Arquivo da categoria: Saúde Mental

Fórum para debate sobre problemas de saúde mental, com textos alusivos ao tema.

SÍND. DO PÂNICO – ACEITANDO O DIAGNÓSTICO

Autoria de Lu Dias Carvalho

Normalmente ao sentir uma crise de pânico, a pessoa corre para o hospital, sem saber o que está lhe acontecendo. Imagina se tratar de um problema cardíaco ou AVC por conta da somatização, pois todos os sintomas têm somente um caráter emocional. Submete-se a inúmeros exames, obtendo resultados negativos. Aconselhada a buscar um psiquiatra, reluta em procurá-lo, como se negasse o fato de ser portadora de um transtorno mental, pois, em sua ignorância, psiquiatra é para “doido”. O que irão pensar sua família, seus amigos e colegas de trabalho?, questiona-se. Ela protela a ida ao especialista o máximo que pode, até que as aterradoras crises de pânico, cada vez mais frequentes, dão o xeque-mate.

Ao receber o diagnóstico de que é portadora da Síndrome do Pânico e em razão do desconhecimento sobre os transtornos mentais – mas sabedora do estigma que ainda os envolve – a pessoa monta um verdadeiro teatro para esconder sua doença dos que lhe são próximos, quando seria muito mais positivo se contasse a verdade, pois poderia, assim, contar com a ajuda de todos que a rodeiam. Encobrir a doença só traz grande preocupação àqueles que assistem uma crise pela primeira vez, não sabendo do que se trata e, portanto, como agir.

Um antidepressivo é imediatamente prescrito e algumas vezes um ansiolítico para ajudar na fase inicial do tratamento, já no primeiro contato com o psiquiatra, após uma análise clínica, levando em conta o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V). Em alguns casos é também indicado um acompanhamento psicoterápico. Mesmo nessa etapa, já com o remédio em mãos, alguns doentes criam mil e um obstáculos para iniciar o tratamento: “Eu não sou louco! Antidepressivos viciam! O que tenho é somente estresse! Se eu começar a tomar ‘este’ remédio, nunca mais vou parar! Minha igreja diz que quem cura é Deus! Isso vai me transformar numa outra pessoa!” , e por aí vai, ampliando ainda mais seu sofrimento.

Aceitar o diagnóstico é o passo mais importante para o tratamento. O segundo – não menos importante – é seguir as prescrições médicas, pois quanto maior for a demora em fazer uso do medicamento e da terapia (quando indicada), mais severas vão se tornando as crises, sendo os espaçamentos entre elas cada vez menores. No início são comuns os efeitos adversos que deverão ser relatados ao especialista. Esse irão passando à medida que o organismo for se adaptando à nova substância. Em hipótese alguma o tratamento pode ser abandonado por conta própria. Somente o especialista poderá fazer mudanças, quando necessárias.

Algumas dicas poderão ajudar a pessoa a conviver com as crises que poderão persistir na fase inicial do tratamento: 1- Lembrar-se de que tudo o que está acontecendo é passageiro. 2- Ao sentir o medo chegando, desviar a atenção para algo bom (ouvir uma música, conversar com alguém, brincar com o bichinho de estimação, etc.). 3- Pensar positivamente, lembrando-se sempre de que o medo não é real. 4- Lembrar-se de que as pessoas otimistas obtêm resultados positivos mais rapidamente. 5- Viver apenas um dia de cada vez.

Obs.: veja na internet:

  1. Teste para Ansiedade e Síndrome do Pânico
  2. (http://psycentral.com/quizzes/axienty.htm)
  3. Escala HAD – Avaliação do Nível de Ansiedade e Depressão (http://www.fmb.unesp.br/Home/Departamentos/Neurologia,PsicologiaePsiquiatria/ViverBem/had_com_escore.pdf)

Nota: Passadeiras, obra de Degas.

Fonte de Pesquisa
Revista Guia Minha Saúde/ Edição Especial

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CONHECENDO A SÍNDROME DO PÂNICO

Autoria de Lu Dias Carvalho

Somente quem vivenciou uma crise de pânico tem real noção da força dessa turbulência que surge do nada, quando menos se espera, trazendo sensações físicas amedrontadoras, como taquicardia, falta de ar, náuseas e, para piorar, a sensação de que se está sendo vítima de um ataque cardíaco. O medo de morrer aumenta ainda mais a ansiedade, deixando a vítima desesperada e ainda mais vulnerável. O fato é que os sintomas físicos – advindos de tal transtorno – são similares aos proporcionados por doenças cardíacas, neurológicas e respiratórias, o que faz com que, antes de ser diagnosticada com SP (Síndrome do Pânico), a pessoa tenha que passar por uma bateria de exames, adiando ainda mais o necessário tratamento. Enquanto isso, ela vive momentos de intenso desespero, imaginando estar com uma doença gravíssima.

