Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Johannes e Nicolaus – JUÍZO FINAL

Autoria de Lu Dias Carvalho

O tondo intitulado Juízo Final, considerado meio incomum por apresentar um apêndice retangular na base, pertenceu ao Oratório d S. Gregório Nazianzeno, em Santa Maria in Campo Marzio, situado em Roma, Itália. É uma obra dos artistas Johannes e Nicolaus e tem como temática um assunto muito comum à Igreja da época: a descida de Deus à Terra para julgar os vivos e os mortos. Trata-se de uma das mais antigas representações ocidentais de tal tema – em formato grande.

Para descrever o julgamento da humanidade, os artistas dividiram a composição em cinco faixas superpostas, que deverão ser lidas (em latim) e observadas de cima para baixo:

  • 1ª faixa – a aparição de “Cristo em Glória”. O Cristo Pantocrator encontra-se no centro, ladeado por dois anjos e dois querubins;
  • 2ª faixa – o “Tribunal Divino”.  Cristo está diante de um altar, tendo um anjo de cada lado, de pé. À sua esquerda estão seis apóstolos e à direita, outros seis, todos sentados;
  • 3ª faixa – “Madona com os Ressuscitados”, onde são vistas várias cenas:

à esquerda – São Paulo guia os eleitos, e o bom ladrão Dimas leva a Cruz;

no centro – estão a Virgem e Santo Estêvão a interceder pelos inocentes;

à direita – são mostradas cenas de três obras misericordiosas:

  • Dar de beber ao sedento;
  • Visitar os cativos;
  • Vestir os nus.
  • 4ª faixa – “A Ressurreição dos Mortos”. Mostra, à esquerda, animais vomitando os membros devorados de pessoas para recompor os corpos. E, à direita, dois anjos acordam os mortos em seus túmulos, através do som de trombetas.
  • 5ª faixa – “O Paraíso” (à esquerda), presidido pela Virgem a orar com os eleitos, e  “O Inferno” (à direita), onde se encontram os condenados, sendo mantidos na caverna ardente junto a uma tenebrosa serpente, por três anjos com seus arpões.

Ficha técnica
Ano: segunda metade do séc. XII
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 290 x 243 cm
Localização: Museus do Vaticano, Roma, Itália

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirado
http://www.museivaticani.va/content/museivaticani/en/collezioni/musei/la-pinacoteca/

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Cosimo e Tucci – A ÚLTIMA CEIA

Autoria de Lu Dias Carvalho

O afresco intitulado A Última Ceia é uma criação dos artistas italianos Cosimo Rosselli e Biaggio d’Antonio Tucci. Faz parte da ornamentação da Capela Sistina, em Roma, Itália, e tinha por objetivo fazer um paralelo entre a vida do profeta Moisés (Antigo Testamento) e a de Jesus Cristo (Segundo Testamento).

A cena principal ilustra a última refeição feita por Jesus ao lado de seus apóstolos. Inseridas nela, na parede de trás, em segundo plano e em forma de três janelas, são mostradas três passagens da Paixão de Cristo, sendo elas, da esquerda para a direita:

1- Jesus rezando no Monte das Oliveiras;
2- A prisão de Jesus;
3- A crucificação de Jesus entre os ladrões.

Os dois últimos quadros foram pintados por Biaggio.

A última ceia de Cristo acontece numa abside, local que nas basílicas romanas corresponde a um nicho semicircular e abobadado. A mesa onde se encontra o Mestre e seus 13 apóstolos tem a forma de U ou ferradura, postada de frente para o observador. Está coberta por uma toalha branca bordada, com franjas nas pontas laterais. Sobre ela se encontra unicamente um cálice, na frente de Jesus, uma referência à instituição da Eucaristia, símbolo da Nova Aliança entre Deus e a humanidade. Os utensílios, que deveriam estar sobre a mesa, estão no chão, em primeiro plano, como se aguardassem um segundo momento para serem postos à mesa.

