Autoria do Dr. Telmo Diniz
A ira não só faz parte dos sete pecados capitais, mas é a expressão máxima do nosso descontrole emocional.
Você, caro leitor, já ficou irritado com alguém ou com alguma situação? Para a maior parte das pessoas, a resposta possivelmente seria um “sim”. Entretanto, a ira vai muito além de uma simples irritação. Não só faz parte dos sete pecados capitais da fé cristã, como é a expressão máxima do nosso descontrole emocional. Vejamos, então, como é possível reverter a energia de um episódio de fúria a nosso favor – e de terceiros.
Normalmente o que se espera de uma pessoa frente aos problemas e obstáculos que a vida impõe é que ela tenha autocontrole, sem irritabilidades e explosões de fúria. Porém, uma pessoa cronicamente estressada e irritada começa a achar “normal” seus quadros de mau humor crônicos, e isso vai se tornando um ciclo vicioso. A irritação e os acessos de raiva, em geral, não estão direcionados a uma pessoa ou a uma situação em particular. O sujeito simplesmente sente uma impaciência o tempo todo, o que gera intolerância, aborrecimento, vazio e um tédio que parece não acabar. Há dias em que a pessoa não aguenta a si própria. A vida vai ficando em preto e branco.
Existem sintomas que precedem os episódios de ira. Entre os mais comuns estão o baixo controle dos impulsos e o descontrole emocional. A pessoa tende a reagir de modo exagerado a determinados estímulos que outras pessoas conseguem suportar melhor, ou seja, existe uma baixa tolerância às frustrações. É o que a gente costuma chamar de “estopim curto”. Ocorrem desgastes pessoais e uma sensação de total intolerância. A pessoa tende a se tornar ranzinza e a se isolar socialmente. Muitas ainda usam o famoso provérbio para se defender, dizendo que não leva desaforo para casa.
Pessoas assim compartilham alguns comportamentos, como:
- gritar e/ou permanecer inquietas;
- normalmente estão sempre tensas;
- frequentemente têm comentários críticos a fazer;
- sofrem com problemas digestivos
- e têm dificuldades em ter um sono reparador.
É importante observar que acordar de mau humor depois de uma boa noite de sono deve ter algum significado.
Irritações e episódios de fúria podem estar relacionados a vários fatores clínicos e/ou psicológicos, como:
- intestino preso (constipação),
- enxaqueca ou dor de cabeça crônica,
- anemias por deficiência de ferro,
- doenças da tireoide,
- tensão pré-menstrual (TPM),
- insônia,
- infecções,
- transtorno de humor (distimia),
- transtorno de ansiedade,
- depressão,
- fadiga crônica, etc.
A persistência de uma irritabilidade constante, por dias e até meses, pode ser um problema médico e/ou psicológico sério. Portanto, uma ajuda especializada pode se fazer necessária. Pense que, para expressar mau humor, você precisa movimentar 102 músculos da face e para sorrir, apenas seis. Tente enxergar a vida mais colorida.
O filósofo grego Sêneca disse em uma de suas passagens que “uma ira desmedida acaba em loucura”. Por isso, evite a ira, para conservar não apenas o domínio de si mesmo, mas também da sua própria saúde.
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