Arquivo da categoria: Pintores Brasileiros

Informações sobre pintores brasileiros e descrição de algumas de suas obras

Vicente do Rego Monteiro – O VAQUEIRO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição O Vaqueiro é uma obra do pintor brasileiro Vicente do Rego Monteiro, que traz uma temática rural. O artista fez outras telas com tal tema. Mais uma vez Vicente opta pelas formas geométricas e pela abordagem primitivista.

Um rapaz e seu cão aparecem em primeiro plano, fundindo-se com o local. O vaqueiro, com seu chapéu de couro caído nas costas e amarrado ao pescoço, traz a cabeça tombada em direção ao ombro direito. Suas pernas cruzadas estão cingidas por suas fortes mãos. Sua pose estabelece um círculo. A patela visível tem a forma de um círculo, também. Ele parece dormir, embalado pelo cansaço.

Atrás do vaqueiro está deitado seu cachorro que, diferentemente dele, que é pintado com realismo, é semelhante às estátuas da cultura marajoara. O animal, com a língua de fora, parece encarar o observador. Atrás dos dois estão duas reses. Uma delas está voltada para a direita e outra para a esquerda. Seus corpos confundem-se, necessitando de mais argúcia do observador, para serem delimitados.

Obs.: a marca vertical, à esquerda, diz respeito à página do livro, nada tendo a ver com a pintura.

 Ficha técnica
Ano: 1961
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 59 x 72 cm
Localização: Acervo da Fundação Joaquim Nabuco, Recife, Brasil

Fontes de pesquisa
Vicente do Rego Monteiro/ Coleção Folha

Views: 30

Vicente do Rego Monteiro – ATIRADOR DE ARCO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Ao examinar uma obra como o “Atirador de Arco”, é fundamental levar em consideração a natureza dupla de seu discurso visual, transitando entre modernizador e arcaizante. (Rafael Cardoso)

A pintura Atirador de Arco é uma obra decorativa e nativista do pintor brasileiro Vicente do Rego Monteiro, resultante de seus estudos sobre a arte índígena. Apresenta uma composição harmônica, com figuras estilizadas, em que a cor terrosa lembra a cerâmica.  A inspiração para as figuras estilizadas foi encontrada no adorno marajoara, de fundo arqueológico. Na obra, o primitivo e o exótico convivem harmonicamente.

A composição está simetricamente dividida pela figura central, ou seja, pelo índio que se encontra deitado de costas. Ele traz um arco preso entre os pés e segura a flecha, que se encontra exatamente no meio da tela, dividindo-a verticalmente. A posição do índio alude à obra de Debret denominada “Caboclos ou Índios Civilizados”, como citava o próprio Vicente do Rego Monteiro.

O artista usa o arco e a flecha para, através deles, organizar os demais elementos de sua obra. O índio, que se prepara para atirar a seta, é visto de cabeça para baixo, numa postura frontal, com o corpo acompanhando a linha vertical da flecha. O tronco oculto contribui para o alongamento de suas pernas, como se essas nascessem logo abaixo da cabeça.

Simetricamente postados em relação à figura central, um de cada lado, estão dois outros índios, quase análogos, como se um refletisse o outro. Entre eles só é possível notar diferença na posição do rosto. O da direita está de frente para o observador, enquanto o da esquerda encontra-se de perfil. Embora seus corpos mostrem-se de frente, a perna esquerda de um e a direita de outro estão perfiladas, com os pés convergindo para o centro da composição. É interessante também notar que os braços e o peito destas duas figuras acompanham a curvatura do arco, enquanto um dos antebraços e uma das mãos posicionam-se na direção da extremidade pontiaguda da flecha.

A proximidade entre os corpos nus, redondos e musculosos dos três índios tranforma-os numa única figura. O feitio retangular das cabeças, o formato das orelhas e a cara estilizada são parecidas com as estátuas marajoaras. Uma faixa de luz rodeia o corpo dos índios, sendo responsável por dar vida ao relevo. Na parte superior da pintura, linhas escuras, semelhantes ao arco, posicionam-se acima desse. Elas induzem o observador a imaginar o movimento que acontece logo após o arremesso da flecha.

