Arquivo da categoria: Saúde Mental

Fórum para debate sobre problemas de saúde mental, com textos alusivos ao tema.

O QUE É A DEPRESSÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

No fundo, todas as depressões comunicam que o sujeito experimenta uma ausência de sentido para aquele momento da vida e uma dificuldade de sustentar seu desejo. (Valéria Lopes da Silva)

As pessoas ao redor de um deprimido precisam se sensibilizar e procurar tirá-lo desse poço. Uma atitude afetuosa simples tem um bom efeito num ser humano. (Juliana Bárany)

Ainda hoje é possível encontrar pessoas desinformadas que negam que a depressão seja uma doença. Isto porque veem cérebro como uma parte alheia ao corpo, pelo fato de este estar correlacionado com a mente. Tais indivíduos acreditam que: a insuficiência renal está ligada ao mau funcionamento dos rins, a cirrose hepática destrói o fígado,  as arritmias têm a ver com alterações no batimento do coração, o glaucoma é uma doença da visão, etc., mas não aceitam que os transtornos mentais tenham a ver com o mau funcionamento do cérebro, como se este fosse uma unidade isolada, um poderoso órgão que jamais adoece. Ledo engano! O mais ridículo é quando dizem que é falta de fé em Deus, como se o depressivo estivesse sendo castigado. A fé (seja ela qual for) é importante no tratamento de toda e qualquer doença, inclusive em relação às mentais.

A depressão é um sério transtorno mental que necessita de ajuda especializada, ao contrário do que muitos imaginam. O nosso país ainda necessita veicular na mídia maiores informações sobre esta doença que aumenta dia a dia, para que se possa compreender melhor o real risco que traz ao doente. A desinformação é ainda tamanha que um documento do Ministério da Saúde (2009) mostra que a depressão é vista por muitas pessoas como: fraqueza de caráter (frescura, fricote, bobagem, chilique); consequência do envelhecimento; sua cura encontra-se apenas na força de vontade; o estresse e a depressão são a mesma coisa, etc. Ainda assim, as informações continuam insuficientes, retardando o diagnóstico e o tratamento.

Caracteriza-se este transtorno por um quadro psicopatológico em que há a presença de humor triste, vazio e que afeta significativamente a capacidade funcional do indivíduo. Segundo a professora de psicologia Valéria Lopes da Silva “Encontra-se nos quadros depressivos uma dificuldade de atribuir sentido à vida ou de dar novos significados às experiências”, ou seja, a pessoa depressiva sente dificuldades para se conectar com a vida nos seus mais diferentes aspectos, como se não fizesse parte do mundo em que vive. Quando em sua fase aguda, esta doença simplesmente coloca o indivíduo de escanteio, como se fosse um mero espectador dos acontecimentos (mas sem demonstrar interesse algum por eles) em vez de sujeito de sua própria existência no mundo. E tudo isso com um elevado grau de sofrimento, pois ele se recusa a sentir-se assim, além dos problemas físicos que o acometem.

Um alerta em todo o mundo tem sido feito aos profissionais da saúde ao lidar com os sintomas depressivos. Esses não podem ser vistos como algo passageiro ou sem crédito. Devem ser olhados com seriedade, pois a depressão precisa de tratamento. Segundo os estudos feitos até agora, o melhor tratamento para este transtorno é a combinação de psicoterapia com medicação. No que tange às psicoterapias é bom que o psiquiatra oriente o seu paciente para a linha que ele deve buscar, pois, além de existirem muitas, as diferenças são significativas.

A depressão pode trazer em seu bojo outros transtornos. Os tipos mais comuns são: transtorno bipolar, distimia, depressão pós parto, depressão psicótica e depressão sazonal.

No transtorno bipolar, a pessoa passa por estágios de depressão e mania, diferentemente do que alguns  julgam ser uma acentuada alternância entre alegria e tristeza. No estágio da mania, ela apresenta momentos de extrema euforia, falta de concentração e possibilidades de alucinação, enquanto na fase depressiva mostra falta de esperança, isolamento e perda da vitalidade, sem nenhum apreço pela vida.