As crises de pânico são tão brabas que a vítima passa a relacioná-las com situações, lugares e pessoas, buscando levar uma vida cada vez mais reclusa, amedrontada com a possibilidade de ter uma crise na rua ou em contato com pessoas que não sejam as de sua família. O seu lar passa a ser um abrigo, onde ela imagina encontrar-se a salvo. Contudo, apesar desse pavor, não existe um perigo real. Trata-se de um dos transtornos mentais mais comuns em todo o mundo, tendo como gatilho a ansiedade e o estresse. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, as doenças psíquicas, dentre elas a Síndrome do Pânico, são hoje a quarta maior causa de licença no trabalho.

A SP (Síndrome do Pânico) atinge tanto mulheres quanto homens, sendo as primeiras em maior número (duas vezes mais). Atualmente, a agilidade de um diagnóstico correto que direciona a um tratamento específico tem sido bem mais animadora, pois há casos de pessoas que levaram muitos anos para serem diagnosticadas como portadoras de tal doença. Contudo, ainda é grande o número daquelas que escondem a sua condição de vítimas de tal transtorno ou que recusam a procura por ajuda médica, o que é uma pena, pois a Ciência caminha a passos largos na busca pela cura deste transtorno, possibilitando, através dos antidepressivos e psicoterapias, melhor qualidade de vida a seus portadores.

É bom que se saiba que uma crise de SP não apresenta todas as sensações de uma vez, tais como: aperto ou dor no peito, falta de ar, formigamentos, náuseas, ondas de calor, taquicardia, tremores, sensação de desmaio, sudorese, sensação de sufocamento, etc. Contudo, o medo de morrer ou o de enlouquecer está quase sempre presente. A agorafobia (medo doentio de encontrar-se em/ou atravessar grandes espaços abertos ou lugares públicos) ou a claustrofobia (medo patológico de permanecer em lugares fechados) são uma constante na vida de uma pessoa acometida por tal síndrome, quando não busca ajuda médica. Sua vida vai ficando cada vez mais limitada, pois ela teme se encontrar em situações das quais não possa se livrar facilmente (parques, praças, estradas, túneis, cinema, elevadores, aviões, etc.).

É fato que a vida atribulada de nossos dias em que a presença do estresse e da ansiedade – poderosos gatilhos para desencadear uma crise de pânico – é uma constante, faz com que um número cada vez maior de pessoas esteja sendo diagnosticado com SP. Contudo, essa senhora nada desejável traz em sua bagagem um bom número de séculos. Embora com outros nomes (histeria, hipocondria, delírios decorrentes de angústia e depressão ou loucura) suas pegadas já são vistas lá na Idade Média, conforme ilustra a literatura médica. Foi a partir de 1960 – ainda bem recente – que as pesquisas médicas passaram a diferir os ataques de ansiedade de outros tipos de doenças e, somente em 1980, aconteceu a classificação diagnóstica oficial de tal transtorno que – assim como as fobias – faz parte dos transtornos de ansiedade.

Nota: Relógio Derretido, obra de Salvador Dalí.

Fonte de Pesquisa
Revista Guia Minha Saúde/ Edição Especial

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TRANSTORNOS MENTAIS E ARTES

Autoria de Lu Dias Carvalho

A Ciência sempre se perguntou qual seria a relação entre os transtornos mentais e a arte. Qual seria a analogia entre a genialidade e a criatividade? É sabido que grandes nomes do mundo das artes foram (ou são) afetados por doenças metais. Vejamos alguns: Schumann, Tchaikosvky, Elvis Presley, Peter Gabriel, Axl Rose, Victor Hugo, Hemingway, Van Gogh, Francis Ford Copóla, Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, Florbela Espanca, Isaac Newton, Viginia Woolf, Kurt Cobain, Catherine Zeta-Jones, Patty Duke, etc. Contudo, ainda é impossível para a Ciência saber se isso refletiu no trabalho criativo de cada um deles. Caso a resposta seja positiva, em que medida esses artistas tiveram sua criatividade estimulada?

