Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Van Gogh – NATUREZA MORTA COM FLORES

Autoria de Lu Dias Carvalho

A arte é o homem acrescentado à natureza: a natureza, a realidade, mas com um significado, um personagem, que o artista traz e ao qual ele dá expressão, que ele libera, emancipa, ilumina. (Van Gogh)

 O genial pintor holandês Vincent van Gogh (1853 – 1890) é, sem sombra de dúvidas, um dos grandes nomes da pintura universal. Mas não é fácil falar sobre ele, pois suas paixões e sentimentos estão ligados à arte de tal forma que não é possível ater-se ao seu trabalho sem mergulhar na nobreza de sua alma impregnada de nobres ideais, aos quais se entregou, a ponto de sacrificar a própria vida, pois nele tudo funcionava como um todo indivisível e exacerbante ao extremo. Contudo, a sua genialidade artística só foi reconhecida após sua morte. Mesmo tendo pintado 879 quadros em menos de uma década, só conseguiu vender um, A Vinha Vermelha, por um valor insignificante. Atualmente, seus quadros estão entre os mais caros do mercado das grandes obras de arte.

A composição denominada Natureza-Morta com Flores ou ainda Natureza-Morta com Prato, Vaso e Flores é uma obra da primeira fase do pintor, ainda sem o arrebatamento que seu trabalho traria anos depois, quando se tornaria repleto de luminosidade e de formas perturbadoras que viriam, após sua morte, a encantar o mundo das artes.

O quadro apresenta um grande prato de cerâmica, tendo à frente um vaso azul. Um segundo vaso está virado próximo a um livro. Flores diversas espalham-se pelo local. Esta obra faz parte do acervo do MASP desde 1954.

Ficha técnica
Ano: 1884/1885
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 54 x 45 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Manet – BANHISTAS NO SENA

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor francês Édouard Manet (1832 – 1883) nasceu em Paris, numa família de classe alta, sendo seu pai juiz e sua mãe filha de um diplomata francês. Era o mais velho dos três irmãos: Eugène que viria a se casar com a pintora Berthe Marisot e Gustave. Embora tivesse tido uma criação muito rigorosa, encontrando a oposição de seu pai em relação à carreira de artista, seu tio Édouard Fournier, irmão de sua mãe,  levava-o ao Louvre para conhecer os grandes mestres da pintura e da escultura.

A composição Banhistas no Sena é um trabalho do artista. Ele apresenta duas mulheres comuns, tomando banho no rio Sena. A que se encontra em primeiro plano está sentada sobre uma pedra, à esquerda, nua, consertando seus cabelos escuros. Ela se encontra ligeiramente de perfil. Seus seios são pequenos e sua barriga saliente. A vegetação da margem deixa um sombreado em parte de sua cabeça e braços. A outra mulher, em segundo plano, encontra-se também nua, dentro do rio, de costas para o observador, com o rosto voltado para a direita, deixando à vista parte de seu seio direito.

Até então, as mulheres nuas eram heroínas, deusas ou ninfas com seus corpos perfeitos, mas Manet ousou representá-las como pessoas comuns, com seus corpos imperfeitos. Este foi um dos motivos para torná-lo tão incompreendido em seu tempo, deixando de ser visto como artista inovador, na vanguarda de sua época, como é compreendido hoje. Esta pintura já é um prenúncio das obras que viriam.

Nesta tela é possível notar que o artista havia pintado uma perna mais flexionada, próxima à pedra, debaixo da mulher em primeiro plano, com o pé mergulhado na água. Concluímos que aquela posição não o agradou, levando-o a pintar uma segunda em que a ponta do pé da modelo apenas toca levemente a água. Contudo, essa primeira perna pintada foi muito mal apagada, ficando ainda bem perceptível aos olhos do observador. Não se trata, portanto, de uma obra inacabada, como pensaram alguns. O artista era um inovador.

Nesta pintura também podemos observar como Manet era econômico nos detalhes. Sua arte praticamente resumia-se ao essencial. Na margem esquerda do rio Sena aparece o verde condensado de suas matas. Esta obra encontra-se em solo brasileiro, no acervo do MASP, desde 1951.

Ficha técnica
Ano: 1876
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 132 x 98 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://peneira-cultural.blogspot.com.br/2014/02/edouard-manet-impressionista-so-que-

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Renoir – RETRATO DE MARTHE BÉRARD

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor francês, Pierre-Auguste Renoir (1841-1919) alegrava-se por ter nascido numa família de grande talento manual, onde havia alfaiates, ourives e desenhista de modas. Para ele teria sido mais difícil se tivesse nascido numa família de intelectuais, pois teria levado muito tempo para se livrar das ideias recebidas. De origem humilde, aos 13 anos de idade, Renoir deu início à sua carreira artística, pintando porcelanas, cortinas e leques para ajudar financeiramente sua família, composta por mais seis irmãos. Émile Laporte, seu colega nas aulas noturnas da Escola de Desenho e Arte Decorativa, incentivou-o a frequentar o ateliê do mestre suíço Charles Gleye, para que pudesse depois se ingressar na Academia, o que aconteceu dois anos depois.

