Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Matisse – TORSO DE GESSO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Henri-Émile-Benoit Matisse (1869 – 1954), uma das principais figuras francesas da arte moderna, nasceu no norte da França, numa família de pequenos comerciantes de cereais. Seus pais mudaram pouco tempo depois para Paris, onde seu pai tornou-se funcionário de uma loja de tecidos e sua mãe costureira em Passy. Para melhorar sua situação financeira, a família mudou-se para Bohain-en-Vermandois onde prosperou, vindo a ser dona de um armazém de tintas e grãos. Henri Matisse teve uma infância tranquila, estudando numa boa escola em Saint-Quintin, onde foi um aluno mediano.  O futuro artista nutria um especial pendor pelos tecidos, fazendo ele próprio a escolha de suas roupas, vindo mais tarde a pintar panos e a criar tapeçarias e vestuários para os espetáculos de teatro coreográficos.

A composição intitulada Torso de Gesso, e também Torso de Gesso e Buquê de Flores, foi pintada no interior da casa do artista. Trata-se de uma de suas maravilhosas criações em que ele equilibra harmonia e arte decorativa. Encontra-se no acervo do MASP desde 1958.

O quadro apresenta uma mesa simples de madeira, despojada de forro, sobre a qual se encontram um vaso de cristal com flores amarelas e cor-de-rosa e, ao lado, um torso feminino em gesso branco, meio inclinado para o observador. À esquerda, uma única cadeira de madeira compõe-se com a mesa.

Na parede azul-celeste, ao fundo, estão dois quadros. O maior apresenta o corpo de uma mulher nua (Vênus), agachada, como se fosse ela o modelo do torso, compondo, assim, um diálogo entre os elementos presentes no primeiro plano com os que se encontram em segundo. É possível observar que o corpo da mulher que se mostra no quadro da parede está na mesma posição do torso (excluindo a pequena parte das coxas), só que ao contrário,

A cortina branca e azul detrás da cadeira apresenta arranjos florais. Dois outros quadros estão no chão, recostados na parede. Não há nenhuma preocupação do artista com a perspectiva, pois para ele as cores eram a parte primordial da pintura. A representação do torso de gesso e a figura de Vênus presentes na composição são vistos como elementos clássicos da expressão realista, porém idealizada, do corpo humano, característica da arte renascentista.

Ficha técnica
Ano: 1919
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 113 x 87 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Plaster Torso with Bouquet of Flowers

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Toulouse-Lautrec – DIVÃ

Autoria de Lu Dias Carvalho

O vermelho alude à cor dos salões fechados, dos bordéis parisienses que ele frequentava. O vermelho é usado, na tradição da pintura, como a cor dos heróis, dos santos, do sacrifício, do luxo. E Toulouse-Lautrec o usa de uma forma quase irônica, frequentemente, por personagens que são quase os novos heróis da vida moderna, que de heroico tem muito pouco. (Luciano Migliaccio)

Henri-Mari-Raimond de Toulouse-Lautrec (1864-1901) foi o primeiro filho do conde Alphonse de Toulouse-Lautrec e da condessa Adèle Tapié de Celeyran, primos em primeiro grau, família abastada e ilustre, tendo nascido na cidade de Albi, no sudoeste francês. Henri cresceu num ambiente requintado. Desde pequeno gostava de desenhar, trazendo os primeiros indícios do que se tornaria no futuro. Quando tinha nove anos de idade, sua família mudou-se para Paris, onde foi matriculado numa das mais importantes instituições europeias.

Esta composição intitulada Divã é uma das obras do artista pós-impressionista que fazem parte do acervo do MASP desde 1952. Toulouse-Lautrec era um excelente desenhista, capaz de retratar com traços rápidos as figuras que encontrava pelos teatros, bailes, circos, bares e bordéis. Nesta obra ele retrata um grupo de quatro prostitutas sentadas em poltronas de veludo escarlate, de encosto alto, de um luxuoso bordel parisiense, enquanto aguardam seus clientes. Uma delas, à esquerda, joga cartas.

