Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Ticiano – VÊNUS E O ORGANISTA

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição mitológica denominada Vênus e o Organista, também conhecida por Vênus com um Organista e Cão, é uma obra do pintor renascentista italiano Ticiano Vecellio, que usou tal temática para criar outras obras. No Museu do Prado existe outra versão desta mesma obra, com pequenas diferenças. A modificação mais significante é a substituição do cãozinho por um Cupido que abraça a deusa por trás.

Vênus, deusa do amor, está próxima a uma grande janela aberta, de parapeito baixo, que dá vista para uma magnífica paisagem. Ela se encontra sobre uma colcha de veludo amarronzada, estendida sobre lençóis brancos e reclinada sobre almofadas da mesma cor. Encontra-se nua, sob um cortinado vermelho, com o cotovelo esquerdo apoiado em uma almofada, enquanto acaricia um cãozinho que lhe faz festa. Seus cabelos dourados encontram-se presos atrás. Joias enfeitam suas orelhas, pescoço, mãos e antebraços.

Aos pés da deusa e sentado em sua cama, um elegante nobre encontra-se diante de um órgão, vestido com roupas do século XVI, trazendo uma espada na cintura. Ele interrompe seu concerto, mas sem tirar a mão esquerda do teclado, virando a cabeça para observar Vênus, mas sem fitar seu rosto. A representação do instrumento musical foi criticada por estudiosos do mesmo, sob a alegação de que os tubos encontram-se muito agachados.

Em segundo plano, olhando além da balaustrada de mármore, avista-se uma bela paisagem. Um casal enamorado caminha ternamente abraçado sob o sol poente, acompanhados por um cão. Na fonte, ornada com a escultura de um garoto segurando um pote de água, descansa um pavão e, ao lado, um burro pasta, acompanhado de outro animal. Um cervo descansa à direita. Outro cão é visto caminhando em direção ao casal. Ao fundo erguem-se a cidade e montanhas azuis, sob um céu dourado.

Esta pintura não apresenta nenhuma iconografia que leve a Vênus, sendo a única versão em que Cupido, seu principal atributo, não aparece. Aqui ela usa um anel de casamento na mão direita, e as figuras vistas no jardim podem ser uma metáfora a um enlace feliz, sendo que o cão é uma alusão à fidelidade, o burro ao amor eterno e o pavão à fecundidade. Imagina-se, portanto, que esta pintura tem por finalidade celebrar um casamento.

São várias as interpretações dadas às pinturas de Vênus que aludem à música. Alguns estudiosos de arte alegam que tais obras são meramente eróticas e decorativas, sem nenhum outro significado mais profundo. Contudo, alguns críticos consideram que essas possuem, sim, um conteúdo simbólico importante, pois dizem respeito às alegorias dos sentidos.

Ficha técnica
Ano: c. 1550

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 136 x 220 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

https://en.wikipedia.org/wiki/Venus_and_Musician
https://www.museodelprado.es/en/the-collection/art-work/venus-and-

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Turner – ENTRONCAMENTO DO RIO TÂMISA…

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada Entroncamento do Rio Tâmisa com o Medway é uma obra do pintor e romântico inglês Joseph Mallord William Turner, que é visto por alguns críticos de arte como um dos precursores da modernidade na pintura, em razão de seus estudos sobre cor e luz. Existe também uma versão menor desta obra. O rio Tâmisa e as tempestades eram dois dos temas prediletos do artista.

A cena dramática, cuja narrativa apresenta homens e elementos da natureza, não importa ao artista, pois seus interesses são essencialmente formais.  A parte central da composição não é a luta dos personagens em meio à tempestade, mas, sim, os elementos essencialmente formais. Portanto, o objetivo da criação do artista é a feitura da própria obra em si, que apresenta horizontais quebradas e uma sinistra cor escura, que contrasta com a luminosidade que se vê mais distante, numa costa tranquila, e que reflete clarões alaranjados nas velas dos barcos pesqueiros, mais próximos ao grupo, no barco, que enfrenta as ondas revoltas.

