Arquivo da categoria: Pintores Brasileiros

Informações sobre pintores brasileiros e descrição de algumas de suas obras

Vicente do Rego Monteiro – O CAMBITEIRO

Autoria de Lu Dias Carvalho

cambi

A composição O Cambiteiro é uma obra do pintor brasileiro Vicente do Rego Monteiro, cuja temática é nordestina. Segundo o dicionário Aurélio, “cambiteiro é o indivíduo empregado para transportar, em costas de animais, lenha, cana-de-açúcar, capim, etc.”. O “cambito”, por sua vez, é o nome que se dá ao gancho de madeira duplo que, posto sobre a cangalha dos animais, serve para transportar ou cambitar (carregar em cambitos).

A pintura apresenta três diferentes planos:

  • no primeiro encontram-se as figuras do rapaz e do animal;
  • no segundo erguem-se as montanhas;
  • no terceiro está o céu.

A tela apresenta um jovem rapaz conduzindo seu burrinho. É o cambiteiro. Encontra-se vestido de branco, camisa e calça dobrada no joelho, com um cinto de couro abaixo da cintura, prendendo as calças e segurando uma capanga atrás, dentro da qual desponta o cabo de uma faca. Na cabeça o moço traz um chapéu de couro, preso ao queixo. A mão direita segura um chicote, cujo cabo forma a diagonal principal, à qual se agregam outras linhas. A posição das pernas do homem e das pernas do animal indica que eles estão em movimento.

O animal, à frente do rapaz, segue livremente com sua carga. O par de cambitos é responsável por segurar os feixes de palha. O primeiro cambito posiciona-se no centro da tela, dividindo-a verticalmente.

Montanhas escuras levantam-se ao fundo. O chão, por onde passam o moço e o burro, e as montanhas são formados por diagonais que se cruzam. Em primeiro plano, na base inferior da composição, erguem-se algumas plantinhas. Em meio às montanhas encontra-se o céu azul. Excetuando a cor da vestimenta do rapaz e a do céu, a cor ocre, em “dégradé”, compõe a tela.

Ficha técnica
Ano: 1961
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 99 x 72 cm
Localização: Acervo da Fundação Joaquim Nabuco, Recife, Brasil.

Fontes de pesquisa
Vicente do Rego Monteiro/ Coleção Folha

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Vicente do Rego Monteiro – SANTO ANTÔNIO…

Autoria de Lu Dias Carvalho

Santo Antonio

A pintura Santo Antônio Falando aos Peixes é uma obra do pintor brasileiro Vicente do Rego Monteiro, de temática religiosa. Representa a visão  do santo conversando com os peixes. Esta é  segunda tela do artista com o mesmo tema.

Santo Antônio está postado de perfil, voltado para a direita da tela, onde se encontram os peixes, também na vertical. Sua figura é morena, bem semelhante à dos índios brasileiros. Ele usa um hábito que desce até seus pés, cingido por um cordão. A cor de sua vestimenta é quase igual à de sua pele. Traz as mãos levantadas, com as palmas viradas para os peixes, simbolizando que é para eles que dirige suas palavras. O fundo ocre e as linhas mais claras em torno do cordão, capuz e braço, são responsáveis por dar relevo à figura do santo. O modo como a figura foi pintada está de acordo com a representação popular feita pelos oleiros e santeiros nordestinos e do Vale do Jequitinhonha.

Dezoito peixes, em cor marrom-avermelhada, dispostos em águas de cor verde, estão de frente para o santo, como se o observasse atentamente. As ondas, representadas por linhas brancas, ao mesmo tempo em que os apoia, repassam a ideia de movimento e sensação de relevo, ao arremessar os peixes para fora da água.

Esta tela foi pintada no ano da morte do artista.