Não há qualquer alusão ao sexo na pintura do artista que não as julga, mas as vê como seres humanos, captando apenas o seu lado psicológico. A mulher de vermelho, voltada para o observador, parece distante, assim como a que se encontra à sua direita, usando roupa branca. A mulher de verde, também à direita, recebe um corte incomum. A mulher à esquerda, usando um vestido cor-de-rosa, quase se funde com o vermelho do sofá. O artista mostra que enquanto não chegavam os fregueses, a atmosfera no salão era de grande tédio. Ele captou brilhantemente esta sensação, mostrando a apatia das prostitutas.

Ficha técnica
Ano: 1893
Técnica: óleo sobre cartão
Dimensões: 60 x 80 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Picasso – O ATLETA

Autoria de Lu Dias Carvalho

Não procuro, encontro. (Pablo Picasso)

 Não existe arte abstrata, é necessário começar sempre por alguma coisa: mas, em seguida, pode-se retirar toda a aparência da realidade, porque a ideia do objeto deixou uma marca indelével. (Pablo Picasso)

O espanhol Pablo Ruiz Picasso (1881 – 1973) nasceu em Málaga, na Espanha. Era filho de José Ruiz Basco e Maria Picasso y Lopez. Começou a desenhar aos sete anos de idade sob a supervisão de seu pai, professor de desenho. A seguir, sua família mudou-se para La Coruña. Aos 14 anos, ele foi para Barcelona com a família, vindo a estudar na Escola de Belas Artes, firmando-se como pintor.

A composição intitulada O Atleta, também conhecida como Busto de Homem, é uma das primeiras telas cubistas do artista, pintadas em Horta de Ebro, executada dois anos antes de sua famosa composição – “As Senhoritas de Avignon”. Encontra-se no acervo do MASP desde 1958.

Em sua obra, o artista mostra a exuberância dos músculos de um jovem ginasta em que as linhas de força sobrepõem às feições naturais, sendo ele talhado em esquemas geométricos (cilindro, cone, esfera). A figura masculina, sem camisa, é vista da cintura para cima, composta por tons terrosos e o bege. Seu rosto sério é composto por maçãs proeminentes e um grosso nariz. Apresenta uma boca bem feita e os olhos voltados para o exterior. Duas grandes entradas destacam-se em sua cabeça arredondada, encimando a testa alta. O modelo da obra chamava-se Joaquim Antonio Vives Terrats.

Ficha técnica
Ano: 1906
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 93 x 72 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.unicamp.br/chaa/rhaa/downloads/Revista7

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Léger – COMPOTEIRA DE PERAS

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor normando Fernand Léger (1881 – 1955) iniciou seus estudos num colégio de Argentan, cidade onde nascera. De lá foi para uma escola religiosa em Tinchebray. Com a morte de seu pai, um criador de gado, ficou sob a responsabilidade da mãe e de um tio que, ao notarem sua queda para o desenho, enviaram-no para a cidade de Caen, onde viria a estudar arquitetura que, sob seu ponto de vista, era mais importante do que a pintura.

Léger seguiu para Paris quando contava com 19 anos de idade, indo trabalhar num estúdio de arquitetura como desenhista. Ao ser recusado como aluno pela Escola de Belas-artes, passou a estudar na Escola de Artes Decorativas. Infelizmente não existem trabalhos deixados pelo artista referentes a tal período, pois ele destruiu tudo que obrara até 1905. E mais uma vez Cézanne teve fundamental importância na vida de um artista. Léger encantou-se com seu trabalho, sendo-lhe fiel até o final de sua vida.

A composição intitulada Compoteira de Peras é uma obra do artista, um dos protagonistas da pintura contemporânea, sendo o criador daquilo que se chamou “maquinismo pictórico”, pois tudo em sua obra adquiria o aspecto de aparelhos mecânicos. Sobre a mesa da cozinha são visto inúmeros objetos, dentre eles a compoteira, à esquerda, com três peras verdes. Este quadro encontra-se no acervo do MASP desde 1948.

Ficha técnica
Ano: 1923
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 80 x 100 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Guido Reni – LUCRÉCIA

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Guido Reni (1575 – 1642) foi aluno do artista holandês Denis Calvaert que vivia próximo a Bolonha, vindo depois a trabalhar com seu mestre. Também frequentou a Academia dos Carracci, em Bolonha, onde viveu o resto de sua vida, embora tenha feito viagens a Roma, Ravena e Nápoles. Após a morte de Annibale Carracci, ele veio a tornar-se mestre da pintura barroca em Bolonha. Sua obra é composta por afrescos, narrativas mitológicas, retábulos e retratos.