Vincent van Gogh é sem dúvida um dos artistas mais conhecidos tanto por seu talento quanto pelas crises depressivas que o acometiam. Aliado a isso, pelo fato de beber muito absinto (bebida alcoólica muito amarga, preparada com as folhas do absinto – Artemisia absinthium) acabou obtendo uma lesão no cérebro que ocasionava seus ataques epiléticos. O genial pintor, num momento de crise, cortou a própria orelha esquerda e, posteriormente, veio a tirar a sua vida, aos 37 anos de idade, no auge de sua criatividade. A variação constante de seu humor leva a crer que fosse acometido pelo Transtorno Bipolar.

Outro grande nome das artes foi o compositor Ludwig van Beethoven, portador de Transtorno Bipolar, de acordo com certos estudiosos de sua vida. Teve uma infância muito sofrida nas mãos de um pai agressor que o surrava constantemente, obrigando-o a estudar música. Em razão das surras levadas, esse gênio acabou perdendo o sentido da audição, fundamental para sua criatividade. Segundo as muitas biografias do compositor, ele passava por grandes períodos de extremada excitação e energia e por outros de grande depressão. O fenomenal compositor acabou usando o álcool e as drogas como saída usada para se livrar das crises que, na verdade, acabavam apenas se  ampliando.

Edgar Allan Poe, poeta, editor e crítico literário americano, foi outro artista a sofrer de Transtorno Bipolar. Também buscou ajuda no álcool, tendo, certa vez, descrito numa carta seus pensamentos suicidas. Adeline Virginia Woolf, escritora, ensaísta e editora britânica, e também uma das importantes figuras do modernismo, apresentava severas crises de depressão. Em 1941, ela se despediu de seu esposo e de sua irmã e cometeu suicídio.

Nota:  obra de Vincent van Gogh

Fonte de pesquisa
Grandes Temas do Conhecimento – Psicologia/ Mythos Editora

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SÍNDROME DO PENSAMENTO ACELERADO

Autoria do Dr. Telmo Diniz

Vivemos em uma sociedade em que os excessos ocupam a mente das pessoas, muitas vezes, são coisas inúteis. No nosso atual modelo, tudo ocorre em um ritmo muito rápido e com muita ansiedade. A modernidade alterou o ritmo da construção dos pensamentos e isso gerou sérias consequências para nossa saúde física e mental – a chamada Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA).

Como toda síndrome, a SPA se constitui de um conjunto de sintomas, mas é algo pouco conhecido das pessoas. Ela foi descrita pelo psiquiatra e escritor Augusto Cury. Segundo ele, trata-se de uma mente repleta de pensamentos, completamente tomada por informações durante o tempo em que a pessoa está desperta, o que dificulta a concentração, aumenta a ansiedade e desgasta a saúde física e mental.A SPA não consta nos manuais de psiquiatria de transtornos mentais que usamos (CID 10 e DSM IV). Atualmente deve estar vinculada ao grupo dos transtornos de ansiedade.

O excesso de informações que recebemos das mídias sociais e no dia a dia está dificultando a absorção, a racionalização e apuração das mesmas. Isso interfere no gerenciamento dos pensamentos. Normalmente, essa síndrome surge em pessoas que precisam se manter constantemente atentas, produtivas e que ficam sob um constante estresse.

A Síndrome do Pensamento Acelerado ocorre muito comumente em executivos, profissionais de saúde, escritores, professores e jornalistas. No entanto, tem se observado que até mesmo as crianças e adolescentes têm demonstrado essa síndrome. As principais características de uma pessoa com SPA incluem:

  • ansiedade;
  • dificuldade para se concentrar;
  • pequenos lapsos de memória de forma frequente;
  • cansaço excessivo;
  • dificuldade para pegar no sono;
  • irritabilidade;
  • não conseguir descansar o suficiente e acordar cansado;
  • inquietação;
  • intolerância ao ser contrariado;
  • mudança de humor repentina, insatisfação constante;
  • sintomas psicossomáticos como: dor de cabeça, dor nos músculos, queda de cabelo, gastrite, etc.
  • É comum a sensação de que as 24 horas do dia não são suficientes para fazer tudo o que se deseja.

O tratamento contra a Síndrome do Pensamento Acelerado deve ser orientado por um profissional especializado, como psicólogo ou psiquiatra. Geralmente o foco do tratamento mira na melhoria dos hábitos de vida, procurando incluir pausas durante o dia, fazer atividades físicas, incluir momentos de prazer no dia a dia, como ouvir uma música, ler um livro, fazer uma meditação, etc. Tudo isso com objetivo único de desacelerar os pensamentos.

