Arquivo da categoria: Pintores Brasileiros

Informações sobre pintores brasileiros e descrição de algumas de suas obras

Anita Malfatti – O FAROL

Autoria de Lu Dias Carvalho

O FAROL   (Faça o curso gratuito de História da Arte, acessando: ÍNDICE – HISTÓRIA DA ARTE)

Pintávamos na ventania, ao sol, na chuvarada e na neblina. Eram telas e telas. Era a tormenta, era o farol, eram as casinhas dos pescadores escorregando pelos morros, eram as paisagens circulares, o sol e a lua e o mar. (Anita Malfatti)

O maior progresso que realizei na minha vida foi nessa ilha e nessa época de ambientes muito especiais. Eu vivia encantada com a pintura. (Anita Malfatti)

A composição O Farol, obra da pintora Anita Malfatti, situa-se entre as suas obras mais famosas. É também conhecida como O Farol de Monhegan. Foi pintada na ilha de Monhegan, na costa leste estadunidense, ao ar livre, quando era aluna do professor Homer Boss, que permitia que seus alunos expressassem-se com liberdade, espalhando-se pelo local. Anita retrata o farol da ilha e as casinhas próximas a ele.

A pintora traz à tona, nesta obra e em algumas outras, as influências expressionistas aprendidas durante o tempo em que passou estudando na Alemanha. Ela distribui sobre a tela uma infinidade de cores fortes e vibrantes, que repassam um grande dinamismo.

O céu de O Farol traz uma infinidade de cores, destacando as pinceladas enérgicas e ligeiras da pintora, que passam a sensação de certa agitação, embora embaixo reine tranquilidade. As pinceladas de cor branca levam luminosidade ao céu da pintura. Esta obra também nos lembra o artista holandês Vincent van Gogh.

Esta pintura faz parte das obras da artista, expostas na Semana de Arte Moderna.  Anita Malfatti expôs 53 trabalhos, entre figuras: Tropical (1917), A Estudante Russa (ca.1915), O Japonês (1915-1916), O Homem Amarelo (1915-1916), A Mulher de Cabelos Verdes (1915-1916)]; paisagens: O Farol de Monhegan (1915), A Ventania (1915-1917), A Palmeira, O Barco (1915); gravuras : Boneca Japonesa, Anjos de Rubens, O Burrinho; caricaturas e desenhos: Festa no Trianon, Impréssion de Matisse, O Movimento.

Ficha técnica
Ano: c. 1915-1916
Dimensões: 46,5 x 61 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: Acervo da Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM, Rio de Janeiro, Brasil

Fonte de pesquisa
Anita Malfatti/ Coleção Folha

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Anita Malfatti – MULHER DO PARÁ

Autoria de Lu Dias Carvalho

MUPAR

A composição Mulher do Pará, obra da artista brasileira Anita Malfatti, foi resultado da passagem da artista pela cidade de Belém, no estado do Pará, quando viajava para os Estados Unidos, em 1915.

Ao aportar no cais da cidade, que à época era zona de prostituição, chamou a atenção da artista uma mulher excentricamente vestida, próxima a um balcão, ereta, como se fosse um manequim numa vitrine. Anita ficou de tal forma encantada, que retornou ao local para fazer um esboço minucioso daquela personagem tão exótica. Mas foi somente cerca de 11 anos após aquele encontro é que o quadro foi pintado.

A composição Mulher do Pará foi exposta em Paris, na exposição do Salon d’Automne, recebendo o nome de Femme du Pará.

Ficha técnica
Ano: c. 1927
Dimensões: 80 x 65 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: Coleção particular

Fonte de pesquisa
Anita Malfatti/ Coleção Folha

Views: 87

Anita Malfatti – A BOBA

Autoria de Lu Dias Carvalho

A BOBA

A composição A Boba é um dos quadros mais conhecidos e notáveis da pintora Anita Malfatti que, não se atrelando aos rigores da época, ousou tanto na temática quanto no tratamento pictórico e no uso das cores.

A personagem encontra-se assentada numa cadeira de espaldar arredondado com o estofamento em azul e vermelho, contrastando com sua roupa amarela, pintada com pinceladas ligeiras.

A mulher possui um olhar distante e mostra-se perdida em si mesma, não ousando fitar o observador. Seus olhos escuros são delimitados por contornos pretos, com sobrancelhas em forma de acento circunflexo. Seus cabelos pretos estão repartidos ao meio e cobrem suas orelhas. O fundo da composição é pintado em azul e verde, contrastando com a roupa da figura e sua cadeira.