A composição denominada Retrato de Marthe Bérard, também conhecida como Garota Vestindo uma Faixa Azul, é uma obra do pintor. Faz parte do acervo do MASP desde 1952. Renoir fez inúmeros retratos de crianças, na maioria das vezes valendo-se de uma técnica em que usa cores vistosas e trabalha minuciosamente nos detalhes. O retrato da gatorinha Marthe Bérard, porém, em relação aos demais, é mais comedido, ou seja, um tanto frio. Não é possível, contudo, deixar de observar a maestria do pintor, ao lidar com os pretos e azuis, brancos e cinzas da pintura.

Marthe Bérard, que tinha apenas nove anos quanto teve este seu retrato pintado, é apresentada numa pose de garota bem-comportada. Ela era filha de Paul Bérard, um importante diplomata e um dos mais significativos colecionadores das obras de Renoir.

Ficha técnica
Ano: 1879
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 128 x 75 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Van Gogh – PASSEIO AO CREPÚSCULO

Autoria de Lu Dias Carvalho

As forças da alma estão presentes tanto no homem como na paisagem. (Van Gogh)

Não é muito mais belo, glorioso e magnífico imaginar as árvores da floresta a arder em direção aos céus como tochas da alma, do que velas apenas como focos de luz que iluminam a escuridão dos nossos fornos? Será por isso que atingem aquela altura imponente? O próprio sol não pode iluminar o mundo se não tiver almas que se apercebam da sua luz. (Van Gogh)

O genial pintor holandês Vincent van Gogh (1853 – 1890) é um dos grandes nomes da pintura universal. Mas não é fácil falar sobre ele, pois suas paixões e sentimentos estão ligados à arte de tal forma que não é possível ater-se ao seu trabalho sem mergulhar na nobreza de sua alma impregnada de nobres ideais, aos quais se entregou a ponto de sacrificar a própria vida, pois nele tudo funcionava como um todo indivisível e exacerbante ao extremo. Contudo, a sua genialidade artística só foi reconhecida após sua morte. Mesmo tendo pintado 879 quadros em menos de uma década, só conseguiu vender um – A Vinha Vermelha – por um valor insignificante. Atualmente, seus quadros estão entre os mais caros do mercado das grandes obras de arte. Quanta ironia!

A composição denominada Passeio ao Crepúsculo, também conhecida como Paisagem com Casal Caminhando e Lua-Crescente, é uma obra do artista, pintada durante a sua internação no sanatório de Saint-Paul de Mausole, em Saint-Rémy, na França. Ele se encontrava à época muito doente, tomado por alucinações, como mostram as suas árvores contorcidas, espalhadas por grande parte da tela, assim como a intensidade de suas pinceladas. É também um prenúncio da tempestuosidade de suas últimas paisagens de Auvers-sur-Oise, como “Campo de Trigo” em que corvos são vistos esvoaçando.

A paisagem crepuscular apresenta um casal em primeiro plano no meio de uma vegetação verde formada por oliveiras e ciprestes. Homem e mulher dialogam entre si, como mostra o gestual de seus corpos. O homem de barba e cabelos alaranjados (parecido com o próprio artista) usa roupa azul-violeta. A mulher usa um vestido amarelo que deixa visível um de seus pés. Sua mão direita está levantada e a cabeça voltada para a sua direita, como se mostrasse algo. O amarelo do vestido da mulher e o amarelo do céu contrastam com o azul da roupa do homem e o azul das montanhas. A energia das pinceladas e as cores fortes da paisagem demonstram o agitado mundo interior do artista.

Dois altos ciprestes aparecem ao fundo, à esquerda e à direita. Outros menores alinham-se a eles. Tanto as oliveiras quanto os ciprestes fizeram parte das paisagens do artista, quando ele se encontrava em Saint-Rémy. Uma lua-crescente estonteantemente amarela, envolta por uma auréola, aparece à esquerda, tendo um céu azul pincelado de amarelo como fundo. O horizonte flameja em tons vermelho e alaranjados. As montanhas ao fundo são pintadas em pinceladas diagonais, nas cores azul e preta.

Também nesta obra de Van Gogh está presente a influência da arte japonesa (japonismo), como mostram as cores vibrantes e o contorno de linhas grossas e escuras dos elementos presentes no solo. Esta composição pertence ao acervo do Masp deste 1958, sendo tida como um de suas obras  mais preciosas.

Ficha técnica
Ano: 1889/1890
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 52 x 47 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.1st-art-gallery.com/Vincent-Van-Gogh/Landscape-With-Couple-Walking-And-

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Monet – A CANOA SOBRE EPTE

Autoria de Lu Dias Carvalho


Estou novamente incomodado com coisas impossíveis de fazer: água com vegetação ondulante no fundo. (Monet)

Claude-Oscar Monet (1840 – 1926) nasceu em Paris, mas viveu a sua infância e adolescência em Le Havre, cidade portuária francesa para onde seus pais se mudaram, crescendo num ambiente burguês. Na sua casa, apenas a mãe, Louise, mostrava interesse pela pintura. O pai Adolphe não aceitava as inclinações do filho por tal arte, de modo que o relacionamento entre os dois começou a gerar conflitos. E piorou ainda mais quando o filho deixou a escola, pouco tempo antes de concluir os estudos.

