Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Ingres – MADAME MOITESSIER

 Autoria de Lu Dias Carvalho

Jamais foi o pincel de um artista incumbido de reproduzir feições mais bonitas, mais esplêndidas e mais soberbas. (Théophile Gautier)

O pintor francês Jean-Auguste-Dominique Ingres era admirável na pintura de retratos, como podemos ver através da obra intitulada Madame Moitessier que levou sete anos para ser concluída, pois Ingres estava sempre a introduzir modificações. Ainda assim não pareceu satisfeito, pois fez uma nova versão, intitulada “Madame Ines Moitessier”. Foi justamente no gênero do retrato, que o pintor considerava uma forma inferior de arte, e o qual muitas vezes usou apenas como necessário para satisfazer suas necessidades financeiras mais prementes, que se imortalizou. A composição acima demonstra a habilidade quase fotográfica de Ingres como retratista. Ele se incluía no estilo  neoclássico, como podemos observar através dos contornos acentuados e o modelado delicado do rosto e dos braços da modelo.

A retratada, Marie-Clotilde-Inès Moitessier, encontra-se de pé, olhando fixamente para o observador, com uma expressão séria. Sua boca diminuta contrasta com seus olhos grandes. Tem a pele levemente rosada. Ela usa um opulento vestido escuro, trabalhado com rendas que lhe deixam pescoço e ombros nus. Seus cabelos negros, repartidos ao meio e presos atrás, estão adornados por um diadema de flores de cetim cor-de-rosa. Sua mão esquerda desce sobre o vestido, enquanto a direita, dobrada, segura o colar de pérolas. O braço e o ombro esquerdos não estão anatomicamente corretos, mas isto não é relevante no todo da pintura.

São muitas as joias que adornam o corpo de Mme. Moitessier: um grande broche com pedra vermelha enfeita a parte de cima de seu vestido; um enorme colar de pérolas desce de seu pescoço alvo até debaixo do busto; duas pulseiras de ouro e pérolas enfeitam seu antebraço esquerdo; três anéis adornam os dedos da mão esquerda; uma pulseira com enormes elos, nos quais se penduram pequenas moedas de ouro e uma pedra, cinge seu pulso direito, e um anel enfeita o dedo anular do mesmo lado. A pomposa dama ainda traz um leque fechado na mão esquerda, deixando claro que se trata de alguém de grandes posses.

Mme. Moitessier  encontra-se num pequeno espaço, no qual são vistos apenas poucos objetos decorativos, o que dá mais destaque à sua figura. Atrás dela há uma parede de cor vinho, decorada com elementos da mesma cor que chama a atenção pelos detalhes florais. Uma decoração em madeira, na cor verde, complementa a parede, em baixo.

Ficha técnica
Ano: 1851
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 146 x 100 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Perugino – A CRUCIFICAÇÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A pintura denominada A Crucificação, também chamada de A Crucificação com a Virgem, São João, São Jerônimo e Santa Maria Madalena, é uma obra-prima da maturidade do pintor italiano Pietro Perugino, responsável por inúmeras obras religiosas. Ela é também conhecida como o “Tríptico Galitzin” que é o nome da coleção da qual fez parte. A obra foi uma doação de Bartolomeo Bartoli à igreja de S. Domenico, em San Giminiano, na Itália. Chegou a ser atribuída a Rafael Sanzio, no passado, mas hoje já não se tem dúvidas de que é um trabalho de Perugino, feito quando o artista trabalhava na Capela Sistina ou logo após. Suas pinturas tornaram-se conhecidas, sobretudo, pela graciosidade das madonas, pela delicadeza das santas e pelas suaves paisagens ao fundo.

Esta composição, maravilhosamente impregnada de humor poético, que exala uma piedade silenciosa, foi descrita por um contemporâneo do artista como “aria angelica et molto dolce” (ar angélico e muito doce). Apesar de mostrar-se subdividida em três painéis, compõe na verdade um todo, como mostra a paisagem que serve de fundo, contínua em toda a sua extensão, unindo as cenas.  Esta tem início com um grupo de rochas, passando por uma paisagem aberta ao meio, e finalizando com outro grupo de rochas. Em primeiro plano, uma fileira de plantinhas enfeita a composição em toda a sua base, também a unificando.

