Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Gainsborough – MASTER JOHN HEATHCOTE

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição denominada Master John Heathcote é uma obra-prima do pintor inglês Thomas Gainsborough, em que fica patente o virtuosismo técnico alcançado por ele em sua arte. Trata-se de uma obra de sua maturidade artística e nela fica evidente a influência de Anthony van Dick, artista que ele tanto admirava.

Antes de tudo, é preciso que o leitor saiba que se trata de um retrato de um garoto e não de uma menina, em razão de sua vestimenta, comum a uma época em que meninos e meninas vestiam do mesmo jeito até os seis anos de idade.

O garotinho encontra-se em primeiro plano, ao ar livre, de frente para o observador. Seu rosto risonho e angelical apresenta olhos verdes, bochechas e lábios vermelhos. Os cabelos dourados formam cachos nas pontas. Seu vestido branco, finamente trabalhado, desce até os pés, deixando uma ponta de seu sapato vermelho à vista. Uma larga faixa de cetim azul, amarrada à cintura, forma um enorme laço à esquerda, com as pontas tocando a barra do vestido. Na mão direita traz um delicado buquê de flores miúdas.

Atrás do pequeno John Heathcote, ao fundo, desenrola-se uma paisagem simples e rústica, mas cheia de leveza.

Imaginemos, hoje, um menino sendo retratado usando um vestido decotado, laços e sapatos vermelhos e, além disso, trazendo um ramalhete de flores… Como os tempos mudam!

Ficha técnica
Ano: 1770

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 127 x 101 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Mestre de Flémalle – SÃO JOÃO BATISTA COM…

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada São João Batista com Henry de Werl, e também conhecida por Altar de Werl, ou ainda O Tríptico de Werl, do qual só restam as laterais, é uma obra do Mestre de Flémalle, pintor flamengo. Há um grande consenso na opinião acadêmica de que ele deve ser identificado como sendo o pintor Robert Campin (c.1375 – 1444) que foi o principal pintor de sua época, em Tournai, mas cujas imagens documentadas não sobreviveram.

Estas duas pinturas compõem o “Altar de Werl”, retábulo formado por três painéis. O painel central, infelizmente, perdeu-se através dos tempos. O artista, em sua obra, preocupa-se, sobretudo, com o cenário, sendo que cada objeto possui sua identidade própria. Várias fontes de luz iluminam o ambiente dos dois cenários aqui apresentados. Embora se tratem de um ambiente burguês, o artista não permite perder seu conteúdo religioso.

A primeira cena, apresentada pelo painel à esquerda, mostra um religioso que se encontra numa varanda, ajoelhado, rezando de frente para uma porta aberta, que dava para o painel central. Ele é um teólogo franciscano (Heinrich von Werl), doador da obra, cujo título leva o seu nome. Atrás dele está São João Batista que veste um manto vermelho. Este manto, usado sobre sua humilde vestimenta de pele de camelo, simboliza sua morte como mártir. Na mão esquerda, ele segura um livro fechado e, sobre ele, um cordeiro que simboliza Jesus Cristo. Às costas do santo, através da janela aberta, divisa-se uma bela paisagem. Um móvel, à sua esquerda, traz pendurado um espelho convexo (influência de Jan van Eyck), onde metade da cena da frente se reflete.

O outro painel, que representa a ala direita do retábulo, apresenta Santa Bárbara, sentada num banco de madeira, coberto com almofadas vermelhas, lendo um livro sagrado. Ela usa uma suntuosa vestimenta azul e dourada, coberta por um manto verde. Atrás dela, o fogo crepita na lareira, iluminando parte do ambiente. Olhando através da janela pode-se observar a cena de seu martírio que é ali retratada.

Os dois painéis sobreviventes tornaram-se famosos, sobretudo, pelo tratamento que o artista deu à forma e à luz, tendo influenciado inúmeros artistas.

Ficha técnica
Ano: 1438

Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 101 x 47 cm (ambos os painéis)
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fonte de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

http://www.cruzterrasanta.com.br/significado-e-simbolismo-de-sao-joao-batista

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Gerard David – DESCANSO DURANTE A FUGA…

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição religiosa Descanso durante a Fuga para o Egito é uma das mais belas obras do pintor flamengo Gerard David (c. 1460-1523), que pintou outras telas com este mesmo tema. Nesta, ele mostra ter obtido uma grande harmonia na cor e um delicado uso da luz e da atmosfera, em que as cores parecem cintilar numa luz orvalhada.  O uso do claroscuro dá volume às figuras. Tomando por base suas composições ilustrativas e realistas, presume-se que concluiu sua formação na Holanda. Possivelmente viajou à Itália. Fez parte da Guilda de São Lucas de Antuérpia. Teve alunos como Joos van Cleve e Joachim Patenier. O artista substituiu o pintor alemão Hans Memling, em Bruges, como pintor principal.