A distimia é uma depressão mais branda. A pessoa, embora trabalhe, saia com os amigos e aparente uma vida normal, sente-se triste e vazia, com certa indiferença pelos acontecimentos em derredor e pessimista em relação à vida.

A depressão pós-parto é um mistura de sentimentos que a mulher, após ganhar seu bebê, passa a enfrentar: baixa autoestima, angústia, medo e frustração.

A depressão psicótica envolve sintomas psicóticos, descritos pela psicanalista Beatriz Breves como “alucinações”: escuta de vozes ameaçadoras, delírios e a interpretação incoerente da realidade, como por exemplo: achar que está sendo perseguida por alguém. Entre outros sintomas, a pessoa apresenta disfunção cognitiva, incapacidade de sentir prazer e perda do interesse pelas coisas.

A depressão sazonal (ou depressão de inverno) é bem mais comum em países com invernos rigorosos. Com a chegada de tal estação, a pessoa sente-se triste, passa a comer e a dormir mais do que o comum, perde a motivação, apresenta um quadro de irritabilidade, cansaço e acaba se isolando das pessoas.

É errôneo imaginar que a depressão apresenta apenas sintomas psicológicos. Embora a sensação contínua de tristeza seja sua principal manifestação, os problemas físicos também fazem parte do pacote. Eles se encontram interligados, afetando o organismo como um todo. Entre os problemas de saúde que tal síndrome pode desencadear estão:

  • profunda tristeza;
  • baixa autoestima;
  • isolamento social;
  • perda de vigor físico e mental;
  • distúrbios do sono (insônia ou sono excessivo);
  • apetite alterado (falta ou excesso);
  • sistema imunológico fragilizado;
  • dores pelo corpo (como as de cabeça, lombar e muscular);
  • pensamentos suicidas (segunda Organização Mundial de Saúde, a cada 100 pessoas com depressão 15 tentam suicídio);
  • desconfortos intestinais (90% da serotonina do corpo é produzida na região gastrointestinal, sua queda tem efeito direto no funcionamento do órgão e pode levar à síndrome do intestino irritável), etc.

Obs.: Ver a “Escala de Zung para autoavaliar a depressão”:
https://pastormarcelosantos.files.wordpress.com/2014/03/depressao-questionariodiagnostico.

Nota: A Noite Estrelada, obra de Vincent van Gogh

Fonte de pesquisa
Revista Segredos da Mente, Cérebro e Meditação – nº 1

Views: 16

TRANSTORNO DEPRESSIVO OU TRISTEZA

Autoria de Lu Dias Carvalho

A tristeza é um sentimento natural do ser humano e faz parte da vida de uma pessoa, quando, por exemplo, ela se vê diante de uma perda ou de uma nostalgia. […] Sendo um sentimento natural. A tristeza inclusive auxilia no desenvolvimento emocional do indivíduo. (Beatriz Breves)

Um indivíduo que está em um quadro depressivo não tem energia psíquica suficiente para lidar com o mundo externo, e nem para fazer o enfrentamento de uma realidade penosa ? o que faz com que ele fique depressivo por muito tempo e muito mais intensamente afetado pelo sofrimento.  (Valéria Lopes Silva)

A tristeza é um sentimento presente na vida de todos os seres humanos e até mesmo na dos bichos, sendo cantada e decantada em todos os tipos de artes (música, cinema, pintura, etc.), contudo, trata-se de um sentimento passageiro, assim como o seu reverso que é a alegria. Ela só se torna um problema quando não consegue passar pela superação, tornando-se um pesado e doloroso fardo para quem é por ela acometido. Neste caso, não se trata mais de algo comum aos seres humanos, indiferentemente de sua situação econômica, etnia, idade ou gênero, mas de um transtorno conhecido por depressão que exige ajuda médica o mais rápido possível, para que não se agrave.