O primeiro painel apresenta São Jerônimo, seminu e sem barba, aparentando meia-idade, apoiado num cajado. Ele passou grande parte de sua vida vivendo numa caverna. Às suas costas, um pouco mais distante, vê-se a figura de um leão, animal que faz parte de sua simbologia, pois conta-se que, enquanto o santo trabalhava com alguns monges em sua caverna, ali adentrou um leão com a pata cheia de espinhos. Os religiosos correram, mas ele tirou os espinhos do animal e tratou-lhe as feridas, ganhando assim a sua confiança e amor. E esse passou a segui-lo por toda parte.

O segundo painel mostra Cristo pregado à Cruz, tendo à sua direita sua mãe Maria, com os olhos voltados para o chão,, e, à esquerda, São João Evangelista que o fita com ternura. A suavidade expressa no seu rosto repassa a impressão de que ele já se elevou acima do sofrimento humano. A Virgem e o santo encontram-se descalços sobre o chão terroso. Ao fundo desenrola-se uma delicada paisagem com uma ponte, árvores, edificações e serras, um castelo sobre uma elevação rochosa, enquanto o mar, onde são vistas algumas embarcações, funde-se com o azul do céu.

O terceiro painel traz Maria Madalena na mesma postura de São João Evangelista, com as mãos cruzadas junto ao corpo e com os olhos voltados para o seu amado Mestre. Apenas a postura de suas mãos apresenta uma pequena diferença. A expressão facial também é igual. Sua vestimenta é bem parecida com a do santo, divergindo nas cores e na posição do manto no seu lado esquerdo. Assim como os demais personagens, ela se encontra descalça.

Ficha técnica
Ano: c.1450 a 1523
Técnica: óleo em painel transferido para tela
Dimensões: painéis laterais: 95 x 35 cm cada um; central: 101,5 x 56,5 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.nga.gov/collection/gallery/gg20/gg20-29.html

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Alessandro Magnasco – O BATISMO DE CRISTO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição O Batismo de Cristo é uma obra do pintor italiano Alessandro Magnasco (1667 – 1749) que iniciou seus estudos com seu pai, o pintor Stefano Magnasco. Foi também aluno de Valerio Castello e Filippo Abiatti. Trabalhou para o grão-duque Fernando de Medici e para as famílias Borromeo e Visconti, entre outras. Em suas paisagens fantásticas, castigadas pelas intempéries, o artista dispõe suas figuras longilíneas e dramáticas através de uma pintura enérgica e de um jogo de luz responsável por produzir efeitos sombrios. Esta obra é certamente de sua última fase de vida, já nos seus 70 anos de idade.

Ao contrário de outros artistas que pintaram o batismo de Cristo no rio Jordão, Magnesco situa-o numa paisagem fantástica. Seus personagens, que mais se parecem com arabescos, encontram-se totalmente absorvidos pela natureza, composta por um conjunto de galhos, pedras, ondas e nuvens, bem ao estilo fantástico do artista. A imaginação do pintor acrescenta à cena uma tempestade bizarra, como se se tratasse de um acontecimento cósmico.

A figura de Jesus Cristo, meio ajoelhada, pode ser divisada através de um halo brilhante em torno de sua cabeça e uma estrela brilhante logo acima. À frente do Mestre está João Batista, de pé, derramando água sobre sua cabeça. Dois anjos encontram-se à direita de Jesus.

Ficha técnica
Ano: c.1730
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 117 x 147 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Boucher – O BANHO DE DIANA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O gravador, desenhista e pintor francês François Boucher (1703 – 1770) era filho de um artista que criava padrões para bordados e ornamentos. Iniciou sua vida artística ainda muito jovem, como aprendiz de Fraçois Lemoyne, onde ficou por um breve tempo, vindo depois a trabalhar para Jean François Cars, um gravador de cobre. Aos 20 anos de idade recebeu o “Grand Prix de Rome” que era um incentivo aos novos artistas.