Como o título indica, o artista retrata o encontro do rio Tâmisa, situado no sul da Inglaterra, com o rio Madway, onde são vistas inúmeras embarcações, dentre elas um pequeno barco pesqueiro com quatro pescadores, visivelmente amedrontados, lutando para não afundarem. Um barril é jogado de um lado pelo outro, nas águas. Atrás deles, à direita, três homens lidam com as velas de uma embarcação. O mesmo acontece com outra embarcação à esquerda, onde são vistos dois homens. O céu, com nuvens escuras e pesadas, parece prestes a despencar. Duas gaivotas brancas fogem da tormenta.  Mais ao longe, fora do raio da tempestade, e já em águas calmas, azuis e serenas, debaixo de um céu azulado, cujas nuvens são atravessadas pela luz dourada do sol, grandes embarcações navegam calmamente.

Ficha técnica
Ano: 1805

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 109 x 142 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Andrea del Sarto – O SACRIFÍCIO DE ABRAÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O gracioso e delicado Isaque, totalmente nu, treme de medo da morte. (Giorgio Vasari)

A composição O Sacrifício de Abraão é uma obra religiosa do pintor italiano Andrea del Sarto (1486-1531), cujo nome de nascimento era Andrea d’Angiolo di Francesco, sendo que “Sarto” foi acrescentado ao seu primeiro nome por ele ser filho de um alfaiate (que em italiano escreve-se sarto). Seu primeiro aprendizado deu-se com um ourives, continuando sua formação provavelmente com Piero di Cosimo. Dividiu sua oficina de trabalho com o pintor Jacopo Sansovino e, provavelmente, com Franciabigio. Pintou afrescos e retábulos. É tido, ao lado de Fra Bartolommeo, como maior mestre da Alta Renascença Italiana, e um dos pioneiros do Maneirismo. Ganhou de Giorgio Vasari o apelido de “pintor sem erros”.

A cena acontece ao ar livre, tendo como personagens Abraão, o primeiro patriarca do povo de Deus, e Isaque, seu filho, segundo a Bíblia (Gênesis 22, 1-19). Os dois personagens principais encontram-se em primeiro plano. O artista retrata o momento em que o patriarca, obedecendo a ordem de Deus, vai sacrificar seu filho. Mas antes de matá-lo, surge o anjo Gabriel pedindo-lhe para que pare o sacrifício e mate um cordeiro no lugar do garoto.

O menino Isaque encontra-se nu, com o joelho esquerdo dobrado sobre o altar sacrificial e a perna direita apoiada no chão. Traz um semblante de surpresa e desespero. Seus dois braços estão seguros nas costas pelo pai, que lhe impede qualquer atitude de defesa, e força seu corpo, dobrando-o para frente. Sua vestimenta vermelha e branca está no chão, ao lado do altar do sacrifício. Por sua vez, o gigantesco Abraão traz o braço do crime voltado para sua direita, com uma faca na mão, prestes a matar o próprio filho. Ele interrompe a execução, voltando o rosto para trás, ao ouvir a voz do anjo.

O inocente cordeiro, que será sacrificado no lugar da criança, está pastando à esquerda, debaixo de uma alta árvore. Ao fundo encontra-se uma bela paisagem, onde se vê a entrada de uma cidade, duas pessoas a cavalo na estrada, árvores, montanhas, e uma pessoa nua, à direita, tomando banho, de costas para o observador, sentada sobre panos brancos e próxima a um jumento arreado, que bebe água ou pasta.

Segundo o crítico de arte Georgio Versari, Sarto fez três versões desta narrativa bíblica,  sendo esta a segunda.

Ficha técnica
Ano: c. 1528

Técnica: óleo sobre tela transferido de painel de madeira
Dimensões: 98 x 70 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

https://www.museodelprado.es/en/the-collection/art-work/the-sacrifice-of-

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El Greco – A ADORAÇÃO DOS PASTORES

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada A Adoração dos Pastores é uma obra-prima do pintor, escultor e arquiteto grego Doménikos Theotokópoulos, mais conhecido por El Greco, que passou grande parte de sua carreira na Espanha. Esta obra, relativa à fase final da vida do artista, é uma das mais comoventes. Ele a executou para ornar o túmulo de sua família, na igreja de Santo Domingo del Antiguo, na cidade espanhola de Toledo.