Se a tristeza serve como aprendizado, uma vez que ao deixar tal estado a pessoa aprende a lidar com a realidade e as suas emoções, a depressão, contrariamente, impede-a de deixar seu estado de apatia e desinteresse, devendo ela (ou a família a tomar a frente) buscar tratamento para que não se acentue seu sofrimento. Para excluir um caso do outro é necessário que se preste atenção aos sintomas. Segundo o psicólogo Carlos Esteves “Podemos identificar por meio do grau de comprometimento da rotina, de como afeta as atividades do indivíduo, e por meio do tempo de duração deste comprometimento”. Ou seja, observando quanto tempo dura esta suposta “tristeza” e como a pessoa está lidando com suas atividades no dia a dia. Conclui o psicólogo que “Quando observamos um alto grau de comprometimento da rotina, juntamente com um período de mais de duas semanas dos sintomas, devemos ficar atentos”.

A depressão é um transtorno mental que se amplia em todo o mundo. Trata-se de uma doença física relativa ao desequilíbrio químico dos neurotransmissores, sendo normalmente, segundo especialistas, resultante de uma combinação de diferentes fatores (biológicos, psicológicos e sociais). Pesquisas apontam que em 2030 será a doença mais comum no mundo. Trata-se de um transtorno que tira a vontade de viver, pois a vida perde todo e qualquer sentido para o indivíduo que está acometido pela depressão. Como se toda essa carga não fosse suficiente, a vítima desse  transtorno costuma carregar o estigma da não aceitação por parte de terceiros, quando cercada por pessoas ignorantes sobre o assunto, sendo muitas vezes analisada como tendo “fricote, manha, chilique, denguice, sestro ou luxo”.

De acordo com a professora de psicologia Valéria Lopes da Silva “A depressão caracteriza-se por um quadro psicopatológico em que há presença de humor triste, vazio e que afeta significativamente a capacidade funcional do indivíduo”. Ela alerta ainda que “Encontra-se nos quadros depressivos uma dificuldade de atribuir sentido à vida ou de dar novos significados às experiências. A depressão pode ocorrer em função de um trauma, mas principalmente porque os recursos internos estão, por alguma razão, empobrecidos naquela circunstância”. Assim sendo, faz-se necessário ajuda médica, pois se trata de uma doença física, sendo necessário o uso de remédios e, muitas vezes, de um acompanhamento psicoterápico, dependendo do caso.

O transtorno da depressão, fisiologicamente se trata de um desequilíbrio no cérebro, é tão preocupante que a Organização Mundial da Saúde (OMS) que lista as enfermidades mais incapacitantes no planeta, tomando por base o número de doentes e as restrições mentais e físicas a que estão submetidos, sendo uma das maiores causas de licença de serviço em todo o mundo, coloca-o como o número um do pódio dos transtornos mentais. A  OMS revela ainda que 7% da população mundial apresenta depressão e a tendência é crescente em todo o mundo.

Obs.: A história de mulheres acometidas por transtornos mentais antigamente foi de muito sofrimento. Aquelas que eram taxadas como “histéricas” tinham o útero e os ovários retirados. Isso porque havia a ideia de que tais órgãos eram os causadores do problema. A própria palavra “histeria” está relacionada a “Hysteron” que em grego significa “útero”.

Nota: Mulher, obra de Di Cavalcanti

Fonte de pesquisa
Revista Segredos da Mente, Cérebro e Meditação – nº 1

Views: 0

ANO FINDO: DEPRESSÃO OU TRISTEZA?

Autoria do Dr. Telmo Diniz

         

Chegou mais um final de ano e, junto com ele, vêm as avaliações do ano que passou. Passa pela nossa cabeça os arrependimentos, as conquistas, as perdas, os ganhos, etc. Enfim, é uma fase de avaliar o que se fez e o que deixamos de fazer. Neste período, justamente devido a estas avaliações, a tristeza vem afligir uma parte da população. No texto desta semana, vamos diferenciar quem está triste somente ou deprimido e precisa de um tratamento especializado.