A cena que acontece ao ar livre, apresenta a Sagrada Família descansando da longa viagem que faz ao Egito, para fugir de seus perseguidores. A Virgem Maria, em primeiro plano, está sentada sobre uma rocha, como seu Menino no colo. Sobre os cabelos dourados ela traz um véu transparente. Usa um manto cinza-azulado, desde a cabeça aos pés, que cobre sua túnica azul que mostra uma parte de sua saia vermelha. Azul e vermelho são cores atribuídas a ela.

O Menino Jesus, vestido com uma camisola branca, meio transparente, está sentado na perna direita da Madona. Ela traz a cabeça baixa e os olhos voltados para ele. Ela segura o pequeno Jesus com a mão direita e, com a esquerda, entrega-lhe um cacho de uvas verdes, símbolo da Eucaristia. Filho e Mãe ocupam o centro da composição. Um cesto de vime, maravilhosamente trabalhado, é visto à direita.

José, por sua vez, encontra-se em segundo plano, com um longo bastão levantado, tentando tirar frutos da palmeira para alimentar sua esposa e filho adotivo que estão de costas para ele. Não é apresentado como um homem velho, mas de meia idade. Ao fundo, ergue-se uma cidade com árvores e serras e com seus contornos azulados em razão da distância.

A paisagem mostra que o acontecimento se dá na parte da manhã. Existe um clima de quietude na pintura. Enquanto a parte direita apresenta-se mais iluminada, a esquerda mostra-se mais escurecida por causa da densidade da vegetação. Nesta parte também se encontra o jumentinho arreado e amarrado ao tronco de uma árvore, descansando para continuar a jornada.

Ficha técnica
Ano: c.1523

Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 45 x 44 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

https://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/art-object-page.50.html

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Botticelli – NASTAGIO DEGLI ONESTI

Autoria de Lu Dias Carvalho

          

         

O pintor italiano Sandro Botticelli recebeu uma encomenda, provavelmente de Lourenço, o Magnífico, que seria dada de presente a Giannozzo Pucci em razão de seu casamento com Lucrezia Beni. Trata-se de uma série de quatro painéis, ilustrando episódios do romance de “Nostaggio degli Onesti”, em Decameron, de Giovanni Boccaccio. Para melhor retratar a história de Nastagio degli Onesti, o pintor renascentista dividiu-a em quatro passagens, criando, assim, quatro painéis. Três deles encontram-se atualmente no Museu do Prado, excetuando o último, que voltou a seu lugar de origem (Palazzo Pucci).

Segundo alguns estudiosos de arte, a série de painéis são de Botticelli quanto à concepção e o desenho, mas, no que diz respeito à execução, teve a colaboração de seus assistentes, principalmente a de Bartolomeu di Giovanni e a de Jacopo del Selaio, pois o mestre encontrava-se sobrecarregado de encomendas. Todos os painéis são maravilhosos, em especial o segundo deles. São eles: (o leitor deverá acompanhá-los na ordem em que estão apresentados, ou seja, o 1º e o 2º em cima, o 3º e o 4º embaixo, da esquerda para a direita)

1º.O Encontro com os Amaldiçoados na Floresta de Pinheiros

(Deve ser lido da esquerda para a direita. Nastagio agarra um galho de árvore na tentativa de socorrer a moça.)

2º. A Caçada Infernal

(Nastagio vê o cavaleiro arrancar o coração e as vísceras da jovem e dá-las aos cães. A cena retrocede e o perseguidor está a correr atrás da mulher pela praia.)

3º. O Banquete na Floresta de Pinheiros

(Nastagio convida sua amada  família para um banquete na floresta, para que vejam a terrível caçada. Sua amada, vestida de branco, teme que o mesmo possa acontecer a ela e envia um emissário a Nastagio, concordando-se em casar-se com ele. As mulheres estão à esquerda e os homens no centro. Tudo está em desordem com a chegada dos fantasmas.)

4º. O Banquete de Casamento

(O banquete de casamento de Nastagio e de sua amada é pomposamente celebrado.)

Para que se entenda os quadros é preciso saber que Nastagio degli Onesti é o nome de um nobre de Ravenna, que se apaixona por uma jovem também de família nobre. Ele tudo faz para ganhar a atenção da mulher, mas ela não corresponde ao seu amor. Ao contrário, sente um prazer cruel em recusá-lo. Nastagio, por não conseguir esquecê-la, transforma seu amor por ela em ódio. Ele chega a tentar o suicídio, sem sucesso.

Nastagio, ao ver uma jovem nua e em lágrimas num pinhal, ao anoitecer, perseguida por dois cães e um cavaleiro, com uma espada, querendo matá-la, tenta socorrê-la, mas o perseguidor conta-lhe que a amava, mas ela o desprezava. Ele então cometeu suicídio. Ela não sentiu nenhum remorso por isso, mas, quando morreu, como punição, foi condenada a ser caçada eternamente.  Por isso, todas as sextas-feiras, ela é assassinada, sendo que o corpo dele e o dela sempre se restauram, numa eterna continuidade, pois ambos vivem no Inferno.