Esta cena noturna, baseada na temática da Natividade, acontece ao ar livre, diante de uma gruta, composta por dois arcos semicirculares, onde se deu o nascimento do Menino. O artista fez uma encantadora formação espacial no centro do quadro. Na parte de cima estão as figuras dos anjos sobre densas nuvens. Os dois anjos maiores, com suas asas abertas, um envolto num manto vermelho e o outro num amarelo, formam um meio círculo. Um deles carrega uma faixa com dizeres em latim. Entre eles estão três pequenos anjos, nus, que, por sua vez, esvoaçam em torno de três cabecinhas com asas. Todos voluteiam como se estivessem sendo movidos pelo vento que enfuna as nuvens atrás deles.

A Sagrada Família e os pastores encontram-se no espaço abaixo, formando um círculo menor. O Menino Jesus, deitado sobre um pano branco, no colo da mãe, é a personagem central do encontro. Ele emite uma intensa luz que banha tudo à sua volta. A Virgem Maria, com seu vestido vermelho e manto azul, segura delicadamente as pontas de seu pano. À sua direita, vestindo uma túnica azul e um manto amarelo, seu marido José abre os abraços em sinal de adoração. Os pés do anjo de vermelho, acima, estão em direção à sua cabeça, servindo de ligação para compor o círculo maior, à esquerda.

Três humildes pastores, com seus pés descalços e pernas à vista, acorreram à gruta para ver a criança que acabar de chegar ao mundo. Um deles, de verde, encontra-se à esquerda da Virgem, com as mãos na mesma postura das de José. Ao seu lado, o maior deles, de pé, usando roupas azul e vermelha, traz os braços cruzados no peito, em sinal de adoração. Ele serve de elo na formação da parte direita do círculo maior, unindo-se ao anjo acima, que faz o mesmo gesto que ele, e também usa uma vestimenta amarela. De costas para o observador, um homem mais idoso, traz as mãos em postura de oração.

O boi está deitado no meio do grupo, separando os dois pastores do recém-nascido. Sua cabeça levantada, em direção à criança, permite ver seu chifre torneado. O jumento, como uma mancha escura, encontra-se atrás do gigantesco pastor, à direita, sendo possível divisar seu focinho. Todos os elementos parecem vaguear, como um redemoinho, em volta do pequenino e reluzente Menino Jesus, e também girar em torno de si mesmos, como numa dança. As cores, formas e poses da composição contribuem para criar um grande êxtase.

Ficha técnica
Ano: c.1612/1614

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 320 x 180 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

https://www.museodelprado.es/en/the-collection/art-work/the-adoration-of-the-shepherds/4fb170c0-d4cf-4c3e-8293-a8d7152aff78

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Domenico Ghirlandaio – ADORAÇÃO DOS MAGOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A pintura Adoração dos Magos é obra do pintor italiano Domenico Ghirlandaio (1449-1494), o principal pintor de afrescos do Renascimento, em Florença, sua cidade natal. Depois de estudar a arte da ourivesaria, ele se tornou aluno do pintor Alessio Baldovinetti. Seu trabalho recebeu influência da arte da Antiguidade e da holandesa, em especial da obra de Andrea de Castagno, Fra Lippi e Andrea del Verochio. Uma tridimensionalidade forte e contornos definidos fazem parte de seu estilo. Suas cenas, normalmente, possuem muitas figuras. O pintor Michelangelo foi aluno de sua oficina.

Muitos artistas tentaram inserir a temática sobre os Reis Magos em um formato redondo (tondo), como Fra Angélico, Domenico Veneziano e Botticelli. A tentativa de Dominico aconteceu no final de sua carreira. Em sua obra, as caracterizações de suas figuras são bem mais nítidas, podendo o observador acompanhar melhor a cena (ou cenas).

A Virgem Maria, entronizada numa espécie de pedestal clássico, com seu Menino no colo, recebe a visita dos Reis Magos e de uma comitiva que os acompanha. Ela traz na cabeça um véu translúcido e um halo. Sua cabeça está inclinada para frente, com os olhos voltados para o Menino. José, postado à sua direita, usa um manto azul e demonstra júbilo. Sua cabeça descansa na mão direita e o cajado na esquerda. Atrás de Maria há um grande espaço circular vazio. O Menino Jesus, envolto por um tecido transparente, na altura dos quadris, observa o Mago mais velho à sua frente, com a mãozinha direita em pose de bênção.

