Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Van Gogh – A ARLESIANA

 Autoria de Lu Dias Carvalho

O genial pintor holandês Vincent van Gogh (1853 – 1890) é, sem sombra de dúvidas, um dos grandes nomes da pintura universal. Contudo, não é fácil falar sobre ele, pois suas paixões e sentimentos estão ligados à arte de tal forma que não é possível ater-se a seu trabalho sem mergulhar na nobreza de sua alma impregnada de nobres ideais, aos quais se entregou, a ponto de sacrificar a própria vida, pois nele tudo funcionava como um todo indivisível e exacerbante ao extremo. Contudo, a sua genialidade artística só foi reconhecida após sua morte. Mesmo tendo pintado 879 quadros em menos de uma década, só conseguiu vender um, A Vinha Vermelha, por um valor insignificante. Atualmente, suas pinturas estão entre as mais caras do mercado das grandes obras de arte. Em 1990, o retrato O Dr. Gachet foi vendido por 82 milhões de dólares.

A composição denominada Arlesiana, também conhecida como Retrato de Madame Ginoux ou ainda A Mulher de Arles, é a transposição pictórica de um desenho esboçado por Paul Gauguin, quando ele e Vincent van Gogh conviviam em Arles. A retratada é Mme. Ginoux, cujo marido Joseph-Michel Ginoux era o arrendatário do “Café de la Gare” da estação ferroviária do lugar.

A figura em branco e preto, sentada à mesa com a mão esquerda descansando sobre o rosto, foi fortemente estruturada em suas linhas construtivas.  Seus grandes olhos encimados por sobrancelhas arqueadas fitam o observador. Ela ganha destaque ao contrastar-se com a parede avermelhada, ao fundo, com o verde mais escuro que cobre a mesa e o mais claro que dá cor aos livros cujos títulos estão em dourado. As cores da obra são características das que artista usava durante o curto período em que viveu em Arles. Este quadro pertence ao acervo do MASP desde 1954.

 Ficha técnica
Ano: 1890
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 65 x 54 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Renoir – MENINA COM AS ESPIGAS

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor francês Pierre-Auguste Renoir (1841-1919) alegrava-se por ter nascido num família de grande talento manual, onde havia alfaiates, ourives e desenhista de modas. Para ele teria sido mais difícil se tivesse nascido numa família de intelectuais, pois teria levado muito tempo para se livrar das ideias recebidas. De origem humilde, aos 13 anos de idade ele deu início à sua carreira artística, pintando porcelanas, cortinas e leques para ajudar financeiramente sua família composta por mais seis irmãos. Émile Laporte, seu colega nas aulas noturnas da Escola de Desenho e Arte Decorativa, incentivou-o a frequentar o ateliê do mestre suíço Charles Gleye, para que pudesse se ingressar na Academia, o que aconteceu dois anos depois.

A composição denominada Menina com as Espigas, também conhecida como Menina com Flores, é uma obra do pintor. Faz parte do acervo do MASP desde 1952. Renoir fez inúmeros retratos de crianças, na maioria das vezes valendo-se de uma técnica em que usava cores vistosas,  trabalhando minuciosamente os detalhes, como acontece com esta pintura em que o artista usa um colorismo exuberante e superfícies esmaltadas, possivelmente lembrando a sua juventude, quando decorava leques e porcelanas.

Ficha técnica
Ano: 1888
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 65 x 54 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Gauguin – POBRE PESCADOR

Autoria de Lu Dias Carvalho

Conheci a miséria extrema, o que significa passar fome e tudo que se lhe segue. Isso não é nada, ou quase nada. A gente se acostuma e, tendo boa vontade, pode até rir disso. (…) Com muito orgulho, acabei por conseguir bastante energia. Eu quis querer. (Paul Gauguin)

 O pintor francês Eugène Henri Paul Gauguin (1848 – 1903) era filho do jornalista e cronista político Clovis Gauguin e de Aline-Marie Chazal, cuja família pertencia à nobreza espanhola, que se mudou para o Peru na época da conquista daquele país. Tinha uma única irmã, Marie, dois anos mais velha do que ele. Sua origem era mestiça (francesa, espanhola e peruana). Sua avó, que militava na defesa dos indígenas, era filha de um nobre peruano.