Ficha técnica
Ano: 1925
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 65 x 81 cm
Localização: Acervo do Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães, Recife, Brasil

Fontes de pesquisa
Vicente do Rego Monteiro/ Coleção Folha
A arte brasileira em 25 quadros/ Rafael Cardoso

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Vicente do Rego Monteiro – MADONA E MENINO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Madona e Menino (Maternidade Indígena), também conhecida como Nossa Senhora do Brasil, é uma obra do pintor brasileiro Vicente do Rego Monteiro. O artista funde, na mesma tela, paganismo e cristianismo, ao mesclar a Madona e o Menino Jesus, do cristianismo, com os ídolos da arte marajoara.

O pintor faz uso da geometria para compor seu trabalho. A mãe assim pode ser descrita:

  • corpo retangurlar;
  • abdômen arredondado;
  • e seios, antebraços e patelas em esferas.

As mãos juntas e os dedos compridos da madona situam-se no centro da pintura, dividindo-a ao meio. Unidos e formados por linhas retas, os dedos assemelham-se a uma grade. A postura da mãe é ereta. Seus cabelos estão presos para trás. Seus traços fisionômicos são apequenados. As orelhas enormes estão enfeitadas com adornos similares aos dos índios botocudos. Ela se encontra de frente para o observador, como se o fitasse. Possui quadris largos e arredondados. No colo traz sua criança. Seu assento, disposto a partir da metade dos quadris, é delimitado por uma linha horizontal.

O Menino Jesus, nu, está assentado no colo da mãe. Traz os braços abertos, levantados, e as pernas também abertas. Seu corpo rechonchudo toma a forma de um X. Está cingido pelos braços e mãos da madona, que se postam abaixo de seus braços e acima do umbigo. Os traços do rosto também são apequenados. Suas patelas são definidas por círculos dentro de faixas curvas. Tem os pezinhos e joelhos acima dos da mãe. É possível visualizar as dobrinhas de sua pele. Ao contrário da mãe, seu rostinho esférico brota diretamente de seu tronco.

A luz, que é projetada sobre as duas figuras, advém do canto inferior direito da tela, pois, deste lado, a claridade é mais intensa nas figuras, sendo que o lado esquerdo está coberto por sombras. A luz é responsável por repassar a sensação de relevo e também de volume. O fundo escuro da tela, ainda que diminuto, põe as figuras em maior evidência.

Ficha técnica
Ano: 1924
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 250 x 104 cm
Localização: Acervo dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo, Brasil.

Fontes de pesquisa
Vicente do Rego Monteiro/ Coleção Folha

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Vicente do Rego Monteiro – MULHER DIANTE DO ESPELHO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada Mulher diante do Espelho é uma obra do artista brasileiro Vicente do Rego Monteiro, que mostra a influência cubista recebida pelo pintor.

O artista retrata uma figura feminina de costas, cuidando de sua beleza. Ela se encontra com o torso nu, ligeiramente inclinado para a sua direita, com o seu rosto visto de perfil. Seu braço esquerdo está oculto, como se ela penteasse parte dos cabelos. Através deste ocultamento foi possível mostrar o espelho ao observador. Nele se reflete a sombra de seu rosto e ombro. Uma enorme linha vertical marca a espinha dorsal da mulher e, ao mesmo tempo, divide a composição ao meio, verticalmente. Ela é responsável por levar os olhos do observador até o rosto da figura e dali para o espelho à sua frente.

À frente da mulher estão uma mesa e um espelho. Em cima da mesa encontra-se uma moringa. Um facho de luz, que vem da porta, ilumina as costas da figura feminina. Uma cortina verde desce à direita. A parede e o piso não são desenhados, mas demarcados pelas cores, enquanto a porta está delimitada por linhas. A luz que vem da porta é quebrada pela cortina verde, mas ganha vida atrás do espelho.