Jesus encontra-se no meio da mesa, tendo seis apóstolos à sua direita e o mesmo número à esquerda. Judas, retratado de lado (pose comum ao traidor) encontra-se sentado diante do Mestre, encobre o apóstolo que se encontra ao lado esquerdo de Cristo e também divide a pintura ao meio. Nas suas costas, um pequeno diabo sobe em direção à sua cabeça. Dependurada à esquerda de seu corpo está a bolsa com as 30 moedas de ouro. Diferentemente das auréolas douradas de Cristo e dos apóstolos, a sua é cinza. Sua barba afiada também foge à descrição das demais, evidenciando a figura do mal.

A cena retrata o momento imediatamente após o anúncio feito por Jesus, dizendo que seria traído por um dos que ali se encontravam. Alguns apóstolos conversam entre si, surpresos com o fato de que entre eles se encontrasse um traidor. Quatro homens, de pé e elegantemente vestidos, posicionam-se, dois de cada lado da mesa, aparentemente sem nenhuma relação com o episódio, pois olhando por debaixo da mesa é possível ver os pés de Jesus e dos apóstolos, descalços. O halo de Jesus é diferente dos demais, pois possui uma cruz ao meio, símbolo de seu futuro sacrifício.

Três animais estão presentes na cena, sendo dois cãezinhos e um gato. Atrás de Judas, o pequenino cão e o gato brigam, enfatizando o que estaria por vir, ou seja, a traição de um dos apóstolos. À esquerda, de pé sobre as patas traseiras, outro cãozinho tenta chamar a atenção. É bom lembrar que nas pinturas medievais e renascentistas era comum a presença de gatos como animais de estimação, contudo, aqui, o bichano assume a figura da maldade, especialmente por encontrar-se atrás de Judas. O cão, por sua vez, na Idade Média, simbolizava a fidelidade. A briga entre os dois animais pode aludir à luta entre o bem e o mal. Contudo, é bom lembrar ao leitor que tudo não passa de uma simbologia da época, sendo o gato uma criaturinha maravilhosa.

Ficha técnica
Ano: 1481/1482
Técnica: afresco
Dimensões: 350 x 570 cm
Localização: Museus do Vaticano, Roma, Itália

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirado
http://www.wga.hu/html_m/r/rosselli/cosimo/lastsup.html
http://www.famigliacristiana.it/articolo/perche-un-gatto-nell-ultima-cena.aspx

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Rafael – PARNASO

Autoria de Lu Dias Carvalho

Rafael Sanzio e sua oficina pintaram um afresco em cada um dos quatro muros interiores da Stanza della Segnatura, no Palácio do Vaticano, em Roma. Tais afrescos representam as quatro áreas do conhecimento humano: filosofia, religião, poesia e direito.  São assim chamados: A Escola de Atenas, A Disputa do Sacramento, As Virtudes Teologais e Parnaso.

O afresco intitulado Parnaso representa a poesia. A palavra “parnaso” significa “morada simbólica dos poetas”. Trata-se de um tema muito conhecido na literatura e que vem desde Homero até Virgílio, passando por Dante e Petrarca. Ao transpô-lo para a pintura, Rafael modernizou-o, dando-lhe a forma do “repouso” humanista, onde podem conviver divindades mitológicas, antigos videntes e poetas. Na sua obra está presente o mitológico Monte Parnaso, morada de Apolo, que se encontra no centro da composição, sentado, tocando uma “lyra de bracio”, típica do período do Renascimento.

O deus Apolo, ponto focal da obra, traz a cabeça envolta por uma coroa de louros. Encontra-se sentado debaixo de loureiros.  Está cercado por nove musas (elas personificam os nove tipos de arte), nove poetas da Antiguidade e nove poetas contemporâneos do artista, tais como: Homero, Safo (única poetisa), Anacreon, Dante, Ovídio, Virgílio, Horácio, Bocaccio, Ariosto, Petrarca, dentre outros, o que demonstra a intemporalidade da arte poética. À direita de Apolo está Calíope, a musa da poesia épica, sentada, e vestida de branco.