A composição denominada Pobre Pescador é obra do artista. Trata-se de um retorno à vida elementar e à natureza primitiva, algo que o artista sempre buscou na solidão de uma ilha da Polinésia (Taiti), no seu contato com a gente simples do lugar. Esta obra melancólica faz parte do acervo do MASP desde 1958.

O pescador encontra-se nu, ajoelhado e sentado sobre os calcanhares, com o braço esquerdo descansando na canoa que se encontra à sua frente, numa praia desértica, enquanto segura um objeto semelhante a uma cuia de coco. Seu braço direito descansa ao longo de seu corpo. Ele parece introspectivo e frágil em meio à paisagem luxuriante. Dois coqueiros cruzam seus troncos à sua frente. Mais adiante, as águas batem de encontro a um rochedo.

Ficha técnica
Ano: 1896
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 75 x 65 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Tintoretto – ECCE HOMO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição Ecce Homo, também conhecida como Pilatos Apresenta Cristo à Multidão é uma obra do pintor italiano Jacopo Tintoretto (1518 – 1594), cujo nome de batismo era Jacopo Robusti. Embora não haja clareza em relação aos seus mestres, presume-se que entre eles estejam Ticiano, Andrea Schiavone e Paris Bardone. Além de ser considerado o mais importante pintor do estilo maneirista, Tintoretto também se apresenta entre os melhores retratistas de sua época.

Esta obra dramática pertence à fase juvenil do artista, ainda baseada nas lições de seu mestre Ticiano. A composição é feita em diagonal, trabalhada em claro-escuro, trazendo nas dobras das vestes serpenteantes reflexos de luz. Ela se encontra em solo brasileiro, sendo um dos quadros mais importantes do MASP, tendo sido incorporado à sua coleção em maio de 1949.

A figura iluminada e quase despida de Jesus Cristo foi despojada de seu manto vermelho que descansa na dobra de seu braço direito, descendo quase até o chão. Cristo encontra-se nas escadarias do palácio de Pôncio Pilatos, ladeado pelo governante romano e o sacerdote (lugar-tenente para alguns) com suas barbas brancas. Suas mãos estão amarradas e seu corpo cheio de chagas. Na cabeça ensanguentada traz a coroa de espinhos, banhada de luz, indicativa de sua divindade.

À esquerda, uma multidão comprime-se, trazendo o rosto voltado para cima, alguns em profunda tristeza, acompanhando a prisão do Mestre, outros indiferentes. Em meio a ela estão os soldados, como mostram um estandarte e onze lanças levantadas. O olhar de Pilatos não demonstra raiva, aparentando não saber o que fazer com aquele que se diz o “rei dos judeus”. Sua mão está a indicá-lo, pedindo ao povo que se pronuncie.

O personagem bem vestido e de pé na escada, próximo a um cavalo branco arreado, parece incitar as pessoas contra Cristo. Não foram encontradas explicações sobre o personagem ajoelhado na escada, voltado para o trio acima dele.   O céu mostra-se tão tempestuoso quanto a tragédia que se desenrola abaixo.

Os apóstolos Pedro e João aparecem na escadaria, à esquerda, inconformados com o acontecimento. O rosto do jovem João demonstra profundo abatimento, enquanto o de Pedro volta-se para o Mestre. Ao lado do jovem apóstolo está um cão preto deitado, aparentemente vadio, indiferente à crueza dos acontecimentos, assim como incerta é a sua sorte.

Ficha técnica
Ano: c.1547
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 109 x 136 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.cartacapital.com.br/revista/856/os-retratos-do-esplendor-1833.html

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Degas – BAILARINA DE QUATORZE ANOS

 Autoria de Lu Dias Carvalho

É uma responsabilidade demais deixar algo em bronze, esse material que é para a eternidade. (Edgar Degas)

 Com seu rosto camuflado e suas pernas flácidas, suas formas prematuras, ácidas, angulosas, irritantes, em sua graça de ídolo e aparência, trivial como uma menina suburbana e dependente austera, hierática e claustral como uma Isis milenar dos templos de Mênfis ou Luxor. (Louis Gillet)

 Nos desvios do traço, o rosto é preciso, as mãos e as pernas firmes no bronze, como se fossem carne congelada, longe das pinceladas difusas das telas do artista. (Silas Martí)

A escultura em bronze denominada Bailarina de Quatorze Anos, um dos grandes tesouros do modernismo francês, é obra do artista Edgar Degas. Seu trabalho em cera (ao invés do bronze ou do mármore) é a única escultura pelo artista titulada e exibida.

