Autoria de Lu Dias Carvalho
Os três filmes Mad Max penetraram no mito universal do herói. Pude entender do que Carl Jung estava falando, quando descreveu o inconsciente coletivo. (George Miller)
Hollywood é uma fábrica e o ator é parte do mecanismo. Se ele quebrar será reposto. (Mel Gibson)
Mad Max (1979) é um desses filmes despretensiosos, feitos com um orçamento mínimo, e que cai nas graças do público, deixando para trás, nas bilheterias, astronômicas produções, transformando-se em um filme cult em todo o mundo.
Tanto o diretor, George Miller, que só havia feito um curta-metragem na época, quanto o ator principal, Mel Gibson, com apenas 21 anos, eram desconhecidos na época do lançamento do filme, rodado na Austrália. E, para coroar as surpresas de seu sucesso, os filmes australianos eram, na época, quase que desconhecidos no mercado norte-americano e internacional.
A história do filme acontece na Austrália, num futuro bem próximo, quando o país transforma-se numa miserável terra de ninguém, amedrontada com uma guerra civil, que tem na sua origem, entre outras causas, a falta de combustível. As estradas encontram-se desérticas, despoliciadas e se transformam num palco de vândalos brutais.
A força policial, MFP (Main Force Patrol) faz o possível para trazer um pouco de ordem ao caos, combatendo os bandos desvairados que, em suas motocicletas possantes, circulam livremente pelas caóticas cidades e estradas, fazendo maldade às pessoas que encontram à frente, como se tudo estivesse à mercê deles. O problema maior é que a MFP encontra-se na penúria, praticamente sem equipamento, com um número insuficiente de policiais, o que a impossibilita de fazer com que cumpram a lei.
Dentre os policiais encontra-se Max Rockatansky (Mel Gibson) que, apesar de muito jovem, sente-se totalmente comprometido com o seu papel e responsável pelo distintivo de número 4073 que carrega. Os poucos colegas também se entregam ao combate ao crime, apesar de sentirem que a batalha é cada vez mais inglória.
Crawford Montizano (Vicent Gil) é o terrível Cavaleiro da Noite, que circula pelas estradas cometendo as maiores barbaridades. Após fugir da prisão, assassina um policial, rouba-lhe o carro patrulha e, ao lado de uma mulher tão louca quanto ele e que o incentiva na sua crueldade, dirige enlouquecido pelas estradas, desafiando a MFP, que se põe em seu encalço, com alguns carros.
O policial Max consegue deter os dois marginais, que têm um fim trágico. Após tomar conhecimento da morte do bandido, Fifi Macaffee (Roger Ward), chefe da MFP, alerta Max para que fique atento, pois toda a gangue dos fora da lei estará agora à sua procura, para vingar a morte do chefe.
Após a morte do Cavaleiro da Noite, a violenta gangue de motociclistas passa a ser liderada por Toecutter (Hugh Keays-Byrne), que tem como objetivo principal vingar a morte do ex-chefe, acabando com a MFP. Encontram-se mais violentos e destemidos, saqueando e matando pessoas.
Quando um casal de namorados é barbaramente atacado pelo bando, inclusive violentado, e tendo o carro destruído, Max e o colega Jim Goose (Steven Brsley) vão até o local, onde ainda se encontra um membro da gangue, Johnny The Boy, que, drogado, continua violentando a garota. Ao ser preso, diz um monte de palavrões para os dois policiais, numa atitude provocativa. É levado preso.
Como ninguém faz queixa contra o marginal preso, ele é posto em liberdade. Fato que causa revolta em toda a corporação, principalmente em Goose que, enraivecido, chega a agredir o fora da lei, que continua ainda mais provocativo. Os colegas seguram Goose e Johnny The Boy é levado embora por um dos seus comparsas, a pedido do chefão.
Para se vingar de Goose, Johnny The Boy sabota sua motocicleta. Ela trava em alta velocidade e derruba o policial, que sai ileso da queda violenta. Uma caminhonete é trazida para que ele leve a sua moto para o conserto. Ao levá-la, é novamente atacado. O carro vira e ele fica debaixo da lataria. Toecutter aproveita para se vingar, exigindo que Johnny ponha fogo no carro. O marginal tenta se safar do ato, mas é obrigado a fazer o que o chefe pede.
Quando Max visita o amigo queimado no hospital, fica extremamente revoltado com o que vê. Dirige-se ao chefe e pede demissão. Fifi pede-lhe que tire umas férias e só então decida por se demitir ou não.
