, ou seja, é o Buda da medicina. É o “doutor das almas e do corpo”, sendo muito clamado nas atribulações ocasionadas pelas doenças.

Os “Doze Guardiães Divinos” – possuidores da mesma graduação dos “reis do céu” – têm como tarefa proteger a fé budista tanto contra os maus espíritos capazes de fazer o mal quanto daqueles que descumprem a lei.

A estátua acima, esculpida em madeira de cipreste, retrata um desses permanentes vigias e protetores do Budismo. Sua figura gigantesca faz menção de desembainhar a espada para o ataque. Traz o nariz franzido, o cenho fechado e os lábios comprimidos. Seus olhos mostram-se ameaçadores e os cabelos se parecem com línguas de fogo. Tudo nele parece ameaçador, mas sua aparente maldade diz respeito ao zelo que ele tem por sua missão. Tanto a sua expressão de zanga quanto seu gesto ameaçador farão os espíritos ruins retroceder.

Ficha técnica
Ano: séc. XIII
Autor: Juni Shinso
Período Kamakura
Dimensões: 77,3 cm de altura
Localização: Museu Nacional de Tóquio, Japão

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
O Japão/ Louis Frédéric

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