Em primeiro plano estão as coroas dos reis visitantes, assim como uma pedra branca, com a data da obra, sobre um relvado florido. Ao lado encontram-se um saco de aniagem e um frasco com água, lembrando a jornada de Maria e José, antes de o Menino Jesus nascer. Embora se encontre aqui a presença de um mouro negro, com vestes listradas e coloridas, colocando a coroa em um dos reis, não há a presença de um Mago negro. Os Magos são quase sempre representados como as fases da vida: juventude, maturidade e velhice.

O grupo da Virgem possui a forma piramidal, cujas bordas inferiores são compostas pelos dois magos ajoelhados. Um deles está voltado para o observador, como se o chamasse para ajuntar-se ao grupo. O próprio pintor retratou-se no grupo à direita, ajoelhado, próximo a uma figura de amarelo. Ele aponta para trás com o dedo, possivelmente para o doador da obra. Alguns personagens da classe média de Florença também estão aqui representados, usando, como disfarce, alguns detalhes orientais. Além dos visitantes ajoelhados, vê-se também um grupo de pé. Soldados, usando armaduras com capacetes e lanças, são vistos à direita e à esquerda, assim como inúmeros cavalos, inclusive no centro, onde também se encontram um boi, um jumento e duas ovelhas deitadas.

O pintor dividiu a história, em segundo plano, em episódios: os pastores nas rochas, à esquerda, em meio às suas ovelhas, recebem as boas novas através de um anjo, numa nuvem próxima; os cavaleiros na colina, à direita, cavalgando; o ancoradouro da baía, ao centro, lembrando Veneza. Ao fundo estão as ruínas de um edifício clássico, com sua arquitetura em arcos, sustentados por magníficas colunas. Uma cabana lembra a gruta onde se abrigou a Sagrada Família, acompanhada de um boi e um burro.

 Ficha técnica
Ano: 1487

Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 172 cm de diâmetro
Localização: Galleria deglu Uffizi, Florença, Itália

Fontes de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador

1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.wga.hu/html_m/g/ghirland/domenico/7panel/06tondo.html
https://it.wikipedia.org/wiki/Adorazione_dei_Magi_Tornabuoni

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Renoir – MENINA COM REGADOR

Autoria de Lu Dias Carvalho

A extraordinária composição intitulada Menina com Regador é uma obra-prima do pintor impressionista francês Pierre Auguste Renoir, que pintou inúmeros e maravilhosos retratos de crianças. Este é um dos primeiros retratos do artista. Trata-se de um trabalho modesto em seu objetivo, sem falar na singeleza do cenário e da composição, se levarmos em conta outras de suas obras, mas que encantou e continua maravilhando pessoas em todo o mundo.

Uma doce menininha de cabelos dourados e enfeitados com um laço de fita vermelho está parada no caminho de um jardim. Seus olhos azuis parecem emitir faíscas. Suas bochechas são rosadas e a boca carmesim mostra um delicado sorriso. Ela usa um vestido azul, que parece aveludado, todo enfeitado com rendas brancas, fechado com enormes botões. Calça botinhas pretas, adornadas com metais, e meias rendadas. Na mão direita traz um regador verde, preso pela alça, e na esquerda um galho de flores brancas e amarelas.

A garotinha, que ocupa a parte central da tela, tem à sua direita um canteiro de flores e às costas um segundo canteiro, ambos separados por um gramado verde. As flores vermelhas às suas costas têm o mesmo tom de seu laço de fita.

A pintura emana pureza e alegria. As cores cintilantes, que refletem a beleza da paleta impressionista, são banhadas por uma luz morna que parece filtrada por uma suave névoa. O uso das cores nas composições figurativas do artista apresenta mais regularidade nas pinceladas do que em suas paisagens. Esta menininha, por exemplo, é pintada com pinceladas delicadas, principalmente em seu delicado rosto.

Ficha técnica
Ano: c. 1876

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 100 x 73 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

https://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/art-object-page.46681.html
http://www.aaronartprints.org/renoir-agirlwithawateringcan.php

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