Homero, o famoso poeta épico da Grécia Antiga, a quem se atribui os poemas épicos “Ilíada” e “Odisseia”, já cego, encontra-se à esquerda, de pé, vestido com uma túnica azul escuro. Seu rosto foi baseado no de Laocoon da famosa escultura clássica chamada “Laocoon e Seus Filhos” (presente aqui no site). Ele está ladeado pelos poetas Dante (à esquerda) e Virgílio (à direita), sendo acompanhado por um jovem, sentado à sua direita, que toma nota de sua poesia oral.

Ficha técnica
Ano: 1509/10
Técnica: afresco
Dimensões: 670 cm de base
Localização: Museus do Vaticano, Roma, Itália

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirado
http://www.umich.edu/~homeros/Artgallerypages/raphael.htm
http://www.wga.hu/html/r/raphael/4stanze/1segnatu/3/parnass.html

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Boucher – ALEGORIA DA MÚSICA

Autoria de Lu Dias Carvalho

O gravador, desenhista e pintor francês François Boucher (1703 – 1770) era filho de um artista que criava padrões para bordados e ornamentos. Iniciou sua vida artística ainda muito jovem, como aprendiz de Fraçois Lemoyne, onde ficou por um breve tempo, vindo depois a trabalhar para Jean François Cars, um gravador de cobre. Aos 20 anos de idade recebeu o “Grand Prix de Rome” que era um incentivo aos novos artistas.

A composição intitulada Alegoria da Música é uma obra do artista, tido como sucessor de Watteau na pintura de temas galantes. Embora François Boucher fosse dono de um repertório vasto, tinha predileção pelos temas mitológicos e alegóricos. Em suas pinturas sempre aparecia uma jovem e bela mulher pousando sensualmente. Ele retratava, muitas vezes, o requinte dos ambientes luxuosos, sendo por isso criticado pela burguesia progressista.

A cena mostra uma jovem em cima de uma imensa nuvem, sentada de perfil, com a cabeça voltada para a esquerda, onde se veem dois querubins. Seus cabelos dourados, presos, deixam à vista seu esguio pescoço. Ela veste uma túnica branca que deixa a descoberto o seio esquerdo e, sobre ela, um manto azul. Entre suas alvas pernas está um manto vermelho que se espalha à sua esquerda e sobre o qual descansam um livro de pautas, duas rosas e um casal de pombas.

Instrumentos musicais e um livro de pautas são os atributos da mulher e encontram-se em torno dela. Os dois pequenos anjos nus dirigem-se à jovem. Um deles segura uma flauta doce na mão esquerda e uma coroa de louros na direita. Uma pomba branca parece pousar no ombro da jovem, próxima ao braço do anjo. Outro anjo brinca com as cordas da lira que a jovem mulher segura. O casal de pombos, próximo ao livro de pautas, encontra-se de costas para o pequeno grupo.

Ficha técnica
Ano: 1764
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 103,5 x 130 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Corot – FLORESTA DE FONTAINEBLEAU

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor francês Jean-Baptiste Camille Corot (1796 – 1875) inicialmente foi aprendiz de um mercador de tecidos, depois veio a estudar com Victor Bertin, pintor paisagista clássico, e outros mais. Além de estudar o estilo de Nicolas Poussin, também se interessou pelas obras de Charles Vernet e dos mestres holandeses. O pintor teve longas passagens por Roma, na Itália, o que influenciou grandemente seu trabalho, levando-o a abandonar o academicismo e a buscar o estilo paisagístico realista. Tornou-se famoso por suas maravilhosas paisagens que, de certa forma, anteciparam as dos impressionistas. As suas paisagens atmosféricas chamaram a atenção de seus alunos e de pintores impressionistas como Pissarro, Morisot, Renoir, Monet e Sisley.

