CONTROLANDO OS SENTIDOS

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Autoria do Prof. Hermógenes

O Professor Hermógenes, um dos precursores da ioga no Brasil, escreveu mais de 30 livros sobre a saúde física e mental.  Neste texto retirado de seu livro “Yoga para Nervosos”*, ele nos ensina a trabalhar com os sentidos.

O candidato à saúde mental, à paz e à realização espiritual não pode se descuidar de uma higiene estética. Ele deve selecionar a qualidade e controlar a quantidade das impressões externas e internas, a fim de que seus sentidos, ávidos eles mesmos de cada vez mais satisfações, não o desviem da meta. Aqui, como em todos os campos e aspectos da vida, o homem só terá saúde se souber manter-se senhor e jamais se deixar dominar.

Ser senhor quer dizer ter controle. Ter controle sobre uma ação significa poder, conscientemente, começar, acelerar, retardar, parar, recomeçar quando quiser, portanto, dirigir a ação. Desde que perca o controle de seus sentidos, tornando-se um sensual, o homem pode descer aos abismos da infelicidade e da degradação. No controle da sensibilidade, o candidato à felicidade deve:

a) saber e poder escolher as impressões que contribuam para isto e usá-las na medida certa;
b) reconhecer e poder obstar as impressões adversas e delas se defender;
c) saber distinguir entre as benéficas e as que são somente agradáveis;
d) saber discernir as que podem vir a se tornar obsessivas, a fim de evitá-las.

Como se já não bastassem os dramas, sofrimentos, apreensões, decepções e mesmo tragédias que o destino semeia em cada vida e que acarretam enorme desgaste nervoso e, portanto, distúrbios, a indústria das emoções, através do cinema, da telenovela, do teatro, da tevê, bem como dos espetáculos desportivos violentos, como as lutas, as corridas, os campeonatos, diariamente submetem o público a perniciosos impactos. Tanto mais bem elaborados sejam tais espetáculos, tanto mais eficientes, e tanto mais capazes de contribuir para desordens nervosas. E o público, fascinado, inconscientemente, se entrega aos forjadores de emoções. Estas devem ser cada vez mais excitantes, profundas e dominantes.

Na Roma antiga eram os gladiadores que atendiam às necessidades malsãs do sensualismo do público sádico. Hoje são os lutadores de “catch” que se esmeram, por todos os modos – desde os nomes (Carrasco, Drácula…) até ao aspecto físico – para infundir terror e ódio em milhões de inadvertidos, imaturos, e viciados espectadores. Quanto mais “proibida pela censura”, mais preferida é a película de cinema. A fórmula de violência, terror e sexo é a mais comercial e, portanto, a preferida por produtores, diretores e exibidores de filmes. As frases com que tais filmes são anunciados bem demonstram um clamoroso quadro de saúde mental do grande público. Apregoam o que o povo deseja: violência e erotismo. Desgraçadamente isto é o “normal”, o mais frequente. O normal patológico do qual já temos falado.

O “normal” é isto, esta busca irracional e patética de cada vez maior prazer, sensações mais perturbadoras e divertimentos com alto poder estressor. Por que as pessoas pagam para se meterem numa montanha russa? Por que multidões se alinham nas margens de uma pista de corrida de carros, esperando que um deles se despedace? Por que o teatro e a televisão estão cada vez mais explorando o mórbido e o erótico? Por que as músicas da juventude estão se tornando mais barulhentas, mais à base de ritmo e mais carentes de melodia e harmonia? Por que a poesia deu lugar à novela sexo/policial? Por que o Carnaval, cada ano, é mais bacanalizado? Por que até crianças uivam de entusiasmo com o estrangulamento que um lutador está fazendo no outro? Por que os jovens com seus carros suicidamente “voam”? Por que, a cada dia, novos divertimentos são inventados, desencadeando sensações novas, que “enlouquecem” seus participantes? Por que o jovem, em todo o mundo, está empenhado na corrida psicodélica?

Você que quer ter paz; você que não deseja e nem precisa se sentir ajustado e mesmificado com esta alarmante “normalidade”, tome consciência do fato, analise-o, com distância, e defenda-se contra a corrupção sensual coletiva, contra a esquizofrenização da sensibilidade. Você não precisa destas sensações. Deixe-as para os que não têm como desfrutar das suaves e sadias sensações espiritualizadas, patrimônio de quem empreende a vida redentora do Yoga.

Se, por acaso, você já é um sensual, pode começar a desconfiar de que seu distúrbio nervoso tem raízes nesta distorção estética, isto é, neste estado patológico de sua sensibilidade. Se você tem dado rédeas à sua sensualidade, ou melhor, a seus jnanaindriyas (os sentidos), comece já a formular um plano para corrigir-se disto que o escraviza ao mundo e o afasta de Deus. Resista à alucinofilia crescente que está arrebatando os fracos de todo mundo.

*O livro “Yoga para Nervosos” encontra-se em PDF no Google.

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