Ficha técnica
Ano: 1970
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 83,5 x 48 cm
Localização: Acervo do Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães, Recife, Brasil

Fontes de pesquisa
Vicente do Rego Monteiro/ Coleção Folha

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Vicente do Rego Monteiro – TÊNIS

Autoria de Lu Dias Carvalho

tenis

A composição Tênis é uma obra do pintor brasileiro Vicente do Rego Monteiro. O tema esteve muito em voga nos anos 1920, o que levou o pintor, que morou em Paris, a representá-lo, realizando três telas com tal temática.

Presentes na tela estão duas figuras delgadas: uma feminina e outra masculina. Ambas participam de uma partida de tênis. O casal foi capturado pelos pinceis do artista, quando se encontrava em em ação, como se se tratasse de um instante fotográfico.

A mulher, trajando um vestido branco diáfano, é quem faz a jogada. Sua postura no lance repassa-lhe um ar de bailarina. Seu companheiro de jogo, assim como ela, observa a bola que toca na rede. O gesto sincronizado do casal leva também o observador a buscar, com os olhos, a bolinha branca na rede.

A figura masculina traz o corpo voltado para o lado esquerdo da tela, com um dos pés deslocando-se do chão, e a cabeça em direção contrária, trazendo a impressão de que se encontra em movimento. Por sua vez, a figura feminina, no ar, demarca o centro da composição. Seu corpo parece se fundir com as linhas do espaço, quebradas apenas pelo seu gesto de rebater a bola.

Se o observador der-se à tarefa de tirar as raquetes das mãos das duas figuras, e a pequena parte da rede e a bola,  a cena poderá ser vista como um balé. Somente alguém tão chegado às cenas de danças, como Vicente do Rego Monteiro, poderia captar tanta sincronia, sensualidade e beleza num jogo de tênis.

Ficha técnica
Ano: 1928
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 99 x 78,5 cm
Localização: Acervo dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo, Brasil.

Fontes de pesquisa
Vicente do Rego Monteiro/ Coleção Folha

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Vicente do Rego Monteiro – DEPOSIÇÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

depos

A pintura Deposição, também conhecida por Pietá, é uma obra do pintor brasileiro Vicente do Rego Monteiro. Em sua tela de temática religiosa, ele representa a deposição de Cristo da cruz. O artista fez outras telas com temas religiosos, sempre imbuído da preocupação em adaptar, para uma linguagem moderna, os temas tradicionais da arte sacra.

A Virgem Maria ocupa o centro da tela na vertical. No colo ela traz seu filho Jesus,  depois de ser descido do madeiro. A Virgem Mãe encontra-se declinada em direção ao corpo do filho morto. É possível ver um fragmento da cruz em cor marrom às suas costas. Seus braço direito e cabeça estão paralelos ao corpo do filho. Sua expressão é de profunda dor.

Outra figura de perfil encontra-se à esquerda de Maria, podendo ser a representação de José de Aritmateia. Sua cabeça na vertical está alinhada com a de Jesus, também na vertical, e com a da Virgem na horizontal. Ele segura o corpo do Mestre, abaixo dos braços, dando a impressão de que seu braço esquerdo seja também o de Maria, ao abraçar o filho. José encontra-se ajoelhado. Todas as figuras estão descalças.

O corpo de Cristo na horizontal traz a mão direita estendida horizontalmente e a esquerda pendida verticalmente. Marcas ensanguentadas na testa remetem ao uso da coroa de espinhos, enquanto feridas nos braços e nas pernas lembram o uso dos pregos no seu suplício na cruz. Seus olhos estão abertos e de cada um deles brota uma lágrima de sangue. De sua boca fechada também escorre sangue no canto direito. Seus pés, que pendem do colo de Maria, parecem não tocar o chão.

Em razão da proximidade as três figuras formam um único bloco, como se se tratasse de uma escultura. A ausência de pescoço, o formato das mãos e dos pés, assim como o seio e as patelas, representadas por pequenos círculos, e também a cor terrosa, remetem à arte marajoara. Pela presença de nuvens que despontam, conclui-se que se trata do anoitecer.