A composição intitulada Floresta de Fontainebelau, pintada e exposta no Salão de 1834, é tida como uma paisagem histórica. Foi uma das responsáveis por chamar a atenção do poeta e teórico da arte francesa Charles-Pierre Baudelaire e da crítica francesa para Corot. Seus quadros de retratos, cenas bíblicas e mitológicas só se tornaram conhecidos após sua morte, pois o pintor escondia-os, temendo não agradar, uma vez que se tornara um dos mais importantes artistas no gênero de paisagístico. Corot, baseando-se em esboços e estudos feitos ao ar livre, pintou esta tela suntuosa em seu estúdio.

A mulher, em primeiro plano, deitada na relva em meio a folhas e flores, foi identificada pelos contemporâneos de Corot como sendo Maria Madalena. Está vestida de camponesa, com uma saia vermelha e uma blusa branca, caída, que permite ver parte de seus seios. Seus longos e escuros cabelos caem à sua esquerda. Ela lê um livro que se encontra sobre a relva. O veado ao fundo e seu isolamento são atributos tradicionais relacionados à santa.

Ficha técnica
Ano: c. 1830
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 175 x 242 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/art-object-page.46584.html

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Mantegna – JUDITE E HOLOFERNES

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada Judite e Holofernes ou Judite com a Cabeça de Holofernes já figurou na coleção do Rei Charles I da Inglaterra, como sendo um trabalho de Rafael Sanzio, mas é na verdade uma obra do pintor italiano Andrea Mantegna. Só foi reconhecida como trabalho de Mantegna em 1918, o que foi confirmado depois pelos peritos do artista. Mantegna nutria grande predileção por este tema. A temática, tirada dos livros apócrifos da Bíblia, e que traz a idealização de uma mulher judia que decapitou um homem poderoso e mau, foi muito usada  na arte renascentista por diversos pintores.

A cena, simples e clara, acontece dentro de uma tenda aberta, que é o abrigo do general Holofernes em campanha. Ali se encontram Judite, sua serva e o corpo sem vida do general babilônico sobre uma cama, do qual só se vê o pé direito, mas o bastante para contar toda a história. A heroína aproveita-se da embriaguez do inimigo de seu povo para decapitá-lo. Durante o Renascimento, Judite passou a simbolizar a virtude cívica da intolerância à tirania, quando o bem triunfa sobre o mal.

Judite, com o olhar voltado para fora da tenda com suas abas abertas em forma de cortina, traz na mão direita a cabeça de Holofernes e na esquerda a espada com a qual o decapitou. Ela não repassa nenhum tipo de emoção, mostrando-se calma, ciente do que acabara de fazer. Uma criada, visivelmente aturdida diante da cena aterradora, abre um saco para que ali seja colocada a cabeça que sua senhora ainda segura pelos cabelos. O pé visto na cama leva o observador a imaginar um corpo ali estendido, não sendo necessário mais do que isto.

A heroína é retratada de pé, como se fosse uma estátua clássica, como mostra a postura de seu corpo, num contraponto tortuoso mostrando a influência do escultor Donatello sobre o artista. Ela usa uma túnica branca, drapeada, como as vistas nas estátuas clássicas, envolta por um manto azul que deixa seu colo, ombro e braço esquerdos a descoberto. Apenas parte de suas sandálias exóticas está à vista. Seus cabelos cacheados caem-lhe pela testa e costas. Chamam a atenção a perícia e criatividade do artista na feitura do turbante branco da criada.

O painel possui cores brilhantes e variadas. O contraste entre o vermelho do manto da criada e o amarelo de sua túnica, cores que se fortalecem com o fundo escuro da tenda rosa e do céu noturno, é típico do artista. O piso da tenda é feito de lajes de pedra, estando algumas  bem desalinhadas, e terra.

Ficha técnica
Ano: c.1495/1500
Técnica: painel
Dimensões: 30 x 18 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/art-object-page.1181.html

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