É ainda aconselhado evitar as longas jornadas de trabalho, fazendo as tarefas relacionadas apenas durante o horário laboral e tirar férias por curtos períodos de forma mais frequente. Uma boa dica é, ao invés de tirar um mês de férias, que a pessoa possa usufruir alguns dias de descanso a cada três ou quatro meses, porque assim há mais tempo para recuperar as energias e desligar a mente das tarefas do trabalho e dos estudos.

Sigmund Freud disse que o “pensamento é o ensaio da ação”. Concordo, mas desde que o pensamento seja depurado por dias mais tranquilos e menos acelerado.

 Nota: obra de Pablo Picasso , A Musa.

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TRATAMENTO PSICOTERÁPICO

Autoria do Prof. Hermógenes 

O Professor Hermógenes, um dos precursores da ioga no Brasil, intitulou um capítulo de seu livro “Ioga para Nervosos”* (década de 1960) com o nome de “A Coisa”. Naquela época, o Transtorno do Pânico ainda era pouco compreendido. Aqui ele mostra como se dá o tratamento psicoterápico.

Tratamento psicoterápico é o que procura sanear (tornar sã) a mente, fundamentando-se na tese de que as condições de desequilíbrio, desarmonia, impureza e inquietude mentais são responsáveis pelos transtornos físicos. As escolas de psicologia do inconsciente, principalmente a psicanálise e a autoanálise, têm sido as que melhor atendem aos fins psicoterápicos. Têm sido as mais utilizadas pelos especialistas de todo o mundo. Segundo elas, somos o que somos, fazemos o que fazemos, reagimos como reagimos, sofremos ou gozamos, temos nossas crises e nossos remansos e até mesmo pensamos e cremos, não de acordo com o nível conhecido da mente, mas, sim, movidos, manobrados, determinados pelas camadas mais profundas, das quais não temos conhecimento claro. Sendo a mente comparada a um iceberg, a parte aflorada, isto é, a mente consciente, é mínima e relativamente incapaz, enquanto que a parte submersa, o inconsciente, tem poder incomparavelmente maior.

A psicoterapia pela psicanálise e pela autoanálise – tão eficientes em linhas gerais – consiste em tornar conhecidos (passar para o consciente ou fazer aflorar) os conteúdos e condições inconscientes e profundos. Tais conteúdos e condições resultam de esquecidas experiências traumatizantes (predominantemente da infância) que, por sua natureza maléfica e poderosa, expressam-se através do anômalo comportamento dos nervos e das glândulas endócrinas.

Dizem os psiquiatras que a doença é a “somatização” dos conflitos e traumas escondidos, isto é, sua expressão orgânica. Feita uma faxina no inconsciente, isto é, expulsos de lá os conteúdos reconhecidos como deletéricos, já tendo eles perdido o anterior poder perturbador, concretiza-se a cura ou libertação do neurótico. Este processo de limpeza, vale dizer de desmascaramento do adversário escondido, de alívio de carga, de conscientização do ignoto, de extravasão, de elucidação, de catarse, muda a mente e, em consequência, rearmoniza, corrige, normaliza os mecanismos autorreguladores do organismo, daí imediatamente remitirem-se os sintomas. Em outras palavras desfaz-se a “somatização”.

Quem estuda Yoga em seus veneráveis textos originais surpreende, em seu aspecto psicológico, atualidade, riqueza e sutileza tão profundas que, não fora a linguagem velada, exótica e simbólica, pareceria obra dos mais refinados e modernos entendidos nos aspectos inconscientes da alma humana. Não tenho receio de concordar com autoridades no assunto e também afirmar que Yoga é o ancestral comum de todas as modernas escolas de psicologia profunda. Segundo a psicanalista Marise Choisy, o próprio Freud fundou a psicanálise em princípios yóguicos, que lhe teriam chegado através de A. Schopenhauer, o filósofo “ocidental que mais se inspirou nos clássicos do hinduísmo”. Não é diferente a opinião de Carl C. Jung, fundador de um dos mais importantes ramos da psicanálise que diz: “A própria psicanálise, bem como as diretrizes de pensamento às quais deu origem e que são, na verdade, um desenvolvimento ocidental, são uma tentativa de principiantes, comparados com o que, no Oriente, constitui uma arte imortal.”

O objetivo do processo psicanalítico é a cura de um enfermo. O do Yoga é a redenção humana ou libertação (moksha) da alma individual (jiva).

*O livro “Yoga para Nervosos” encontra-se em PDF no Google.