A composição denominada O Banho de Diana, também conhecida por Diana em Repouso, é uma obra do artista que nos mostra o porquê d ter sido um virtuose do pincel. Apresenta-nos uma cena íntima, em que Diana, a deusa da caça, toma banho à beira de um riacho, acompanhada por uma ninfa. Ambas estão totalmente desnudas, deixando à vista a pele dourada. Embora se mostrem inocentes em seu banho, a sensualidade não deixa de apresentar-se como um elemento erótico da pintura.

A deusa está sensualmente sentada num terreno inclinado, sobre tecidos sedosos e coloridos, com o tronco vergado para frente, com a perna esquerda sobre a direita. Seu pé não se apoia inteiramente no chão. Traz nas mãos um colar de pérolas e na cabeça um diadema semelhante, acrescido de uma meia-lua e de fitas vermelhas que se enroscam em seus cabelos, caindo-lhe pelas costas. Ela observa sua companheira, sentada à sua direita, cingida com fitas azuis, trazendo o olhar voltado para sua perna direita.

À esquerda da deusa estão seu arco e as aves caçadas por ela. À direita, mais distante, estão seus cães, um deles bebendo água e o outro aparentemente atento a algum ruído. À frente das duas figuras está um feixe de setas, dentro da aljava, usadas para caçar. Segundo a mitologia romana, Diana era a deusa da caça que, zelosa de sua virgindade, transformou o caçador Acteão em cervo, por tê-la visto nua durante o banho.

Ficha técnica
Ano: c. 1752
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 59 x 73 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fonte de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Mitologia/ Thomas Bulfinch
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Tintoretto – A ORIGEM DA VIA-LÁCTEA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O pintor italiano Jacopo Robusti (1518-1594), conhecido como Tintoretto, é o criador da obra A Origem da Via Láctea. Trata-se de uma gigantesca composição, carregada de grande sentido teatral. O artista nela representa o ápice da lenda sobre a origem da Via Láctea. Embora estivesse sobrecarregado de encomendas oficiais quando pintou a obra em estudo, Tintoretto foi o responsável por toda a sua criação. Ao ser restaurada em 1972, a pintura revelou a presença de uma versão anterior. Tratava-se do mesmo tema, só que menos elaborado. Presumem os historiadores que o cliente da primeira encomenda deva ter mudado e o adquirente da nova composição (Rodolfo II) exigiu o máximo na feitura da obra.

A deusa Juno, esposa de Júpiter, o deus dos deuses, apresenta-se nua, reclinada sobre um leito de nuvens situado no alto do céu. Ela é acordada bruscamente por seu esposo que se joga sobre ela com um bebê nos braços. Em torno do casal de deuses são vistos querubins e pontos de luz. Dois querubins são vistos na parte inferior a voar em torno do casal de deuses, carregando símbolos eróticos: a flecha e o arco de Cupido e a tocha da paixão. Os outros dois, presentes acima dos citados, trazem consigo as cadeias do casamento, numa referência à união de Júpiter e Juno, assim como a rede de engano (referente às peripécias do deus). Juno traz a seus pés seu conhecido pavão e Júpiter está acompanhado pela águia.

Júpiter, que sempre teve romances com mortais, leva o pequenino Hércules, filho de Alcmena, até Juno, para que ele amamentasse de seu leite, enquanto ela dormia, e assim atingisse a imortalidade. A deusa, no entanto, acorda bruscamente, e algumas gotas de seu leite esguicham-se no céu, logo se transformando em brilhantes estrelas. Esta foi a explicação de Gaius Julius Hygienus, bibliotecário do Imperador Augusto, para a origem da Via Láctea no século I a.C. O leite que se esguichou para baixo deu origem aos lírios que se encontravam presentes na base da pintura, quando a tela infelizmente foi cortada. A enorme cama da deusa está forrada com um lençol branco e um manto azul e outro vermelho. Traz na cabeceira uma cortina dourada que descansa sua parte superior numa densa nuvem e adeja entre estrelas e nuvens.