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Ficha técnica
Ano: c. 1915-1916
Dimensões: 61 x 50,6 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: Acervo do Museu de Arte Contemporâneo da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil

Fonte de pesquisa
Anita Malfatti/ Coleção Folha

Views: 466

Anita Malfatti – INTERIOR DE MÔNACO

Autoria de Lu Dias Carvalho

INTMON

A composição Interior de Mônaco, da artista brasileira Anita Malfatti, foi executada quando ela se encontrava em Mônaco, juntamente com sua irmã Georgina, na residência de seus parentes. Para chegar à obra final, ela fez dois esboços, optando pelo último.

Um quarto com a porta entreaberta e atapetado de vermelho mostra uma mulher com um robe, de costas para a sala e o observador. É Georgina quem serve de modelo para a obra.

A sala contígua ao quarto é excessivamente decorada. As paredes de ambos os ambientes são decoradas com motivos diferentes. A cortina e a toalha da mesa apresentam motivos florais. O piso da sala é quadriculado e possui acabamento em arabescos vermelhos e brancos. Dois quadros enfeitam a parede. As flores de um vaso sobre uma cristaleira marrom, móvel com parte superior em vidro, o que permite ver louças e cristais em seu interior, misturam-se ao retrato.

A obra Interior de Mônaco foi reproduzida na revista francesa Le Septième Jour, em 1926, além de fazer parte de importantes exposições nacionais e internacionais. E mostra enorme influência do trabalho dos pintores Henri Matisse e  Pierre Bonnard.

Ficha técnica
Ano: c. 1925
Dimensões: 73 x 60 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: Acervo da BM&FBOVESPA, São Paulo, Brasil

Fonte de pesquisa
Anita Malfatti/ Coleção Folha

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Pintores Brasileiros – ANITA MALFATTI

Autoria de Lu Dias Carvalho

ANIMALF

Procurei todas as técnicas e voltei à simplicidade, diretamente, não sou mais moderna ou antiga, mas escrevo e pinto o que me encanta. (Anita Malfatti)

Quando viram minhas telas todas, acharam-nas feias, dantescas e todos ficaram tristes, não eram os santinhos do colégio. (Anita Malfatti)

Anita Malfatti é um temperamento nervoso e uma intelectualidade apurada, a serviço de seu século. (Oswald de Andrade)

A futura pioneira da arte moderna no Brasil, Anita Catarina Malfatti (1889-1964), que seria conhecida depois como Anita Malfatti, nasceu na cidade de São Paulo. Era a segunda filha do engenheiro civil italiano, Samuel Malfatti, e da estadunidense Elizabeth Krug, descendente de irlandeses e alemães, apelidada de Bety. Da capital paulista a família Malfatti mudou-se para Campinas, no interior do mesmo Estado. E em 1892, já naturalizado, o pai de Anita tornou-se deputado estadual e representante da colônia italiana.

Ainda bebê, a pequena Anita foi levada à Itália para ser operada de uma séria atrofia congênita que trazia no braço e na mão direitos. E, nesse período, nasceu o Guilherme, seu irmão mais novo. Dois anos depois, sem que a atrofia fosse totalmente reparada, a família retornou ao Brasil, onde a menina passou a fazer tratamento de fisioterapia, pois, embora não sendo canhota, teria que trabalhar com a mão esquerda. Dentre os exercícios estava o desenho. Nesse mesmo período nasceu sua irmã Georgina.

Anita começou estudando num colégio de freiras católicas, mas com a morte do pai, quando ela estava com cerca de 10 anos de idade, sua família teve que ir morar com os avós maternos, passando ela a estudar num colégio presbiteriano, hoje Mackenzie, onde finalizou seus estudos. Recebeu, portanto, uma dúplice formação religiosa, o que muito influiu em sua obra e vida. Passou a lecionar, mas tinha o pensamento sempre voltado para a pintura.

Aos 21 anos de idade, Anita conseguiu que sua tia e o tio George, irmão de sua mãe, apoiassem-na financeiramente numa viagem à Alemanha, para estudar, local para onde convergia toda a agitação do mundo artístico, com os mais diferentes movimentos de vanguarda. Foi nessa época que surgiram os artistas inconformados com as regras acadêmicas dos Salões oficiais e seus padrões estéticos. A jovem brasileira foi aluna de vários professores, dentre eles estava Lovis Corinth, muito conhecido à época. Mas com o prenúncio da Segunda Guerra Mundial, ela retornou ao Brasil, quatro anos depois, realizando numa das salas do Mappin a sua primeira exposição individual, sem nenhum tipo de êxito.