Ficar triste nesta época é algo natural, em especial devido às reflexões que são feitas. Algumas pessoas podem ter também lembranças da morte de um parente ou de alguma perda no ano que passou, como uma separação, um emprego, uma reprovação escolar, etc. São sentimentos que, acumulados no decorrer do ano, podem se misturar e causar mais melancolia e tristeza.

Não podemos confundir depressão com tristeza. Ficar simplesmente triste não caracteriza, necessariamente, uma depressão, que é um quadro patológico. A pessoa depressiva apresenta vários sintomas emocionais e físicos que podem incluir sentimentos de culpa sem uma razão aparente, tendência ao isolamento, perda ou ganho de peso, distúrbios do sono, raciocínio lento, melancolia, perda de apetite, dores pelo corpo, etc. Quem fica efetivamente deprimido no final do ano é porque já vem carregando sintomas prévios da doença.

É normal a pessoa confundir, ainda hoje, depressão com tristeza, “baixo astral”, fossa, ou atribuir os sentimentos a uma “fase ruim” ou à “crise do país”. A tristeza é um sentimento que acontece com qualquer pessoa, mas é passageiro, não altera o funcionamento do indivíduo. A pessoa continua a “tocar a vida”, ou seja, entristecer não é ficar deprimido. Todos nós temos momentos de tristeza, faz parte da vida. A vida é feita de alegrias e desilusões.

O dia de Natal, por ser considerado cultural e socialmente um período familiar de união, trocas e por ser carregado de religiosidade, é uma data em que muitas pessoas se entristecem, pois as lembranças podem ser dolorosas, algumas feridas ainda não cicatrizadas podem voltar à tona e a percepção da realidade pode não agradar.

Se você faz parte deste grupo que fica mais triste nesta época do ano, aí vão algumas dicas:

  • planejar seu final de ano é de suma importância. As coisas feitas em cima da hora geram mais estresse;
  • evitar conflitos familiares e não falar em coisas desagradáveis é de bom tom. Há sempre aquele familiar que chega com temas desagradáveis (esta pessoa deve ser evitada a qualquer custo);
  • priorizar os exercícios físicos e a exposição ao sol, pois sabidamente a não exposição solar está ligada a quadros depressivos e melancólicos;
  • não assumir compromissos acima da sua capacidade neste período. Faça aquilo que você planejou e mais nada;

Já os casos com sintomas depressivos devem procurar ajuda médica e ou psicológica.

O ano de 2018 chegou! Novos erros serão cometidos, entretanto, não cometa os erros de 2017. Errar duas vezes pelo mesmo motivo é sinal de pouca inteligência e isso pode gerar tristezas e depressão.

Views: 0

SUICÍDIO – DADOS PREOCUPANTES

Autoria do Dr. Telmo Diniz

Getúlio Vargas Neto tirou a própria vida, repetindo o gesto do pai, em 1997, e do avô e presidente do Brasil à época, em 1954. Seria o suicídio um gesto ligado à genética ou tem a ver com a nossa personalidade e meio socioeconômico? Os números no Brasil estão crescendo e, particularmente, vejo o tema com preocupação. E o mais importante, o que devemos fazer frente a casos como este?

Dados divulgados pela BBC Brasil indicam que, entre 1980 e 2014, a taxa de suicídio entre jovens de 15 a 29 anos aumentou 27% no Brasil. Estes dados são preocupantes e merecem um olhar atento de todos nós. Por que os jovens brasileiros estão cometendo suicídio no auge de sua juventude? Os números são tão assustadores que apenas num único ano, cerca de 1 milhão de pessoas no mundo tiraram a sua própria vida – aproximadamente uma morte a cada 40s. O suicídio encontra-se entre as dez primeiras causas de morte, sendo que por cada suicídio ocorrem outras 11 tentativas sem sucesso.

É importante frisar que mais de metade das pessoas que se suicidaram estavam deprimidas. Estima-se ainda que o risco de suicídio ao longo da vida em pessoas com perturbações do humor (principalmente depressão) é de 6% a 15%; com alcoolismo, de 7% a 15%; e com esquizofrenia, de 4% a 10%. De igual forma, é interessante notar que o suicídio raramente é uma decisão repentina. Na maioria dos casos, o suicídio é algo planejado – a pessoa constrói um plano, estabelece uma data, define um método e pensa nessa possibilidade ao longo de algum tempo, antes de tomar uma decisão definitiva. Existem sinais claros na maioria das vezes.