Ficha técnica
Ano: 1922
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 98,3 x 69,3 cm
Localização: coleção particular

Fontes de pesquisa
Vicente do Rego Monteiro/ Coleção Folha

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Vicente do Rego Monteiro – MENINO NU E TARTARUGA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Menino Nu e Tartaruga é uma obra do pintor brasileiro Vicente do Rego Monteiro, que tinha predileção por pintar garotos nus, sozinhos ou associados a animais. Seus meninos são sempre relacionados ao Menino Jesus, quando se referem a temas religiosos. O rosto é, quase sempre um autorretrato do artista.

O garotinho encontra-se em primeiro plano, de frente para o observador, embora não o fite. Seu corpo possui formas arredondas e assemelha-se a uma escultura. Sua cabeça arredondada, que pende para sua direita, parece brotar diretamente do tronco, embora se perceba um pequeno sinal de pescoço. Mãos e pés apresentam pouca diferenciação. Seu tronco oval está rodeado pelos braços em forma de arco. Suas pernas gordas são cilíndricas e contém dois pequenos círculos que representam os joelhos.

Na tela, a tartaruga encontra-se atrás do menino, cujo corpo só deixa à vista a cabeça, as patas dianteiras e traseiras e uma pequena parte do casco do animal, que segue o mesmo padrão do menino, pois trata-se da representação de uma estatueta de cerâmica, característica da ilha do Marajó. O modo como foram representados, menino e bicho, é característicos da cultura marajoara, estuda pelo artista.

As duas figuras são compostas por linhas curvas, mas, fugindo à regra, estão as linhas retas que moldam o nariz do menino e o focinho da tartaruga. As duas figuras estão contornadas por uma linha clara que, juntamente com a iluminação central, contribuem para dar vida ao relevo da ingênua pintura.

Ficha técnica
Ano: 1923
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 92,3 x 72 cm
Localização: Acervo do MASP, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, Brasil.

Fonte de pesquisa
Vicente do Rego Monteiro/ Coleção Folha

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Vicente do Rego Monteiro – A MULHER E A CORÇA

Autoria de LuDiasBH

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A composição A Mulher e a Corça é uma obra do pintor brasileiro Vicente do Rego Monteiro, que faz uso de um tema mitológico, que alude à deusa grega guerreira de nome Diana. O pintor deu o nome de Diana a outros trabalhos seus.

A deusa encontra-se nua, abraçada a uma corça. Sua figura volumosa está de pé. Seu rosto, inclinado para baixo, traz sombrancelhas e nariz em forma de T, símbolo do poder absoluto e infinito entre os povos primitivos. Seus seios, abdômen e patelas são definidos por formas circulares. Ela traz os braços em forma de arco, o que lembra sua arma de caça. O braço direito circunda o pescoço da corça, enquanto o esquerdo jaz no ar. Seu gesto manifesta carinho e docilidade. Seu rosto, voltado para o animal, está perpendicular ao desse.

Um animal avantajado desponta na tela, à esquerda. Sua cabeça, que ultrapassa a da corça, está próxima à de Diana. Ele também observa a corça. O conjunto das três figuras forma uma composição piramidal invertida.

A perna esquerda da deusa encontra-se na frente da direita, enquanto a perna direita da corça está à frente da esquerda. Tal postura é indicativa de movimento. Ou seja, Diana e a corça estão andando. O braço esquerdo da deusa também leva a tal compreensão.

O artista ornamenta sua tela com nuvens e flores estilizadas. Uma sombra escura aparece debaixo das nuvens, e contorna parte do corpo de Diana e da corça.  Ela tem como finalidade dar sensação de relevo e volume às figuras.

Ficha técnica
Ano: 1926
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 91,3 x 64,1 cm
Localização: Acervo do Museu do Estado de Pernambuco, Brasil.

Fontes de pesquisa
Vicente do Rego Monteiro/ Coleção Folha

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