Reconhecendo que a garota ainda não estava amadurecida suficientemente para a arte, sua família enviou-a para estudar nos Estados Unidos, onde, em Nova York, passou a ter aulas com o professor Homer Boss, que dizia que “a arte é pura filosofia”. Segundo alguns estudiosos, foi nesse país que Anita criou suas mais notáveis obras, em razão da liberdade de estilo ali encontrada. Ao voltar a São Paulo, cerca de três anos depois, deixou sua família insatisfeita com suas pinturas, acusando-as de “horrorosas”. Entretanto, os jornalistas Di Cavalcanti e Menotti del Picchia ficaram arrebatados com os trabalhos dela, enquanto outros como Monteiro Lobato, que a criticou, dizendo: “seduzida pelas teorias do que ela chama de arte moderna, penetrou nos domínios de um Impressionismo discutibilíssimo, e pôs o seu talento a serviço duma nova espécie de caricatura… “.

Alguns estudiosos acham que a crítica de Monteiro Lobato teve influência na mudança de estilo de Anita, que passou a se encaminhar para uma linha mais “nacionalista”, em sua pintura. Passou a estudar com o pintor Pedro Alexandrino, famoso por suas naturezas-mortas. E foi em seu ateliê que conheceu aquela que seria sua grande amiga – Tarsila do Amaral, época em que se aproximou do grupo responsável pela organização da Semana de Arte Moderna, em São Paulo, e que reencontrara Mário de Andrade, que viria a se tornar seu grande amigo e, posteriormente, seu inimigo. A presença de Anita na Semana de 1922 foi de grande importância, chegando a ser incensada como a pioneira do modernismo no Brasil, como apregoava Mário de Andrade.

Anita ganhou a bolsa de estudo do Pensionato Artístico do Estado de São Paulo, que a levou a Paris, onde participou de várias mostras coletivas e individuais. Contudo, o amigo Mário de Andrade, ferrenho modernista, tornara-se insatisfeito com os rumos que sua pintura tomara. E, quando ela realizou uma mostra individual na cidade de São Paulo, apresentando suas obras pintadas na Europa, onde não mais imperava as convicções estéticas do grupo modernista, foi o estopim para que acontecesse a cisão. Ela caiu de certa forma no ostracismo, tendo que dar aulas, mas não abandonou a pintura. Seu quadro Época de Colonização não foi aceito no Salão Oficial de Belas-Artes do Rio de Janeiro, onde Mário de Andrade era jurado. Ela atribuiu a inaceitabilidade de sua obra ao antigo amigo.

Passeando por Minas Gerais, Anita visitou Belo Horizonte e as cidades históricas de Ouro Preto, Congonhas e Mariana, onde compôs várias paisagens. Passava também temporadas em Itanhém e Embu, em São Paulo. Expôs em vários salões e na I Bienal Internacional de São Paulo e no I Salão Paulista de Arte Moderna. Com a morte da mãe, Anita e sua irmã Georgina ficaram vivendo numa chácara em Diadema e num apartamento na Barra Funda. Faleceu em São Paulo, aos 75 anos de idade.

Fonte de pesquisa
Anita Malfatti/ Coleção Folha

Nota: autorretrato da pintora

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Aldemir Martins – TOCADOR DE BERIMBAU

Autoria de Lu Dias Carvalho

tocaberim

O Tocador de Berimbau, do artista cearense Aldemir Martins, é uma obra que se encaixa perfeitamente dentro da cultura brasileira, pois o berimbau é um instrumento de percussão, trazido pelos escravos africanos, especialmente de Angola, que acompanha o jogo de capoeira, marcando o ritmo. A capoeira é ao mesmo tempo, música, dança e luta, sendo hoje parte de nossa cultura. E, como informação, a capoeira, em 1940, deixou de fazer parte do Código Penal Brasileiro, como prática ilegal.

A composição apresenta apenas uma figura masculina tocando seu berimbau, no exato momento em que toca a corda do instrumento. Seu corpo curvado parece tomar a forma do arco do berimbau, quando seus músculos rígidos são evidenciados. O homem tem o rosto voltado para o observador e na mão direita, juntamente com a vareta que tange o instrumento, traz um chocalho de palha denominado caxixi ou mucaxixi, cheio de sementes, que também auxilia na música.

Ficha técnica
Ano: 1967
Dimensões: 22 x 16 cm
Técnica: acrílica sobre tela
Localização: Coleção particular

Fonte de pesquisa
Aldemir Martins/ Coleção Folha de São Paulo

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