Por se tratar de uma pintura mitológica, presume-se que seja fácil de ser interpretada, contudo existem elementos que não foram compreendidos. A tocha do amor pertenceria a Júpiter ou a Alcmena? Que ser a águia de Júpiter leva em suas garras? Seus membros em forma de flecha estariam a simbolizar a arma tradicional do deus que é o raio? Ou seria um caranguejo, símbolo astrológico de Câncer, numa referência ao nascimento do imperador Rodolfo II, dono da obra? Alguns dos estudiosos optam pela segunda alternativa, uma vez que a constelação de Câncer situa-se entre Aquário (representado pelo querubim com a rede) e Sagitário (personificado pelo querubim com o arco). Como se vê, esta pintura, inspirada num mito romano, ainda não foi totalmente decifrada em sua simbologia.

A belíssima pintura mitológica aqui descrita teve a sua faixa inferior removida, o que alterou consideravelmente o seu equilíbrio, pois a parte inferior representava a personificação da Terra, como mostram dois desenhos e uma cópia antiga da obra. Além disso, as camadas de verniz escurecido fizeram com que suas cores perdessem a clareza de antes. Ainda assim, a tela chama a atenção pelo fascínio apresentado, a começar pela cama do século XVI que dela faz parte.

Obs.: De acordo com o mito, é o deus Mercúrio quem coloca o pequeno Hércules no peito de Juno para mamar seu leite. Contudo, a personagem representada por Tintoretto não apresenta nenhum elemento que possa identificá-la com Mercúrio, o mensageiro dos deuses, sendo, portanto, visto como Júpiter.

Ficha técnica
Ano: c. 1575-1580
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 127,5 x 165 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Editora Konemann
Los secretos de las obras de arte/ Editora Taschen

 

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Fragonard – UMA JOVEM LENDO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor francês Jean-Honoré Fragonard (1732 – 1806) iniciou seus estudos com o mestre Jean-Siméon Chardin, vindo depois a estudar com François Foucher, que nutriu grande influência sobre seu aluno. Aos 20 anos, ganhou o Prix de Rome, o que lhe permitiu estudar na cidade italiana. Outra bolsa de estudos possibilitou-o estudar na Academia de França, também em Roma. O artista é tido, juntamente com Watteau e François Boucher, como um dos grandes nomes da pintura de gênero, antes da Revolução Francesa.

A composição intitulada Uma Jovem Lendo, também conhecida apenas como A Leitora, é obra desse pintor do rococó que se recusou a acompanhar o estilo neoclássico revolucionário. Trata-se de uma de suas obras mais famosas, não apenas pela intimidade que o artista consegue repassar, mas também pela delicadeza e intensidade que dela emanam, sendo muito mais uma pintura de gênero de que um retrato.

É impossível não se encantar com o efeito luminoso conseguido em algumas cores, lembrando os trabalhos dos impressionistas. O artista tratou com cuidado o rosto da modelo, delineando-o, mas usou vigorosos golpes de tinta para pintar seu vestido, fitas e almofada. É possível que a jovem encontre-se sentada próxima a uma janela, tendo a luz a banhar seu rosto e corpo.

A jovem mulher encontra-se sentada de perfil, recostada numa volumosa almofada de cor púrpura, próxima à parede, absorta em sua leitura. Na mão direita traz um livro aberto, enquanto a esquerda escora-se num trilho de madeira. Ela usa um vestido amarelo, com a gola e punhos brancos, com um laço de fita a enfeitá-lo na frente. Seu cabelo está preso no alto da cabeça, adornado com uma fita lilás semelhante aos laços que adornam seu vestido e pescoço. Uma grande luminosidade banha o rosto de bochechas rosadas e também o vestido, além de jogar sombra sobre a almofada e a parede. A linha horizontal criada com o apoio do braço e a que divide as duas paredes trazem a sensação de espaço e estrutura.

Este é um dos chamados “retratos de fantasia” do pintor. Trata-se de uma série de figuras de homens e mulheres jovens, vestidos com maravilhosas fantasias, normalmente acompanhados de algo que remete a alguma profissão.

Ficha técnica
Ano: c. 1770
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 81 x 65 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/highlights/highlight46303.html

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