Max viaja com sua esposa Jessie (Joanne Samuel) e o filho pequenino, na intenção de se relaxar. Mas a gangue segue o casal e a criança até a casa onde ficarão hospedados, sem que eles percebam. A partir daí, muita maldade é feita à família do policial. Furioso, ele coloca o uniforme da MFP, pega uma pistola de cano duplo, rouba um carro turbinado e se põe a caçar a gangue. Será ele agora a fazer justiça, sem dar satisfação a ninguém.
O sucesso inesperado de Mad Max foi tanto, que transformou Mel Gibson em celebridade e deu origem a duas sequências do filme, e ainda se fala num quarto filme a ser produzido. Sequências:
Mad Max 2 – A Caçada Continua (1981) que, produzido dois anos após o primeiro filme, também fez muito sucesso. O tema central é a falta de combustíveis. Max perde a esposa. Facções em guerra comandam a história. A polícia inexiste. Max continua lutando para impor a ordem.
Mad Max 3 – Além da Cúpula do Trovão (1985), onde Max chega aos domínios de uma imperatriz debochada, Tina Turner, que dirige uma fábrica onde o combustível é feito com excremento de porco. Uma guerra nuclear havia dizimado o planeta e tudo se encontra em ruínas.
Mas nem tudo foram flores para Mad Max. Em função do alto grau de violência (para a época), recebeu críticas contundentes, e teve problemas em vários países como o Reino Unido, Suécia, Nova Zelândia, entre outros. Contudo, o filme mudou a maneira como o cinema mostrava as cenas de perseguição e colisão de carros. Por isso, foi muito imitado.
Curiosidades:
• O orçamento do filme era tão pequeno, que o diretor George Miller precisou destruir seu carro, para fazer uma cena.
• Mad Max acabou se tornando um dos filmes mais lucrativos (relação custo/benefício) do cinema, figurando no Guinness durante 20 anos. Perdeu seu posto em 2000 para A Bruxa de Blair.
• George Miller diz que se inspirou no filme americano Um Garoto e Seu Cachorro.
• Por falta de dinheiro, apenas as roupas vestidas por Mel Gibson eram de couro. O resto vestia material sintético.
• A atriz Sheila Florance, que faz May Swaisey, a senhora que hospedava Max e família em férias, caiu e quebrou o joelho na cena que corre carregando uma espingarda. Ela voltou ao filme para completar as cenas com a perna e o quadril engessados.
• O filme foi montado na casa do diretor George Miller. A edição de imagens foi feita na cozinha e a de som, na sala.
• O diretor George Miller buscou inspiração para as duas sequências de Mad Max nos filmes japoneses de samurai e na obra do antropólogo Joseph Campbell, as mesmas fontes utilizadas por George Lucas para a saga Star Wars.
• As cenas de ação foram feitas numa época em que ainda não havia os efeitos gerados por computador. O que existe é o trabalho ousado de dezenas de técnicos e dublês.
• Até então, nenhum outro filme havia usado tantas câmaras acopladas em carros, nem mostrado com realismo a violência que pode acontecer nas estradas.
• Há poucos disparos no filme. A maioria dos ataques é feita com rodas e ferragens.
• Na trilogia de Mad Max existem os mais variados tipos de máquinas: carros esportes, motocicletas, trailers, caminhões, hot rods, rebocadores, caminhonetes, bugies e até um girocóptero. Carros e corpos se equiparam como instrumentos e alvos de violência.
Sugestão
Para quem gosta de filmes do gênero:
Warriors – Os Selvagens da Noite (1979)/ Fuga de Nova Yorque (1981)/ Metrópolis (1926)/ A Última Esperança da Terra (1971)/ A Mais Cruel Batalha (1970)/ Um Novo Amanhecer (1975)/ Ano 2000 – Corrida de Morte (1975)/ O Dia dos Mortos (1985)/ Os Gladiadores do Bronx (1990)/ Terra Tranquila (1985)/ O Dia Seguinte (1983)…
Fontes de Pesquisa:
Cinemateca Veja
10001 Filmes para…
Wikipédia
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O melhor deles, principalmente em ação, aliás é pura ação, foi o mais recente Mad Max: Estrada da Fúria.
Márcio
Também o achei excelente, mas ainda não tive tempo de escrever sobre ele. Esta série é realmente sensacional.
Amigo, é um prazer receber a sua visita e comentário. Volte sempre!
Abraços,
Lu
Mad Max, 1979, ótimo filme. Assisti no cinema em 1986 em forma de reprise. Atualmente tenho a trilogia em bluray. RECOMENDO!
Marcos
Eu também adoro essa trilogia.
Tenho medo de que um dia a nossa Terra chegue àquele ponto, com tanta destruição.
Temos outros filmes legais.
Está convidado a ler.
Agradeço a sua visita.
Abraços,
Lu