Monet – A VIDA AFETIVA DO PINTOR

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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É um lindo dia, iluminado pelo sol, transmitindo uma sensação de alegria e leveza. O céu mostra-se iluminado, com a presença de nuvens brancas. As manchas fortes de vermelho formam as papoulas sobre o fundo verde. Camille, com sua sombrinha azul, e o filho Jean parecem prestes a sair do campo de visão do observador, enquanto bem atrás, uma mulher e uma criança surgem. Os personagens parecem se fundir com a natureza, caminhando graciosamente entre as flores. Jean e a outra criança estão quase que encobertos pela vegetação. A composição é simples, mas extremamente bela.

A jovem Camille, na época com 19 anos, tornou-se a modelo preferida de Monet e, pouco depois, sua companheira. Mas a ligação entre o pintor e sua modelo não foi bem recebida pela família provinciana que ele tinha. O pai e a tia pintora exigiram a sua separação imediata da moça. Como Monet não lhes desse ouvidos, reagiram retirando-lhe o apoio financeiro, de modo que a situação do casal ficou tão ruim, que se viu obrigado a viver em casa de um amigo, também pintor, Bazille.

Não demorou muito para que Camille ficasse grávida, antes de  casar-se com Monet, o que não era bem-visto na época. Mesmo tendo uma relação amorosa com uma criada, da qual resultou um filho, o pai de Monet condenou o seu filho pintor por ter “moral dúbia”. Meses depois nasceu Jean, o primeiro filho de Camille e Monet. Com a proximidade de uma guerra entre a Prússia e a França, Monet e sua companheira casaram-se. Para fugir do recrutamento, a família mudou-se para a Normandia. O amigo Bazille ingressou no exército e morreu em guerra, deixando o pintor inconsolável.

Monet foi convidado, juntamente com esposa e filho, para passar o verão no castelo de um próspero comerciante, Ernest Hoschedé, e sua rica esposa Alice, em Montgeron. Ali, o casal montou um ateliê para para o artista, a fim de que ele pintasse quatro quadros decorativos para o castelo. Após o verão, Camille e o filho retornaram a Argentuil, onde moravam, e Hoschedé foi tratar de seus negócios em Paris, enquanto Monet continuou no castelo, fazendo seu trabalho, ao lado de Alice e seus seis filhos. Presume-se que foi nessa época que começou a relação entre os dois. O fato é que surgiu uma grande amizade entre os dois casais.

Cerca de um ano depois, mesmo não se encontrando bem de saúde, Camille deu à luz o seu segundo filho, Michel. Após o parto, Monet e sua família, juntamente com Hoschedé e a sua, resolveram morar na mesma casa, pois a situação de ambas as famílias andava ruim. As dificuldades financeiras eram enormes, principalmente com a falência de Hoschedé. Enquanto isso, Camille via-se cada vez mais enfraquecida pela tuberculose, recebendo os cuidados de Alice. Veio a falecer aos 32 anos de idade.

Após a morte de Camille, a verdadeira musa do impressionismo, Monet entrou num profundo desespero, a ponto de maldizer a sua obra. Tomou do pincel e com ela ainda no leito de morte, pintou seu último retrato, Camille em Seu Leito de Morte, imortalizando-a. Essa é uma de suas telas mais comoventes, onde reúne dor e fúria, em cada pincelada. Segundo alguns críticos, a partir daí as pinceladas de Monet tornam-se mais furiosas e vibrantes, como se quisesse revelar todo o sofrimento que lhe passava na alma. Esse é um dos períodos mais difíceis da vida do pintor. Sobre esse quadro ele escreveu:

Uma vez me encontrava, ao amanhecer, na cabeceira da cama de uma morta que era muito querida […]. Surpreendi-me ao seguir a morte nas sombras do colorido que se depositava em seu rosto.

Alice passou a fazer o papel de mãe para os dois filhos de Monet. Cuidava de oito crianças, ao todo. Mas agora, que Camille havia morrido, os aldeões não viam com bons olhos a situação “esquisita” vivida por Monet e Alice, enquanto o marido dessa se encontrava em Paris. Diante da hostilidade das pessoas do lugar, Monet resolveu mudar-se para outra aldeia. Alice optou por acompanhá-lo com a sua família. A decisão causou surpresa a todos, pois não mais havia Camille para ela cuidar, como explicava antes. Hoschedé ficou abalado com a decisão da esposa e passou a evitar encontros pessoais com o pintor.

A relação entre Monet e o grupo familiar andava cada vez mais difícil. Alice, acostumada na riqueza, estava sempre reclamando e aborrecida. Ela não aceitava a falta constante de dinheiro. Seu marido Hoschedé só a visitava quando Monet não se encontrava em casa. Situação extremamente grotesca. Quando Ernest Hoschedé morreu, a ligação ambígua entre Alice e Monet foi legalizada pelo casamento entre os dois. A autoridade da nova esposa passou a ser ilimitada na vida da família, inclusive sobre a vida do pintor.

Após a morte de Alice, três anos depois também morreu o filho mais velho, Jean, deixando Monet terrivelmente depressivo. Ele ficou solitário até a sua morte.

Ficha técnica:
Obra: As Papoulas
Ano: 1873
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 50 x 65 cm
Localização: Museu d`Orsay, Paris, França

Fonte de Pesquisa:
Claude Monet/ Coleção Folha
Grandes Mestres da Pintura/ Editora Abril
Monet/ Editora Taschen

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