Autoria de Lu Dias Carvalho
A depressão aparece por conta própria. Em vez de se colocarem a serviço do organismo, as emoções voltam-se contra ele, iniciando o movimento descendente da depressão. (Stefan Klein)
O ânimo para viver depende tanto da realidade de uma situação quanto da avaliação que fazemos dela. (Stefan Klein)
Existem dois tipos de depressão: a psicogênica (ocorre como reação a experiências ruins e a conflitos íntimos) e endógena (causada pelo próprio organismo). O famoso primeiro-ministro britânico Winston Churchill foi vitimado por inúmeras crises de depressão. Ele chamava sua doença mental de “meu cão negro”. Poderia tê-la minimizado com a prática de esportes, mas não era afeito a isso e sempre dizia: “Nada de esportes, só uísque e charutos!”, o que tornou sua doença mental ainda mais profunda.
Segundo o biofísico Stefan Klein, “Quando uma pessoa que tem um temperamento triste por predisposição genética sofre uma grande decepção, é bem provável que ela caia em depressão”. Ainda que essa doença mental – hoje quase uma epidemia global – seja, na imensa maioria das vezes, de origem genética (endógena), numerosas pesquisas mostram que pode ser aliviada com a prática de exercícios físicos, pois esses melhoram a condição física, aumentam a autoconfiança, diminuem a angústia e, em consequência, evitam sua incidência constante.
Não importa o tipo de exercício feito (andar, correr, dançar…), todas as atividades são benéficas, desde que não resvalem para o exagero. O filósofo francês Jean-Jacques Rousseau dizia que era preciso “exercitar o corpo em benefício da alma”. E não há mesmo alma que não se sinta mais leve depois de uma atividade física, pois, segundo Klein, “Quando os músculos se movem, o cérebro libera hormônios como a serotonina e provavelmente também endorfinas, as quais produzem uma leve euforia. […] Depois de um pequeno esforço os membros se aquecem, os músculos relaxam, o pulso acelera. Isso espelha exatamente a imagem do bem-estar corporal. É assim que a atividade física nos permite manipular sutilmente os neurônios”.
As pessoas depressivas normalmente sentem grande dificuldade em sair de casa para frequentar uma academia. É bom que saibam, no entanto, que o exercício físico, qualquer que seja a atividade, é benéfico, não importando que esteja ligado a uma academia, como muitos pensam. A internet traz aulas que podem ser acompanhadas em casa, ainda que em inglês, bastando apenas executar os exercícios vistos. Busquem pelo link (e outros mais):
https://www.youtube.com/watch?v=enYITYwvPAQ
Fonte de pesquisa:
A Fórmula da Felicidade – Stefan Klein – Editora Sextante
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Lu
Faz tempo que não apareço aqui, mas tenho um carinho enorme por você e pelo seu site, pois foi aqui, em 2018, que encontrei muitas respostas. Como você mesma disse: as pessoas vem aqui, melhoram e depois não aparecem mais. Faz anos que não apareço aqui, na verdade a última vez foi em 2018, conforme dito acima.
Estou há quase três anos tomando paroxetina e no começo, como você disse, não foi fácil, mas com tempo o remédio vai agindo em sua mente, em seu corpo e a melhora vem. Lembro-me que no começo tive altos picos de felicidade, mascando um chiclete, estranho né, mas isso aconteceu comigo. Depois a drogra (remédio) vai normalizando e o deixa estável sem fortes emoções. Mas é um longo processo, pois no começo sempre vinha aqui tirar dúvidas de dosagens, até que acertamos a dose junto ao médico e ela foi estabilizada.
Tive que mudar uma série de coisas em minha vida, pois não adianta se medicar e continuar com pessoas que lhe fazem mal, empregos tóxicos, relacionamentos falidos, etc. Eu mudei tudo, separei, saí do trabalho, descartei amizades e fui me fazer feliz. Quando você se aceita e tem um compromisso com você, as coisas mudam. Para mim deu certo. Ainda me médico, mas parei com o álcool desde o primeiro dia em que comecei o tratamento. Acredito que isso me ajudou muito, pois álcool e remédio não combinam.
Faço academia umas três vezes durante a semana. Então o que deu certo para mim foi isso, hoje estou estável, nem alegre nem triste, mas sem essa doença chamada “depressão”. Tenho vida normal, mas adoro ficar em casa e no meu cantinho. Aceitei que sou caseiro e não faço nada para agradar ninguém, digo de passeios, botecos, etc. Não tenho coragem de parar com o tratamento ainda, sinto que preciso do remédio e nunca vou parar da noite para o dia. Fui fiel à medicação até hoje e se fiquei um dia sem usá-la foi muito.
Bem, Lu é isso, hoje me sobrou um tempo e através dos emails que você manda (notificações) aproveitei a oportunidade de deixar esse feedback. Obrigado por este espaço que é oferecido.