A composição denominada Lucrécia, também conhecida como O Suicídio de Lucrécia, é uma obra do artista. Durante os séculos XVI e XVII esta temática foi altamente recorrente no campo das artes. Ao contrário das inúmeras telas do pintor com este mesmo tema, esta Lucrécia apresenta-se abatida, terna e sentimental, sem a coragem que demonstra em outros de seus trabalhos. Ela está mais parecida com a imagem de uma santa martirizada.

A jovem Lucrécia, numa representação de meio corpo, encontra-se sentada, seminua, com os pequenos seios à vista, diante de um cortinado e ao lado de um móvel. Como adorno, ela traz apenas brincos e um enfeite nos cabelos. A maior parte de seu corpo, que se inclina para a esquerda, ocupa o lado direito da tela. Sua pele branca está marcada por um pequeno corte abaixo dos seios e algumas gotas de sangue. A cabeça, voltada para cima sugere que esteja a fitar algo.

Uma túnica branca envolve a parte esquerda do corpo de Lucrécia, transpassando-lhe a cintura e colocando em destaque seu ferimento. Sua mão esquerda segura a túnica, como se ela quisesse dar mais visibilidade à ferida. Na mão direita, assentada sobre o colo coberto com um tecido azul, está a adaga responsável pelo ferimento.

Esta obra encontra-se em solo brasileiro, tendo sido doada ao MASP, em 1958, pelo príncipe Lubomirski e sua esposa.

 Nota: Lucrécia foi uma dama romana, filha de um dos prefeitos de Roma (Espúrio Lucrécio) e mulher de Lúcio Tarquínio Colatino. Segundo os historiadores da época, ela foi abusada sexualmente por Sexto, filho de Tarquínio, o Soberbo, suicidando-se após contar ao pai e ao marido o que lhe acontecera e pedir vingança.

 Ficha técnica
Ano: c.1625/1640
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 113 x 90 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Cézanne – ROCHEDOS EM L’ ESTAQUE

Autoria de Lu Dias Carvalho

Aqui há belíssimas vistas, porém, isto não é suficiente para oferecer o motivo. Todavia, quando o sol pousa, subindo um pouco, há uma bela vista de Marselha e das ilhas ao fundo, tudo envolvido na luz do crepúsculo, dando um belo efeito decorativo. (Cézanne)

 Cézanne concebeu a pintura como pesquisa pura e desinteressada, semelhante à do cientista ou do filósofo. (Giulio Argan)

O pintor francês Paul Cézanne (1839 – 1906) era filho do exportador de chapéus Louis-Auguste Cézanne que depois se tornou banqueiro e de Anne-Elisabeth-Honorine Aubert, tendo nascido na pequena cidade de Aix-en-Provence. Teve duas irmãs, Marie e Anne, nutrindo uma relação mais forte com a primeira que sempre tomava o seu lado, em relação ao autoritarismo do pai. Cézanne e Marie nasceram quando seus pais ainda mantinham uma relação secreta.

A composição denominada Rochedos em L’Estaque é uma obra do artista e encontra-se em solo brasileiro. Faz parte do acervo MASP desde 1953. Trata-se de uma maravilhosa tela, uma das obras-primas do pintor, executada nas cercanias do vilarejo, onde ele viveu durante muito tempo.  Retrata as rochas com seus fortes volumes, vistos de baixo para cima. Sobre elas encontram-se uma escassa vegetação. É possível ao observador captar o peso e a aspereza dos rochedos que contrastam com o pedaço de mar azulado a perder-se no horizonte, sob um céu de um suave azul.

O vilarejo montanhoso de L’Estaque (sul da França) e seus arredores serviram de morada e de inspiração para muitos pintores impressionistas e pós-impressionistas, tendo Paul Cézanne imortalizado o lugar com inúmeras composições. Ele aproveitava a mudanças das estações, nas quais estavam embutidas as transformações da luz diurna, para pintar várias partes da aldeia. A casa que lhe serviu de moradia e refúgio durante a guerra de 1870 oferecia-lhe uma majestosa vista, propiciando-lhe trabalhar com a luz e a sombra. Assim, ele a descreveu: “Há umas rochas que começam atrás da minha casa e pinheiros…”.

Ficha técnica
Ano: 1882 a 1885
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 73 x 91 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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