Quando detectar que algo não vai bem com algum conhecido seu siga alguns passos:

  • Primeiramente, seja um bom ouvinte – simplesmente ouça, com toda a atenção, não apenas os fatos, mas a dor, os medos e as inseguranças.
  • Nunca julgue, não dê conselhos ou opiniões próprias.
  • Reconheça o seu sofrimento, valorize o que é dito e demonstre que está disponível para ajuda-la. É fundamental que essa pessoa saiba e sinta o quão importante ela é e que a sua vida tem valor para alguém.
  • Demonstre empatia, procurando compreender as coisas não do seu ponto de vista, mas do ponto de vista do outro.
  • Ouça mais e fale menos, entretanto, não hesite em questionar abertamente se a ideia de suicídio é ou não uma opção. É importante que a pessoa saiba que a sua morte causaria sofrimento nas pessoas que a rodeiam, e haveria pessoas que sentiriam a sua falta.
  • Importante também é nunca deixar uma pessoa, com risco de suicídio, sozinha.
  • Incentive-a a pedir ajuda especializada – em um hospital, a um psicólogo ou psiquiatra.
  • Pode também indicar o Centro de Valorização da Vida (www.cvv.org.br), que fica à disposição da população para ajudar durante as 24 horas do dia.

Gosto de uma frase do escritor Paulo Coelho que diz: “Não desista. Geralmente é a última chave no chaveiro que abre a porta”.

Views: 0

P. FÁBIO DE MELO E A SÍNDROME DO PÂNICO

Autoria do Dr. Telmo Diniz

Recentemente a Síndrome do Pânico ocupou os noticiários quando reportaram que o padre Fábio de Melo está sofrendo com o problema e que, atualmente, está em fase de tratamento. Um padre bacana como ele e aparentemente “imune” a transtornos como este levanta a questão de que nós podemos estar expostos a tais problemas e, portanto, devemos ficar atentos aos sintomas – e quando precisamos buscar ajuda.

A origem da palavra “Pânico” é proveniente do grego “panikon” e significa um susto ou pavor repentino. Na mitologia grega, o deus Pã (de pânico), possuía chifres e pés de bode e provocava, com seu aparecimento, horror nos pastores e camponeses. A Síndrome ou Transtorno do Pânico (TP) é uma entidade clínica relativamente recente, sendo que a primeira descrição dos sintomas foi feita por Freud, que a denominou, à época, de “neurose ansiosa”.

Na “crise de pânico”, o agende causador do “medo” não está presente, ou seja, ela surge de repente, sem aviso. Durante a crise, a pessoa experimenta vários sintomas, a saber: boca seca, aceleração dos batimentos cardíacos, palpitações, palidez, sudorese, falta de ar, entre vários outros desconfortos físicos. A pessoa acha que vai perder os sentidos e tem uma sensação iminente de morte. Devido aos sintomas com predominância cardiovascular, o sujeito normalmente vai parar no pronto-socorro achando se tratar de um infarto.

Várias complicações podem ocorrer caso o diagnóstico não seja precoce. Os pacientes passam a ter gastos excessivos com médicos e exames complementares, muitas vezes sem necessidade. Afastamento do trabalho, faltas e até pedidos de demissão são situações corriqueiras na vida destas pessoas. À medida que os ataques de pânico se sucedem, o paciente desenvolve hipocondria, outros tipos de fobias, ansiedade antecipatória, agorafobia (medo de espaços abertos), depressão, alcoolismo e/ou uso abusivo de drogas. Estes problemas podem estar presentes todos juntos ou de forma parcial.