Nota: Estudante Russa, obra de Anita Malfatti

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ESTRESSE – INIMIGO Nº 1 DA HUMANIDADE

Autoria do Prof. Hermógenes

O Professor Hermógenes, um dos precursores da ioga no Brasil, escreveu mais de 30 livros sobre a saúde física e mental.  Neste texto, retirado de seu livro “Yoga para Nervosos”*, ele nos ensina como identificar e eliminar o “estresse”. Vale a pena conferir.

Se o estresse ou a tensão perturbam de forma tão intensa e desastrosa a regulação neuro-hormonal e se acarreta tantos males é porque, quando estamos ligados, permanecemos engatilhados para a ação, mesmo que exaustos nós nos desgastamos mais ainda, mesmo que não tenhamos razão objetivas e presentes para agir. O indivíduo tenso está perenemente predisposto a desencadear ação ou mesmo está agindo sem motivo. Se descrever os sintomas e as ameaças da crescente tensão no mundo é inconveniente, fazer a descrição dos sinais ou expressões do estado tensional é, entretanto, de toda conveniência. É indispensável tentar um modo de reconhecer quando estamos tensos. Aprendamos isto em primeiro lugar. Depois vamos aprender as técnicas de liberação das tensões. Em outras palavras, primeiro, o diagnóstico, depois, a terapêutica.  Uma diagnose precisa já é início de cura.

Aprenda primeiro a observar o estresse nos outros. Repare nos olhos. Você pode distinguir quando há um estado tensional nos olhos de seu interlocutor. Repare nas rugas da testa. Observe os estados dos músculos faciais e suas contrações, seus movimentos automáticos (tiques). Fique parado numa calçada qualquer de uma rua bastante movimentada e repare na fisionomia dos que passam. Veja esta triste procissão de pessoas avassaladas pela tensão. Note como andam apressadas. Na maioria, a pressa é sem necessidade, motivada, quase sempre pela tensão muscular e nervosa generalizada. Repare nos gestos dos transeuntes. São gestos maquinais, inconscientes, não determinados por exata finalidade. Veja como a delicadeza, a bondade, a suavidade desertaram das calçadas.

Depois de ter observado o estresse nos outros, nada melhor do que uma autognose, isto é, conscientização de si mesmo, neste aspecto fundamental da vida. Será que você também está com o hábito de andar apressado, de comer apressado? Será que já perdeu a capacidade de sentar-se e ficar com o corpo quieto, as mãos soltas e paradas, os olhos límpidos expressando paz, o rosto descontraído? Será que você tomou consciência de seus últimos movimentos físicos? Será que, sendo fumante, toma consciência de quando vai acender um novo canudinho de veneno? Procure sentir seu semblante. Tome consciência de si mesmo quando come, quando dialoga com alguém, quando anda, quando trabalha, quando repousa.

Veja se está agindo como máquina ou como um ser livre. Não se descuide de perscrutar-se sempre, para saber se está sendo dominado pela tensão e se está sendo envolvido no manto inquietante do estresse. Procure ver se está tenso para descobrir o que fazer para safar-se, isto é, descobrir a área do corpo ou de sua vida ou de sua ação onde é preciso comandar: relaxe!  Ao identificar a presença da tensão você está se defendendo e se libertando também. Sua capacidade de, em certas situações da vida, ver que está ficando tenso é profilático, isto é, pode aumentar sua imunidade contra uma imensidade de incômodos como enxaqueca, insônia, hipertensão, disritmia, mal-estar indefinido, úlcera gástrica, gastrite, prisão de ventre, rinite alérgica e todos os diferentes modos de tensão que martirizam os seres humanos.

Aprenda a descobrir quais os músculos seus que estão enrijecidos, contraídos, desgastando-se à toa e em seu prejuízo. Assim, verá crescer sua imunidade contra o medo, a ansiedade, a angústia, o ódio e a insegurança. Se você se tornar capaz de ver que está para estourar, ou melhor ainda, verificar que está acumulando cargas emocionais explosivas, estará automaticamente se defendendo da hipermotividade que pode causar desastres, romper amizades, quebrar objetos por incontida fúria, lançar o carro contra o outro por estúpida exasperação, bater injustamente num filho, ou ofender a pessoa que mais ama por causa da agressividade mal liberada.

Ao diagnosticar suas tensões, seus estados de perigoso e nocivo engatilhamento, terá, então, uma vida nova. Melhor do que a auto-observação é a preciosa capacidade de relaxar-se.

*Esse livro é encontrado em PDF no Google.

Nota: Cena de Rua, obra de Di Cavalcanti

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