O jovem Nastagio compreende que aquilo é um sinal divino e na sexta-feira seguinte, prepara um banquete naquele mesmo lugar, convidado sua amada, seus pais e parentes. Ao final do jantar, a terrível cena é vista por todos. O suicida narra aos presentes o porquê da história. Com medo de vir a sofrer a mesma pena, a jovem mulher, amada por Nastagio, concorda em casar-se com ele.

 Ficha técnica
Ano: c. 1483

Técnica: painel
Dimensões: 83 x 138 cm / 83 x 138 cm / 83 x 142 cm / 83 x 142 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

Miradorhttps://en.wikipedia.org/wiki/Nastagio_degli_Onesti

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Veronese – MOISÉS SALVO DAS ÁGUAS

 Autoria de Lu Dias Carvalho

mosada

A composição intitulada Moisés Salvo das Águas ou também Descoberta do Jovem Moisés e ainda A Descoberta de Moisés é uma obra-prima do pintor maneirista italiano Paolo Veronese. Ela já mostra a opção do artista pelo uso da sombra. O crepúsculo que começa a aparecer em suas pinturas coincide com o ocaso de sua própria vida. Ele passa a trabalhar de uma nova maneira na distribuição de luz e sombra, mas, ainda que a claridade diminua, a qualidade de seu trabalho permanece imutável. O pintor Velázquez encantou-se tanto com este quadro, que o comprou e levou-o para o rei Filipi IV, na Espanha, onde se encontra até hoje.

A pintura refere-se a uma passagem bíblica, expressa no Antigo Testamento. A cena mostra o bebê Moisés, salvo das águas por uma jovem mulher que o entrega a uma criada idosa que usa um pano para enrolá-lo. A seu lado está a filha do faraó, ricamente vestida, segundo a moda veneziana da época do Renascimento, acompanhada de suas damas que contemplam a criança com curiosidade. O grupo, banhado pela luz crepuscular, encontra-se em uma das margens do rio Nilo. O movimento das figuras está em perfeita harmonia com a paisagem. Do outro lado da ponte vê-se uma cidade egípcia imaginária, com templos, torres e pináculos.

À direita e à esquerda, em suas extremidades inferiores, o quadro apresenta dois criados vestidos de vermelho.  O da direita é um anão, de costas para o observador, que leva consigo um instrumento musical. O da esquerda é um pajem negro com uma cesta. À esquerda, em segundo plano, duas moças parecem preparar-se para um banho no rio.

A composição é inteligentemente estruturada. Suas cores, de belíssima gradação, são suaves e bem distribuídas. As duas árvores, em forma de V, repetem a mesma posição da velha e da filha do faraó. A margem inclina-se para o rio, à esquerda, como mostram as duas mulheres que se encontram um pouco mais distante.

A cena acontece em meio a tons crepusculares, inerentes ao pôr do sol, com a luz banhando a paisagem veneziana ao fundo. O efeito atmosférico crepuscular contribui para suavizar os contornos das figuras, como podemos observar nas jovens que se banham ou na garota entre a senhora idosa e a filha do faraó. O colorido é rico e variado.

Existem muitas versões desta obra, contudo somente duas são tidas como autênticas: esta, do Museu do Prado, na Espanha, e a que se encontra na Galeria Nacional de Washington, nos EUA. Ambas são praticamente idênticas, tendo as mesmas dimensões.

Ficha técnica
Ano: 1580

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 50 x 43
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa
Veronese/ Abril Cultural

Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.artehistoria.com/v2/obras/1007.htm

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Goya – A MARQUESA DE PONTEJOS

 Autoria de Lu Dias Carvalho

A extraordinária composição denominada A Marquesa de Pontejos é uma obra do pintor Francisco José de Goya y Lucientes, um dos grandes nomes da pintura espanhola. A retratada é Maria Ana de Pontejos e Sandoval, Marquesa de Pontejos. É provável que este retrato tenha sido pintado quando ela se casou com Francisco de Monino Y Redondo.

A marquesa, magra e pequena, encontra-se ao ar livre, de frente para o observador, diante de uma paisagem esmaecida, que realça a sua figura. Sua vestimenta, que para os dias de hoje parece excessivamente infantil, é composta por rendas, flores, fitas, véus, tecidos e laços, de acordo com os trajes das damas da aristocracia espanhola, à época, inspirados na moda da rainha francesa Maria Antonieta, que gostava de vestir-se como uma pastora. O enorme chapéu de palha é provavelmente inglês. Sua cintura fina está envolta por um laço de fita cor-de-rosa. Ela calça sapatos de saltos altos. Seu porte é ereto e seu olhar mostra-se distante, como se ela estivesse perdida em pensamentos.

O galho com um cravo e um botão que a marquesa segura delicadamente na mão direita é uma alusão ao amor, pois é provável que o retrato tenha acontecido na época em que se casou com o irmão do Conde Floriblanca, um dos mecenas de Goya. O cãozinho a seus pés, ornado com fitas e sinos, simboliza a fidelidade.

Ficha técnica
Ano: 1787

Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 211 x 126 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

http://www.artehistoria.com/v2/obras/1758.html
https://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/art-object-page.92.html

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