Existem 28 únicas reproduções em bronze da escultura original feita em cera (lançadas por herdeiros após a morte do artista), sendo que uma delas se encontra em solo brasileiro, no acervo do MASP, desde 1951. Ali também estão 73 bronzes do artista, divididos em grupos temáticos, excetuando a bailarina que se encontra ao lado de dois pastéis e um óleo do artista. Esta obra já deixou o MASP para passar dois anos e meio numa turnê mundial.

A cera usada por Degas para confeccionar sua bailarina era tingida com a cor da carne para dar mais realidade à obra. Para vestir sua bailarina, ele usou uma peruca de cabelos verdadeiros, um corpete, uma saia bufante de musselina que descia até os joelhos, sapatilhas cor-de-rosa, uma fita esverdeada amarrada aos cabelos. Somente a saia e a fita não estavam cobertas de cera. Contudo, o excesso de naturalismo perturbou e ofendeu muitos espectadores da época que a acharam feia e bizarra, embora o romancista J. K. Hysmans sobre a obra dissesse: “a única tentativa realmente moderna que conheço na escultura”. Eram poucos os contemporâneos do artista que se encontravam prontos para apreciar a sua obra-prima, um prenúncio do que traria o século XX.

A bailarina encontra-se na quarta posição da dança clássica, tendo as mãos levemente cruzadas atrás do corpo, como se estivesse atenta para entrar em cena. É a primeira escultura de que se tem conhecimento, trajando uma roupa real como parte da obra de arte. As saias curtas de várias camadas de tule franzido (tutus), usadas nas esculturas da bailarina, variam de museu para museu. A bailarina é sempre apresentada dentro de uma caixa de vidro, como fez o artista pela primeira vez.

A garotinha belga com seu corpo magricela e desajeitado que serviu de modelo para que Degas criasse sua escultura foi Marie van Goethem que pertencia ao Ballet da Ópera de Paris, sendo ela uma adolescente muito pobre e sem glamour. Seu rosto se parece com uma máscara ao adotar uma atitude desafiante, com os olhos semicerrados, voltados para cima, o queixo também erguido para o alto e os lábios finos curvados para baixo, como se fizesse birra. A sua expressão e o seu corpo franzino chamam à atenção tanto na obra em cera do artista quanto nas réplicas feitas em bronze.

Ficha técnica
Ano: 1880
Altura: 99 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.coresprimarias.com.br/ed_3/bailarina1_p.php#topo

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Renoir – BANHISTA ENXUGANDO-SE

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor francês Pierre-Auguste Renoir (1841-1919) alegrava-se por ter nascido num família de grande talento manual, onde havia alfaiates, ourives e desenhista de modas. Para ele teria sido mais difícil se tivesse nascido numa família de intelectuais, pois teria levado muito tempo para se livrar das ideias recebidas. De origem humilde, já aos 13 anos de idade ele deu início à sua carreira artística, pintando porcelanas, cortinas e leques para ajudar financeiramente sua família, composta por mais seis irmãos. Émile Laporte, seu colega nas aulas noturnas da Escola de Desenho e Arte Decorativa, incentivou-o a frequentar o ateliê do mestre suíço Charles Gleye, para que pudesse depois se ingressar na Academia, o que aconteceu dois anos depois.

A belíssima composição intitulada Banhista Enxugando-se é uma obra do pintor impressionista. Nos últimos anos de sua vida ele desenvolveu uma predileção pelos nus, tornando-os o centro de seu interesse, pintando inúmeros quadros. Os cenários tornaram-se reduzidos e a forma feminina ganhou suntuosidade em suas telas, sempre banhadas por grande luminosidade, normalmente controlada e disseminada. À medida que a figura feminina ia dominando o espaço de seus trabalhos, esse ia se tornando cada vez mais abstrato.

Esta tela que faz parte do acervo do MASP desde 1951 encontra-se entre os grandes nus pintados pelo artista, tendo sido criado em sua velhice, pois  foi a vida toda fascinado pelo corpo feminino. A garota que lhe serve de modelo é Gabrielle, uma jovem camponesa que trabalhava para sua esposa, mas que muitas vezes serviu de modelo para o grande mestre. Apenas um anel na mão direita enfeita o seu exuberante e dourado corpo nu.

Ficha técnica
Ano: c. 1910
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 84 x 65 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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