A composição denominada A Canoa sobre o Epte ou também Passeio de Barco no Rio Epte ou simplesmente A Canoa no Epte, que faz parte de uma série, é uma obra do artista impressionista francês que a manteve em seu atelier até a sua morte, sendo herdada por seu filho Michel. Hoje se encontra em solo brasileiro. Faz parte do acervo do MASP desde 1953.

Monet sempre teve predileção por temas envolvendo água, como podemos ver em suas famosas “Ninfeias” e nas paisagens de Argenteuil. As duas garotas que serviram de modelo para este quadro e que posaram para uma série de trabalhos de Monet são as irmãs Blanche e Suzanne Hoschedé, filhas do primeiro casamento de Alice Hoschedé, segunda esposa do artista. O rio Epte banhava a propriedade de Giverny.

As moças estão sentadas dentro da canoa, uma de frente para a outra, sendo que apenas uma delas rema. Elas parecem fora de foco em razão do movimento da canoa na água. O pintor capta a luminosidade das figuras em cor-de-rosa que, além de contrastar com o verde das águas e da vegetação, parecem dissolver seus volumes em vibrações cromáticas. No fundo do rio é vista uma vegetação ondulante, algo difícil de fazer, segundo o artista. Chama à atenção a visualidade da água obtida pelo artista.

A embarcação é retratada na posição horizontal, começando pelo centro lateral da tela, à direita, e inclinando-se para cima, à medida que se dirige para a esquerda. A margem atrás da canoa é formada por folhas e flores de um azul-esverdeado, mostrando-se iluminada pelos raios do sol. As águas do rio que ocupa a maior parte da tela também recebem os reflexos luminosos do sol. A moça à direita não traz o corpo todo à vista, devendo o observador completá-lo com a imaginação, assim como o restante da canoa.

Ficha técnica
Ano: c. 1890
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 133 x 145 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://wikivisually.com/wiki/Boating_on_the_River_Epte

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Degas – MULHER ENXUGANDO-SE

Autoria de Lu Dias Carvalho


Faça linhas, muitas linhas, seja da memória ou da natureza. (Ingres)

 Degas foi um fecundo retratista de mulheres em momentos íntimos. Além das banhistas, das bailarinas nuas descansando, das prostitutas em bordéis, retratou outras tantas se vestindo, tocando-se, penteando-se ou sendo massageadas. (Eduardo Carvalho)

O pintor impressionista Edgar Degas (1834 – 1917) nasceu em Paris. Era o primeiro filho de Pierre-Auguste Hyacinth de Gas, banqueiro, e de Celéstine Musson. Tratava-se de uma tradicional família francesa, muito rica e culta. Seu pai era um homem que nutria grande admiração pelas artes, especialmente pela música e pelos pintores italianos do Renascimento. Portanto, não causa surpresa o fato de o garoto ter mostrado sua vocação artística desde cedo.

A composição conhecida como Mulher Enxugando-se ou também Mulher Enxugando o Braço Esquerdo e ainda Mulher Enxugando o Braço Esquerdo após o Banho é uma obra do artista que era encantado pelas sensações das formas em movimento, como mostram muitas das suas pinturas representando circos, hipódromos, teatros, escolas de dança, etc. Ele levou a sério a sugestão de Ingres: “Faça linhas, muitas linhas, seja da memória ou da natureza”. Suas figuras ligeiramente esboçadas são luminosas e sugestivas.

O quadro em questão retrata uma mulher nua, sentada na cama sobre uma imensa toalha branca,  estando de costas para o observador, enquanto enxuga o braço esquerdo. Seu corpo encontra-se dobrado para frente, ligeiramente virado para a esquerda. Traz a perna esquerda voltada para baixo, com o pé apoiado no tapete, enquanto a direita descansa na cama. A posição em que se encontra acentua a linha de sua coluna vertebral. Esta obra encontra-se em solo brasileiro, no acervo do MASP, desde 1954.

Degas fez uma série de fotografias, de esboços preliminares e de obras concluídas de nus solitários em tons pastéis e óleos, sendo a maioria vista por trás, durante as décadas de 1880 e 1890, dentre as quais se encontra esta composição. São mulheres tomando banho ou dançando em diferentes posições. Alguns estudiosos chegam a dizer que o artista era um “voyer”. Ele mesmo dizia que tais obras tinham por objetivo levar ao observador a sensação de se encontrar olhando pelo  “buraco da fechadura”.

Ficha técnica
Ano: c. 1844
Técnica: pastel sobre papel
Dimensões: 57,6 x 63,7 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Midia/Um-certo-Degas-voyeurista/12/10414

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