Amigos, mudem se for preciso e cuidem de vocês, pois muitas respostas estão na nossa frente e apenas devemos aceitá-las.
Well
Fiquei muito feliz ao receber o seu comentário, sobretudo ao saber que se encontra bem. Como eu os acompanho na fase ruim, fico sempre torcendo para que se equilibrem com os medicamentos. E quando recebo notícias boas, meu coração enche-se de alegria, pois, como pessoa depressiva, eu sei o quanto as doenças mentais maltratam as suas vítimas. Sempre que puder, venha aqui dar uma palavrinha com grupo. Você nem imagina como comentários como o seu são de grande valia para as pessoas, pois lhes trazem esperança no tratamento.
Abraços,
Lu
Lu
Mais uma vez quero agradecer a sua generosidade.
Querida Lu, nós os deprimidos muitas vezes sentimos vergonha da nossa condição. Eu, pessoalmente, sinto vergonha de reclamar até neste espaço maravilhoso. Sei que nos piores momentos é bem difícil não repetir a mesma história. Eu luto bastante para não deixar a depressão me consumir.
Os anos de 2010-2011-2012,2013 foram os piores momentos da doença e, ainda assim, eu enfrentava o metrô lotado e desumano de SP, e ia trabalhar. Foi uma luta que venci, porque a minha irmã dizia que eu tinha que pedir afastamento. Eu me recusei porque sei que teria ainda mais estresse por ficar na fila do INSS, convencendo os médicos de que eu precisava me afastar.
Eu já tive períodos bem ruins, Lu, o que disse é verdade, quando eu evoluir mais, quero não dar tanta importância pra depressão, porque ela não é nova na minha vida. Só o tratamento já tem 10 anos, mas eu provavelmente tenho depressão há muito mais tempo, talvez desde a infância.
Quero agradecer por tudo, por suas palavras, por sua paciência, pelas outras pessoas que comentam neste espaço. Quem sabe um dia poderemos nos conhecer pessoalmente? Eu gostaria muito!
Grande abraço!
Rosa
Quero lhe pedir perdão se fiz parecer que a depressão é algo fácil de dela se livrar. Nada disso! Exige muita força de vontade e, sobretudo, conhecimento, pois, como lhe disse, acho que o conhecimento nos traz poder sobre tudo em nossa vida. Já passei por maus momentos, principalmente na ocasião em que perdi minha mãe. Foram dois anos de muito sofrimento. E pior, eu me recusava a mudar a medicação que não mais surtia efeito, em resumo: eu não estava ligando para nada, até meu marido me dar um ultimato: “ou busca ajuda ou vou-me embora, pois não aguento mais vê-la sofrer”. Foi depois disso que comecei a buscar conhecimento sobre o assunto e dedicar-me com mais afinco às pessoas com doenças mentais. Tem sido uma longa, mas prazerosa jornada, pois muitos aqui chegam em desespero e consigo lhes repassar um pouco de suporte emocional, ao falar-lhes de algo que tem sido a tônica de toda a minha vida.
Amiguinha, você não precisa ter vergonha de falar o que está sentindo. Às vezes falo com mais dureza no sentido de dar uma sacudida na pessoa, minorando-lhe o sofrimento e mostrando-lhe que é possível conviver com as doenças emocionais. Apenas isso!
Também gostaria de conhecer todos vocês que já fazem parte da minha vida e são muito especiais para mim.
Abraços,
Lu
Lu
Obrigada por tudo.
Vou voltar para o tratamento, depois de uma conversa bem franca com o médico psiquiatra. Estou caminhando, alongando, rs. Apesar da falta de vitalidade e de energia. E vamos que vamos.
Abraços a todos os amigos deste espaço e um abraço especial para você, Lu.
Rosa
Obrigada, minha querida!
Continue enviando notícias.
Beijos,
Lu
Lu e queridos amigos deste maravilhoso espaço,
tive uma recaída feroz da depressão. Vinha tomando o Escitalopram há mais de um ano, mas antes, durante 10 anos, tomei vários antidepressivos. Tive algumas melhoras com períodos de recaída.
Este ano já vinha percebendo que o Escitalopram me deixava deprimida de manhã, sem energia. Fiz uma viagem, voltei animada, tomei sol, e resolvi parar a medicação por conta própria. Sei que é errado, porque já convivo com a depressão há muitos anos, nem sabia nem se falava tanto em depressão, mas há dez anos, fiquei sabendo que os quadros que eu tinha eram da depressão, e passei a tomar remédios.