O fator primordial no início do tratamento é acabar com os ataques ou reduzi-los em frequência e intensidade, através do uso de medicamentos e, desta forma, permitir outras abordagens terapêuticas, como apoio psicoterápico e atividades físicas. O tempo de tratamento poderá variar de seis meses até dois anos. Entretanto, o índice de recaída após a suspensão das drogas varia entre 20% e 50%. O paciente deve ser paulatinamente encorajado – claro que sob os efeitos das medicações – a enfrentar os lugares ou situações onde foi acometido pelo ataque e desta forma ir ganhando autoconfiança e voltar às suas atividades diárias e normais.

Martyn LIoyd-Jone – teólogo galês – disse certa vez que  “A fé se recusa a entrar em pânico”. Em contrapartida, no caso do padre Fábio de Melo, o mesmo afirmou que o pânico “quase abalou sua fé”. O transtorno do pânico não tem nada a ver com sua fé ou religião, chega sem pedir licença, acontecendo com qualquer um.

Views: 1

DEMÊNCIA: PROBLEMA SÉRIO E PRIORITÁRIO

Autoria do Dr. Telmo Diniz

As demências estão aumentando a passos largos no decorrer das últimas décadas. Não vejo, no Brasil, políticas públicas voltadas para o tema e um plano de enfrentamento para o problema, como ocorre nos casos de obesidade, nas epidemias virais, nas doenças cardiovasculares, etc. É como se nada estivesse acontecendo. A cada dia surgem mais casos de demência e as famílias simplesmente não sabem como lidar com o drama.

A publicação americana Alzheimer’s Disease International estima que 135 milhões de pessoas em todo o mundo estarão vivendo com demência até 2050. Essa previsão já é 17% acima das previsões anteriores e tende a aumentar, em grande parte, pelo aumento na expectativa de vida da população. Se de um lado está sendo bom viver mais, por outro, a qualidade está deixando a desejar – demência à vista. O  impacto das demências na sociedade atual e num futuro bem próximo será muito amargo e difícil para as famílias que lidam ou venham a lidar com o problema.

O Mal de Alzheimer é a causa mais comum de demência, e seus sintomas incluem perda de memória, mudança de humor, problemas com a comunicação e de raciocínio. O relatório norte-americano diz que a doença de Alzheimer e outras formas de demência representam “uma epidemia global”. Você, caro leitor, deve ter um parente ou conhecido portador desta doença. E se vivenciou um pouco, sabe dos transtornos e dificuldades que os familiares enfrentam.

Os atuais tratamentos são caros e pífios. Observa-se uma melhora com as medicações no início da doença, entretanto, nos casos moderados a graves, a situação pode ficar caótica para os cuidadores no dia a dia. É essencial que nos preparemos. Na verdade, o Brasil já está atrasado. A Organização Mundial de Saúde (OMS) já encara o problema como “sério” e o tem como prioridade. Segundo a britânica Alzheimer’s Society, a demência é a maior crise na área de saúde que o mundo enfrenta atualmente. Um alerta para governos mundo afora sobre a urgência de investir mais em cuidado e apoio.

Amanhã poderemos ter um ente querido portador de demência em casa, confuso, perdido no tempo, com falsos reconhecimentos e às vezes agressivo. Até que tratamentos efetivos venham à tona, pesquisadores do King’s College de Londres sugerem que, à medida que a população envelhece, o sistema tradicional de cuidar, feito de maneira informal pelas famílias, amigos e comunidade, precisará de um apoio muito maior. Inclusive do Estado, o que, no Brasil, é falho e feito com descaso.

Segundo a pesquisa, pouco mais que uma em cada dez pessoas acima de 60 anos precisa de cuidados de longo prazo, como ajuda diária em tarefas como tomar banho, alimentar-se, vestir-se e usar o banheiro – as chamadas atividades da vida diária (AVDs). Isso pode ser um fardo para a família, já que muitos dos parentes que cuidam do idoso precisam deixar o trabalho e outros afazeres do dia a dia. Também sugere maior profissionalização dos residenciais para idosos, o que pode ser uma opção de escolha em tempos de famílias pequenas e atarefadas.

Views: 0