Ficha técnica
Ano: 1966
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 59 x 72 cm
Localização: Acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Vicente do Rego Monteiro/ Coleção Folha

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Heitor dos Prazeres – FESTA DE SÃO JOÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

HEIFESSAJ

A composição Festa de São João é uma obra do compositor, cantor, sambista e pintor brasileiro Heitor dos Prazeres. O artista optou pela arte naïf, palavra que significa “ingênuo” ou “inocente” em francês e que tem naïve como sua forma feminina. Os pintores que se incluíam em tal gênero não eram levados a sério até então, sob o argumento de que não possuíam formação acadêmica, ou seja, não carregavam em seu bojo a educação formal exigida pelo mundo artístico.

Numa pracinha circular de chão batido, rodeada por quatro casas à vista, enfeitada com bandeirolas coloridas, um grande grupo de pessoas festejam o São João, festa popular brasileira. A criançada diverte-se soltando balões e tentando subir no pau de sebo — brincadeira própria das festividades juninas — que divide a composição ao meio. Alguns adultos, na parte esquerda da composição, observam a cena.

Quatro músicos tocando seus instrumentos estão à direita do quadro, rodeados por três mulheres com seus vestidos de chita coloridos e rodados. Mais à frente crepita uma fogueira e próximos a ela dela dança um casal e três mulheres. Dois garotos brincam com um balão.

Heitor foi convidado parar participar em 1943 da mostra dedicada à Arte Latino-Americana, no Roual Air Force (RAF), em Londres, em benefício das vítimas da Segunda Guerra Mundial. Sua tela Festa de São João foi indicada por seu amigo Augusto Rodrigues que também fazia parte da mostra, juntamente com outros artistas de vários países. A obra de Heitor chamou a atenção da rainha Elizabeth (à época, princesa) que, impressionada com a alegria e a espontaneidade vista no trabalho do artista, acabou comprando o quadro. Ela também se interessou por ele, fato que trouxe grande notoriedade para seu trabalho no mundo das artes plásticas, pois nesse mesmo ano ele foi convidado a expor, individualmente, em Belo Horizonte, no diretório acadêmico da Escola de Belas Artes.

Ficha técnica
Não encontrada

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Vicente do Rego Monteiro – ARLEQUIM E BANDOLIM

Autoria de Lu Dias Carvalho

arleban

A composição de influência cubista denominada Arlequim e Bandolim é uma obra do pintor brasileiro Vicente do Rego Monteiro. O artista faz uso de um tema de estilo teatral, uma vez que sua tela é inspirada na figura do Arlequim da “commedia dell’arte”.

A figura masculina está nua. Seu corpo forte e alongado, com acentuadas curvas (pescoço, tórax, abdômen e órgãos genitais), toma quase toda a tela. Traz na cabeça um chapéu e na mão esquerda um bandolim, que descansa no chão. A cabeça, pendente para sua direita, repassa tristeza e abatimento. Seu rosto traz sombrancelhas e nariz em forma de T, o símbolo do poder absoluto e infinito entre os povos primitivos.

O arlequim tem o corpo de frente para o observador e o rosto de perfil. A mão direita toca a cintura, de modo que tal junção dá forma a um triângulo, igual ao que se vê no friso branco em ziguezague, à esquerda. Suas pernas, a esquerda sobre a direita, estão cruzadas, formando, com a posição dos pés, um losango.

O arlequim teatral tem como indumentária uma roupa de losangos, executa passos de dança e faz acrobacia. Como este se encontra nu, o artista usou o fundo da composição para sugerir sua vestimenta. A luz, que é projetada sobre ele advém do lado direito da tela, pois, deste lado, a claridade é mais intensa. Ela é responsável por repassar a sensação de relevo e também de volume à composição.

Ficha técnica
Ano: 1928
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 49 x 59 cm
Localização: Acervo do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife, Brasil.

Fontes de pesquisa
Vicente do Rego Monteiro/ Coleção Folha

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