Como disse, parei a medicação, também porque queria “lembrar” um pouco como eu era sem o remédio. E também porque o remédio tira, sim, a energia, nós nos tornamos um pouco autômatos, robóticos, mas, claro que defendo totalmente as medicações, só queria dar “uma pausa”. Resultado: tenho acordado péssima, com a mente em disparada, trazendo todo o lixo de coisas ruins do passado, tento controlá-la sem sucesso. O pior de tudo é a angústia horrível. O nó na garganta que só melhora no decorrer do dia. Há muito tempo faço caminhadas, academia. Fiz ioga, tai chi… tudo ajuda, eu defendo tanto os remédios quanto os exercícios físicos. Sei que vou ter de procurar outra vez o psiquiatra, porque piorei. É bem complicado.
O Churchil preferia beber e fumar do que exercícios, rs, eu não gosto nem de cigarros nem de bebida, rs. O que vocês fazem quando estão numa crise de recaída? Na minha família temos vários casos de depressão, será que a depressão que tenho é genética? A depressão estraga a nossa saúde e a nossa vida, e eu não a desejo nem para o pior inimigo (não tenho inimigos, rs), mas não desejo a ninguém. É muito duro passar a vida lutando com isso, gente. Depois que parei a medicação tive uma crise de dor no nervo ciático horrível, sei que a depressão está por trás disso tudo.
Obrigada, Lu, por manter este espaço para todos nós.
Beijos
Rosa
Como sabe, a depressão é recorrente. Ainda não se descobriu uma substância capaz de saná-la por completo. Quando é oriunda de um fato traumático, pode passar com o tempo, contudo, se sua raiz é genética, temos que aguentar o tranco. Confesso-lhe, minha amiguinha que, como convivo com esta dama indesejável desde a minha adolescência, já não lhe dou mais tanta bola. Faço uso contínuo do antidepressivo, exercícios físicos e busco, sobretudo, viver um dia de cada vez. Carrego comigo a filosofia do chefe indígena, ao aconselhar seu filho que ia partir para a cidade grande:
“Meu filho, quero que leve consigo dois ensinamentos deste seu velho pai. 1. Não se deixe perturbar por coisas pequenas. 2. Na vida todas as coisas são pequenas.”
Eu venho de uma família detentora de grande longevidade (lado materno), contudo, foi “abençoada” com a depressão, pois, afinal, ninguém passa de graça pela Terra. São muitos os casos (bisavó, avó, mãe (as três já falecidas), tios, tias, primos e primas e por aí vai…).
Confesso-lhe que há períodos em que me sinto para baixo (sobretudo na parte da manhã), mas como sei que irão passar, procuro desviar minha mente para outros afazeres. O antidepressivo faz 50% do trabalho, mas a outra metade cabe a mim. Além do mais, nós não perdemos a nossa sensibilidade (você diz: nós nos tornamos um pouco autômatos, robóticos…) ao usarmos a medicação, tanto é que a depressão afeta diretamente a nossa sensibilidade, mesmo quando medicados. Para mim (como escritora e inclusive poetisa), o único efeito do medicamento é ajudar-me a manter o meu equilíbrio de modo que possa executar minhas tarefas. Se assim fosse, eu, que tenho dedicado a minha vida à escrita, nada produziria por estar robotizada. Posso dizer que o ato de escrever tem sido a minha boia de salvação. Por isso, nós, depressivos, temos que desenvolver uma atividade que realmente nos agrade e correr para ela sempre que nos sentirmos para baixo. Quando estou em crise eu escrevo, escrevo, escrevo, até perder a noção de mim mesma e nem me lembrar de que tenho depressão.
Você diz:
“A depressão estraga a nossa saúde e a nossa vida, e eu não a desejo nem para o pior inimigo (não tenho inimigos, rs), mas não desejo a ninguém. É muito duro passar a vida lutando com isso, gente. Depois que parei a medicação tive uma crise de dor no nervo ciático horrível, sei que a depressão está por trás disso tudo.”
Gosto muito desta reflexão que muitos atribuem a São Francisco de Assis:
“Senhor, dai-me força para mudar o que pode ser mudado…
Resignação para aceitar o que não pode ser mudado…
E sabedoria para distinguir uma coisa da outra.”
Eu aceito a minha depressão, pois sei que não posso mudar a minha genética. A aceitação já é metade do tratamento, pois diminui o fardo. Além do mais existem doenças bem piores (câncer, hipertensão, diabetes…) que exigem um monte de medicamentos diários. Portanto, minha amiga, procure conviver bem com sua doença que para mim é genética. Não lhe dê tanta importância. Não permita que ela ocupe tanto espaço em sua vida. Quando os períodos ruins vierem, pense que irão passar, que tudo é questão de tempo, pois “navegar é preciso”, como ensina Fernando Pessoa em um de seus poemas. E jamais pare a medicação por conta própria, mocinha.
Continue me informando sobre seu tratamento. Estarei sempre de braços abertos para recebê-la.
Abraços,
Lu
Lu
A depressão é uma patologia global que acomete uma grande parcela da população. Neste mundo instável em que vivemos, nós nos tornamos muito vulneráveis a fazer parte desse rol de pessoas depressivas. É muito importante que estejamos atentos para não nos fragilizarmos diante das dificuldades da vida, pois muitas vezes não temos estrutura física e psicologia para enfrentar grandes desafios e frustrações. Não é fácil recomeçar uma vida, é preciso muita força de vontade e resiliência; algumas pessoas possuem essa característica, mas outras não têm a mesma sorte.
A depressão genética é ainda mais nociva, porque muitas vezes a pessoa acometida não sabe o que provocou aquela tristeza profunda, não consegue entender qual é a causa de sua patologia. Tanto a depressão psicogênica quanto a endógena ou genética podem ser amenizadas com exercícios físicos, importantes no estímulo de produção de hormônios como a endorfina e serotonina, neurotransmissiroes fundamentais para a sensação de prazer e bem-estar. É fundamental também um exercício para a mente no sentido de fortalecer o cérebro, permitindo que a razão sobreponha as emoções destrutivas, clareando o intelecto e impedindo que aspectos nebulosos como a tristeza, angústia, baixa autoestima e frustrações tenham ambiente para prosperar.
Hernando
Penso eu que nunca houve uma época tão propícia para a evolução das doenças mentais, sobretudo a ansiedade e a depressão, como a que ora vivemos. Apesar da facilidade que nos proporciona a tecnologia, ela também aumenta em nós a consciência da disparidade social e de como alguns possuem tanto e outros são miseráveis. Assim como os que nada possuem desejam obter algo, os que muito têm acham que possuem pouco, gerando uma insatisfação generalizada, causadora de muitos transtornos.
Seu parecer é importante e deve ser levado a sério:
“A depressão é uma patologia global que acomete uma grande parcela da população. Neste mundo instável em que vivemos, nós nos tornamos muito vulneráveis a fazer parte desse rol de pessoas depressivas. É muito importante que estejamos atentos para não nos fragilizarmos diante das dificuldades da vida, pois muitas vezes não temos estrutura física e psicologia para enfrentar grandes desafios e frustrações.”
Abraços,
Lu
Lu e Hernando
Gostei muito de ambos os comentários, concordo plenamente com tudo que foi dito.
Eu luto todos os dias contra a Agorafobia (graças a minha família, minha psicóloga e a este site maravilhoso da Lu, não uso medicação há 2 anos), porém este último ano foi extremamente difícil para mim. Eu sempre tive muito medo que minha ansiedade se desenvolvesse em uma depressão. E quando eu menos esperava, perdi uma tia pela depressão (infelizmente tirou a sua própria vida); a dor de perder um familiar desta forma é a mais dolorosa que existe. Por uma doença, um acidente, também dói, mas este tipo de perda nos faz sentir vulneráveis, cegos diante de nossos entes queridos e também culpados. Mas graças à Deus venho seguindo resiliente, forte e lutando.
Sobre a questão dos exercícios físicos, impossível não concordar tanto com este fato! No início é uma luta para ir a uma academia, ou praticar algum esporte, porém, depois que vencemos isso, chega a ser viciante a sensação pós treino, mas no bom sentido é claro!
Um grande abraço para vocês.
Ana
É um prazer reencontrá-la aqui, depois de tanto tempo. Antes de mais nada os meus sentimentos pela perda de sua tia. Também passei por um processo parecido, quando perdi uma tia com depressão. A diferença é que ela se recusou a viver não ingerindo qualquer alimento, como se estivesse em greve de fome. Não aceitava nem mesmo o medicamento. Depois de vários meses de cama em estado de inanição, veio a falecer. Mas tudo isso faz parte do processo da vida. Só nos resta continuar vivendo…
Também já sofri com agorafobia e claustrofobia. Certa vez, fui a uma gruta chamada Maquiné/MG e recusei-me a entrar, mas quando vi um garotinho de uns quatro a cinco anos entrando, acompanhado dos pais, vi que era hora de mudar o rumo daquilo. Não podia me deixar prisioneira dos devaneios de minha mente. Ainda reluto a entrar em ambientes fechados, mas entro, no entanto, passei a amar espaços amplos e abertos, principalmente quando em contato com a natureza. Procure trabalhar, amiguinha, com a racionalização.
Realmente é preciso ficar atenta para que a ansiedade não resvale para a depressão. Quando sentir que ela está fugindo do limite, não relute em buscar ajuda médica. Você disse uma grande verdade quanto aos exercícios físicos;
“No início é uma luta para ir a uma academia, ou praticar algum esporte, porém, depois que vencemos isso, chega a ser viciante a sensação pós treino, mas no bom sentido é claro!”.
Espero que não suma por tanto tempo.
Beijos,
Lu